Para falar sobre esteassunto,Promoview entrevistou Paulo Eduardo Leal, diretor da agênciaBroadway Brasil, que assina eventos como o Musical
Thriller Live de Michael Jackson; turnê Ford Caminhões com Chitãozinho e Xororó 40
Anos; Chocolover Nestlé e Beyoncé no Brasil; criação
da RodaSkol no Rio de Janeiro.
E, para 2014, a agência está
se preparando para o lançamento do Tom Jazz Festival 2014 e o Rio Verão
Festival.
Promoview: Na sua visão, como está o
mercado de eventos atualmente?
Paulo Leal: O mercado de eventos no
Brasil ainda é muito novo, a atividade ainda está em formação e se profissionalizando.
O
evento, em si, é uma forma presencial de comunicação, não deveria ser
confundido com uma atividade de produção. Poderia ser uma disciplina curricular
já nas faculdades e universidades de Comunicação e Propaganda.
Paulo Leal: A Lei poderia ser
aperfeiçoada, havendo apenas um artigo (18), que é o que proporciona 100% de
isenção. O artigo 26 que isenta 70% não é atraente e não costuma ser é cumprido
na sua essência.
Os
produtores culturais, a todo o momento, inserem projetos no Artigo 18 que
deveriam estar elencados no Artigo 26. O brasileiro sempre acha brechas na Lei
para burlá-la. Temos que parar com essa visão errada.
Promoview: Ela tende a favorecer
espetáculos e evento já consagrados (famosos)?
Paulo Leal: A demanda sempre tenderá
para eventos relevantes. O jornalismo, por exemplo, só busca informações que
são importantes ao público. É natural essa seleção em qualquer área.
Sem
dúvida, os projetos mais relevantes e de maior refinamento, em produção, irão
atrair mais verbas das empresas.
Outro
diferencial, que sempre pesará na preferência de patrocínios, é a região que
irá acontecer o evento, sempre pondo na balança as atividades econômicas e o
interesse da população da região.
A
sociedade e as empresas buscam a cultura da fama e não a fama da cultura.
Projetos culturais menores em regiões fora dos grandes centros não têm demanda
e interesse das pessoas, logo, não atrai investimentos.
Tem
que se ter clareza e maturidade para encarar esse fato. Não há lei que inverta
essa lógica da sociedade.
Promoview: Qual a maior dificuldade no
momento da realização de um grande evento?
Paulo Leal: O ao vivo. A entrega é
instantânea e não dá margem para erros. Um filme, por exemplo, é feito o
monstro para o cliente ver, testa com o consumidor, e, se for aceito, vai para
o ar. O live marketing é na hora. Por isso é
surpreendente e gratificante.
Promoview: A dificuldade de encontrar um
bom patrocinador prejudica a criação de novos eventos?
Paulo Leal: As marcas têm a oportunidade
de interagir com seu público nos eventos. É uma atitude perante seus
consumidores. A autenticidade na comunicação das marcas só é efetiva e completa
quando mostram seus valores ao invés de apenas comunicar atributos e
diferenciais de mercado pela mídia.
Promoview: A Copa do Mundo no Brasil
favorece a realização de outros eventos?
Paulo Leal: Não. Ela por si só é um
evento. Que acontece em 25 dias, 12 cidades com 32 seleções. O mercado de evento não pode ser visto ou
analisado num momento ou flashespecífico. Não deve, e não
pode, estar restrito a picos e vales.
Ele deve ser fluente e perene
na comunicação, independendo de grandes datas pontuais. As marcas que lideram
segmentos sabem disso.
Projetos de longo prazo como naming rights bem sucedidos, a exemplo do
Teatro Bradesco, Citibank Hall, Allianz Parque, Vivo Rio, vão além de uma Copa
do Mundo e geram eventos constantes a seus diversos públicos.
Promoview: Até que ponto as restrições da
Fifa prejudicam os eventos a serem realizados no Brasil?
Paulo Leal: A Fifa tem a missão de zelar
e preservar suas marcas parceiras. Esta rigidez faz sentido, pois é uma
atividade de milhões em que a segurança faz do negócio, gerando um ambiente
sólido para as marcas.
A Fifa tem que transmitir confiança
às empresas em suas atividades, caso contrário, as marcas descontinuam seus
patrocínios.
Promoview: Quais as suas perspectivas para
2014?
Paulo Leal: As melhores possíveis. Vamos
viver uma fragmentação na área promocional e de eventos assim como assistimos a
fragmentação da mídia.
Promoções, naming rights, musicais, endomarketing, live marketing,
grandes festivais, Copa, Olimpíadas, mapping, circos, espetáculos de rua,
agitação cultural e esportiva. Esse ambiente está fervendo e se fragmentando
cada vez mais.
O
espectador e consumidor ampliam seus desejos e seu consumo e isso reflete em
nosso trabalho. Vamos viver a era da segmentação presencial dos eventos, com
múltiplas oportunidades para as grandes marcas.
Já a nossa empresa,a Broadway Brasil irá ampliar em 2014
a sua atuação nos musicais e grandes festivais inéditos. Já somos a mais
relevante produtora cultural e de musicais no Brasil, depois da Time for Fun.
Ocupamos
um espaço importante em 16 anos nesta indústria. Somente nos últimos quatro
anos produzimos mais de oito grandes musicais e seis grandes turnês de artistas
nacionais e internacionais para mais de dez clientes.
Recebemos mais de dois milhões
de pessoas em nossos espetáculos criados e viabilizados para as marcas.
Entendemos de marketing presencial por intermédio dos
eventos e da relação das marcas com o público espectador consumidor.
Vamos
aprimorar nossa vocação pela atitude de marcas e essa ferramenta de comunicação
efetiva ainda mais em 2014. (Promoview)
PROJEÇÕES DE CLOUD
COMPUTING PARA AS EMPRESAS
Mesmo a caminho dos 45 do segundo tempo, o mercado de cloud
computing vê 2013 como o ano da consolidação dentro da economia brasileira, uma
vez que as companhias se mostram bem dispostas a implentarem parte das suas
operações em plataformas na nuvem.
