LEIA HOJE:
. O jornalismo e o jornalista
. Inovação na agfricultura orgânica
. Eventos
. Quando as crianças são sexualmente
precoces
. O romance e as alterações cerebrais
MUDANÇAS
NO JORNALISMO E NO JORNALISTA
(Texto
de Jussara Mangini, distribuído pela Agência FAPESP) – As transformações ocorridas nos meios de
comunicação, por meio das novas tecnologias e da cultura de convergência
midiática, impactaram profundamente os processos de produção do jornalismo e,
consequentemente, o perfil do jornalista.
A
conclusão é de uma pesquisa que avaliou o perfil do jornalista e as mudanças em
trabalho.
“Os
produtos jornalísticos impressos, televisivos ou radiofônicos são feitos de
maneira completamente diferente do que há cerca de 20 anos”, disse Roseli
Fígaro, coordenadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho da Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
Responsável
pela pesquisa “O perfil do jornalista e os discursos sobre o jornalismo: um
estudo das mudanças no mundo do trabalho do jornalista profissional em São
Paulo”, que teve apoio da FAPESP, Fígaro destaca que uma série de funções
desapareceu da rotina do métier do jornalista.
“O
tempo e o espaço, comprimidos pelas possibilidades das tecnologias de
comunicação e de informação, foram assimilados nos processos de produção de
modo a reduzir o tempo para a reflexão, a apuração e a pesquisa no trabalho
jornalístico.”
“O
espaço de trabalho encolheu e ao mesmo tempo diversificou-se, transformando as
grandes redações em células de produção que podem ser instaladas em qualquer
lugar com internet e computador. O jornalismo on-line, em tempo real, os blogs
e as ferramentas das redes sociais são inovações nas rotinas profissionais”,
disse à Agência FAPESP.
No
estudo, concluído em 2013, um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisa em
Comunicação e Trabalho, orientado por Fígaro, buscou saber o que essas
transformações representam em termos de mudanças no perfil do profissional e o
que o jornalista pensa sobre o próprio trabalho e sobre o jornalismo.
O
trabalho é resultado da análise das respostas de 538 jornalistas. Os dados
também estão no e-book As
mudanças no mundo do trabalho do jornalista(Editora Salta), lançado no
segundo semestre de 2013.
Os
538 jornalistas pesquisados são de São Paulo – estado que abriga mais de 30%
dos profissionais brasileiros da categoria – e foram consultados em duas fases
metodológicas: a quantitativa, com o uso de um questionário fechado de múltipla
escolha, e a qualitativa, com entrevista face a face com roteiro de perguntas
abertas, e grupo de discussão, com roteiro dos temas mais polêmicos encontrados
pelos instrumentos anteriores.
Quatro
grupos amostrais responderam os questionários em diferentes períodos: dois
grupos em 2009 – um formado com 30 jornalistas de diferentes mídias e vínculos
empregatícios, selecionados de maneira aleatória via rede social, e outro
constituído por 340 associados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no
Estado de São Paulo, também de diferentes mídias, vínculos e funções.
Um
grupo de 90 jornalistas freelancers (sem vínculo empregatício),
trabalhando em diferentes mídias, foi consultado em 2010. E um outro
grupo de 82 jornalistas de uma grande empresa editorial da capital paulista
também compôs a amostra, como fruto de uma pesquisa anterior, realizada em
2007.
Para
a fase qualitativa – com entrevista individual de 20 jornalistas e discussão em focus groups, em duas sessões,
com 16 jornalistas no total – foram selecionados 36 dos 538 jornalistas que
responderam os questionários na fase quantitativa.
De
forma geral, a maioria dos jornalistas tem um perfil socioeconômico de classe
média, é jovem (até 30 anos), branca, do sexo feminino, não tem filho, atua em
multiplataformas e tem curso superior completo e especialização em nível de
pós-graduação.
Outras características comuns são a carga
horária de trabalho – de oito a dez horas por dia – e a faixa salarial de R$ 2
mil a R$ 6 mil.
O
predomínio feminino coincide com os dados divulgados pela Federação Nacional
dos Jornalistas (Fenaj) que, no fim de 2012, registrou que os jornalistas
brasileiros eram majoritariamente mulheres brancas, solteiras, com até 30 anos.
Apenas
no grupo dos sindicalizados, que reúne os profissionais com a faixa etária mais
elevada e maior tempo de profissão, observou-se predomínio masculino.
Precarização
dos vínculos empregatícios
A
reestruturação produtiva ocorrida no mundo do trabalho, principalmente a partir
dos anos 1990, transformou as relações de trabalho, afirma a pesquisadora na
introdução de seu livro.
Foi
a partir dessa década que aumentou o número de jornalistas contratados sem
registro em carteira profissional, abrindo caminho para novas formas de
contratação, como a terceirização, contratos de trabalho por tempo determinado,
contrato de pessoa jurídica (PJ), cooperados e freelancers, entre outros.
