O Facebook estará completando dez
anos em fevereiro, conforme registra o Globo na edição de
segunda-feira dia 13.
Trata-se de um fenômeno importante
demais para ser mantido no limitado contexto das tecnologias: a rede de comunicações
interpessoais, que inclui uma infinidade de aplicativos, se transformou em um
campo social paralelo ao da sociedade tradicional, e sua influência se tornou
tão ampla e definidora que já não cabe no conceito de “rede virtual”.
Ao lado de outros recursos que
ampliam a conectividade entre os indivíduos, essa plataforma constitui um novo
território para a vida comunitária, um novo lugar no mundo que é, ao mesmo
tempo, “todo lugar” e “nenhum lugar”.
Os debates teóricos sobre sua
influência, eventuais ganhos e perdas que virá a oferecer às futuras gerações,
ainda têm um alcance limitado, porque são fundamentados numa experiência de
vida que passa por transformações tão velozes quanto profundas.
A questão da privacidade, por
exemplo, é discutida com base num conceito de individualidade que pode não
fazer sentido para a geração plenamente digital. Por outro lado, o potencial de
ubiquidade que oferece a seus integrantes reduz progressivamente o papel da
mediação, tradicionalmente cumprido pelo sistema que chamamos de imprensa.
Neste momento, os aspectos mais
evidentes dessa mutação por que passa a sociedade são exatamente a diluição do
poder mediador das relações sociais e a flexibilização do conceito de espaço
público. Com isso, mudam todas as relações, principalmente aquelas baseadas no
poder simbólico, que só subsiste quando ignorado por quem se submete a ele.
Observe-se, por exemplo, como o
antigo poder da imprensa tradicional, de definir a agenda social, perde terreno
e se acomoda ao limitado campo das instituições, conforme as pessoas percebem
que não precisam dela para se sentirem parte da sociedade.
Veja-se, por exemplo, a recente onda
de concentrações de jovens, que se organizam nas redes sociais digitais e se
encontram, aos milhares, em shopping centers das grandes cidades. Os
comerciantes, a polícia e a própria imprensa consideram que os centros de
compras são espaços privados, mas os participantes dos tais “rolezinhos” estão
convencidos de que são na verdade espaços públicos.
Os nativos digitais
A sociedade em rede se diferencia das
comunidades tradicionais porque não é formada por necessidades, mas por
conveniências.
Em apenas uma década, a convergência
entre os recursos tecnológicos digitais e uma geração ansiosa por protagonismo
produziu uma mutação sem ruptura, porque, entre os nativos analógicos que
viveram a maior parte de suas existências no século 20 e os nativos digitais
que nasceram na sociedade em rede, atuam os analógicos digitalizados, que
funcionam como uma ponte entre gerações.
Esse aspecto de uma mudança radical
sem um ponto de mutação aparente dificulta a compreensão do fenômeno e estimula
profecias catastrofistas sobre o fim do social, a falência da história e a
dissolução das ideologias.
No entanto, é preciso considerar que
ainda falamos de seres humanos, sobre os quais sabemos que necessitam ao mesmo
tempo delimitar sua individualidade e integrá-la ao contexto social.
Também não se pode omitir o fato de
que o surgimento e expansão das redes sociais digitais acontece em pleno triunfo
da sociedade de massa, com as individualidades empasteladas pela indústria
cultural massificadora.
Os “rolezinhos” que têm assustado
autoridades e espantado a imprensa nas últimas semanas são provavelmente uma
das manifestações do processo de entropia da sociedade de massa, ou seja, o
triunfo do sistema cria as condições para movimentos espontâneos e massivos que
assombram os beneficiários do sistema.
Os passeios coletivos de milhares de
jovens pelos corredores de shopping centers são concentrações inocentes, até
que um movimento súbito ou um simples grito transforme o desfile em episódio de
saque e vandalismo, como aconteceu nas manifestações de rua do ano passado.