Para criar estratégias mais claras e eficazes, decidir quais
as cargas de trabalho as empresas prevem manter e quais serão movidas para a
nuvem em 2014, compartilharei abaixo algumas projeções e tendências deste
mercado, que evoluem constantemente e estão mudando a maneira como as
corporaçãoes performam os seus negócios a cada dia que passa.
1.
Uma maneira de economizar
De acordo com estudos internacionais, espera-se que 30% das empresas levem para a nuvem parte importante do seu portfólio de aplicações de negócios. Esse movimento ocorre devido à economia que é gerada nas companhias (entre 10% e 40%) para a redução de custos de hardware, servidores, licenças de software e atualizações, consumo de energia e tarefas de apoio, entre outros recursos necessários.
De acordo com estudos internacionais, espera-se que 30% das empresas levem para a nuvem parte importante do seu portfólio de aplicações de negócios. Esse movimento ocorre devido à economia que é gerada nas companhias (entre 10% e 40%) para a redução de custos de hardware, servidores, licenças de software e atualizações, consumo de energia e tarefas de apoio, entre outros recursos necessários.
2.
A nuvem no celular
Segundo dados recentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), estima-se que há mais de 265 milhões de linhas móveis ativas no Brasil e é sabido que muitos delas são smartphones com enorme capacidade de gerenciar soluções rodando em plataformas na nuvem.
Segundo dados recentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), estima-se que há mais de 265 milhões de linhas móveis ativas no Brasil e é sabido que muitos delas são smartphones com enorme capacidade de gerenciar soluções rodando em plataformas na nuvem.
De
olho nesses números aquecidos da Anatel e na mobilidade do cloud, empresas
focam no acesso e no gerenciamento de documentos eletrônicos, em qualquer hora
e lugar. Por isso, em pouco tempo, haverá uma nuvem mais robusta para ser
usada.
3.
Média e grande
As empresas de grande e médio portes despontam no uso crescente da computação em nuvem durante este ano. O aumento na participação destes nichos se dá pelo fato do cloud ser uma solução que traz à organização segurança, desempenho e disponibilidade exigidos para o seu negócio, além de não fazer grandes investimentos, como no modelo tradicional, por exemplo.
As empresas de grande e médio portes despontam no uso crescente da computação em nuvem durante este ano. O aumento na participação destes nichos se dá pelo fato do cloud ser uma solução que traz à organização segurança, desempenho e disponibilidade exigidos para o seu negócio, além de não fazer grandes investimentos, como no modelo tradicional, por exemplo.
4.
Plataformas de dados hídridas
Os departamentos de TI vão criar plataformas cada vez mais escalaveis, misturando a nuvem privada com a pública. A ideia é que as empresas usem a capacidade extra de servidor dentro de um período de maior movimentação, escalando a máquina de acordo com o seu crescimento.
Os departamentos de TI vão criar plataformas cada vez mais escalaveis, misturando a nuvem privada com a pública. A ideia é que as empresas usem a capacidade extra de servidor dentro de um período de maior movimentação, escalando a máquina de acordo com o seu crescimento.
5.
Segurança na Nuvem
Uma recente pesquisa realizada pela North Bridge Venture Partners mostrou que apenas 3% dos executivos consideram a nuvem como uma plataforma arriscada. Isso reflete uma mudança na percepção dos profissionais de TI que, cada vez mais, se sentem confortáveis com a segurança dos dados abrigados na nuvem.
Uma recente pesquisa realizada pela North Bridge Venture Partners mostrou que apenas 3% dos executivos consideram a nuvem como uma plataforma arriscada. Isso reflete uma mudança na percepção dos profissionais de TI que, cada vez mais, se sentem confortáveis com a segurança dos dados abrigados na nuvem.
6.
As grandes empresas vão subir para a nuvem
As previsões mais reveladoras de especialistas dizem que grandes organizações, com muitos usuários, tomarão no próximo ano os serviços de nuvem de forma mais agressiva. Isso ocorre porque a cada dia softwares de gestão, como CRM e outros, juntamente com as tecnologias de integração de dados estão se tornando mais acessíveis nesta modalidade.
As previsões mais reveladoras de especialistas dizem que grandes organizações, com muitos usuários, tomarão no próximo ano os serviços de nuvem de forma mais agressiva. Isso ocorre porque a cada dia softwares de gestão, como CRM e outros, juntamente com as tecnologias de integração de dados estão se tornando mais acessíveis nesta modalidade.
7.
Novas alianças de negócios
Para ajudar os clientes a tirarem o máximo proveito da computação em nuvem, as parcerias entre fornecedores de armazenamento corporativos e provedores de serviços em nuvem vão ampliar. As empresas não precisam de mais tempo para decidir entre a segurança, robustez e disponibilidade na hora da implementação.
Para ajudar os clientes a tirarem o máximo proveito da computação em nuvem, as parcerias entre fornecedores de armazenamento corporativos e provedores de serviços em nuvem vão ampliar. As empresas não precisam de mais tempo para decidir entre a segurança, robustez e disponibilidade na hora da implementação.
8.
A força do armazenamento
O crescimento de dispositivos móveis com acesso à Internet vai levar a um aumento de armazenamento de dados das empresas na nuvem Um dos causadores deste crescimento é a força da mobililidade, cada vez mais compreendida pelo usuário final, que faz com que as empresas começem a iniciar uma espécie de “aeração” em suas estruturas.
O crescimento de dispositivos móveis com acesso à Internet vai levar a um aumento de armazenamento de dados das empresas na nuvem Um dos causadores deste crescimento é a força da mobililidade, cada vez mais compreendida pelo usuário final, que faz com que as empresas começem a iniciar uma espécie de “aeração” em suas estruturas.
9.
Infraestrutura na nuvem
A infraestrutura tecnológica como um serviço alternativo permitirá às empresas capturar e armazenar dados de forma mais econômica. O grande aliado dessa corrente é o Software como Serviço (SaaS), que tira a necessidade da companhia de enfrentar a complexidade e os custos inerentes a uma implementação dentro de casa, uma vez que os dados da empresa ficarão hospedados no data center. Dessa forma, autonomia e ação serão duas palavras corriqueiras no dia a dia do core business das empresas.