A
chamada “flexibilidade” acaba por transferir aos trabalhadores o peso das
incertezas do mercado.
“Como
mão de obra maleável seja em termos de horário, de jornada de trabalho ou de um
vínculo empregatício, esses profissionais não podem planejar suas vidas em
termos econômicos nem em termos afetivos”, disse Fígaro.
Os freelancers trabalham em período integral, para
vários lugares, sozinhos em casa. Começam a pensar como empreendedores, aplicam
os conhecimentos do jornalismo em outras atividades, como na revisão de
trabalho acadêmico ou até na venda de pacotes de assessoria de comunicação para
políticos.
Os
mais jovens e os freelancers são os que menos conseguem planejar
sua vida pessoal em relação à profissional fora do curto prazo, de acordo com a
pesquisadora.
“Trabalham
hoje, para consumir hoje e não sabem como será seu trabalho no ano seguinte.
Imagino que isso cause grande parte do estresse na vida do indivíduo”, afirmou
Fígaro.
A
pesquisa também verificou que as novas gerações se sindicalizam menos.
Uma
possível explicação para isso, segundo Fígaro, é que os profissionais que vivem
instabilidade financeira e têm dificuldade em se relacionar com o mundo do
trabalho não vislumbram soluções coletivas – como sindicalizar-se ou
organizar-se para pleitear melhores condições de trabalho –, mas sempre em
saídas individuais como, por exemplo, arrumar mais um emprego.
“Possuem
um perfil profissional deslocado de valores coletivos, são individualistas e
muito preocupados com o negócio. Vão em busca do cliente e consideram a
informação um produto.”
Ela
ressalta, no entanto, que isso não quer dizer que o jornalista não esteja
preocupado com causas da coletividade ou da sociedade, mas que há uma busca
individual de soluções.
Os
profissionais da área sabem que uma característica comum é a alta rotatividade
de emprego: muda-se muito de uma empresa ou veículo de comunicação para outro.
Na
avaliação de Fígaro, “se por um lado, a experiência pode enriquecer o
profissional, por outro é sempre um começar de novo, um novo que não é tão
novo, porque se fica no mesmo nível hierárquico”.
De
acordo com ela, é exigida hoje do jornalista atualização constante no uso de
ferramentas digitais de prospecção, apuração e edição de informações.
É
fundamental ter habilidades e competências que permitam a atuação em diversas
plataformas – impressa, tevê, rádio, internet – e em diferentes linguagens –
verbal, escrita, sonora, fotográfica, audiovisual, hipertextual.
“Exigem-se
ainda noções de marketing e de administração, visto que se prioriza a visão de
negócio/mercadoria já inserida no produto cultural, por meio do tratamento dado
às pautas e à segmentação de públicos”, disse Fígaro.
Diferenças
entre gerações
Enquanto
os mais jovens estão fora das redações, em trabalhos precarizados, os mais
velhos migram para a coordenação das assessorias de comunicação.
A
coordenadora do estudo comentou que há casos muito conflituosos de desrespeito
e intolerância tanto em relação ao profissional mais velho, quanto em relação
ao jovem muito tecnológico, sem experiência.
“As
empresas, no afã de mudar sua cultura e dinamizar os interesses de seu negócio,
quebram uma regra muito importante no mundo do trabalho: a transferência de
saberes profissionais de uma geração para outra.”
“Isso
traz danos não só para a empresa, mas para toda a sociedade. Há um custo social
a pagar por isso”, avaliou Fígaro.
Há
diferença entre o que significa ser um bom jornalista hoje em relação a 20 anos
atrás?
“Jornalistas
trabalham com os discursos da sociedade. Devem, portanto, compreender as
implicações disso: discurso é produção de sentido; e produção de sentido é
tomar posição, é editar o mundo e disponibilizar essa edição para quem estiver
interessado nela.”
De
acordo com a pesquisadora, hoje é preciso maior destreza com tecnologias que
não existiam.
Os
jornalistas tinham menor destreza anteriormente? Não, na opinião de Fígaro.
“Ser multitarefa e multiplataforma são exigências que colocam em ação
habilidades humanas diferentes; e trazem implicações profissionais diferentes.”
Sob
esse aspecto, os profissionais apresentam no discurso preocupação com a ética
jornalística, com a apuração, com o texto, com a qualidade e a idoneidade das
fontes.
“Mas
eles também têm claro que o tempo da racionalidade produtiva da mídia é o algoz
do bom jornalismo. Destaco que esse tempo não é o tempo da vida cotidiana. É o
tempo da produção comercial do produto notícia”, ressaltou Fígaro.
Formação
profissional
Da
amostra total, cerca de 5% não têm ou não concluíram o ensino superior. A
absoluta maioria possui nível superior e, em média, 65% deles têm curso de
especialização em nível de pós-graduação.
