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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

PORQUE OS ROLEZINHOS ASSUSTAM

 O Facebook estará completando dez anos em fevereiro, conforme registra o Globo na edição de segunda-feira dia 13.
Trata-se de um fenômeno importante demais para ser mantido no limitado contexto das tecnologias: a rede de comunicações interpessoais, que inclui uma infinidade de aplicativos, se transformou em um campo social paralelo ao da sociedade tradicional, e sua influência se tornou tão ampla e definidora que já não cabe no conceito de “rede virtual”.
Ao lado de outros recursos que ampliam a conectividade entre os indivíduos, essa plataforma constitui um novo território para a vida comunitária, um novo lugar no mundo que é, ao mesmo tempo, “todo lugar” e “nenhum lugar”.
Os debates teóricos sobre sua influência, eventuais ganhos e perdas que virá a oferecer às futuras gerações, ainda têm um alcance limitado, porque são fundamentados numa experiência de vida que passa por transformações tão velozes quanto profundas.
A questão da privacidade, por exemplo, é discutida com base num conceito de individualidade que pode não fazer sentido para a geração plenamente digital. Por outro lado, o potencial de ubiquidade que oferece a seus integrantes reduz progressivamente o papel da mediação, tradicionalmente cumprido pelo sistema que chamamos de imprensa.
Neste momento, os aspectos mais evidentes dessa mutação por que passa a sociedade são exatamente a diluição do poder mediador das relações sociais e a flexibilização do conceito de espaço público. Com isso, mudam todas as relações, principalmente aquelas baseadas no poder simbólico, que só subsiste quando ignorado por quem se submete a ele.
Observe-se, por exemplo, como o antigo poder da imprensa tradicional, de definir a agenda social, perde terreno e se acomoda ao limitado campo das instituições, conforme as pessoas percebem que não precisam dela para se sentirem parte da sociedade.
Veja-se, por exemplo, a recente onda de concentrações de jovens, que se organizam nas redes sociais digitais e se encontram, aos milhares, em shopping centers das grandes cidades. Os comerciantes, a polícia e a própria imprensa consideram que os centros de compras são espaços privados, mas os participantes dos tais “rolezinhos” estão convencidos de que são na verdade espaços públicos.
Os nativos digitais
A sociedade em rede se diferencia das comunidades tradicionais porque não é formada por necessidades, mas por conveniências.
Em apenas uma década, a convergência entre os recursos tecnológicos digitais e uma geração ansiosa por protagonismo produziu uma mutação sem ruptura, porque, entre os nativos analógicos que viveram a maior parte de suas existências no século 20 e os nativos digitais que nasceram na sociedade em rede, atuam os analógicos digitalizados, que funcionam como uma ponte entre gerações.
Esse aspecto de uma mudança radical sem um ponto de mutação aparente dificulta a compreensão do fenômeno e estimula profecias catastrofistas sobre o fim do social, a falência da história e a dissolução das ideologias.
No entanto, é preciso considerar que ainda falamos de seres humanos, sobre os quais sabemos que necessitam ao mesmo tempo delimitar sua individualidade e integrá-la ao contexto social.
Também não se pode omitir o fato de que o surgimento e expansão das redes sociais digitais acontece em pleno triunfo da sociedade de massa, com as individualidades empasteladas pela indústria cultural massificadora.
Os “rolezinhos” que têm assustado autoridades e espantado a imprensa nas últimas semanas são provavelmente uma das manifestações do processo de entropia da sociedade de massa, ou seja, o triunfo do sistema cria as condições para movimentos espontâneos e massivos que assombram os beneficiários do sistema.
Os passeios coletivos de milhares de jovens pelos corredores de shopping centers são concentrações inocentes, até que um movimento súbito ou um simples grito transforme o desfile em episódio de saque e vandalismo, como aconteceu nas manifestações de rua do ano passado.
Nossas cidades foram construídas conforme a lógica da exclusão, assim como a mídia tradicional foi edificada sobre a ficção do interesse coletivo, com os pressupostos da sociedade aristocrática.
Nada mais natural que, eventualmente, o campo da sociedade em rede invada a velha sociedade de classes, como dois mundos que colidem.
Superfícies de vidro são as primeiras coisas que se estilhaçam. (Por Luciano Martins Costa, publicado originalmente no Observatório da Imprensa e distribuído pelo Adnews).
SOBREPESO E INFLAMAÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ
(Texto de  Karina Toledo, distribuído pela Agência FAPESP) Ao engravidar, mulheres obesas ou com sobrepeso apresentam maior risco de desenvolver complicações como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.
Uma pesquisa recentemente concluída na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com apoio da FAPESP, oferece pistas para entender por que isso ocorre.