A infraestrutura tecnológica como um serviço alternativo permitirá às empresas capturar e armazenar dados de forma mais econômica. O grande aliado dessa corrente é o Software como Serviço (SaaS), que tira a necessidade da companhia de enfrentar a complexidade e os custos inerentes a uma implementação dentro de casa, uma vez que os dados da empresa ficarão hospedados no data center. Dessa forma, autonomia e ação serão duas palavras corriqueiras no dia a dia do core business das empresas.
10.
A nuvem está mais amadurecida no Brasil
A área de cloud deve crescer 74% no País em relação ao ano
passado, segundo estudo da consultoria Frost & Sullivan publicado
recentemente. A expansão é motivida pela aproximação de um ponto de inflexão no
qual teremos uma mudança radical na indústria. Na medida em que o mercado ganha
mais confiança, acredita-se que ainda em 2013 haverá um take-off e consolidação
na Região.
(Texto de Felipe Munita, diretor
de Data Center e Cloud Computing da Sonda IT, integradora que provê soluções de
tecnologia de ponta a ponta, abrangendo Aplicativos, Plataformas, SAP e
Serviços de TI).
PARA ATENDER MELHOR SEU CLIENTE
Um dos
períodos mais esperados do ano para o varejo já está a plenos vapores. Apesar
da economia brasileira não estar tão forte como em anos anteriores, a
proximidade das festas de final de ano e também das férias escolares, tem um
efeito de aquecimento ao mercado varejista, uma vez que as pessoas estão mais
ativas ao consumo e com mais recursos nos bolsos.
Consequentemente,
os consumidores também ficam mais atentos e acessíveis aos impactos gerados nos
pontos de venda (PDV).
E o que
você pode fazer para não deixar as oportunidades de incrementar suas vendas
escaparem? Para aproveitar ao máximo este momento de maior pré-disposição do
consumo de seus clientes, listei cinco dicas que podem ajudar a conquistá-lo.
Serviço: esteja preparado para oferecer diferenciação através da forma
como trata seu cliente. Uma equipe de vendedores bem treinados e atenciosos,
que buscam entender a necessidade do cliente é fundamental. Agregue valor
fazendo diferente de sua concorrência - para isso é importante conhecer o que
eles estão fazendo.
Ambiente: procure oferecer a seus clientes bem
estar no momento da compra, pois a sensação e a experiência de possuir o
produto de desejo são pontos chave para permitir que estejam mais abertos ao
processo. Para isso, preocupe-se com o chamado Marketing Sensorial, explorando
os cinco sentidos de seus clientes.
Produtos: nem preciso falar muito sobre este item, pois é imperativo que
você tenha se preparado com antecedência quanto a definição do sortimento a ser
trabalhado neste período, bem como a gestão de seus estoques. Perder vendas por
falta de produto é falha grave.
Preços: aqui reside uma questão delicada, mas muito importante para o
sucesso de suas vendas. Claro que sabemos que os consumidores estão dispostos a
gastar um pouco mais nesta época do ano, no entanto não vá com muita “sede ao
pote”, pois seu cliente não deve nunca sentir-se usado e/ou enganado quanto a
possíveis aumentos de preços oportunistas.
Faça constantemente uma pesquisa de preços no mercado para
comparar sua estratégia com seus concorrentes.
Pós-venda: pense no amanhã! Aproveite o momento de
maior fluxo de consumidores em seu estabelecimento, e trabalhe seu cadastro de
clientes. Comunique-se com eles após o período de final de ano, buscando seu
nível de satisfação.
Desenvolva e ofereça a seus clientes ações dirigidas com seu
perfil de consumo. Se você já possui um cadastro de clientes com estas
informações, faça algo já. Sabemos o quanto é bom nos sentirmos exclusivos
enquanto clientes. Não perca esta oportunidade!
Não
procurei esgotar todos os assuntos que podem potencializar suas vendas com
estas dicas, no entanto considero que são das mais relevantes para o atingir
seus objetivos neste período do ano.
Como
comentário final, coloque-se sempre no lugar de seu cliente e pergunte-se: “como
gostaria de ser atendido e o que busco durante o processo de compra?”.
Se você
conseguir responder esta pergunta e fizer com que sua equipe de atendimento
também responda com propriedade, grande parte do caminho já foi percorrido. Vá
em frente e aproveite a oportunidade. (Texto de
Marcelo
Murin é administrador de empresas com especialização em
marketing e sócio-diretor da SOLLO Direto ao Ponto (www.sollopdv.com.br (11)
2384 0125)
O
PAPEL FUNCIONAL DOSPREDADORES TOPO DE CADEIA
A
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) sedia, nos dias 9 e 10 de dezembro,
a primeira edição do Simpósio Brasileiro sobre o Papel Funcional dos Predadores
Topo de Cadeia.
Coordenado
pelo professor Pedro Manoel Galetti Juniorwww.bv.fapesp.br/pt/pesquisador/3198/pedro-manoel-galetti-junior, da UFSCar, o evento tem como objetivo
discutir os trabalhos relacionados ao papel funcional dos predadores, abordando
aspectos biológicos, ecológicos e genéticos e seus reflexos na estrutura e
função dos ambientes onde ocorrem.
A
Rede de Predadores Topo da Cadeia Alimentar integra o Sistema Nacional de Pesquisa
em Biodiversidade (Sisbiota), rede nacional criada para
aumentar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira.
Os
interessados em submeter resumos devem preencher o formulário disponível no
site e enviá-lo, até dia 30 de novembro, para o e-mail simposiosisbiota@gmail.com. As inscrições respeitam a mesma data-limite informada.
BIOCOMBUSTÍVEIS
ENFRENTAM DESAFIOS
(Texto
de Elton Alisson, disribuído pela
Agência FAPESP) – A necessidade de aumentar a
produção e distribuição de energia no mundo somada à recente resolução de
diversos países, como os Estados Unidos, de aumentar a utilização de
combustíveis renováveis até 2021 deverão impulsionar globalmente a expansão da
indústria de biocombustíveis nos próximos anos.
