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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O QUE 2014 RESERVA PARA O MERCADO DE EVENTOS?


 O mercado de eventos no Brasil está a todo o vapor. Existem milhares de especulações e expectativa em torno dos que irão acontecer no próximo ano.

 

Para falar sobre esteassunto,Promoview entrevistou Paulo Eduardo Leal, diretor da agênciaBroadway Brasil, que assina eventos como o Musical Thriller Live de Michael Jackson; turnê Ford Caminhões com Chitãozinho e Xororó 40 Anos; Chocolover Nestlé e Beyoncé no Brasil; criação da RodaSkol no Rio de Janeiro.

 

E, para 2014, a agência está se preparando para o lançamento do Tom Jazz Festival 2014 e o Rio Verão Festival.

 

Promoview: Na sua visão, como está o mercado de eventos atualmente?

 

Paulo Leal: O mercado de eventos no Brasil ainda é muito novo, a atividade ainda está em formação e se profissionalizando.

O evento, em si, é uma forma presencial de comunicação, não deveria ser confundido com uma atividade de produção. Poderia ser uma disciplina curricular já nas faculdades e universidades de Comunicação e Propaganda.

Promoview: Qual a sua opinião a respeito da Lei Rouanet na questão do patrocínio de eventos?

 

Paulo Leal: A Lei poderia ser aperfeiçoada, havendo apenas um artigo (18), que é o que proporciona 100% de isenção. O artigo 26 que isenta 70% não é atraente e não costuma ser é cumprido na sua essência.

Os produtores culturais, a todo o momento, inserem projetos no Artigo 18 que deveriam estar elencados no Artigo 26. O brasileiro sempre acha brechas na Lei para burlá-la. Temos que parar com essa visão errada.

Promoview: Ela tende a favorecer espetáculos e evento já consagrados (famosos)?

 

Paulo Leal: A demanda sempre tenderá para eventos relevantes. O jornalismo, por exemplo, só busca informações que são importantes ao público. É natural essa seleção em qualquer área.

Sem dúvida, os projetos mais relevantes e de maior refinamento, em produção, irão atrair mais verbas das empresas.

Outro diferencial, que sempre pesará na preferência de patrocínios, é a região que irá acontecer o evento, sempre pondo na balança as atividades econômicas e o interesse da população da região.

A sociedade e as empresas buscam a cultura da fama e não a fama da cultura. Projetos culturais menores em regiões fora dos grandes centros não têm demanda e interesse das pessoas, logo, não atrai investimentos.

Tem que se ter clareza e maturidade para encarar esse fato. Não há lei que inverta essa lógica da sociedade.

Promoview: Qual a maior dificuldade no momento da realização de um grande evento?

 

Paulo Leal: O ao vivo. A entrega é instantânea e não dá margem para erros. Um filme, por exemplo, é feito o monstro para o cliente ver, testa com o consumidor, e, se for aceito, vai para o ar. O live marketing é na hora. Por isso é surpreendente e gratificante.

 

Promoview: A dificuldade de encontrar um bom patrocinador prejudica a criação de novos eventos?

 

Paulo Leal: As marcas têm a oportunidade de interagir com seu público nos eventos. É uma atitude perante seus consumidores. A autenticidade na comunicação das marcas só é efetiva e completa quando mostram seus valores ao invés de apenas comunicar atributos e diferenciais de mercado pela mídia.

 

Promoview: A Copa do Mundo no Brasil favorece a realização de outros eventos?

 

Paulo Leal: Não. Ela por si só é um evento. Que acontece em 25 dias, 12 cidades com 32 seleções. O mercado de evento não pode ser visto ou analisado num momento ou flashespecífico. Não deve, e não pode, estar restrito a picos e vales.

 

Ele deve ser fluente e perene na comunicação, independendo de grandes datas pontuais. As marcas que lideram segmentos sabem disso.

 

Projetos de longo prazo como naming rights bem sucedidos, a exemplo do Teatro Bradesco, Citibank Hall, Allianz Parque, Vivo Rio, vão além de uma Copa do Mundo e geram eventos constantes a seus diversos públicos.

 

Promoview: Até que ponto as restrições da Fifa prejudicam os eventos a serem realizados no Brasil?

 

Paulo Leal: A Fifa tem a missão de zelar e preservar suas marcas parceiras. Esta rigidez faz sentido, pois é uma atividade de milhões em que a segurança faz do negócio, gerando um ambiente sólido para as marcas.

 

A Fifa tem que transmitir confiança às empresas em suas atividades, caso contrário, as marcas descontinuam seus patrocínios.

 

Promoview: Quais as suas perspectivas para 2014?

 

Paulo Leal: As melhores possíveis. Vamos viver uma fragmentação na área promocional e de eventos assim como assistimos a fragmentação da mídia.

 

Promoções, naming rights, musicais, endomarketing, live marketing, grandes festivais, Copa, Olimpíadas, mapping, circos, espetáculos de rua, agitação cultural e esportiva. Esse ambiente está fervendo e se fragmentando cada vez mais.

O espectador e consumidor ampliam seus desejos e seu consumo e isso reflete em nosso trabalho. Vamos viver a era da segmentação presencial dos eventos, com múltiplas oportunidades para as grandes marcas.

 

Já a nossa empresa,a Broadway Brasil  irá ampliar em 2014 a sua atuação nos musicais e grandes festivais inéditos. Já somos a mais relevante produtora cultural e de musicais no Brasil, depois da Time for Fun.

Ocupamos um espaço importante em 16 anos nesta indústria. Somente nos últimos quatro anos produzimos mais de oito grandes musicais e seis grandes turnês de artistas nacionais e internacionais para mais de dez clientes.