A
mudança operacional é tão evidente que os cursos de jornalismo ganharam na
última década teor ainda mais técnico-prático e operacional; fato que, na
opinião da pesquisadora, não deveria se contrapor à preocupação com a ampla
formação cultural e humanística do futuro profissional.
“No entanto, é isso que vem acontecendo,
inclusive com o aval do cliente/aluno, visto que a maioria dos jornalistas da
pesquisa se formou em faculdades privadas.”
Outra
característica marcante é que o jornalista começa a trabalhar muito cedo. Antes
mesmo de concluir a faculdade, é incentivado a conquistar logo um posto de
trabalho na área.
Fígaro
percebeu que há até um certo desprezo pela faculdade, como se o necessário
fosse somente a formação técnica conquistada no âmbito do trabalho.
“Essa
discussão é complexa. O trabalho nunca é só técnica, norma, prescrição de uma
empresa para a produção de determinado produto.”
“Para o trabalho mobiliza-se um conjunto de
saberes amplos que vão da gestão de si próprio e suas habilidades, à gestão das
normas, dos relacionamentos, das linguagens etc.”
Na
avaliação dos pesquisadores, parte dos profissionais da amostra teve uma
formação “débil” no que diz respeito à capacidade de inter-relacionar fatos,
dados e acontecimentos de maneira contextualizada política, social e
historicamente.
“Na
verdade, é essa capacidade que considero como conhecimento fundamental para o
desempenho da profissão”, disse Fígaro.
Produção
de conteúdo
Os
autores da pesquisa destacam o quanto o processo de seleção, análise e
interpretação das informações, que são de fácil acesso hoje, ficou mais
complexo e exige maturidade intelectual, profundo compromisso com a ética
jornalística e com os fundamentos da produção do discurso jornalístico.
Porém,
lamentam que “o limite e a separação entre as orientações da redação de um
veículo de comunicação e a área comercial da empresa, antes tão fundamentais
para a credibilidade do exercício profissional, hoje sequer fazem parte do
repertório das novas gerações”.
Os
jornalistas da empresa editorial pesquisada consideram os meios de comunicação o
negócio mais promissor do mundo globalizado e um negócio como outro qualquer.
O
grupo de jornalistas selecionado nas redes sociais se divide sobre o papel dos
meios de comunicação – para uns, é um instrumento de fazer política, cultura e
educação e, para outros, trata-se de um negócio como outro qualquer.
Os
sindicalizados e os freelancers consideram os meios de comunicação um
instrumento de informação, cultura e educação.
No
que diz respeito à opinião dos jornalistas sobre o “valor” da informação, apenas
os profissionais do grupo dos sindicalizados a veem como um direito do cidadão.
Os demais a consideram um produto fundamental da sociedade.
Dessas
questões derivam outras em relação ao tipo de jornalismo que o cidadão deseja e
daí qual o engajamento profissional necessário. “Está em jogo que tipo de
democracia se quer construir, pois o direito à informação é o alicerce de uma
sociedade democrática”, disse Fígaro.
Para
a pesquisadora, falta a compreensão de que o jornalista é o profissional que
trabalha com os discursos das diferentes instituições e agentes sociais para
devolvê-los aos cidadãos, de maneira compreensível.
“A
informação é um direito humano, consagrado pela nossa Constituição e pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Hoje, grande parte dos jornalistas
encara a informação como uma mercadoria como outra qualquer e, em minha
opinião, aí está o problema.”
Consumo
cultural
A
maioria dos jornalistas pesquisados lê jornais todos os dias; quem menos lê, no
entanto, são osfreelancers. Todos os grupos afirmam assistir à televisão
todos os dias. Parte da mostra também ouve rádio todos os dias.
A
internet, mais do que outros meios de comunicação ou de comunicação
interpessoal, é o meio pelo qual todos ficam sabendo das notícias mais
importantes, fazem compras, estudam, trabalham e pesquisam.
Ainda
assim, o que o jornalista mais segue nas mídias sociais é a mídia tradicional e
grandes veículos de comunicação e a busca, geralmente, está mais ligada ao
trabalho do que à obtenção de informação em si.
Todos
os grupos gostam de ler, ir ao cinema, boa parte vai ao teatro. Nas horas
vagas, alguns vão à academia de ginástica e outros não vão a lugar algum.
Para
os autores da pesquisa, o maior crédito que atribuem ao estudo e ao e-book,
além dos dados levantados, é provocar nos jornalistas um debate sobre a
profissão.
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA AGRICULTURA ORGÂNICA
(Texto de José Tadeu Arantes, distribuído pela Agência FAPESP – A agricultura orgânica tem crescido a taxas elevadas no Brasil.
Segundo
dados divulgados em 2013 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, o mercado
de produtos orgânicos se expande de 15% a 20% ao ano, abastecido por cerca de
90 mil produtores, dos quais aproximadamente 85% são agricultores familiares.
Uma
pesquisa, conduzida por Mauro José Andrade Tereso, professor associado da
Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), investigou as condições de trabalho e a inovação tecnológica no
setor.