Para
atender a uma maior demanda mundial por bioenergia, contudo, o setor terá de
superar desafios de diversas ordens.
Entre
eles, aumentar o cultivo de culturas agrícolas utilizadas para obter
biocombustíveis, sem afetar a produção de alimentos; adaptar-se aos impactos das
mudanças climáticas globais na agricultura; e competir em condições desiguais
com os combustíveis fósseis – que hoje são fortemente subsidiados em inúmeros
países, incluindo no Brasil.
As
observações foram feitas por pesquisadores participantes do “Workshop
Bioenergia e Sustentabilidade: a perspectiva da indústria”, realizado no dia 18
de novembro, na FAPESP.
O
encontro foi preparatório para o Processo Rápido de Avaliação (Rapid Assessment
Process) sobre biocombustíveis e sustentabilidade que pesquisadores dos
Programas FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), em Caracterização, Conservação,
Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA) e sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG)realizarão, no início de dezembro, na sede
da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco), em Paris, na França.
A
avaliação – realizada a convite da Secretaria do Comitê Científico
para Problemas do Ambiente (Scope) da Unesco – deverá resultar em um “Resumo de
políticas” contendo uma série de recomendações da academia, indústrias,
instituições governamentais e não governamentais (ONGs) para apoiar a tomada de
decisões relacionadas a biocombustíveis e sustentabilidade por parte de
empresas, governos e instituições internacionais associados à Organização das
Nações Unidas (ONU).
“O
objetivo do trabalho de avaliação é, tendo em vista que a produção de
bioenergia está se expandindo no mundo, contribuir com recomendações para
políticas públicas que possam estimular a produção de biocombustíveis e
eliminar algumas barreiras ao avanço dessa indústria globalmente”, disse
Glaucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química (IQ) da Universidade
de São Paulo (USP) e membro da coordenação do BIOEN, na abertura do evento.
O
estudo contará com a participação de 95 especialistas da área de
biocombustíveis, provenientes de 56 instituições de pesquisa de 19 países, e
deverá ser publicado na forma de um livro eletrônico (e-book) previsto
para ser lançado em outubro de 2014.
Os
principais resultados também serão publicados em uma edição especial do Journal Environmental Development e anunciados na abertura da 2nd BBEST –
Conferência Brasileira de Ciência e Tecnologia em Bioenergia (Brazilian
Bioenergy Science and Technology Conference), prevista para ocorrer em outubro
de 2014 em Campos do Jordão.
“A
síntese do conhecimento sobre biocombustíveis e sustentabilidade que
produziremos não será simplesmente uma revisão da literatura científica ou um
tutorial sobre o tema”, afirmou Souza.
“Pretendemos
avançar na discussão por meio da abordagem de questões transversais
relacionadas à produção de biocombustíveis, como segurança alimentar,
energética, ambiental e climática e desenvolvimento sustentável e inovação”,
contou.
Demanda
de energia
De
acordo com dados apresentados por pesquisadores participantes do encontro,
obtidos da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a
demanda por energia no mundo deverá dobrar nas próximas décadas, passando dos
atuais 500 hexajoules (hj) para mil hexajoules em 2050.
A
produção de óleo e gás, no entanto – que representam 60% da energia primária
mundial –, deverá cair no mesmo período, tendo em vista que está diminuindo o
número de reservas de petróleo e, em contrapartida, aumentam os custos para
prospecção e extração de óleo e gás de novos campos petrolíferos, aponta o
órgão.
Em
razão desse cenário e com a finalidade de atender ao aumento da
demanda mundial por energia, a IEA prevê que, em 2030, os biocombustíveis
contribuirão com 4% a 10% – dependendo da introdução do etanol de segunda
geração – no total da energia utilizada para transporte rodoviário no
planeta.
Para
isso, será necessário utilizar entre 3,8% e 4,5% da terra arável disponível
mundialmente para o cultivo de culturas agrícolas destinadas à produção de
biocombustíveis, contra 1% do total de terra usada hoje no mundo para essa
finalidade.
Essa
expansão da produção de biocombustíveis, no entanto, não deverá competir com a
de alimentos, cuja demanda mundial também aumentará nos próximos 40 anos, estimam
os pesquisadores.
“Esses
números [referentes ao potencial de participação dos biocombustíveis na
matriz energética mundial] ainda estão sendo discutidos, mas estamos
caminhando para um consenso de que a disponibilidade de terra arável para
cultivo de culturas agrícolas voltadas à produção de biocombustíveis não será
um problema”, disse Souza.
Desde
2007, a produção de biocombustíveis no mundo aumentou 109%, apontaram
pesquisadores participantes do evento.
As
projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e
da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) também
indicam que, nos próximos anos, a produção de bioetanol e biodiesel no mundo
deverá aumentar 60%, saltando do atual patamar de 149 bilhões de litros para
222 bilhões de litros em 2021.
Uma
das razões para esse aumento de produção, de acordo com especialistas na área,
é a decisão de cerca de 41 países, anunciada nos últimos anos, de aumentar por
meio de projetos de lei a utilização de etanol em suas frotas de veículos até
2021.
Os
Estados Unidos, lembrou Goldemberg, estipularam que, em 2021 deverão consumir
79,8 bilhões de litros de etanol a mais do que o total de 67 bilhões de litros
do combustível que obtêm do milho e utilizam hoje.
A
legislação norte-americana estabeleceu, porém, que essa cota excedente
deverá ser de biocombustíveis de segunda geração, produzidos no próprio país,
ele completou.
Mas
especialistas na área acham que essa meta será difícil de ser atingida em razão
das dificuldades industriais enfrentadas atualmente para produzir esse tipo de
bioenergia obtida não apenas da sacarose presente no colmo da cana-de-açúcar –
como a do bioetanol de primeira geração, por exemplo –, como também do açúcar
presente nas paredes celulares do bagaço, das folhas e de outros resíduos da
planta.
“Se
essa legislação não for mudada, os Estados Unidos terão de importar esse etanol
excedente de algum outro país produtor, proporcionando uma oportunidade
interessante para o Brasil”, disse José Goldemberg, professor do Instituto de
Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP, durante o evento.