Recebemos mais de dois milhões de pessoas em nossos espetáculos criados e viabilizados para as marcas. Entendemos de marketing presencial por intermédio dos eventos e da relação das marcas com o público espectador consumidor.

Vamos aprimorar nossa vocação pela atitude de marcas e essa ferramenta de comunicação efetiva ainda mais em 2014. (Promoview)

 

PROJEÇÕES DE CLOUD COMPUTING PARA AS EMPRESAS


Mesmo a caminho dos 45 do segundo tempo, o mercado de cloud computing vê 2013 como o ano da consolidação dentro da economia brasileira, uma vez que as companhias se mostram bem dispostas a implentarem parte das suas operações em plataformas na nuvem.

Para criar estratégias mais claras e eficazes, decidir quais as cargas de trabalho as empresas prevem manter e quais serão movidas para a nuvem em 2014, compartilharei abaixo algumas projeções e tendências deste mercado, que evoluem constantemente e estão mudando a maneira como as corporaçãoes performam os seus negócios a cada dia que passa.

1. Uma maneira de economizar
De acordo com estudos internacionais, espera-se que 30% das empresas levem para a nuvem parte importante do seu portfólio de aplicações de negócios. Esse movimento ocorre devido à economia que é gerada nas companhias (entre 10% e 40%) para a redução de custos de hardware, servidores, licenças de software e atualizações, consumo de energia e tarefas de apoio, entre outros recursos necessários.

2. A nuvem no celular
Segundo dados recentes da
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), estima-se que há mais de 265 milhões de linhas móveis ativas no Brasil e é sabido que muitos delas são smartphones com enorme capacidade de gerenciar soluções rodando em plataformas na nuvem.

De olho nesses números aquecidos da Anatel e na mobilidade do cloud, empresas focam no acesso e no gerenciamento de documentos eletrônicos, em qualquer hora e lugar. Por isso, em pouco tempo, haverá uma nuvem mais robusta para ser usada.

3. Média e grande
As empresas de grande e médio portes despontam no uso crescente da computação em nuvem durante este ano. O aumento na participação destes nichos se dá pelo fato do cloud ser uma solução que traz à organização segurança, desempenho e disponibilidade exigidos para o seu negócio, além de não fazer grandes investimentos, como no modelo tradicional, por exemplo.

4. Plataformas de dados hídridas
Os departamentos de TI vão criar plataformas cada vez mais escalaveis, misturando a nuvem privada com a pública. A ideia é que as empresas usem a capacidade extra de servidor dentro de um período de maior movimentação, escalando a máquina de acordo com o seu crescimento.

5. Segurança na Nuvem
Uma recente pesquisa realizada pela North Bridge Venture Partners mostrou que apenas 3% dos executivos consideram a nuvem como uma plataforma arriscada. Isso reflete uma mudança na percepção dos profissionais de TI que, cada vez mais, se sentem confortáveis ​​com a segurança dos dados abrigados na nuvem.

6. As grandes empresas vão subir para a nuvem
As previsões mais reveladoras de especialistas dizem que grandes organizações, com muitos usuários, tomarão no próximo ano os serviços de nuvem de forma mais agressiva. Isso ocorre porque a cada dia softwares de gestão, como CRM e outros, juntamente com as tecnologias de integração de dados estão se tornando mais acessíveis nesta modalidade.

7. Novas alianças de negócios
Para ajudar os clientes a tirarem o máximo proveito da computação em nuvem, as parcerias entre fornecedores de armazenamento corporativos e provedores de serviços em nuvem vão ampliar. As empresas não precisam de mais tempo para decidir entre a segurança, robustez e disponibilidade na hora da implementação.

8. A força do armazenamento
O crescimento de dispositivos móveis com acesso à Internet vai levar a um aumento de armazenamento de dados das empresas na nuvem Um dos causadores deste crescimento é a força da mobililidade, cada vez mais compreendida pelo usuário final, que faz com que as empresas começem a iniciar uma espécie de “aeração” em suas estruturas.

9. Infraestrutura na nuvem
A infraestrutura tecnológica como um serviço alternativo permitirá às empresas capturar e armazenar dados de forma mais econômica. O grande aliado dessa corrente é o Software como Serviço (SaaS), que tira a necessidade da companhia de enfrentar a complexidade e os custos inerentes a uma implementação dentro de casa, uma vez que os dados da empresa ficarão hospedados no data center. Dessa forma, autonomia e ação serão duas palavras corriqueiras no dia a dia do core business das empresas.

10. A nuvem está mais amadurecida no Brasil

A área de cloud deve crescer 74% no País em relação ao ano passado, segundo estudo da consultoria Frost & Sullivan publicado recentemente. A expansão é motivida pela aproximação de um ponto de inflexão no qual teremos uma mudança radical na indústria. Na medida em que o mercado ganha mais confiança, acredita-se que ainda em 2013 haverá um take-off e consolidação na Região.

(Texto de Felipe Munita, diretor de Data Center e Cloud Computing da Sonda IT, integradora que provê soluções de tecnologia de ponta a ponta, abrangendo Aplicativos, Plataformas, SAP e Serviços de TI).

PARA ATENDER MELHOR SEU CLIENTE

Um dos períodos mais esperados do ano para o varejo já está a plenos vapores. Apesar da economia brasileira não estar tão forte como em anos anteriores, a proximidade das festas de final de ano e também das férias escolares, tem um efeito de aquecimento ao mercado varejista, uma vez que as pessoas estão mais ativas ao consumo e com mais recursos nos bolsos.