Nossas cidades foram construídas
conforme a lógica da exclusão, assim como a mídia tradicional foi edificada
sobre a ficção do interesse coletivo, com os pressupostos da sociedade
aristocrática.
Nada mais natural que, eventualmente,
o campo da sociedade em rede invada a velha sociedade de classes, como dois
mundos que colidem.
Superfícies de vidro são as primeiras
coisas que se estilhaçam. (Por
Luciano Martins Costa, publicado originalmente no Observatório da Imprensa e distribuído pelo Adnews).
SOBREPESO
E INFLAMAÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ
(Texto de Karina Toledo, distribuído pela Agência FAPESP) –
Ao engravidar, mulheres obesas ou com sobrepeso apresentam maior risco
de desenvolver complicações como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.
Uma pesquisa
recentemente concluída na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com apoio da FAPESP, oferece pistas para
entender por que isso ocorre.
Por meio da análise
de amostras sanguíneas de quase 200 gestantes, os pesquisadores concluíram que
o sobrepeso está associado a alterações significativas nos níveis de duas
substâncias secretadas pelo tecido adiposo – adiponectina e leptina – que podem
contribuir para o aumento do grau de inflamação sistêmica.
“Durante a gravidez,
existe um grau de inflamação fisiológico resultante da interação entre mãe e
feto. Por outro lado, a obesidade, a diabetes e a hipertensão são doenças com
forte componente inflamatório.”
“Avaliar a combinação entre gestação e
obesidade com foco em inflamação, portanto, parece importante para entender os
riscos e os mecanismos envolvidos nessas patologias obstétricas”, disse Silvia Daher,
coordenadora do Laboratório de Obstetrícia Fisiológica e Experimental da
Unifesp.
A coleta do sangue
foi feita no terceiro trimestre de gestação uma vez que, de acordo com Daher, o
diabetes gestacional é uma doença que geralmente só se instala a partir da
segunda metade da gravidez.
Com base no Índice de
Massa corporal (IMC) pré-gestacional, as voluntárias foram divididas em quatro
diferentes grupos: as com sobrepeso saudáveis (IMC igual ou maior que 25), as
com sobrepeso e diabetes gestacional, as com peso ideal (IMC entre 18,5 e 24,9)
saudáveis e as com peso ideal, mas com diabetes gestacional.
“Fizemos essa
separação para que pudéssemos verificar com precisão se as alterações
encontradas estavam associadas ao diabetes ou seriam de fato decorrentes do
sobrepeso”, disse Daher.
Três diferentes
parâmetros capazes de mensurar o grau de inflamação sistêmica foram analisados
nas amostras sanguíneas.
O primeiro passo foi
medir os níveis séricos de três diferentes citocinas – o fator de necrose
tumoral alfa (TNF-α) e as interleucinas (IL) 6 e 10 –, que são moléculas
produzidas por células do sistema imunológico e têm um papel importante na
modulação da resposta inflamatória no combate a infecções.
“No caso da IL10,
cuja ação é anti-inflamatória, notamos uma queda associada apenas ao diabetes,
mas não houve diferença relacionada ao sobrepeso. Em relação à IL6 e ao TNF-α –
citocinas pró-inflamatórias –, não notamos diferenças significativas nos
grupos”, contou Daher.
O segundo parâmetro
avaliado foi a presença de células imunológicas ativas no sangue das
voluntárias, entre elas as células exterminadoras naturais ou NK (Natural
Killers na sigla em inglês) e as células TCD8 – dois tipos de linfócitos
capazes de liberar substâncias tóxicas para matar, por exemplo, células
tumorais ou infectadas por vírus.
“A essa altura da
gravidez, essas células de defesa teriam de estar diminuídas, pois podem ser
agressivas para o feto. Verificamos uma maior ativação dos linfócitos
relacionada ao diabetes, mas não ao IMC”, disse Daher.
Por último, foram
medidas nas amostras de sangue os níveis de algumas adipocinas – peptídeos
secretados pelas células adiposas com diversas funções, entre elas a regulação
da resposta imunológica.