Segundo
Goldemberg, no caso do Brasil, estima-se que o país também consumirá 24,2
bilhões de litros a mais de etanol obtido da cana-de-açúcar em 2021 do que o
total de 37,4 bilhões de litros do biocombustível que utiliza hoje.
Outros
países também estabeleceram a meta de que, até 2021, no mínimo 10% do total de
combustíveis que usam deverá ser proveniente de combustíveis renováveis, o que
corresponderá a uma produção adicional de mais 34,8 bilhões de litros de
etanol.
Somadas,
essas produções adicionais de etanol para abastecer os Estados Unidos, Brasil e
outros países que definiram políticas para aumentar a utilização de
biocombustíveis totalizarão 138 bilhões de litros de etanol em 2021, calculou
Goldemberg.
Se
esse volume de etanol fosse obtido da cana-de-açúcar, seriam necessários 25
milhões de hectares de terra para cultivar a cultura agrícola, estimou o
pesquisador.
“Há
vários estudos de autoria de pesquisadores brasileiros apontando que é possível
encontrar dentro do Brasil essa quantidade de terra, sobretudo por conta da
melhoria da eficiência da pecuária brasileira, que é extremamente ineficiente [em
termos de uso da terra para pastagem]’, afirmou Goldemberg.
“O
gado brasileiro é o que vive mais confortavelmente em todo o mundo,
porque tem cerca de um hectare de área de pastagem”, avaliou.
Condições
adversas
Algumas
das principais ameaças à expansão da produção de biocombustíveis no mundo estão
relacionadas a mudanças do clima e à falta de políticas públicas estáveis, que
valorizem e diferenciem esses combustíveis renováveis e que promovam seu
adequado desenvolvimento no mundo, apontaram pesquisadores participantes do
evento.
No
que se refere ao clima, o aumento lento e gradual da temperatura e as
alterações no padrão de chuva, já observados em diferentes regiões do mundo,
deverão afetar culturas agrícolas utilizadas para produção de biocombustíveis,
como a própria cana-de-açúcar, além do milho, da soja, da colza, da beterraba e
do girassol, alertam estudos publicados recentemente por pesquisadores de
instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“As
áreas de cultivo dessas culturas agrícolas devem diminuir porque a rapidez com
que as mudanças climáticas estão ocorrendo é maior do que o tempo que essas
espécies e os sistemas socioeconômicos de produção precisariam para fazer
uma transição para um padrão de clima diferente do que têm hoje”, disse Paulo
Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP),
também presente no workshop.
“Algumas
dessas culturas agrícolas são mais sensíveis do que outras e o Brasil tem de
estar atento para essa questão que representa uma grande contingência
agropecuária”, afirmou.
Já
a falta de transparência na formação de preços dos combustíveis no mercado
mundial e de políticas públicas afetam a sustentabilidade financeira do setor
mundial de biocombustíveis, apontaram especialistas.
Segundo
dados apresentados por Luiz Augusto Horta Nogueira, professor da Universidade
Federal de Itajubá (Unifei), os combustíveis fósseis recebem subsídios
governamentais da ordem de US$ 440 bilhões por ano em todo o mundo.
Em
contrapartida, os investimentos globais de suporte financeiro aos combustíveis
de fonte renovável hoje são da ordem de US$ 100 milhões por ano.
“O
etanol da cana-de-açúcar apresenta uma série de indicadores de sustentabilidade
ambiental e se for comercializado em um mercado minimamente justo, com regras
claras de formação de preços dos combustíveis, também apresenta
sustentabilidade financeira”, disse Nogueira.
“Mas
não dá para esperar que ele compita com um combustível fóssil, como a gasolina,
que recebe subsídios dessa ordem de grandeza”, avaliou.
VIOLÊNCIA, DEMOCRACIA E DIREITOS HUMANOS
(Texto de Claudia Izique, distribuído pela Agência
FAPESP) – A taxa de homicídios por 100 mil
brasileiros passou de 11,7 em 1980 para 26,2 em 2010. No mesmo período,
cresceram também o número de execuções sumárias, muitas delas envolvendo
policiais civis e militares, o tráfico de drogas, associado à luta pela
conquista de territórios, e os conflitos nas relações interpessoais com
desfecho fatal.
A
evolução dos indicadores de violência nas últimas três décadas surpreendeu os
que esperavam que o processo de democratização do país se traduzisse na
pacificação da sociedade e na reconciliação da segurança com o respeito aos
direitos humanos.
“A
expectativa era que o fim das arbitrariedades desse lugar ao estado de Direito,
mas, junto com a reinvenção institucional, o que se viu foi uma explosão de
violência”, analisa Sérgio Adorno, coordenador do Centro para o Estudo da Violência (NEV), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e
Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP.
A
urbanização e migração para as cidades, consolidadas nos anos 1980, os déficits
sociais e econômicos do passado e sucessivas crises econômicas alimentaram um
ambiente de tensão, ao mesmo tempo em que o Estado se revelava ineficiente no
papel de mediador de conflitos. “A polícia não investiga e os criminosos não
são processados ou punidos, revelando um fosso entre o potencial de violência
na sociedade e a capacidade do Estado de contê-la no marco do estado de
Direito”, afirma Adorno.
As
estatísticas dão provas disso: entre 1998 e 2003, dos 344 mil boletins de
ocorrência policial registrados em 16 delegacias de polícia na cidade de São
Paulo, apenas 6% converteram-se em inquérito policial. Entre os crimes violentos,
93% dos casos foram registrados como de autoria desconhecida. A impunidade não
inibe a violência e alimenta a desconfiança da população. “Estamos vivendo uma
situação de desencontro entre os cidadãos e suas instituições”, analisa Sérgio
Adorno.
Crimes
de autoria desconhecida
O
controle legal da ordem e as políticas de direitos humanos são temas fundadores
deste CEPID que começou se organizar como Núcleo de Estudos da Violência (NEV)
na Universidade de São Paulo (USP), em 1987. Desde o início, o principal
desafio do NEV – constituído como CEPID em 2000, no primeiro edital do Programa
– foi entender por que, no Brasil, a democracia não se traduziu em segurança
com respeito aos direitos humanos.