Consequentemente, os consumidores também ficam mais atentos e acessíveis aos impactos gerados nos pontos de venda (PDV).

E o que você pode fazer para não deixar as oportunidades de incrementar suas vendas escaparem? Para aproveitar ao máximo este momento de maior pré-disposição do consumo de seus clientes, listei cinco dicas que podem ajudar a conquistá-lo.

Serviço: esteja preparado para oferecer diferenciação através da forma como trata seu cliente. Uma equipe de vendedores bem treinados e atenciosos, que buscam entender a necessidade do cliente é fundamental. Agregue valor fazendo diferente de sua concorrência - para isso é importante conhecer o que eles estão fazendo.

 

Ambiente: procure oferecer a seus clientes bem estar no momento da compra, pois a sensação e a experiência de possuir o produto de desejo são pontos chave para permitir que estejam mais abertos ao processo. Para isso, preocupe-se com o chamado Marketing Sensorial, explorando os cinco sentidos de seus clientes.

 

Produtos: nem preciso falar muito sobre este item, pois é imperativo que você tenha se preparado com antecedência quanto a definição do sortimento a ser trabalhado neste período, bem como a gestão de seus estoques. Perder vendas por falta de produto é falha grave.

 

Preços: aqui reside uma questão delicada, mas muito importante para o sucesso de suas vendas. Claro que sabemos que os consumidores estão dispostos a gastar um pouco mais nesta época do ano, no entanto não vá com muita “sede ao pote”, pois seu cliente não deve nunca sentir-se usado e/ou enganado quanto a possíveis aumentos de preços oportunistas.

 

Faça constantemente uma pesquisa de preços no mercado para comparar sua estratégia com seus concorrentes.

 

Pós-venda: pense no amanhã! Aproveite o momento de maior fluxo de consumidores em seu estabelecimento, e trabalhe seu cadastro de clientes. Comunique-se com eles após o período de final de ano, buscando seu nível de satisfação.

 

Desenvolva e ofereça a seus clientes ações dirigidas com seu perfil de consumo. Se você já possui um cadastro de clientes com estas informações, faça algo já. Sabemos o quanto é bom nos sentirmos exclusivos enquanto clientes. Não perca esta oportunidade!

 

Não procurei esgotar todos os assuntos que podem potencializar suas vendas com estas dicas, no entanto considero que são das mais relevantes para o atingir seus objetivos neste período do ano.

Como comentário final, coloque-se sempre no lugar de seu cliente e pergunte-se: “como gostaria de ser atendido e o que busco durante o processo de compra?”.

Se você conseguir responder esta pergunta e fizer com que sua equipe de atendimento também responda com propriedade, grande parte do caminho já foi percorrido. Vá em frente e aproveite a oportunidade.  (Texto de Marcelo Murin é administrador de empresas com especialização em marketing e sócio-diretor da SOLLO Direto ao Ponto (www.sollopdv.com.br (11) 2384 0125)

O PAPEL FUNCIONAL DOSPREDADORES TOPO DE CADEIA

A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) sedia, nos dias 9 e 10 de dezembro, a primeira edição do Simpósio Brasileiro sobre o Papel Funcional dos Predadores Topo de Cadeia.

Coordenado pelo professor Pedro Manoel Galetti Juniorwww.bv.fapesp.br/pt/pesquisador/3198/pedro-manoel-galetti-junior, da UFSCar, o evento tem como objetivo discutir os trabalhos relacionados ao papel funcional dos predadores, abordando aspectos biológicos, ecológicos e genéticos e seus reflexos na estrutura e função dos ambientes onde ocorrem.

A Rede de Predadores Topo da Cadeia Alimentar integra o Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota), rede nacional criada para aumentar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira.

Os interessados em submeter resumos devem preencher o formulário disponível no site e enviá-lo, até dia 30 de novembro, para o e-mail simposiosisbiota@gmail.com. As inscrições respeitam a mesma data-limite informada.

Mais informações www.sisbiotapredadores.ufscar.br 
 

BIOCOMBUSTÍVEIS ENFRENTAM DESAFIOS


(Texto de  Elton Alisson, disribuído pela Agência FAPESP) – A necessidade de aumentar a produção e distribuição de energia no mundo somada à recente resolução de diversos países, como os Estados Unidos, de aumentar a utilização de combustíveis renováveis até 2021 deverão impulsionar globalmente a expansão da indústria de biocombustíveis nos próximos anos.


Para atender a uma maior demanda mundial por bioenergia, contudo, o setor terá de superar desafios de diversas ordens.

Entre eles, aumentar o cultivo de culturas agrícolas utilizadas para obter biocombustíveis, sem afetar a produção de alimentos; adaptar-se aos impactos das mudanças climáticas globais na agricultura; e competir em condições desiguais com os combustíveis fósseis – que hoje são fortemente subsidiados em inúmeros países, incluindo no Brasil.

As observações foram feitas por pesquisadores participantes do “Workshop Bioenergia e Sustentabilidade: a perspectiva da indústria”, realizado no dia 18 de novembro, na FAPESP.

O encontro foi preparatório para o Processo Rápido de Avaliação (Rapid Assessment Process) sobre biocombustíveis e sustentabilidade que pesquisadores dos Programas FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA) e sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG)realizarão, no início de dezembro, na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, na França.

A avaliação – realizada a convite da Secretaria do Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope) da Unesco – deverá resultar em um “Resumo de políticas” contendo uma série de recomendações da academia, indústrias, instituições governamentais e não governamentais (ONGs) para apoiar a tomada de decisões relacionadas a biocombustíveis e sustentabilidade por parte de empresas, governos e instituições internacionais associados à Organização das Nações Unidas (ONU).