Por meio da análise de amostras sanguíneas de quase 200 gestantes, os pesquisadores concluíram que o sobrepeso está associado a alterações significativas nos níveis de duas substâncias secretadas pelo tecido adiposo – adiponectina e leptina – que podem contribuir para o aumento do grau de inflamação sistêmica.
“Durante a gravidez, existe um grau de inflamação fisiológico resultante da interação entre mãe e feto. Por outro lado, a obesidade, a diabetes e a hipertensão são doenças com forte componente inflamatório.”
 “Avaliar a combinação entre gestação e obesidade com foco em inflamação, portanto, parece importante para entender os riscos e os mecanismos envolvidos nessas patologias obstétricas”, disse Silvia Daher, coordenadora do Laboratório de Obstetrícia Fisiológica e Experimental da Unifesp.
A coleta do sangue foi feita no terceiro trimestre de gestação uma vez que, de acordo com Daher, o diabetes gestacional é uma doença que geralmente só se instala a partir da segunda metade da gravidez.
Com base no Índice de Massa corporal (IMC) pré-gestacional, as voluntárias foram divididas em quatro diferentes grupos: as com sobrepeso saudáveis (IMC igual ou maior que 25), as com sobrepeso e diabetes gestacional, as com peso ideal (IMC entre 18,5 e 24,9) saudáveis e as com peso ideal, mas com diabetes gestacional.
“Fizemos essa separação para que pudéssemos verificar com precisão se as alterações encontradas estavam associadas ao diabetes ou seriam de fato decorrentes do sobrepeso”, disse Daher.
Três diferentes parâmetros capazes de mensurar o grau de inflamação sistêmica foram analisados nas amostras sanguíneas.
O primeiro passo foi medir os níveis séricos de três diferentes citocinas – o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e as interleucinas (IL) 6 e 10 –, que são moléculas produzidas por células do sistema imunológico e têm um papel importante na modulação da resposta inflamatória no combate a infecções.
“No caso da IL10, cuja ação é anti-inflamatória, notamos uma queda associada apenas ao diabetes, mas não houve diferença relacionada ao sobrepeso. Em relação à IL6 e ao TNF-α – citocinas pró-inflamatórias –, não notamos diferenças significativas nos grupos”, contou Daher.
O segundo parâmetro avaliado foi a presença de células imunológicas ativas no sangue das voluntárias, entre elas as células exterminadoras naturais ou NK (Natural Killers na sigla em inglês) e as células TCD8 – dois tipos de linfócitos capazes de liberar substâncias tóxicas para matar, por exemplo, células tumorais ou infectadas por vírus.
“A essa altura da gravidez, essas células de defesa teriam de estar diminuídas, pois podem ser agressivas para o feto. Verificamos uma maior ativação dos linfócitos relacionada ao diabetes, mas não ao IMC”, disse Daher.
Por último, foram medidas nas amostras de sangue os níveis de algumas adipocinas – peptídeos secretados pelas células adiposas com diversas funções, entre elas a regulação da resposta imunológica.
“A adiponectina é uma adipocina com ação anti-inflamatória e anti-hiperglicêmica. Normalmente, ela diminui durante a gestação porque é preciso aumentar a quantidade de glicose circulante para suprir as necessidades do feto.
Já a leptina e a resistina são adipocinas que induzem a produção de citocinas inflamatórias, como a IL6 e o TNF-α, podendo agravar a resistência à insulina típica da gestação e também a inflamação sistêmica”, explicou Daher.
As análises mostraram uma redução significativa nos níveis de adiponectina associada ao sobrepeso, bem como aumento nos níveis de leptina.
“É um fator que pode estar contribuindo para a inflamação e para uma maior resistência à insulina nas gestantes com sobrepeso”, avaliou Daher.
Obesidade e distúrbios metabólicos
Segundo Daher, o fato de os resultados mostrarem alterações nas células imunes e nas citocinas apenas associadas ao diabetes e não ao IMC deve-se, possivelmente, ao pequeno número de obesas na amostra avaliada.
“Pretendemos agora estudar um grupo de mulheres com IMC maior ou igual a 30 para ver se há alterações mais intensas nesses e em outros mediadores inflamatórios”, contou.
A crescente epidemia de obesidade no mundo, ressaltou Daher, afeta também mulheres em idade reprodutiva. Dados da literatura apontam que a gestante obesa tem quatro vezes mais risco de desenvolver diabetes gestacional e o dobro de chance de desenvolver pré-eclâmpsia.
“Quem sofre de diabetes gestacional, por sua vez, tem risco aumentado de sofrer de diabetes do tipo 2 no futuro e a criança também fica mais propensa a distúrbios metabólicos. O mesmo ocorre no caso da pré-eclâmpsia. É um risco para a geração atual e a futura”, disse Daher.
Parte dos dados levantados durante a pesquisa e também em estudos anteriores do grupofinanciados pela FAPESP foram divulgados em duas revisões publicadas no American Journal of Reproductive Immunology e no Journal of Reproductive Immunology.
Atualmente, a equipe avalia o perfil lipídico de gestantes com sobrepeso para descobrir como as alterações nos níveis de colesterol se relacionam com os mediadores inflamatórios já estudados.