“A adiponectina é uma
adipocina com ação anti-inflamatória e anti-hiperglicêmica. Normalmente, ela
diminui durante a gestação porque é preciso aumentar a quantidade de glicose
circulante para suprir as necessidades do feto.
Já a leptina e a
resistina são adipocinas que induzem a produção de citocinas inflamatórias,
como a IL6 e o TNF-α, podendo agravar a resistência à insulina típica da
gestação e também a inflamação sistêmica”, explicou Daher.
As análises mostraram
uma redução significativa nos níveis de adiponectina associada ao sobrepeso,
bem como aumento nos níveis de leptina.
“É um fator que pode
estar contribuindo para a inflamação e para uma maior resistência à insulina
nas gestantes com sobrepeso”, avaliou Daher.
Obesidade e
distúrbios metabólicos
Segundo Daher, o fato
de os resultados mostrarem alterações nas células imunes e nas citocinas apenas
associadas ao diabetes e não ao IMC deve-se, possivelmente, ao pequeno número
de obesas na amostra avaliada.
“Pretendemos agora
estudar um grupo de mulheres com IMC maior ou igual a 30 para ver se há
alterações mais intensas nesses e em outros mediadores inflamatórios”, contou.
A crescente epidemia
de obesidade no mundo, ressaltou Daher, afeta também mulheres em idade
reprodutiva. Dados da literatura apontam que a gestante obesa tem quatro vezes
mais risco de desenvolver diabetes gestacional e o dobro de chance de
desenvolver pré-eclâmpsia.
“Quem sofre de
diabetes gestacional, por sua vez, tem risco aumentado de sofrer de diabetes do
tipo 2 no futuro e a criança também fica mais propensa a distúrbios
metabólicos. O mesmo ocorre no caso da pré-eclâmpsia. É um risco para a geração
atual e a futura”, disse Daher.
Parte dos dados
levantados durante a pesquisa e também em estudos anteriores do grupofinanciados pela FAPESP foram
divulgados em duas revisões publicadas no American Journal of Reproductive Immunology e no Journal of Reproductive Immunology.
Atualmente, a equipe
avalia o perfil lipídico de gestantes com sobrepeso para descobrir como as
alterações nos níveis de colesterol se relacionam com os mediadores
inflamatórios já estudados.
“Também estamos investigando
alguns polimorfismos genéticos para saber, por exemplo, se alguém pode ser
geneticamente propenso a produzir níveis maiores adiponectina ou menores de
leptina. Isso nos ajudará a entender por que algumas pessoas com sobrepeso
adoecem e outras, não”, disse Daher.
HUAWEI ANUNCIA CONSOLE COM ANDROID
O mundo dos consoles de videogame irá ganhar mais
um concorrente. Na CES 2014, em Las Vegas, a empresa chinesa Huawei apresentou
seu mais novo produto, o console Tron.
Com um formato cilíndrico e controles sem fio, que
além dos tradicionais botões, possui um touchpad no centro, o aparelho pretende
concorrer diretamente com o Ouya e o NVIDIA Shield.
O dispositivo é capaz de rodar jogos para Android
4.2.3, transmite conteúdo em Full HD (1080p) e tem como processador o Tegra 4.
Apesar dos 2 GB de memória RAM, 16 GB ou 32 GB de armazenamento interno e
conectividade WiFI 802.11ac, USB 3.0 e Bluetooth 3.0, o Tron ainda possui
poucas opções de jogos.
O aparelho não tem previsão para lançamento
internacional e só pode ser encontrado no mercado chinês. Especula-se que o seu
valor seja próximo de US$ 120. (Redação Adnews, com informações do site Exame)
INFORMAÇÃO EM DOBRO
(Marcos Pivetta, na Revista
Pesquisa FAPESP) – Uma equipe de físicos brasileiros
demonstrou que o emprego de uma técnica alternativa para recuperar a informação
armazenada em partículas de luz, os fótons, dobra a capacidade de transmitir
dados em sistemas quânticos, um aprimoramento que poderá ser útil para acelerar
o desenvolvimento da computação movida a bits quânticos.