“O objetivo do trabalho de avaliação é, tendo em vista que a produção de bioenergia está se expandindo no mundo, contribuir com recomendações para políticas públicas que possam estimular a produção de biocombustíveis e eliminar algumas barreiras ao avanço dessa indústria globalmente”, disse Glaucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do BIOEN, na abertura do evento.

O estudo contará com a participação de 95 especialistas da área de biocombustíveis, provenientes de 56 instituições de pesquisa de 19 países, e deverá ser publicado na forma de um livro eletrônico (e-book) previsto para ser lançado em outubro de 2014.

Os principais resultados também serão publicados em uma edição especial do Journal Environmental Development e anunciados na abertura da 2nd BBEST – Conferência Brasileira de Ciência e Tecnologia em Bioenergia (Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference), prevista para ocorrer em outubro de 2014 em Campos do Jordão.

“A síntese do conhecimento sobre biocombustíveis e sustentabilidade que produziremos não será simplesmente uma revisão da literatura científica ou um tutorial sobre o tema”, afirmou Souza.

“Pretendemos avançar na discussão por meio da abordagem de questões transversais relacionadas à produção de biocombustíveis, como segurança alimentar, energética, ambiental e climática e desenvolvimento sustentável e inovação”, contou.

Demanda de energia

De acordo com dados apresentados por pesquisadores participantes do encontro, obtidos da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a demanda por energia no mundo deverá dobrar nas próximas décadas, passando dos atuais 500 hexajoules (hj) para mil hexajoules em 2050.

A produção de óleo e gás, no entanto – que representam 60% da energia primária mundial –, deverá cair no mesmo período, tendo em vista que está diminuindo o número de reservas de petróleo e, em contrapartida, aumentam os custos para prospecção e extração de óleo e gás de novos campos petrolíferos, aponta o órgão.

Em razão desse cenário e com a finalidade de atender ao aumento da demanda mundial por energia, a IEA prevê que, em 2030, os biocombustíveis contribuirão com 4% a 10% – dependendo da introdução do etanol de segunda geração – no total da energia utilizada para transporte rodoviário no planeta.

Para isso, será necessário utilizar entre 3,8% e 4,5% da terra arável disponível mundialmente para o cultivo de culturas agrícolas destinadas à produção de biocombustíveis, contra 1% do total de terra usada hoje no mundo para essa finalidade.

Essa expansão da produção de biocombustíveis, no entanto, não deverá competir com a de alimentos, cuja demanda mundial também aumentará nos próximos 40 anos, estimam os pesquisadores.

“Esses números [referentes ao potencial de participação dos biocombustíveis na matriz energética mundial] ainda estão sendo discutidos, mas estamos caminhando para um consenso de que a disponibilidade de terra arável para cultivo de culturas agrícolas voltadas à produção de biocombustíveis não será um problema”, disse Souza.

Desde 2007, a produção de biocombustíveis no mundo aumentou 109%, apontaram pesquisadores participantes do evento.

As projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) também indicam que, nos próximos anos, a produção de bioetanol e biodiesel no mundo deverá aumentar 60%, saltando do atual patamar de 149 bilhões de litros para 222 bilhões de litros em 2021.

Uma das razões para esse aumento de produção, de acordo com especialistas na área, é a decisão de cerca de 41 países, anunciada nos últimos anos, de aumentar por meio de projetos de lei a utilização de etanol em suas frotas de veículos até 2021.

Os Estados Unidos, lembrou Goldemberg, estipularam que, em 2021 deverão consumir 79,8 bilhões de litros de etanol a mais do que o total de 67 bilhões de litros do combustível que obtêm do milho e utilizam hoje.

A legislação norte-americana estabeleceu, porém, que essa cota excedente deverá ser de biocombustíveis de segunda geração, produzidos no próprio país, ele completou.

Mas especialistas na área acham que essa meta será difícil de ser atingida em razão das dificuldades industriais enfrentadas atualmente para produzir esse tipo de bioenergia obtida não apenas da sacarose presente no colmo da cana-de-açúcar – como a do bioetanol de primeira geração, por exemplo –, como também do açúcar presente nas paredes celulares do bagaço, das folhas e de outros resíduos da planta.

“Se essa legislação não for mudada, os Estados Unidos terão de importar esse etanol excedente de algum outro país produtor, proporcionando uma oportunidade interessante para o Brasil”, disse José Goldemberg, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP, durante o evento.

Segundo Goldemberg, no caso do Brasil, estima-se que o país também consumirá 24,2 bilhões de litros a mais de etanol obtido da cana-de-açúcar em 2021 do que o total de 37,4 bilhões de litros do biocombustível que utiliza hoje.

Outros países também estabeleceram a meta de que, até 2021, no mínimo 10% do total de combustíveis que usam deverá ser proveniente de combustíveis renováveis, o que corresponderá a uma produção adicional de mais 34,8 bilhões de litros de etanol.

Somadas, essas produções adicionais de etanol para abastecer os Estados Unidos, Brasil e outros países que definiram políticas para aumentar a utilização de biocombustíveis totalizarão 138 bilhões de litros de etanol em 2021, calculou Goldemberg.

Se esse volume de etanol fosse obtido da cana-de-açúcar, seriam necessários 25 milhões de hectares de terra para cultivar a cultura agrícola, estimou o pesquisador.

“Há vários estudos de autoria de pesquisadores brasileiros apontando que é possível encontrar dentro do Brasil essa quantidade de terra, sobretudo por conta da melhoria da eficiência da pecuária brasileira, que é extremamente ineficiente [em termos de uso da terra para pastagem]’, afirmou Goldemberg.