O
estudo, apoiado pela
FAPESP, contou com a
participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Unicamp,
da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar).
No
período de vigência da pesquisa, que se estendeu de maio de 2010 a maio de
2013, foram investigadas 33 Unidades de Produção de Agricultura Orgânica (UPAO)
dedicadas prioritariamente ao cultivo de hortaliças.
Esse montante representava um terço das UPAOs
dedicadas à horticultura certificadas no Estado de São Paulo na data inicial da
pesquisa.
Aproximadamente
dois terços das UPAOs visitadas eram propriedades familiares, com áreas totais
não superiores a 20 hectares e nenhuma dedicando à horticultura mais do que 15
hectares. A maioria contava com área de proteção ambiental e se caracterizava
pela grande diversidade de itens produzidos.
Os
pesquisadores buscaram mapear as tecnologias empregadas e as demandas, adaptações
e inovações tecnológicas, destinadas a minimizar a carga de trabalho e as
dificuldades na execução das tarefas e a aumentar a produtividade.
“Como
a tecnologia disponível no mercado foi desenvolvida para o modelo convencional
de agricultura, os produtores orgânicos são obrigados a adaptar ferramentas e
equipamentos e a realizar outras inovações a fim de aumentar a produtividade de
seu trabalho”, disse Tereso àAgência FAPESP.
A
agricultura convencional, que se difundiu em escala planetária a partir da
chamada “revolução verde”, durante as décadas de 1960 e 1970, baseia-se, grosso
modo, em: monocultura; uso intensivo de compostos químicos sintéticos para
recuperação do solo e controle de pragas; uso de maquinário no processo de
produção, do preparo do solo à pós-colheita; uso de sementes geneticamente
adaptadas ao modelo de produção; uso de fontes exógenas de energia em relação
ao espaço produtivo.
Já
a agricultura orgânica, segundo definição do Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos, é um sistema de produção que exclui amplamente o uso de
fertilizantes, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos para a
alimentação animal compostos sinteticamente.
Baseia-se
também, tanto quanto possível, na rotação de culturas e na utilização de
estercos animais, leguminosas, adubação verde, reaproveitamento de materiais
orgânicos vindos de fora das propriedades, minerais naturais e controle
biológico de pragas para manter a estrutura e a produtividade do solo, fornecer
nutrientes para as plantas e controlar insetos, ervas daninhas e outras pragas.
A
agricultura orgânica geralmente emprega o cultivo mecânico, retomando antigas
práticas agrícolas, porém adaptando-as às modernas tecnologias de produção
agropecuária, com o objetivo de aumentar a produtividade com o mínimo de
interferência nos ecossistemas.
“Os
agricultores orgânicos compensam a ausência de equipamentos concebidos
diretamente para eles com a inovação dos processos produtivos e a adoção de
novos métodos organizacionais. São também comuns adaptações muito engenhosas
dos equipamentos convencionais”, afirmou Tereso.
A
diversidade de produtos e de alternativas de vendas também constituem
estratégias importantes para os agricultores orgânicos competirem no mercado.
“Nossa
pesquisa mostrou que esses agricultores são altamente qualificados, com uma
impressionante quantidade de conhecimentos acerca das plantas, do solo, da
relação solo-água e de outros tópicos agronômicos. Além disso, trabalham com
uma grande diversidade de produtos”, informou Tereso.
“Na
agricultura convencional, o agricultor lida muitas vezes com um único tipo de
produto, por exemplo, alface ou tomate. Já na agricultura orgânica, é comum os
agricultores lidarem com 15, 20, às vezes 60 itens diferentes. Encontramos uma
propriedade com mais de 100 itens hortícolas produzidos”, prosseguiu o
pesquisador.
Metade
dos gestores entrevistados na pesquisa estava na faixa etária dos 40 aos 60
anos. Dois terços tinham mais de dez anos de experiência na atividade agrícola
e na própria agricultura orgânica. Vários acumulavam mais de vinte anos de
certificação.
Além
dos gestores, a maioria dos trabalhadores das UPAOs familiares executava todas
as tarefas que compõem os diferentes sistemas de trabalho.
As
exceções eram as poucas tarefas que requerem muita força física, como a
colheita de raízes e tubérculos, realizada apenas por homens, ou atividades que
requeriam habilidades específicas, como a preparação de mudas.
As
especializações laborais surgiram nas operações de máquinas e equipamentos,
como tratores e pulverizadores.
Com
tal qualificação e diante da ausência de ofertas tecnológicas no mercado, esses
agricultores buscam soluções criativas e promovem a inovação no sentido mais
estrito da palavra, não apenas trazendo novos aportes tecnológicos para dentro
da propriedade, mas desenvolvendo tecnologias muito específicas lá mesmo.
“Essa
foi uma das conclusões mais interessantes de nossa pesquisa”, comentou Tereso.