As
pesquisas, aos poucos, mostraram que o sistema de justiça criminal brasileiro
funciona como um funil: largo na base (o registro de entrada das ocorrências) e
estreito no gargalo (o número de casos que recebem desfecho processual,
inclusive condenatório).
Para
compor esse quadro, os pesquisadores começaram perscrutando estatísticas
oficiais, mas tiveram que recorrer a outros procedimentos metodológicos porque
as informações disponíveis não permitiam acompanhar o andamento dos crimes no
interior do sistema de Justiça criminal. Foi preciso, por exemplo, individualizar
registros, monitorar notícias publicadas nos jornais e até criar um banco de
dados para aprofundar a investigação.
“A
polícia só registra homicídio, tentativa de homicídio, agressão seguida de
morte, encontro de cadáver. Se não recorrer a outras fontes, não dá para
conhecer os autores ou saber as circunstâncias em que esses crimes ocorreram”,
descreve Nancy Cardia, coordenadora do CEPID. Apesar de o país contabilizar
crimes desde o Império, as instituições de segurança pouco utilizam
estatísticas para conhecer os fenômenos sociais que engendram os crimes ou para
coordenar informações sobre segurança pública.
Utilizando
informações secundárias, os pesquisadores puderam analisar mais detidamente 197
processos penais instaurados e julgados, para apuração de responsabilidade em
crimes de homicídio, em um dos tribunais de júri da capital e traçar o perfil
de vítimas, agressores, testemunhas e até do corpo de operadores técnicos do
direito.
Surpreenderam-se
com a “banalidade das mortes” e a incapacidade da Justiça de “traduzir
diferenças e desigualdades em direitos”, comentou Adorno no artigo Crime, justiça penal e desigualdade
jurídica, publicado na
edição 132 da Revista
USP, referente a pesquisa
similar anteriormente realizada. Ele observou, por exemplo, maior incidência de
sentenças condenatórias nos processos em que os réus eram defendidos por
advogados dativos, constituídos pelo juiz para os que não têm recursos para
pagar as custas dos processos.
Morosidade
judicial
As
pesquisas atestaram que a Justiça é morosa. Analisando 28 casos de linchamento,
execuções e violência policial ocorridos nos anos 1980, por exemplo,
constataram que o tempo de tramitação de um processo podia chegar a 120 meses
(10 anos) e que, em apenas um caso, consumiu 10 dos 16 meses previstos no
Código do Processo Penal para a conclusão de todos os procedimentos judiciais e
judiciários.
O
tempo passou consumido na obtenção de provas documentais, na localização e
intimação de réus e testemunhas, e assim por diante. “É como se a Justiça desse
caução ao sentimento popular: bandido precisa ser morto”, lembra Nancy Cardia.
Consultados pelos pesquisadores, os operadores técnicos do direito consideraram
“caduco” o prazo estabelecido pelo Código do Processo Penal, ainda na década de
1930, para a tramitação dessa modalidade.
O
desempenho da polícia, do Ministério Público, dos juízes, entre outros atores
do sistema Judiciário, também foi monitorado pelo Centro para o Estudo da
Violência. “Levantamos informações sobre processo de seleção, treinamento, incentivo
e promoções e pudemos constatar que o policial que se destaca vira chefe – o
mesmo vale para juízes e promotores –, sem nenhum critério claro, e isso afeta
o cotidiano da Justiça”, observa Nancy Cardia.
Esse
diagnóstico, aliás, deu origem a um curso de treinamento e capacitação em
segurança pública, de 180 horas, desenvolvido em parceria com a Faculdade de
Economia e Administração (FEA/USP), a Escola Politécnica (Poli/USP), a Fundação
Getúlio Vargas e o Banco Mundial. “Foram duas versões presenciais e uma na
internet, com grande demanda”, conta a coordenadora do Centro.
Para
suprir a falta de informações dos operadores da Justiça, o CEPID publicou, com
a Fundação Ford e por meio da Editora da USP, seis volumes com temas
relacionados à segurança pública e aos direitos humanos. “O sétimo volume é
sobre a tortura e está saindo este ano. É resultado de um seminário organizado
para discutir situações de agressão aos direitos humanos depois dos ataques
terroristas de 11 de setembro de 2001”, ela explica.
Fadiga
do sobrevivente
Aos
poucos, as informações dos projetos de pesquisa foram “refinando” a reflexão da
equipe e consolidando a visão de que a “credibilidade é o fundamento das
instituições democráticas”, sublinha Adorno. Essa percepção colocou novas perguntas
e abriu frentes de investigação: Como a população se relaciona com a violência?
Qual a sua percepção de Justiça? Há, no Brasil, uma cultura de violência?
“Enquanto
Adorno trabalhava com a polícia, iniciamos um estudo qualitativo, que comparava
a percepção de 341 moradores de três dos distritos mais violentos de São Paulo
– Capão Redondo, Jardim Ângela e Jardim São Luiz –, tendo como comparação uma
amostra de 1.000 entrevistados de outros distritos da capital”, conta Nancy
Cardia.
O
projeto coincidiu com uma mudança sensível – e favorável – nas estatísticas de
homicídios na capital: entre 2000 e 2006, a taxa geral de assassinatos no
Estado de São Paulo caiu de 42,07 por 100 mil habitantes para 19,90. “Foi
possível documentar essa mudança e identificar seu reflexo nas pessoas mais
expostas à violência e em sua percepção das instituições”, diz a pesquisadora.
A
exposição à violência é medida por uma gradação que identifica vítimas,
testemunhas de atos de violência e indivíduos que, dentro de um determinado
período de tempo, tiveram conhecimento de envolvimento de parentes ou amigos
próximos. “Os efeitos mais intensos da exposição à violência são observados
entre as crianças e jovens”, constatou Nancy Cardia.