“O gado brasileiro é o que vive mais confortavelmente em todo o mundo, porque tem cerca de um hectare de área de pastagem”, avaliou.

Condições adversas

Algumas das principais ameaças à expansão da produção de biocombustíveis no mundo estão relacionadas a mudanças do clima e à falta de políticas públicas estáveis, que valorizem e diferenciem esses combustíveis renováveis e que promovam seu adequado desenvolvimento no mundo, apontaram pesquisadores participantes do evento.

No que se refere ao clima, o aumento lento e gradual da temperatura e as alterações no padrão de chuva, já observados em diferentes regiões do mundo, deverão afetar culturas agrícolas utilizadas para produção de biocombustíveis, como a própria cana-de-açúcar, além do milho, da soja, da colza, da beterraba e do girassol, alertam estudos publicados recentemente por pesquisadores de instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

“As áreas de cultivo dessas culturas agrícolas devem diminuir porque a rapidez com que as mudanças climáticas estão ocorrendo é maior do que o tempo que essas espécies e os sistemas socioeconômicos de produção precisariam para fazer uma transição para um padrão de clima diferente do que têm hoje”, disse Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), também presente no workshop.

“Algumas dessas culturas agrícolas são mais sensíveis do que outras e o Brasil tem de estar atento para essa questão que representa uma grande contingência agropecuária”, afirmou.

Já a falta de transparência na formação de preços dos combustíveis no mercado mundial e de políticas públicas afetam a sustentabilidade financeira do setor mundial de biocombustíveis, apontaram especialistas.

Segundo dados apresentados por Luiz Augusto Horta Nogueira, professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), os combustíveis fósseis recebem subsídios governamentais da ordem de US$ 440 bilhões por ano em todo o mundo.

Em contrapartida, os investimentos globais de suporte financeiro aos combustíveis de fonte renovável hoje são da ordem de US$ 100 milhões por ano.

“O etanol da cana-de-açúcar apresenta uma série de indicadores de sustentabilidade ambiental e se for comercializado em um mercado minimamente justo, com regras claras de formação de preços dos combustíveis, também apresenta sustentabilidade financeira”, disse Nogueira.

“Mas não dá para esperar que ele compita com um combustível fóssil, como a gasolina, que recebe subsídios dessa ordem de grandeza”, avaliou. 
 

VIOLÊNCIA, DEMOCRACIA E DIREITOS HUMANOS


(Texto de Claudia Izique, distribuído pela Agência FAPESP) A taxa de homicídios por 100 mil brasileiros passou de 11,7 em 1980 para 26,2 em 2010. No mesmo período, cresceram também o número de execuções sumárias, muitas delas envolvendo policiais civis e militares, o tráfico de drogas, associado à luta pela conquista de territórios, e os conflitos nas relações interpessoais com desfecho fatal.

A evolução dos indicadores de violência nas últimas três décadas surpreendeu os que esperavam que o processo de democratização do país se traduzisse na pacificação da sociedade e na reconciliação da segurança com o respeito aos direitos humanos.

“A expectativa era que o fim das arbitrariedades desse lugar ao estado de Direito, mas, junto com a reinvenção institucional, o que se viu foi uma explosão de violência”, analisa Sérgio Adorno, coordenador do Centro para o Estudo da Violência (NEV), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP.

A urbanização e migração para as cidades, consolidadas nos anos 1980, os déficits sociais e econômicos do passado e sucessivas crises econômicas alimentaram um ambiente de tensão, ao mesmo tempo em que o Estado se revelava ineficiente no papel de mediador de conflitos. “A polícia não investiga e os criminosos não são processados ou punidos, revelando um fosso entre o potencial de violência na sociedade e a capacidade do Estado de contê-la no marco do estado de Direito”, afirma Adorno.

As estatísticas dão provas disso: entre 1998 e 2003, dos 344 mil boletins de ocorrência policial registrados em 16 delegacias de polícia na cidade de São Paulo, apenas 6% converteram-se em inquérito policial. Entre os crimes violentos, 93% dos casos foram registrados como de autoria desconhecida. A impunidade não inibe a violência e alimenta a desconfiança da população. “Estamos vivendo uma situação de desencontro entre os cidadãos e suas instituições”, analisa Sérgio Adorno.

Crimes de autoria desconhecida

O controle legal da ordem e as políticas de direitos humanos são temas fundadores deste CEPID que começou se organizar como Núcleo de Estudos da Violência (NEV) na Universidade de São Paulo (USP), em 1987. Desde o início, o principal desafio do NEV – constituído como CEPID em 2000, no primeiro edital do Programa – foi entender por que, no Brasil, a democracia não se traduziu em segurança com respeito aos direitos humanos.

As pesquisas, aos poucos, mostraram que o sistema de justiça criminal brasileiro funciona como um funil: largo na base (o registro de entrada das ocorrências) e estreito no gargalo (o número de casos que recebem desfecho processual, inclusive condenatório).

Para compor esse quadro, os pesquisadores começaram perscrutando estatísticas oficiais, mas tiveram que recorrer a outros procedimentos metodológicos porque as informações disponíveis não permitiam acompanhar o andamento dos crimes no interior do sistema de Justiça criminal. Foi preciso, por exemplo, individualizar registros, monitorar notícias publicadas nos jornais e até criar um banco de dados para aprofundar a investigação.