“Também estamos investigando alguns polimorfismos genéticos para saber, por exemplo, se alguém pode ser geneticamente propenso a produzir níveis maiores adiponectina ou menores de leptina. Isso nos ajudará a entender por que algumas pessoas com sobrepeso adoecem e outras, não”, disse Daher. 

HUAWEI ANUNCIA CONSOLE COM ANDROID

O mundo dos consoles de videogame irá ganhar mais um concorrente. Na CES 2014, em Las Vegas, a empresa chinesa Huawei apresentou seu mais novo produto, o console Tron.
Com um formato cilíndrico e controles sem fio, que além dos tradicionais botões, possui um touchpad no centro, o aparelho pretende concorrer diretamente com o Ouya e o NVIDIA Shield.
O dispositivo é capaz de rodar jogos para Android 4.2.3, transmite conteúdo em Full HD (1080p) e tem como processador o Tegra 4. Apesar dos 2 GB de memória RAM, 16 GB ou 32 GB de armazenamento interno e conectividade WiFI 802.11ac, USB 3.0 e Bluetooth 3.0, o Tron ainda possui poucas opções de jogos.
O aparelho não tem previsão para lançamento internacional e só pode ser encontrado no mercado chinês. Especula-se que o seu valor seja próximo de US$ 120. (Redação Adnews, com informações do site Exame)
 INFORMAÇÃO EM DOBRO
(Marcos Pivetta, na Revista Pesquisa FAPESP) Uma equipe de físicos brasileiros demonstrou que o emprego de uma técnica alternativa para recuperar a informação armazenada em partículas de luz, os fótons, dobra a capacidade de transmitir dados em sistemas quânticos, um aprimoramento que poderá ser útil para acelerar o desenvolvimento da computação movida a bits quânticos.
As características e o potencial do método, denominado medida assistida por cavidade, foram descritos em dois artigos simultaneamente publicados em 14 de novembro na versão on-line de um par de revistas científicas, a Physical Review Letters e a Physical Review A.
“A técnica permite resgatar uma parte da informação que antes se perdia no sistema”, dizMarcelo Martinelli, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), membro do grupo que produziu os trabalhos, feitos no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Informação Quântica (INCT-IQ), uma parceria da FAPESP e do CNPq.
Também assina os artigos o físico francês Claude Fabre, da Universidade Pierre e Marie Curie-Paris 6, que colabora com os brasileiros em um projeto bancado pela Fundação e pelo Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).
O melhor desempenho do método – que não é novo, mas foi aprimorado por Martinelli e seus colegas – deriva de sua maior capacidade de contornar uma espécie de ruído de comunicação que limita a decodificação de toda a informação armazenada em processos como a criptografia e o teletransporte quânticos.
Fótons que se encontram em estados quânticos similares, mas com padrões de oscilação ligeiramente distintos em seu espectro de frequência, não são diferenciados pela técnica conhecida como detecção homódina, hoje usualmente empregada para “ler” dados nesse tipo de sistema.
A adoção da medida assistida por cavidade – que faz um feixe de luz passar por um conjunto de espelhos formando uma “caixa de ressonância” antes de sua detecção – possibilita medir as mais tênues flutuações quânticas presentes nos fótons.
Dessa forma, é possível distinguir partículas de luz quase idênticas, que, pelo método da detecção homódina, são registradas como se tivessem as mesmas características.
“Com a técnica anterior, éramos intrinsecamente incapazes de reconstituir toda a informação armazenada”, comenta Paulo Nussensveig, também do IF-USP, outro autor dos artigos.
Os pesquisadores fazem um paralelo entre o efeito produzido na quântica pelo emprego da medida assistida por cavidade e a repercussão causada no setor de áudio pela adoção de aparelhos capazes de reproduzir o som estéreo.
Uma estação de FM, por exemplo, transmite músicas registradas em dois canais de som independentes e simultâneos, que operam em frequências extremamente próximas, mas ligeiramente distintas.
Assim cada canal pode disseminar ao mesmo tempo informações diferentes. Numa música instrumental, o baixo e a bateria podem estar registrados no canal direito enquanto o piano e a guitarra estão gravados no esquerdo.
Ocorre algo semelhante num feixe de laser com fótons entrelaçados, às vezes também denominados emaranhados, um tipo de correlação quântica que pode ser explorada para armazenar, processar e transmitir informação.
Em experimentos feitos na USP, os físicos geraram um sistema com três feixes entrelaçados de diferentes cores e, portanto, de distintos comprimentos de onda.
Os brasileiros, aliás, foram os primeiros a conseguir produzir e em parte controlar um sistema emaranhado com essas características.
A frequência de cada feixe era de cerca de 300 terahertz, 1 milhão de vezes maior do que a de uma transmissão de rádio FM. A rigor, a informação quântica não é armazenada e transmitida por esse canal principal de luz, mas, sim, por dois pequenos campos ou canais de 20 megahertz situados ligeiramente acima e abaixo da frequência central.