Outro
diferencial entre os agricultores orgânicos e os agricultores convencionais é
que os primeiros buscam diversos nichos de mercado.
“Normalmente,
o produtor convencional vende para um atravessador e se contenta com isso. Já o
produtor orgânico procura explorar várias possibilidades: cooperativas, vendas
pela internet, vendas de cestas de produtos, pontos de venda próprios,
convênios com restaurantes ou supermercados, enfim, uma gama muito grande de
alternativas para escapar dos atravessadores”, disse Tereso.
Muitos
desses produtores já criaram embalagens diferenciadas e marcas. E vários também
promovem algum tipo de processamento, agregando valor aos seus produtos.
Soluções
tecnológicas
Depois
do levantamento geral de dados, em uma segunda fase, a pesquisa estudou em
profundidade as UPAOs que se destacaram nas várias modalidades da inovação tecnológica.
Os
pesquisadores observaram o dia-a-dia dos gestores destas propriedades,
procurando compreender como a inovação ocorria no interior das UPAOs que
administravam.
Cada
gestor foi acompanhado por pelo menos 40 horas. No total, os pesquisadores somaram
quase 400 horas de trabalho de campo nesta segunda fase.
Os
produtores orgânicos compensam a ausência de tecnologia disponível na forma de
máquinas e equipamentos com o desenvolvimento de soluções tecnológicas na forma
de processos, de organização do trabalho e de comercialização de seus produtos.
“O
que mais chamou nossa atenção foi a capacidade de os produtores orgânicos
encontrarem saídas para driblar a falta de oferta de equipamentos que enfrentam
hoje no mercado brasileiro.”
“Quando
o mercado passar a oferecer equipamentos específicos para esses profissionais,
eles poderão superar em muito a produtividade da agricultura convencional”,
disse Tereso.
“O Brasil é hoje o maior produtor de açúcar orgânico do mundo. Em meados
da década de 1980, quando iniciou suas atividades, a produtividade da maior
empresa do setor era inferior à metade da média nacional.”
“De lá para cá, essa empresa desenvolveu tecnologias próprias
(maquinários, equipamentos, novos processos agronômicos, controle biológico de
pragas etc.).”
“Hoje, sua produtividade é 80% superior à média nacional. Isso mostra
que, quando se conjugam conhecimentos tão abrangentes dos processos produtivos
com recursos tecnológicos, a produtividade pode alcançar níveis surpreendentes”,
afirmou o pesquisador.
EVENTOS
. 4º Simpósio Brasileiro sobre Nutrição de Plantas
Aplicada em Sistemas de Alta Produtividade -
Entre 9 e 11 de abril, a Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV/Unesp), em Jaboticabal,
realizará o 4º Simpósio Brasileiro sobre Nutrição de Plantas Aplicada em
Sistemas de Alta Produtividade.
Direcionado
a estudantes e profissionais da área, o evento terá palestras de pesquisadores
de diversas universidades, institutos de pesquisa e da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Assuntos
relacionados a nutrição e adubação, ciclagem biogeoquímica e diagnose foliar
fazem parte da programação.
As
inscrições com desconto podem ser feitas até 9 de março e o número de vagas é limitado
a 200 participantes.
O
simpósio ocorrerá no Centro de Convenções da FCAV/Unesp, localizado na via de
acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/nº, em Jaboticabal (SP). Detalhes: http://www.funep.org.br/mostrar_evento.php?idevento=392
. 15ª Jornada Pedagógica - Entre 13 e 15 de maio, ocorre na Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC),
da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília, a 15ª Jornada Pedagógica
– Formação de Professores: Curso de Pedagogia em Debate.
Assuntos
envolvendo os desafios e as políticas para a formação de professores serão
debatidos em mesas-redondas lideradas por docentes de várias universidades.
Os
interessados em submeter trabalhos para apresentação devem enviar o material
até 30 de março. Podem ser inscritos relatos de experiência e de pesquisa, ou
pesquisas concluídas ou em andamento, desde que estejam baseadas em um dos seis
temas propostos.
O
evento ocorrerá na FFC/Unesp, situada na Av. Hygino Muzzi Filho, 737, em
Marília, no centro-oeste paulista.
. 8º Simpósio
Internacional de Endoscopia Digestiva - A Sociedade Brasileira
de Endoscopia Digestiva (Sobed) realiza, nos dias 21 e 22 de março, a oitava
edição do Simpósio Internacional de Endoscopia Digestiva, que ocorrerá em
Gramado, no Rio Grande do Sul.
O
evento reunirá especialistas do Brasil e o exterior. Entre as presenças
internacionais confirmadas estão René Lambert, da França; Raf Bisschops, da
Bélgica; Takahisa Matsuda, do Japão; e Kenneth Binmoeller e Ram Chuttani, dos
Estados Unidos.