“A polícia só registra homicídio, tentativa de homicídio, agressão seguida de morte, encontro de cadáver. Se não recorrer a outras fontes, não dá para conhecer os autores ou saber as circunstâncias em que esses crimes ocorreram”, descreve Nancy Cardia, coordenadora do CEPID. Apesar de o país contabilizar crimes desde o Império, as instituições de segurança pouco utilizam estatísticas para conhecer os fenômenos sociais que engendram os crimes ou para coordenar informações sobre segurança pública.

Utilizando informações secundárias, os pesquisadores puderam analisar mais detidamente 197 processos penais instaurados e julgados, para apuração de responsabilidade em crimes de homicídio, em um dos tribunais de júri da capital e traçar o perfil de vítimas, agressores, testemunhas e até do corpo de operadores técnicos do direito.

Surpreenderam-se com a “banalidade das mortes” e a incapacidade da Justiça de “traduzir diferenças e desigualdades em direitos”, comentou Adorno no artigo Crime, justiça penal e desigualdade jurídica, publicado na edição 132 da Revista USP, referente a pesquisa similar anteriormente realizada. Ele observou, por exemplo, maior incidência de sentenças condenatórias nos processos em que os réus eram defendidos por advogados dativos, constituídos pelo juiz para os que não têm recursos para pagar as custas dos processos.

Morosidade judicial

As pesquisas atestaram que a Justiça é morosa. Analisando 28 casos de linchamento, execuções e violência policial ocorridos nos anos 1980, por exemplo, constataram que o tempo de tramitação de um processo podia chegar a 120 meses (10 anos) e que, em apenas um caso, consumiu 10 dos 16 meses previstos no Código do Processo Penal para a conclusão de todos os procedimentos judiciais e judiciários.

O tempo passou consumido na obtenção de provas documentais, na localização e intimação de réus e testemunhas, e assim por diante. “É como se a Justiça desse caução ao sentimento popular: bandido precisa ser morto”, lembra Nancy Cardia. Consultados pelos pesquisadores, os operadores técnicos do direito consideraram “caduco” o prazo estabelecido pelo Código do Processo Penal, ainda na década de 1930, para a tramitação dessa modalidade.

O desempenho da polícia, do Ministério Público, dos juízes, entre outros atores do sistema Judiciário, também foi monitorado pelo Centro para o Estudo da Violência. “Levantamos informações sobre processo de seleção, treinamento, incentivo e promoções e pudemos constatar que o policial que se destaca vira chefe – o mesmo vale para juízes e promotores –, sem nenhum critério claro, e isso afeta o cotidiano da Justiça”, observa Nancy Cardia.

Esse diagnóstico, aliás, deu origem a um curso de treinamento e capacitação em segurança pública, de 180 horas, desenvolvido em parceria com a Faculdade de Economia e Administração (FEA/USP), a Escola Politécnica (Poli/USP), a Fundação Getúlio Vargas e o Banco Mundial. “Foram duas versões presenciais e uma na internet, com grande demanda”, conta a coordenadora do Centro.

Para suprir a falta de informações dos operadores da Justiça, o CEPID publicou, com a Fundação Ford e por meio da Editora da USP, seis volumes com temas relacionados à segurança pública e aos direitos humanos. “O sétimo volume é sobre a tortura e está saindo este ano. É resultado de um seminário organizado para discutir situações de agressão aos direitos humanos depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001”, ela explica.

Fadiga do sobrevivente

Aos poucos, as informações dos projetos de pesquisa foram “refinando” a reflexão da equipe e consolidando a visão de que a “credibilidade é o fundamento das instituições democráticas”, sublinha Adorno. Essa percepção colocou novas perguntas e abriu frentes de investigação: Como a população se relaciona com a violência? Qual a sua percepção de Justiça? Há, no Brasil, uma cultura de violência?

“Enquanto Adorno trabalhava com a polícia, iniciamos um estudo qualitativo, que comparava a percepção de 341 moradores de três dos distritos mais violentos de São Paulo – Capão Redondo, Jardim Ângela e Jardim São Luiz –, tendo como comparação uma amostra de 1.000 entrevistados de outros distritos da capital”, conta Nancy Cardia.

O projeto coincidiu com uma mudança sensível – e favorável – nas estatísticas de homicídios na capital: entre 2000 e 2006, a taxa geral de assassinatos no Estado de São Paulo caiu de 42,07 por 100 mil habitantes para 19,90. “Foi possível documentar essa mudança e identificar seu reflexo nas pessoas mais expostas à violência e em sua percepção das instituições”, diz a pesquisadora.

A exposição à violência é medida por uma gradação que identifica vítimas, testemunhas de atos de violência e indivíduos que, dentro de um determinado período de tempo, tiveram conhecimento de envolvimento de parentes ou amigos próximos. “Os efeitos mais intensos da exposição à violência são observados entre as crianças e jovens”, constatou Nancy Cardia.

Manifestam-se na forma de sintomas físicos, como distúrbios do sono, ansiedade, depressão, entre outros qualificados pela literatura como “fadiga do sobrevivente”. A contrapartida desse sintoma, principalmente entre jovens – objeto de estudo do grupo – é a dessensibilização: “A violência que as vítimas sofrem passa a ser considerada normal”, ela explica em estudo publicado na revistaLusotopie em 2003. “Normalizar a violência resulta também em uma reduzida capacidade de confiar no outro, ou de se vincular ao outro, e em menor interdição quanto à prática de violência.”

Medo, sentimento generalizado

Quanto maior o grau de exposição dos jovens à violência, pior a imagem que eles têm da polícia, o que alimenta a sensação de insegurança. “Poucos acham que conseguiriam convencer um delegado a investigar um caso no qual tenham sido vítimas”, Nancy Cardia constata.