Manifestam-se
na forma de sintomas físicos, como distúrbios do sono, ansiedade, depressão,
entre outros qualificados pela literatura como “fadiga do sobrevivente”. A
contrapartida desse sintoma, principalmente entre jovens – objeto de estudo do
grupo – é a dessensibilização: “A violência que as vítimas sofrem passa a ser
considerada normal”, ela explica em estudo publicado na revistaLusotopie em 2003. “Normalizar a violência resulta
também em uma reduzida capacidade de confiar no outro, ou de se vincular ao
outro, e em menor interdição quanto à prática de violência.”
Medo,
sentimento generalizado
Quanto
maior o grau de exposição dos jovens à violência, pior a imagem que eles têm da
polícia, o que alimenta a sensação de insegurança. “Poucos acham que
conseguiriam convencer um delegado a investigar um caso no qual tenham sido
vítimas”, Nancy Cardia constata.
O
medo é um sentimento generalizado no Capão Redondo, Jardim Ângela e Jardim São
Luiz e encoraja o isolamento: os vizinhos não convivem, não conversam e as
crianças são proibidas de brincar nas ruas.
A
casa, no entanto, parece não garantir a segurança das crianças e dos jovens. “A
experiência da punição corporal em casa, geralmente perpetrada pela mãe, é mais
importante do que podíamos imaginar”, diz a coordenadora do NEV. O castigo
doméstico violento, conforme têm revelado as pesquisas, é uma experiência
importante na vitimização.
“Descobrimos
que os indivíduos que relatam terem sido vítimas de agressões violentas em casa,
com força para produzir ferimentos ou sequelas, também relatam mais
frequentemente alguma forma de exposição à violência nas ruas: conhecem amigos
vítimas ou autores de agressão ou são, eles próprios, alvos de ações de
terceiros ou da polícia.”
Legitimação
da violência
O
cenário que emerge da pesquisa qualitativa é preocupante. “Esperávamos que, na
geração nascida após a Constituição de 1988, o repertório da força física não
fosse mais utilizado para disciplinar crianças. Há anos a Lei da Palmada está parada
no Congresso Nacional, depois de ter sido ridicularizada”, afirma Nancy Cardia.
E a
violência não está apenas em casa: o espancamento é considerado solução
legítima para conflitos na escola e a tortura seria autorizada contra suspeitos
de crimes violentos, como estupro, assassinato, sequestro e latrocínio,
sobretudo quando envolvem crianças. “Há fortes indícios de que a exposição à
violência pode mudar as pessoas, seus comportamentos, suas crenças, seus
valores e até a si mesmas.”
Há
igualmente indícios de que essa experiência não encoraja uma maior abertura
para a vida em comunidade. Ao contrário, encoraja as pessoas a buscar meios
individuais de proteção e a se retirar do espaço público, isolando-se ainda
mais em um processo que pode ter o efeito oposto: em vez de obterem mais
proteção, ganham mais vulnerabilidade, adverte Nancy Cardia.
A
descrença nas forças encarregadas de aplicar as leis e a aceitação do arbítrio
e da força contra suspeitos de delitos graves crescem na razão direta da
exposição à violência. “Se não podemos estancar a violência, como proteger
esses jovens?”, ela indaga.
Monitoramento
dos casos de letalidade
A
agenda de pesquisa qualifica o Centro para o Estudo da Violência como
interlocutor privilegiado em fóruns de debate sobre políticas públicas. Ao
longo dos últimos 12 anos, o CEPID participou ativamente da elaboração dos
programas Nacional e Estadual de Direitos Humanos, da implantação da Ouvidoria
de Polícia em São Paulo e dos debates sobre mudança de jurisdição dos crimes de
homicídio da Justiça Militar para a Justiça Civil, relaciona Adorno.
Organizou
uma dezena de cursos, treinamentos e conferências sobre temas como gestão local
de segurança, geoprocessamento e análise espacial do crime, prevenção da
violência, entre outros.
E
compartilhou a experiência em pesquisa, georreferenciamento e análise de dados
com diversos órgãos públicos, como a Fundação Sistema de Análise de Dados
(Seade), a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), a
Coordenadoria de Vigilância em Saúde do Município de São Paulo e a Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH).
A
parceria com a SDH, por exemplo, permitiu o desenvolvimento de uma metodologia
para monitoramento de casos de letalidade que serviu de insumo para a produção
de um software a ser distribuído às ouvidorias de polícia para a padronização
da classificação de informações.
O
Centro também participou de avalições externas independentes de projetos como
os de Melhoria da Gestão Penitenciária, Revisão do Programa Nacional de
Direitos Humanos, Manual de Policiamento Comunitário, Violência por Armas de
Fogo no Brasil, entre outros.
Boa
parte das informações de pesquisa, relatórios, documentos e uma robusta base de
dados está disponível no site www.nevusp.org, que, entre 2008 e 2012, já contabilizou
cerca de 1,5 milhão de visitas.
As
atividades de pesquisa, educação e difusão do Centro para o Estudo da Violência
continuarão pelos próximos 11 anos, durante a vigência do segundo edital do
Programa CEPID. A investigação estará focada na construção da legitimidade das
instituições em sua relação com os cidadãos e funcionários públicos.
“As
pessoas apostam nas instituições, mas não nessas que estão aí”, afirma Adorno.
“A democracia ficou mais complexa. No entanto, algumas exigências do Estado
democrático de Direito não foram cumpridas, o que inclui a aplicação das leis,
o que tem de ser universal. A Justiça não pode ser desigual. Tem que ser
previsível. Tem que haver uma cultura de valorização dos direitos humanos e o
principal agente socializador é o Estado.”
Veja
também um vídeo com entrevista com Sérgio Adorno e Nancy Cardia emhttp://cepid.fapesp.br/materia/65.
OS CÍRCULOS DO TEMPO
(Carlos Fioravanti na Revista
Pesquisa FAPESP) – Ciência também se faz com músculos e suor.
Com uma calça verde recém-colocada sobre a que já vestia, luvas grossas,
capacete vermelho com uma tela sobre o rosto e protetores de ouvido, o botânico
Gregório Ceccantini liga a motosserra, mais uma vez, no meio da tarde de 12 de
setembro.
O
cheiro de gasolina do motor se espalha pelo ar seco da Estação Ecológica dos
Caetetus, uma reserva de mata atlântica no município de Gália, região central
do estado de São Paulo. A lâmina espalha serragem à medida que corta o tronco
de uma árvore morta que se alonga em meio às que permanecem distintamente em
pé.