Leia a reportagem completa no:http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/01/13/informacao-%E2%80%A8em-dobro/. 

PRÊMIO ANA 2014

A Agência Nacional de Águas (ANA) está com inscrições abertas, até 30 de maio, para o Prêmio ANA 2014, premiação bienal que busca reconhecer boas práticas relacionadas à água e identificar ações que estimulem o combate à poluição e ao desperdício.
Esta quinta edição do prêmio tem sete categorias: Governo; Empresas; Organizações Não Governamentais; Organismos de Bacia; Ensino; Pesquisa e Inovação Tecnológica; e Imprensa.
As iniciativas, reportagens e projetos inscritos devem estar vinculados a alguma instituição e devem visar ao desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos por meio da gestão, da conservação e do uso eficiente da água e do combate ao desperdício e à poluição de recursos hídricos no território nacional.
A comissão julgadora selecionará três candidaturas finalistas por categoria e, para determinar o vencedor de cada uma delas, levará em consideração critérios de efetividade, impactos social e ambiental, potencial de difusão, adesão social, originalidade e sustentabilidade financeira (se aplicável).
A cerimônia de premiação ocorrerá dia 3 de dezembro, em local a ser definido, e os sete vencedores receberão um troféu inspirado na marca da ANA criado pelo mestre vidreiro Mário Seguso.
A inscrição dos trabalhos deve ser feita pela internet. Caso os participantes queiram enviar materiais físicos complementares, o envio deve ser realizado por remessa postal registrada aos cuidados da Comissão Organizadora do Prêmio ANA 2014 no endereço: SPO, Área 5, Quadra 3, Bloco M, Sala 118, CEP: 70610-200, Brasília (DF). Detalhes: www.ana.gov.br/premio
 SUA SALA DE ESPERA ESTÁ PREPARADA PARA O NOVO PACIENTE?

A transformação do paciente em uma tríade -  e-paciente, cliente e consumidor  - é o fenômeno mais impactante e relevante para a Medicina resultante da disseminação da Internet