O medo é um sentimento generalizado no Capão Redondo, Jardim Ângela e Jardim São Luiz e encoraja o isolamento: os vizinhos não convivem, não conversam e as crianças são proibidas de brincar nas ruas.

A casa, no entanto, parece não garantir a segurança das crianças e dos jovens. “A experiência da punição corporal em casa, geralmente perpetrada pela mãe, é mais importante do que podíamos imaginar”, diz a coordenadora do NEV. O castigo doméstico violento, conforme têm revelado as pesquisas, é uma experiência importante na vitimização.

“Descobrimos que os indivíduos que relatam terem sido vítimas de agressões violentas em casa, com força para produzir ferimentos ou sequelas, também relatam mais frequentemente alguma forma de exposição à violência nas ruas: conhecem amigos vítimas ou autores de agressão ou são, eles próprios, alvos de ações de terceiros ou da polícia.”

Legitimação da violência

O cenário que emerge da pesquisa qualitativa é preocupante. “Esperávamos que, na geração nascida após a Constituição de 1988, o repertório da força física não fosse mais utilizado para disciplinar crianças. Há anos a Lei da Palmada está parada no Congresso Nacional, depois de ter sido ridicularizada”, afirma Nancy Cardia.

E a violência não está apenas em casa: o espancamento é considerado solução legítima para conflitos na escola e a tortura seria autorizada contra suspeitos de crimes violentos, como estupro, assassinato, sequestro e latrocínio, sobretudo quando envolvem crianças. “Há fortes indícios de que a exposição à violência pode mudar as pessoas, seus comportamentos, suas crenças, seus valores e até a si mesmas.”

Há igualmente indícios de que essa experiência não encoraja uma maior abertura para a vida em comunidade. Ao contrário, encoraja as pessoas a buscar meios individuais de proteção e a se retirar do espaço público, isolando-se ainda mais em um processo que pode ter o efeito oposto: em vez de obterem mais proteção, ganham mais vulnerabilidade, adverte Nancy Cardia.

A descrença nas forças encarregadas de aplicar as leis e a aceitação do arbítrio e da força contra suspeitos de delitos graves crescem na razão direta da exposição à violência. “Se não podemos estancar a violência, como proteger esses jovens?”, ela indaga.

Monitoramento dos casos de letalidade

A agenda de pesquisa qualifica o Centro para o Estudo da Violência como interlocutor privilegiado em fóruns de debate sobre políticas públicas. Ao longo dos últimos 12 anos, o CEPID participou ativamente da elaboração dos programas Nacional e Estadual de Direitos Humanos, da implantação da Ouvidoria de Polícia em São Paulo e dos debates sobre mudança de jurisdição dos crimes de homicídio da Justiça Militar para a Justiça Civil, relaciona Adorno.

Organizou uma dezena de cursos, treinamentos e conferências sobre temas como gestão local de segurança, geoprocessamento e análise espacial do crime, prevenção da violência, entre outros.

E compartilhou a experiência em pesquisa, georreferenciamento e análise de dados com diversos órgãos públicos, como a Fundação Sistema de Análise de Dados (Seade), a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), a Coordenadoria de Vigilância em Saúde do Município de São Paulo e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH).

A parceria com a SDH, por exemplo, permitiu o desenvolvimento de uma metodologia para monitoramento de casos de letalidade que serviu de insumo para a produção de um software a ser distribuído às ouvidorias de polícia para a padronização da classificação de informações.

O Centro também participou de avalições externas independentes de projetos como os de Melhoria da Gestão Penitenciária, Revisão do Programa Nacional de Direitos Humanos, Manual de Policiamento Comunitário, Violência por Armas de Fogo no Brasil, entre outros.

Boa parte das informações de pesquisa, relatórios, documentos e uma robusta base de dados está disponível no site www.nevusp.org, que, entre 2008 e 2012, já contabilizou cerca de 1,5 milhão de visitas.

As atividades de pesquisa, educação e difusão do Centro para o Estudo da Violência continuarão pelos próximos 11 anos, durante a vigência do segundo edital do Programa CEPID. A investigação estará focada na construção da legitimidade das instituições em sua relação com os cidadãos e funcionários públicos.

“As pessoas apostam nas instituições, mas não nessas que estão aí”, afirma Adorno. “A democracia ficou mais complexa. No entanto, algumas exigências do Estado democrático de Direito não foram cumpridas, o que inclui a aplicação das leis, o que tem de ser universal. A Justiça não pode ser desigual. Tem que ser previsível. Tem que haver uma cultura de valorização dos direitos humanos e o principal agente socializador é o Estado.”

Veja também um vídeo com entrevista com Sérgio Adorno e Nancy Cardia emhttp://cepid.fapesp.br/materia/65.

OS CÍRCULOS DO TEMPO


(Carlos Fioravanti na Revista Pesquisa FAPESP) Ciência também se faz com músculos e suor. Com uma calça verde recém-colocada sobre a que já vestia, luvas grossas, capacete vermelho com uma tela sobre o rosto e protetores de ouvido, o botânico Gregório Ceccantini liga a motosserra, mais uma vez, no meio da tarde de 12 de setembro.

O cheiro de gasolina do motor se espalha pelo ar seco da Estação Ecológica dos Caetetus, uma reserva de mata atlântica no município de Gália, região central do estado de São Paulo. A lâmina espalha serragem à medida que corta o tronco de uma árvore morta que se alonga em meio às que permanecem distintamente em pé.