As
características e o potencial do método, denominado medida assistida por
cavidade, foram descritos em dois artigos simultaneamente publicados em 14 de
novembro na versão on-line de um par de revistas científicas, a Physical Review Letters e a Physical
Review A.
“A
técnica permite resgatar uma parte da informação que antes se perdia no
sistema”, dizMarcelo
Martinelli, do
Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), membro do grupo que
produziu os trabalhos, feitos no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia de Informação Quântica (INCT-IQ), uma parceria da FAPESP e do CNPq.
Também
assina os artigos o físico francês Claude Fabre, da Universidade Pierre e Marie
Curie-Paris 6, que colabora com os brasileiros em um projeto bancado pela Fundação
e pelo Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).
O
melhor desempenho do método – que não é novo, mas foi aprimorado por Martinelli
e seus colegas – deriva de sua maior capacidade de contornar uma espécie de
ruído de comunicação que limita a decodificação de toda a informação armazenada
em processos como a criptografia e o teletransporte quânticos.
Fótons
que se encontram em estados quânticos similares, mas com padrões de oscilação
ligeiramente distintos em seu espectro de frequência, não são diferenciados
pela técnica conhecida como detecção homódina, hoje usualmente empregada para
“ler” dados nesse tipo de sistema.
A
adoção da medida assistida por cavidade – que faz um feixe de luz passar por um
conjunto de espelhos formando uma “caixa de ressonância” antes de sua detecção
– possibilita medir as mais tênues flutuações quânticas presentes nos fótons.
Dessa
forma, é possível distinguir partículas de luz quase idênticas, que, pelo
método da detecção homódina, são registradas como se tivessem as mesmas
características.
“Com
a técnica anterior, éramos intrinsecamente incapazes de reconstituir toda a
informação armazenada”, comenta Paulo Nussensveig, também do IF-USP, outro
autor dos artigos.
Os
pesquisadores fazem um paralelo entre o efeito produzido na quântica pelo
emprego da medida assistida por cavidade e a repercussão causada no setor de
áudio pela adoção de aparelhos capazes de reproduzir o som estéreo.
Uma
estação de FM, por exemplo, transmite músicas registradas em dois canais de som
independentes e simultâneos, que operam em frequências extremamente próximas,
mas ligeiramente distintas.
Assim
cada canal pode disseminar ao mesmo tempo informações diferentes. Numa música
instrumental, o baixo e a bateria podem estar registrados no canal direito
enquanto o piano e a guitarra estão gravados no esquerdo.
Ocorre
algo semelhante num feixe de laser com fótons entrelaçados, às vezes também
denominados emaranhados, um tipo de correlação quântica que pode ser explorada
para armazenar, processar e transmitir informação.
Em
experimentos feitos na USP, os físicos geraram um sistema com três feixes
entrelaçados de diferentes cores e, portanto, de distintos comprimentos de
onda.
Os
brasileiros, aliás, foram os primeiros a conseguir produzir e em parte controlar
um sistema emaranhado com essas características.
A
frequência de cada feixe era de cerca de 300 terahertz, 1 milhão de vezes maior
do que a de uma transmissão de rádio FM. A rigor, a informação quântica não é
armazenada e transmitida por esse canal principal de luz, mas, sim, por dois
pequenos campos ou canais de 20 megahertz situados ligeiramente acima e abaixo
da frequência central.
Leia a reportagem completa no:http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/01/13/informacao-%E2%80%A8em-dobro/.
PRÊMIO ANA
2014
A Agência
Nacional de Águas (ANA) está com inscrições abertas, até 30 de maio, para o
Prêmio ANA 2014, premiação bienal que busca reconhecer boas práticas
relacionadas à água e identificar ações que estimulem o combate à poluição e ao
desperdício.
Esta quinta
edição do prêmio tem sete categorias: Governo; Empresas; Organizações Não
Governamentais; Organismos de Bacia; Ensino; Pesquisa e Inovação Tecnológica; e
Imprensa.