Há muitos estudiosos tentando precisar a dimensão dos impactos da Internet sobre as mais diversas áreas e atividades econômicas.
Mas na área da Saúde, em particular, essa missão é impossível, pois o universo digital vem alterando tão profundamente a caracterização daquele que habitualmente denominávamos “paciente”, que consequentemente, estes impactos só poderiam ser medidos se também estudássemos a nova relação médico-paciente, que se estabelece a partir da transformação do paciente.
A transformação do paciente em uma tríade ou “novo paciente” -  e-paciente, cliente e consumidor  - é o fenômeno mais impactante e relevante para a Medicina resultante da disseminação da Internet.
Philip Kotler observa que, nas últimas décadas, o consumidor já estava moldando o ambiente ao seu gosto e ansiava por meios que permitissem participar da construção desse novo mundo.
A Internet, então, veio como uma resposta a essa necessidade e foi adotada em ampla escala, causando uma “nova revolução social”.
Manuel Castells chama a atenção para esse fato já há algum tempo, quando defende que a galáxia da Internet é o novo ambiente de comunicação. “Como a comunicação é a essência da atividade humana, todos os domínios da vida social estão sendo modificados pelos usos disseminados da Internet [...]”.
Com a popularização da Internet, o consumidor passou a ditar as regras. É o que Kotler chama de empowerment do consumidor, que deixou de lado a passividade que imperou na década de 1980 e passou a exercer um nível de participação na comunicação existente no mercado sem precedentes.
O consumidor é a diretriz primordial, ele sabe disso e faz uso desse seu poder. Ele é exigente, “quer colaborar com a empresa”, dando sua opinião, sendo participativo.
E nesse novo cenário, com a Internet a seu favor e portador de sua própria conexão 3G e de seu smartphone e/ou tablet, o paciente aprendeu a gostar de ser o e-paciente.
Ele marca o exame, pesquisa o histórico profissional do médico (Ele é especialista? Tem RQE? Estudou mesmo no The Johns Hopkins Hospital?), checa com o Dr. Google as orientações que recebeu durante a consulta e compra seu medicamento... Tudo com um clique ou dois... O paciente aprendeu que ser cliente é muito bom e anseia por ser respeitado, conquistado, “encantado”, fidelizado e bem atendido.
Ele percebeu que como consumidor, reclamar funciona e que a Internet é o canal dos sonhos para dar vazão às suas insatisfações.
Diante de tantas e tão rápidas mudanças é urgente que os médicos busquem auxílio e consultoria apropriada para compreender essa evolução comportamental do paciente, que provoca mudanças dentro do consultório que impactam diretamente os negócios.
Se o paciente mudou, não é mais possível atendê-lo da mesma maneira. O atendimento precisa mudar também. Gil Giardelli defende que não podemos usar velhos mapas para descobrir novas terras.
Nós defendemos que não podemos continuar “atendendo assim”, como sempre fizemos, porque simplesmente, “sempre fizemos isso”...
Não tenho tempo a perder...
Nesses novos tempos, um comportamento que precisa ser revisto para melhor atender o paciente é o tempo de espera para ser atendido em consultório e clínicas médicas.
O que mais irrita um paciente, antes de ser atendido é o atraso na consulta e a falta de um feedback apropriado por parte da recepcionista/secretária. (Sobre este tema, veja o post Ocorrências frequentes que geram conflitos e estresse na sala de espera).
Segundo uma pesquisa de 2010, o tempo médio de espera no consultório de um médico, nos Estados Unidos, para uma consulta clínica é de cerca de 20 minutos.
E de acordo com outro estudo sobre o mesmo tema, publicado no Journal of General Internal Medicine, a maioria dos pacientes considera esse tempo de espera muito longo.
O fato é que as pessoas odeiam esperar. Seja nos Correios ou no consultório de um médico (a exceção são as filas de lançamento dos produtos da Apple), quanto maior a espera, menor a chance de que o cliente, neste caso, “o novo paciente” saia satisfeito, e menor a probabilidade de que ele vá retornar ao consultório, se ele se deparar com outra opção, no caso, um médico que saiba organizar a sua agenda de marcação de consultas de maneira mais eficiente.
Cientes dessa nova realidade e dessa nova exigência do consumidor, muitos médicos fazem o possível para aprimorar sua agenda diária, eliminando a espera prolongada e agilizando seu atendimento.
Nesse sentido, capacitar a equipe para receber bem o paciente, enquanto ele espera, tem dado bons resultados.
Uma equipe bem treinada torna-se mais sensível às necessidades do paciente na sala de espera, buscando oferecer conforto ao paciente que aguarda atendimento médico.

Especialistas que estudam o fenômeno de espera nas filas defendem que a percepção sobre a espera é mais importante do que o tempo de espera real.

De acordo com pesquisa realizada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), os clientes consideram o tempo de espera uma oportunidade desperdiçada ou perdida.

Portanto, para atingir níveis mais elevados de satisfação dos clientes, as empresas devem se concentrar em fazer com que os clientes sintam que não estão perdendo tanto tempo assim.