A
programação científica inclui assuntos como esôfago de Barret, vias biliares,
cápsula endoscópica e câncer de reto, que serão discutidos por meio de
apresentações, exposições de casos clínicos e sessões de vídeos.
As
inscrições com desconto podem ser feitas pela internet até 21 de fevereiro. O
evento será no Serrano Gramado Hotel, que fica na Av. das Hortênsias, 1480, em
Gramado.
Simpósio
Internacional de Oncologia Veterinária - A Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (FMVZ/Unesp)
de Botucatu realiza, entre os dias 21 e 23 de março, o Simpósio Internacional
de Oncologia Veterinária.
O
encontro promoverá o debate de temas como inovações em oncologia veterinária,
diagnóstico por imagens e cirurgias reconstrutivas, que serão abordados por
profissionais do Brasil e do exterior.
A
programação também inclui apresentação de trabalhos. Os resumos devem ser
redigidos em inglês e devem estar classificados em uma das quatro áreas
temáticas disponíveis: oncologia veterinária, oncologia experimental e
comparada, diagnóstico e terapêutica. O prazo de envio dos resumos é até 7 de
fevereiro.
As
inscrições podem ser feitas até a data do evento, mas o desconto na taxa será
concedido somente até 16 de março.Detalhes: http://www.fmvz.unesp.br/#!/eventos/1-simposio-internacional-de-oncologia-veterinaria/
DESPERTAR
PRECOSE
(Textp de Ricardo Zorzetto,
distribuído pela Revista Pesquisa FAPESP) – Há cerca de 7 anos a médicaAna Claudia
Latronico atendeu no ambulatório de endocrinologia pediátrica do Hospital
das Clínicas (HC) de São Paulo um caso que lhe chamou a atenção e acabou por conduzir
à identificação, em meados de 2013, do primeiro gene associado à puberdade
precoce de origem hereditária.
Era
uma menina de 5 anos que já apresentava os primeiros sinais da puberdade.
As
mamas começavam a se formar e os pelos cresciam mais espessos nas axilas e na
região pubiana, dois sinais de que os hormônios sexuais, produzidos em maior
quantidade só no final da infância, já circulavam em níveis elevados no corpo
da garota.
Pouco
frequentes na população, casos como esse de puberdade que ocorre muito antes do
tempo adequado até são comuns no maior hospital da América Latina, para onde
são encaminhados os problemas mais raros e complexos do país.
O
que despertou o interesse de Ana Claudia, no entanto, foi outro motivo. A
menina havia chegado ao hospital por iniciativa da avó paterna, então uma
senhora de 69 anos, que tinha entrado na puberdade cedo e menstruado pela
primeira vez aos 9 anos.
Semanas
mais tarde a avó retornou com uma segunda neta, filha de outro filho, e anos
depois com uma terceira, nascida do segundo casamento do primeiro filho.
Em
comum, todas apresentavam as mudanças corporais da puberdade bem antes da hora
em que costumam surgir na maioria das crianças: a partir dos 8 anos nas meninas
e dos 9 anos nos meninos.
Essa
sequência de casos na mesma família – mais tarde chegariam a seis – levou Ana
Claudia a desconfiar de uma origem genética para o problema, algo em que poucos
especialistas pensavam na época, e a iniciar uma procura ativa entre os
parentes das crianças atendidas por ela e sua equipe no HC.
“Passamos
a conversar com as mães, que em geral são quem leva as crianças às consultas,
sobre a puberdade do pai, dos tios e dos avós”, lembra a endocrinologista.
Perguntas como “com que idade a avó menstruou pela primeira vez?” ou “na
família há casos de homens que começaram a fazer a barba muito cedo?” ajudaram
esse grupo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) a
encontrar mais 11 famílias brasileiras com mais de um caso de puberdade precoce
entre os parentes de primeiro grau.
Exames
clínicos e testes hormonais confirmaram que nessas 12 famílias brasileiras e em
outras 3 estrangeiras havia 32 pessoas que tinham entrado na puberdade muito
cedo, em média aos 6 anos.
Em
todos esses casos, apresentados em junho de 2013 em um artigo no New England Journal of Medicine (NEJM), o desenvolvimento acelerado do
corpo que marca a transição da infância para a idade adulta havia começado
antes do tempo por causa do aumento prematuro na produção do hormônio liberador
das gonadotrofinas: o GnRH, que comanda o amadurecimento sexual do organismo –
esses casos são chamados de puberdade precoce central ou verdadeira.
Produzido
no cérebro por um pequeno grupo de neurônios do hipotálamo, o GnRH funciona
como o acelerador de um carro.
Esse
hormônio é liberado em pulsos mais rápidos na puberdade, induzindo a glândula
hipófise a produzir dois outros hormônios sexuais: o homônio luteinizante (LH)
e o hormônio folículo estimulante (FSH).
Esses
hormônios são lançados na corrente sanguínea e viajam até os ovários e os
testículos, onde ativam a liberação de outros hormônios sexuais que fazem o
corpo crescer e amadurecer do ponto de vista reprodutivo.