As iniciativas,
reportagens e projetos inscritos devem estar vinculados a alguma instituição e
devem visar ao desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos por meio da
gestão, da conservação e do uso eficiente da água e do combate ao desperdício e
à poluição de recursos hídricos no território nacional.
A comissão
julgadora selecionará três candidaturas finalistas por categoria e, para
determinar o vencedor de cada uma delas, levará em consideração critérios de
efetividade, impactos social e ambiental, potencial de difusão, adesão social,
originalidade e sustentabilidade financeira (se aplicável).
A cerimônia de
premiação ocorrerá dia 3 de dezembro, em local a ser definido, e os sete
vencedores receberão um troféu inspirado na marca da ANA criado pelo mestre
vidreiro Mário Seguso.
A inscrição dos
trabalhos deve ser feita pela internet. Caso os participantes queiram enviar
materiais físicos complementares, o envio deve ser realizado por remessa postal
registrada aos cuidados da Comissão Organizadora do Prêmio ANA 2014 no
endereço: SPO, Área 5, Quadra 3, Bloco M, Sala 118, CEP: 70610-200, Brasília
(DF). Detalhes: www.ana.gov.br/premio
SUA SALA DE ESPERA ESTÁ PREPARADA
PARA O NOVO PACIENTE?
A transformação do paciente
em uma tríade - e-paciente, cliente e consumidor - é o fenômeno
mais impactante e relevante para a Medicina resultante da disseminação da
Internet
Há
muitos estudiosos tentando precisar a dimensão dos impactos da Internet sobre
as mais diversas áreas e atividades econômicas.
Mas
na área da Saúde, em particular, essa missão é impossível, pois o universo
digital vem alterando tão profundamente a caracterização daquele que
habitualmente denominávamos “paciente”, que consequentemente, estes impactos só
poderiam ser medidos se também estudássemos a nova relação médico-paciente, que
se estabelece a partir da transformação do paciente.
A
transformação do paciente em uma tríade ou “novo paciente” - e-paciente,
cliente e consumidor - é o fenômeno mais impactante e relevante para a
Medicina resultante da disseminação da Internet.
Philip
Kotler observa que, nas últimas décadas, o consumidor já estava moldando o
ambiente ao seu gosto e ansiava por meios que permitissem participar da
construção desse novo mundo.
A
Internet, então, veio como uma resposta a essa necessidade e foi adotada em
ampla escala, causando uma “nova revolução social”.
Manuel
Castells chama a atenção para esse fato já há algum tempo, quando defende que a
galáxia da Internet é o novo ambiente de comunicação. “Como a
comunicação é a essência da atividade humana, todos os domínios da vida social
estão sendo modificados pelos usos disseminados da Internet [...]”.
Com
a popularização da Internet, o consumidor passou a ditar as regras. É o que
Kotler chama de empowerment do consumidor, que deixou de lado a
passividade que imperou na década de 1980 e passou a exercer um nível de
participação na comunicação existente no mercado sem precedentes.
O
consumidor é a diretriz primordial, ele sabe disso e faz uso desse seu poder.
Ele é exigente, “quer colaborar com a empresa”, dando sua opinião, sendo
participativo.
E
nesse novo cenário, com a Internet a seu favor e portador de sua própria
conexão 3G e de seu smartphone e/ou tablet, o paciente aprendeu a gostar de ser
o e-paciente.
Ele
marca o exame, pesquisa o histórico profissional do médico (Ele é especialista?
Tem RQE? Estudou mesmo no The Johns Hopkins Hospital?),
checa com o Dr. Google as orientações que recebeu durante a consulta e compra
seu medicamento... Tudo com um clique ou dois... O paciente aprendeu que ser
cliente é muito bom e anseia por ser respeitado, conquistado, “encantado”,
fidelizado e bem atendido.
Ele
percebeu que como consumidor, reclamar funciona e que a Internet é o canal dos
sonhos para dar vazão às suas insatisfações.