Em outras palavras, a solução não é apenas reduzir o tempo de espera de 20 para 15 minutos, mas fazer um trabalho melhor para “distrair os pacientes” durante o tempo de espera.
Lições de outros segmentos econômicos
Tempo desocupado é percebido como tempo desperdiçado, mas o tempo ocupado é percebido como produtivo. “O pulo do gato” é fazer com que os pacientes se sintam produtivos enquanto esperam o atendimento. Com isso em mente, relacionamos algumas ideias sobre como melhorar a satisfação quando se trata de longas esperas:
·       Cabeleireiros: oferecem aos clientes uma bebida quente
Como o profissional leva vários minutos para atender o cliente, ele serve chá, infusão ou café fresco, que entre preparo e ingestão toma cerca de 10 ou 15 minutos.
Se estivéssemos no consultório, no momento em que o paciente fosse chamado para a sala do médico, ele provavelmente não teria terminado sua bebida.
Isto o deixaria com a percepção de que ele não teve tempo suficiente para tomar a bebida, que o atendimento foi rápido. Tudo isso agrega valor ao serviço prestado.
·       Painel de senhas: aguarde o seu número
De acordo com um artigo publicado na Harvard Business Review, as pessoas valorizam mais a transparência no atendimento do que um tempo de espera curto.
Como num consultório médico, nem sempre é possível revelar os bastidores do atendimento para os clientes, devido ao sigilo médico-paciente, o painel com senhas eletrônicas cumpre o papel de deixar claro “as regras do jogo”.
·       Autosserviço: faça assinaturas de jornais e revistas
Parece tão óbvio. Afinal das contas, a maioria dos consultórios médicos já está tomada por revistas, mas poucos têm uma assinatura de um jornal diário.
As pessoas valorizam a informação atual mais do que informações desatualizadas. No fim das contas, é melhor contar com uma variedade de jornais e revistas para todos os gostos. Também é bom manter as revistas correntes e remover as que estão rasgadas ou com mais de dois meses de publicação.
·       Restaurantes: desenhos para as crianças colorirem
Pediatras sabem como atender às crianças, mas outros médicos devem prestar atenção a este cliente também.
O site da Crayola possui diversas páginas para colorir destinadas às crianças (incluindo vários desenhos que são educativos sobre o corpo humano).
Além disso, é possível comprar giz de cera em qualquer papelaria e distribuí-los às crianças, como fazem diversos restaurantes. Esta é uma maneira barata e fácil de manter a criança entretida e tornar a espera menos frustrante.
·       Cafés: Wi-Fi gratuito
A conexão Wi-Fi confiável é um bônus agradável para os clientes que desejam checar um e-mail ou apenas navegar enquanto esperam o atendimento médico.
E os pacientes estão acostumados com esse “pequeno luxo” em qualquer café da esquina. Como o seu consultório e/ou a sua clínica não oferece algo semelhante?
Assim, além das opções em papel, lembre-se que muitos pacientes preferem ler na sua própria tela, em seu laptop, tablet ou smartphone.
É essencial ofertar uma senha para uso exclusivo dos pacientes com uma ótima conexão à Internet.
Muitos consultórios e clínicas médicas ainda relutam em adotar essa prática, com medo de que seus funcionários se distraiam no trabalho e fiquem o dia todo navegando nas redes sociais...
Uma preocupação completamente infundada, pois os funcionários já fazem isso, utilizando sua própria conexão 3G/4G de seus celulares particulares. Assim, não há mais motivos para não oferecer uma senha WI-FI aos pacientes.
·       Bares: coloco uma TV ou não?
Já existem algumas evidências de que a instalação de um aparelho de televisão na sala de espera pode realmente sair pela culatra.
Um estudo holandês, em 1994, descobriu que as pessoas que assistiam televisão na sala de espera de um consultório médico perceberam que o tempo de espera não era curto.
Isto pode ser porque estamos profundamente conscientes de quanto tempo dura um programa de TV, então quando os intervalos comerciais começavam a se somar, os pacientes começaram a sentir que o tempo foi desperdiçado.
Ainda assim, existe uma pequena percentagem de pessoas que prefere assistir TV ao invés de ler ou navegar pela Internet, de modo que esse tópico pode ser considerado relevante por alguns profissionais.
Particularmente, não apreciamos e não recomendamos TV na sala de espera (já bastam os celulares estridentes provocando tumulto nas clínicas), pois a consideramos um foco de tensão e ruído a mais num ambiente que necessariamente precisa ser calmo e tranquilo.
Por fim, lembre-se que é a percepção da espera, não o próprio ato de esperar que faz a diferença. Dar ao “novo paciente” a sensação que ele está fazendo algo útil com seu tempo vai deixá-lo mais feliz. Este é um desafio, mas é uma meta possível de ser atingida! (Texto de Márcia Wirth, jornalista, consultora especializada em Health Care. Está à frente da MW-Consultoria de Comunicação & Marketing em Saúde.

Tel: 55 11 3791 3597/ 9 9394 3597)

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