Com
os dados daquelas 32 pessoas em mãos, faltava descobrir o que havia levado o
corpo delas a secretar mais GnRH antes da hora.
O
grupo de Ana Claudia, em parceria com pesquisadores da Santa Casa de São Paulo,
da Universidade Federal de Minas Gerais, da Universidade de Leuven, na Bélgica,
e da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, decidiu sequenciar o material
genético desses participantes em busca de alterações que pudessem explicar o
início antecipado da puberdade.
Um
terço deles (oito pessoas) apresentou defeitos em um mesmo gene: o MKRN3, hoje
considerado o primeiro gene responsável por uma forma hereditária de puberdade
precoce.
“Esse
resultado é importante porque os determinantes do início da puberdade
permanecem um dos mistérios não resolvidos da biologia”, comenta o
endocrinologista Jean-Claude Carel, da Universidade Paris Diderot e do Centro
de Referência em Doenças Endócrinas Raras do Crescimento, na França.
Especialista
de renome internacional que investiga a puberdade precoce central, Carel
observa: “A puberdade está associada a uma série de desfechos físicos e
psicológicos de longo prazo, e compreender melhor o que define seu início cria
a oportunidade de contribuir para questões de saúde como câncer, comportamentos
de risco e abuso de drogas”.
Para
Erica Eugster, da Universidade da Saúde de Indiana, Estados Unidos, “esse
achado representa um avanço importante na determinação da base genética da
puberdade precoce central”, em especial por envolver uma forma até então
desconhecida de controle da produção do GnRH.
Leia
a reportagem completa em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/01/13/despertar-precoce/
ROMANCES PROVOCAM ALTERAÇÕES CEREBRAIS
ROMANCES PROVOCAM ALTERAÇÕES CEREBRAIS
(Roberta
Machado - Correio Braziliense) - Mas, talvez, o escritor de 'A escolha de Sofia' não soubesse
que sua descrição das emoções da leitura fosse muito apropriada também para os
efeitos que uma boa ficção têm no cérebro humano.
Pesquisa
recentemente realizada nos Estados Unidos mostra que ler um romance causa
mudanças nas conexões neurais similares às que ocorreriam se a pessoa realmente
tivesse vivido as experiências dos personagens fictícios.
O estudo, publicado na revista especializada Brain Connectivity, descreve como um grupo de 21 voluntários teve os cérebros examinados antes, durante e depois de uma maratona de leitura.
O estudo, publicado na revista especializada Brain Connectivity, descreve como um grupo de 21 voluntários teve os cérebros examinados antes, durante e depois de uma maratona de leitura.
Todos
foram submetidos a cinco sessões diárias na máquina de ressonância magnética
funcional antes de embarcarem na ficção. Depois, os participantes foram
apresentados ao livro Pompeia, de Robert Harris, que serviu de estímulo para os
cérebros examinados.
A obra foi dividida em nove partes, que deveriam ser lidas a cada noite do experimento. Na manhã seguinte à leitura do trecho indicado, cada participante respondeu a um questionário e foi novamente submetido à ressonância magnética, que registrou as mudanças ocorridas no cérebro.
A obra foi dividida em nove partes, que deveriam ser lidas a cada noite do experimento. Na manhã seguinte à leitura do trecho indicado, cada participante respondeu a um questionário e foi novamente submetido à ressonância magnética, que registrou as mudanças ocorridas no cérebro.
A
lembrança da experiência narrativa durante o exame aumentou a excitação dos
participantes conforme eles se aproximavam do clímax da história, marcado pela
erupção do Monte Vesúvio sobre a antiga cidade romana.
A cada dia, também aumentava a conectividade visualizada no córtex temporal esquerdo, a área do cérebro relacionada com a compreensão da linguagem.
A cada dia, também aumentava a conectividade visualizada no córtex temporal esquerdo, a área do cérebro relacionada com a compreensão da linguagem.
A mudança
era visível mesmo quase um dia inteiro depois da atividade, mostrando que a
mente permanecia “alerta” para esse tipo de pensamento. Esse feito é chamado
pelos estudiosos de vestígio de atividade.
Os exames também mostraram mudanças depois que os voluntários já haviam concluído a leitura do livro. Durante mais de cinco dias, eles voltaram para a máquina de ressonância magnética e os resultados foram comparados com as imagens registradas antes de eles começarem a ler o romance histórico.
Os exames também mostraram mudanças depois que os voluntários já haviam concluído a leitura do livro. Durante mais de cinco dias, eles voltaram para a máquina de ressonância magnética e os resultados foram comparados com as imagens registradas antes de eles começarem a ler o romance histórico.
Entre o
início e o fim da experiência, foi possível notar conexões mais intensas no
sulco central do cérebro, localizado entre os centros motor e sensório. Esses
são os neurônios que são “ligados” não somente quando o corpo está ativo, mas
também quando a mente pensa em agir.