Diante
de tantas e tão rápidas mudanças é urgente que os médicos busquem auxílio e
consultoria apropriada para compreender essa evolução comportamental do
paciente, que provoca mudanças dentro do consultório que impactam diretamente
os negócios.
Se
o paciente mudou, não é mais possível atendê-lo da mesma maneira. O atendimento
precisa mudar também. Gil Giardelli defende que não podemos usar velhos mapas
para descobrir novas terras.
Nós
defendemos que não podemos continuar “atendendo assim”, como sempre fizemos,
porque simplesmente, “sempre fizemos isso”...
Não tenho tempo a perder...
Nesses
novos tempos, um comportamento que precisa ser revisto para melhor atender o
paciente é o tempo de espera para ser atendido em consultório e clínicas
médicas.
O
que mais irrita um paciente, antes de ser atendido é o atraso na consulta e a
falta de um feedback apropriado por parte da recepcionista/secretária.
(Sobre este tema, veja o post Ocorrências frequentes que geram
conflitos e estresse na sala de espera).
Segundo uma pesquisa de 2010, o tempo médio de espera no
consultório de um médico, nos Estados Unidos, para uma consulta clínica é de
cerca de 20 minutos.
E de acordo com outro estudo sobre o mesmo tema, publicado no Journal
of General Internal Medicine, a maioria dos pacientes considera esse tempo
de espera muito longo.
O fato é que as pessoas odeiam esperar. Seja nos Correios
ou no consultório de um médico (a exceção são as filas de lançamento dos
produtos da Apple), quanto maior a espera, menor a chance de que o cliente,
neste caso, “o novo paciente” saia satisfeito, e menor a probabilidade de que
ele vá retornar ao consultório, se ele se deparar com outra opção, no caso, um
médico que saiba organizar a sua agenda de marcação de consultas de maneira
mais eficiente.
Cientes dessa nova realidade e dessa nova exigência do
consumidor, muitos médicos fazem o possível para aprimorar sua agenda diária,
eliminando a espera prolongada e agilizando seu atendimento.
Nesse sentido, capacitar a equipe para receber bem o paciente, enquanto ele espera, tem dado bons
resultados.
Uma equipe bem treinada torna-se mais sensível às
necessidades do paciente na sala de espera, buscando oferecer conforto ao
paciente que aguarda atendimento médico.
Especialistas que estudam o fenômeno de espera
nas filas defendem que a percepção sobre a espera é mais importante do que o
tempo de espera real.
De acordo com pesquisa realizada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), os clientes consideram o tempo de espera uma
oportunidade desperdiçada ou perdida.
Portanto, para atingir níveis mais elevados de
satisfação dos clientes, as empresas devem se concentrar em fazer com que os
clientes sintam que não estão perdendo tanto tempo assim.
Em outras palavras, a solução não é apenas reduzir o tempo
de espera de 20 para 15 minutos, mas fazer um trabalho melhor para “distrair os
pacientes” durante o tempo de espera.
Lições de outros segmentos econômicos
Tempo desocupado é percebido como tempo desperdiçado, mas o
tempo ocupado é percebido como produtivo. “O pulo do gato” é fazer com que os
pacientes se sintam produtivos enquanto esperam o atendimento. Com isso em
mente, relacionamos algumas ideias sobre como melhorar a satisfação quando se
trata de longas esperas:
·
Cabeleireiros: oferecem aos clientes uma bebida quente
Como o profissional leva vários minutos para atender o
cliente, ele serve chá, infusão ou café fresco, que entre preparo e ingestão
toma cerca de 10 ou 15 minutos.
Se estivéssemos no consultório, no momento em que o
paciente fosse chamado para a sala do médico, ele provavelmente não teria
terminado sua bebida.
Isto o deixaria com a percepção de que ele não teve tempo
suficiente para tomar a bebida, que o atendimento foi rápido. Tudo isso agrega
valor ao serviço prestado.