Depois de serrar o tronco até o fim, o professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) desliga a motosserra e a põe sobre o chão coberto de folhas secas, tira o capacete e puxa o primeiro disco de madeira da peroba-rosa.

“Vejam que lindo”, ele diz, agachando-se e colocando o disco de madeira avermelhado sobre uma das pernas para mostrar os anéis concêntricos, de largura variável, que indicam a velocidade de crescimento anual das árvores: quanto mais largo, mais a árvore cresceu naquele ano, em resposta ao suprimento de água e nutrientes.

Ceccantini, em colaboração com Dieter Anhuf, da Universidade de Passau, sul da Alemanha, tem examinado os anéis para ver as respostas de árvores de várias espécies do Norte e do Sudeste do Brasil às variações de umidade e temperatura, à duração das estações secas e chuvosas – enfim, às mudanças do clima – nos últimos séculos.

Com árvores de Minas Gerais, a equipe da USP conseguiu detectar as variações locais do clima desde 1940, complementando os estudos de reconstituição climática em uma escala de tempo maior, da ordem de milhares de anos, feitos por meio de pólen e de minerais de cavernas.

Essa abordagem tem indicado que, em algumas espécies de árvores, a elevação dos níveis de gás carbônico (CO2) na atmosfera, como a prevista para as próximas décadas, pode não ser o bastante para acelerar o crescimento, porque a elevação da temperatura, também prevista, pode favorecer a perda de água e conter o crescimento dos tecidos vegetais.

Os anéis mais internos do disco recém-cortado da peroba-rosa são finos. A provável razão, explica Ceccantini, é que no início a árvore devia crescer timidamente à sombra de outras. Os anéis vizinhos são mais largos e sugerem que a peroba tinha chegado ao dossel, absorvia mais luz e crescia de modo acelerado.

Os anéis mais próximos da casca são, outra vez, finos, sinal de que o ritmo de crescimento vinha reduzindo, ou porque a árvore já definhava antes de cair ou porque outras tinham chegado ao alto da floresta e a competição por luz se intensificara.

Em seguida, Ceccantini coloca sobre o tronco cortado a fatia de madeira pesando de 20 a 30 quilos, raspa a superfície do disco com um estilete e conta os anéis com uma lupa.

“Numa contagem grosseira”, ele estima, “esta árvore tem de 180 a 200 anos”. A bióloga Paula Jardim estica uma trena ao longo do tronco e conclui que a árvore de 23 metros da base até o início da copa deve ter morrido em pé e depois caído, há um ou dois anos. Ceccantini toma fôlego, recoloca o equipamento e recomeça a fatiar a peroba caída gerando muito barulho e serragem vermelha.


DOCUMENTÁRIO SOBRE ESCLEROSE LATERAL


Está em cartaz em seis capitais brasileiras, entre elas São Paulo, o documentário Eu Respiro, que conta a história de um jovem pai que tem sua vida modificada rapidamente em decorrência da esclerose lateral amiotrófica (ELA).


Em exibição no Espaço Itaú de Cinema, o filme dirigido pelas escocesas Emma Davie e Morag McKinnon terá a renda revertida ao Instituto Paulo Gontijo (IPG), organização não governamental sem fins lucrativos que incentiva a realização de pesquisas e estudos científicos para o conhecimento da ELA.

O longa já participou de diversos festivais ao redor do mundo e recebeu o prêmio de melhor documentário no RiverRun International Film Festival, nos Estados Unidos.

Neil Platt, personagem principal do documentário, fica completamente paralisado do pescoço para baixo. Com o corpo cada vez mais fraco, sua perspectiva sobre a vida muda e sua preocupação é deixar uma caixa de memórias para o filho Oscar, de 1 ano. Durante a reflexão dos últimos meses de vida, ele relata sua trajetória a partir de suas memórias e impressões sobre o amor, a amizade e seus passeios de moto.

A ELA acomete pessoas de todas as idades, com maior frequência a população entre 65 e 74 anos, e caracteriza-se pelo comprometimento da mobilidade e da fala dos pacientes. A doença ataca os neurônios motores que enviam mensagens do cérebro para os músculos e é progressiva.

O IPG – instituição idealizada pelo físico e engenheiro civil Paulo Gontijo (1932-2002), portador da doença – incentiva os estudos sobre a ELA nas áreas de diagnóstico, genética, tratamento e epidemiologia. Desde 2007, estimula jovens pesquisadores ao redor do mundo no estudo em busca da cura da doença por meio do Prêmio PG de Medicina e, em âmbito nacional, por meio de prêmios de Física, Química e Matemática.

O trailer e mais informações sobre o filme podem ser acessados em www.iambreathing.com

FROM A LAND OF MONSTERS TO MONSTERS IN THE SKY

 A Universidade Presbiteriana Mackenzie promove, no dia 3 de dezembro, às 15 horas, a palestra “From a land of monsters to 'monsters' in the sky", que será proferida pelo astrofísico Alexander MacKinnon.

MacKinnon é professor do Centre for Open Studies da University of Glasgow, na Escócia, e pesquisador da área de aceleração de partículas de altas energias, com foco nos fenômenos de explosões solares.

O título da palestra brinca com o termo “monstro”, relacionando-o a histórias da cultura escocesa e a descobertas de buracos negros e explosões de estrelas de alta energia. A extinta estação de pesquisa meteorológica no observatório de Ben Nevis (ponto mais alto da Escócia) também fará parte das discussões.

O evento é promovido pelo Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie (Craam) e ocorrerá na sede da universidade, que fica na Rua da Consolação, 896, em São Paulo. Aberto ao público geral.
Mais informações pelo cage.pos@mackenzie.br. 

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