Depois
de serrar o tronco até o fim, o professor do Instituto de Biociências da
Universidade de São Paulo (USP) desliga a motosserra e a põe sobre o chão
coberto de folhas secas, tira o capacete e puxa o primeiro disco de madeira da
peroba-rosa.
“Vejam
que lindo”, ele diz, agachando-se e colocando o disco de madeira avermelhado
sobre uma das pernas para mostrar os anéis concêntricos, de largura variável,
que indicam a velocidade de crescimento anual das árvores: quanto mais largo,
mais a árvore cresceu naquele ano, em resposta ao suprimento de água e
nutrientes.
Ceccantini, em
colaboração com Dieter Anhuf, da Universidade de Passau, sul da Alemanha, tem examinado os anéis para ver as
respostas de árvores de várias espécies do Norte e do Sudeste do Brasil às
variações de umidade e temperatura, à duração das estações secas e chuvosas –
enfim, às mudanças do clima – nos últimos séculos.
Com
árvores de Minas Gerais, a equipe da USP conseguiu detectar as variações locais
do clima desde 1940, complementando os estudos de reconstituição climática em
uma escala de tempo maior, da ordem de milhares de anos, feitos por meio de
pólen e de minerais de cavernas.
Essa
abordagem tem indicado que, em algumas espécies de árvores, a elevação dos
níveis de gás carbônico (CO2) na atmosfera, como a prevista para as próximas
décadas, pode não ser o bastante para acelerar o crescimento, porque a elevação
da temperatura, também prevista, pode favorecer a perda de água e conter o
crescimento dos tecidos vegetais.
Os
anéis mais internos do disco recém-cortado da peroba-rosa são finos. A provável
razão, explica Ceccantini, é que no início a árvore devia crescer timidamente à
sombra de outras. Os anéis vizinhos são mais largos e sugerem que a peroba
tinha chegado ao dossel, absorvia mais luz e crescia de modo acelerado.
Os
anéis mais próximos da casca são, outra vez, finos, sinal de que o ritmo de
crescimento vinha reduzindo, ou porque a árvore já definhava antes de cair ou
porque outras tinham chegado ao alto da floresta e a competição por luz se
intensificara.
Em
seguida, Ceccantini coloca sobre o tronco cortado a fatia de madeira pesando de
20 a 30 quilos, raspa a superfície do disco com um estilete e conta os anéis
com uma lupa.
“Numa
contagem grosseira”, ele estima, “esta árvore tem de 180 a 200 anos”. A bióloga
Paula Jardim estica uma trena ao longo do tronco e conclui que a árvore de 23
metros da base até o início da copa deve ter morrido em pé e depois caído, há
um ou dois anos. Ceccantini toma fôlego, recoloca o equipamento e recomeça a
fatiar a peroba caída gerando muito barulho e serragem vermelha.
DOCUMENTÁRIO
SOBRE ESCLEROSE LATERAL
Está em cartaz em seis capitais brasileiras, entre elas São Paulo, o
documentário Eu Respiro, que conta a história de um
jovem pai que tem sua vida modificada rapidamente em decorrência da esclerose
lateral amiotrófica (ELA).
Em
exibição no Espaço Itaú de Cinema, o filme dirigido pelas escocesas Emma Davie
e Morag McKinnon terá a renda revertida ao Instituto Paulo Gontijo (IPG),
organização não governamental sem fins lucrativos que incentiva a realização de
pesquisas e estudos científicos para o conhecimento da ELA.
O
longa já participou de diversos festivais ao redor do mundo e recebeu o prêmio
de melhor documentário no RiverRun International Film Festival, nos Estados
Unidos.
Neil
Platt, personagem principal do documentário, fica completamente paralisado do
pescoço para baixo. Com o corpo cada vez mais fraco, sua perspectiva sobre a
vida muda e sua preocupação é deixar uma caixa de memórias para o filho Oscar,
de 1 ano. Durante a reflexão dos últimos meses de vida, ele relata sua
trajetória a partir de suas memórias e impressões sobre o amor, a amizade e
seus passeios de moto.
A
ELA acomete pessoas de todas as idades, com maior frequência a população entre
65 e 74 anos, e caracteriza-se pelo comprometimento da mobilidade e da fala dos
pacientes. A doença ataca os neurônios motores que enviam mensagens do cérebro
para os músculos e é progressiva.
O
IPG – instituição idealizada pelo físico e engenheiro civil Paulo Gontijo
(1932-2002), portador da doença – incentiva os estudos sobre a ELA nas áreas de
diagnóstico, genética, tratamento e epidemiologia. Desde 2007, estimula jovens
pesquisadores ao redor do mundo no estudo em busca da cura da doença por meio
do Prêmio PG de Medicina e, em âmbito nacional, por meio de prêmios de Física,
Química e Matemática.
O
trailer e mais informações sobre o filme podem ser acessados em www.iambreathing.com
FROM A LAND OF MONSTERS TO MONSTERS IN THE SKY
FROM A LAND OF MONSTERS TO MONSTERS IN THE SKY
A Universidade Presbiteriana Mackenzie
promove, no dia 3 de dezembro, às 15 horas, a palestra “From a land of monsters
to 'monsters' in the sky", que será proferida pelo astrofísico Alexander
MacKinnon.
MacKinnon
é professor do Centre for Open Studies da University of Glasgow, na Escócia, e
pesquisador da área de aceleração de partículas de altas energias, com foco nos
fenômenos de explosões solares.
O
título da palestra brinca com o termo “monstro”, relacionando-o a histórias da
cultura escocesa e a descobertas de buracos negros e explosões de estrelas de
alta energia. A extinta estação de pesquisa meteorológica no observatório de
Ben Nevis (ponto mais alto da Escócia) também fará parte das discussões.
O
evento é promovido pelo Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie
(Craam) e ocorrerá na sede da universidade, que fica na Rua da Consolação, 896,
em São Paulo. Aberto ao público geral.
Mais
informações pelo cage.pos@mackenzie.br.
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