·
Painel de senhas: aguarde o seu número
De acordo com um artigo publicado na Harvard Business
Review, as pessoas valorizam mais a transparência no atendimento do que um
tempo de espera curto.
Como num consultório médico, nem sempre é possível revelar
os bastidores do atendimento para os clientes, devido ao sigilo
médico-paciente, o painel com senhas eletrônicas cumpre o papel de deixar claro
“as regras do jogo”.
·
Autosserviço: faça assinaturas de jornais e revistas
Parece tão óbvio. Afinal das contas, a maioria dos
consultórios médicos já está tomada por revistas, mas poucos têm uma assinatura
de um jornal diário.
As pessoas valorizam a informação atual mais do que
informações desatualizadas. No fim das contas, é melhor contar com uma
variedade de jornais e revistas para todos os gostos. Também é bom manter as
revistas correntes e remover as que estão rasgadas ou com mais de dois meses de
publicação.
·
Restaurantes: desenhos para as crianças colorirem
Pediatras sabem como atender às crianças, mas outros
médicos devem prestar atenção a este cliente também.
O site da Crayola possui diversas páginas para colorir
destinadas às crianças (incluindo vários desenhos que são educativos sobre o
corpo humano).
Além disso, é possível comprar giz de cera em qualquer
papelaria e distribuí-los às crianças, como fazem diversos restaurantes. Esta é
uma maneira barata e fácil de manter a criança entretida e tornar a espera
menos frustrante.
·
Cafés: Wi-Fi gratuito
A conexão Wi-Fi confiável é um bônus agradável para os
clientes que desejam checar um e-mail ou apenas navegar enquanto esperam o
atendimento médico.
E os pacientes estão acostumados com esse “pequeno luxo” em
qualquer café da esquina. Como o seu consultório e/ou a sua clínica não oferece
algo semelhante?
Assim, além das opções em papel, lembre-se que muitos
pacientes preferem ler na sua própria tela, em seu laptop, tablet ou
smartphone.
É essencial ofertar uma senha para uso exclusivo dos
pacientes com uma ótima conexão à Internet.
Muitos consultórios e clínicas médicas ainda relutam em
adotar essa prática, com medo de que seus funcionários se distraiam no trabalho
e fiquem o dia todo navegando nas redes sociais...
Uma preocupação completamente infundada, pois os funcionários
já fazem isso, utilizando sua própria conexão 3G/4G de seus celulares
particulares. Assim, não há mais motivos para não oferecer uma senha WI-FI aos
pacientes.
·
Bares: coloco uma TV ou não?
Já existem algumas evidências de que a instalação de um
aparelho de televisão na sala de espera pode realmente sair pela culatra.
Um estudo holandês, em 1994, descobriu que as pessoas que
assistiam televisão na sala de espera de um consultório médico perceberam que o
tempo de espera não era curto.
Isto pode ser porque estamos profundamente conscientes de
quanto tempo dura um programa de TV, então quando os intervalos comerciais
começavam a se somar, os pacientes começaram a sentir que o tempo foi
desperdiçado.
Ainda assim, existe uma pequena percentagem de pessoas que
prefere assistir TV ao invés de ler ou navegar pela Internet, de modo que esse
tópico pode ser considerado relevante por alguns profissionais.
Particularmente, não apreciamos e não recomendamos TV na
sala de espera (já bastam os celulares estridentes provocando tumulto nas
clínicas), pois a consideramos um foco de tensão e ruído a mais num ambiente
que necessariamente precisa ser calmo e tranquilo.
Por fim, lembre-se que é a percepção da
espera, não o próprio ato de esperar que faz a diferença. Dar ao “novo
paciente” a sensação que ele está fazendo algo útil com seu tempo vai deixá-lo
mais feliz. Este é um desafio, mas é uma meta possível de ser atingida! (Texto de Márcia
Wirth, jornalista, consultora especializada em Health Care. Está à
frente da MW-Consultoria
de Comunicação & Marketing em Saúde.
Tel: 55 11 3791 3597/ 9 9394 3597)
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