A região
acende de forma similar, por exemplo, quando uma pessoa está correndo e quando
ela imagina estar em uma corrida.
Cientistas acreditam que estudos mais
prolongados possam apontar com mais precisão a duração das marcas deixadas pela
experiência literária no cérebro de uma pessoa
Efeito prolongado
“As mudanças neurais que encontramos
associadas com a sensação física e os sistemas de movimento sugerem que ler um
romance pode transportar você para o corpo do protagonista”, descreve, em um
comunicado, Gregory Berns, pesquisador da Emory University, do estado
norte-americano de Georgia.
“Já sabíamos que boas histórias podem
colocá-lo na pele de outra pessoa em um sentido figurativo, mas, agora, estamos
vendo que algo também pode estar acontecendo biologicamente”, compara Berns.
Esse fenômeno, de acordo com a neurologista Sonia Maria Dozzi Brucki, é causado pela plasticidade cerebral, que permite mudar as conexões do cérebro de acordo com as experiências vividas por uma pessoa.
Esse fenômeno, de acordo com a neurologista Sonia Maria Dozzi Brucki, é causado pela plasticidade cerebral, que permite mudar as conexões do cérebro de acordo com as experiências vividas por uma pessoa.
Mas, nesse caso, as ações foram vivenciadas
somente na imaginação do leitor. “É muito interessante provar que, por meio da
leitura, a pessoa ativa áreas (do cérebro) como se estivesse mesmo vendo a
ação.
Isso mostra que você tem um grande
circuito cerebral que pode ser ativado por meio de mecanismos externos”,
explica a coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do
Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.
Os efeitos da leitura foram registrados até cinco dias depois da atividade, quando o experimento foi concluído. Mas os cientistas acreditam que estudos mais prolongados possam apontar com mais precisão a duração das marcas deixadas pela experiência literária no cérebro de uma pessoa.
Benefícios cognitivos
Os efeitos da leitura foram registrados até cinco dias depois da atividade, quando o experimento foi concluído. Mas os cientistas acreditam que estudos mais prolongados possam apontar com mais precisão a duração das marcas deixadas pela experiência literária no cérebro de uma pessoa.
Benefícios cognitivos
Especialistas lembram que o poder da
sugestão e da imaginação havia sido registrado em estudos anteriores.
“A ciência já mostra muito isso.
Imaginar que esteja comendo 30 vezes um bolinho de carne e depois ser oferecido
o bolinho de verdade vai deixar a pessoa com menos apetite. Você vivência
aquilo, sem dúvida”, descreve o neurologista Ricardo Afonso Teixeira, do
Instituto do Cérebro de Brasília.
A leitura, de acordo com Teixeira, é uma
forma usada pelo cérebro para perceber a realidade e, por isso, deixa marcas
nas conexões como as experiências reais. “É outra linguagem que, assim como
aprender uma língua estrangeira, tem benefícios cognitivos para a pessoa”,
avalia.
Até então, a maioria dos estudos havia se focado nos processos cognitivos envolvidos na leitura de contos, lidos durante os exames que registravam as mudanças nos cérebros de voluntários.
Até então, a maioria dos estudos havia se focado nos processos cognitivos envolvidos na leitura de contos, lidos durante os exames que registravam as mudanças nos cérebros de voluntários.
Outras pesquisas já provaram que o
pensamento criativo estimulado pela leitura gera também benefícios nas relações
interpessoais. Estudando a complexidade dos personagens ao longo de uma
história de ficção, o leitor faria um tipo de exercício de empatia,
desenvolvendo a sensibilidade necessária para compreender os sentimentos de
pessoas na vida real.
Para Sonia Maria Brucki, o estudo da Emory University sobre os efeitos das experiências vividas por meio dos personagens comprova os benefícios da leitura de ficção para o cérebro.
Para Sonia Maria Brucki, o estudo da Emory University sobre os efeitos das experiências vividas por meio dos personagens comprova os benefícios da leitura de ficção para o cérebro.
Além de exercitar as áreas de linguagem
e todas as regiões ligadas às informações abordadas na história, a imaginação
traria consequências positivas para a saúde mental do leitor.
“Em qualquer idade, o cérebro é capaz de criar
novas sinapses. Desde a criança em formação até adultos e idosos, todos se
beneficiam de qualquer tipo de leitura, seja técnica, de ficção ou literatura.
Cada uma ativa o cérebro de uma forma diferente”, defende Sonia.
Obra histórica
Obra histórica
A ficção escrita pelo jornalista e
escritor britânico Robert Harris descreve a história de Marcus Attilius, um
jovem engenheiro que trabalhava em um aqueduto de Pompeia no ano de 79.
O personagem descobre uma obstrução no
sistema e logo conclui que uma erupção atingiria a cidade em breve. A aventura
é coberta de intrigas políticas, que impedem o protagonista de salvar a cidade
do desastre que a destruiria.
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