Depois da febre, quando todos abriram suas contas e passaram a relatar
cada uma das atividades diárias na rede, veio a calmaria. “O Twitter está
morrendo”, dizem os alarmistas. Jack Dorsey, um dos fundadores e chairman da
rede social, no entanto, discorda veementemente desta posição e sequer a
considera uma possibilidade.
Em um bate-papo na FGV, em São Paulo, o executivo destacou a importância
do Twitter, criado em 2006, e comparou-o ao Facebook, apontado como um dos
motivos pelo suposto crescente desinteresse dos internautas por sua criação.
“Não tenho medo do crescimento do
Facebook e, portanto, não acredito que ele causará a morte do Twitter. Vejo
diferenças bastante nítidas entre essas duas redes sociais.”
“Para mim, o Facebook funciona muito
bem para conectar e aproximar amigos. Já o Twitter, considero mais uma
ferramenta de informação. É claro que as postagens podem ser bastante subjetivas.
O fato de eu acordar e twittar que estou tomando café da manhã pode não
interessar a 99% das pessoas que me seguem, mas sem dúvida interessa à minha
mãe”, brincou Dorsey.
“Creio que o Twitter apresenta de
maneira mais direta o que está acontecendo de relevante no mundo, em tempo
real. Em cerca de um minuto, é possível se atualizar sobre tudo. Há menos
interferência que no Facebook”, salientou.
O executivo destacou a atenção que a
empresa tem dado ao Brasil, segundo ele um mercado chave. “Embora pequeno,
nosso escritório regional tem crescido. O brasileiro abraça muito rapidamente a
tecnologia. Este é um país influente e, claro, estamos de olho na Copa do Mundo
e nas Olimpíadas. Será maravilhoso ver todos compartilhando informações e
imagens sobre esses eventos”, disse.
Negócios
Dorsey lembrou que a ideia para a
criação do que viria a ser o Twitter nasceu em 2001. “Montei um sistema
simples, quase um e-mail. Disparei para meus amigos, contando que eu estava no
parque. Bom, eles não estavam interessados em saber disso”, afirmou, entre risos.
O Twitter como o conhecemos surgiu
cinco anos depois. “Para o empreendedor, é preciso paciência. Muitas vezes você
tem dinheiro e um projeto incrível em mente, mas simplesmente não é o momento
de levá-lo adiante. Isso não quer dizer que você deva abandoná-lo”.
Apesar de não detalhar números, o
executivo fez questão de destacar que o Twitter vai muito bem: “Vejo
publicitários pelo mundo elogiando nosso modelo e já vi marcas sendo muito
criativas na utilização destes 140 caracteres. É certo que limitação estimula
criatividade, então estamos até à frente nesse sentido”.
Square
Ferramenta disponível apenas nos
Estados Unidos e Canadá, o Square, sistema de pagamento via mobile, é a nova
aposta de Dorsey. Por meio de um pequeno adaptador para iPhone e aparelhos com
sistema Android, que faz a leitura de cartões físicos, é possível efetuar
transações como se o celular fosse uma máquina de cobrança.
De acordo com o executivo, a ideia é
levá-lo a outros países, projeto que demanda um estudo profundo sobre as
regulamentações financeiras de cada local. “Nos EUA, foi um trabalho intenso de
sete meses junto aos bancos”, conta. Simplificando, o Square, se
popularizado, pode representar o fim dos 5% embutidos no preço de um produto ou
serviço, valor referente à taxa cobrada pelo uso das máquinas de cartões de
crédito e débito. (Propmark)
AS
NOVAS REGRAS DO AVISO PRÉVIO
(Texto de Sandra Sinatora.
Formada em Direito pela
Universidade São Judas Tadeu, é especialista em Direito Material e Processual
do Trabalho e responsável pela área de Direito do Trabalho). A
Lei 12506/2011, publicada em 13/10/2011, regulamentou o aviso prévio
proporcional, o que gerou muitas discussões e dúvidas. Para auxiliar a
aplicação das novas regras, o Ministério do Trabalho e Emprego emitiu a Nota
Técnica nº 184/2012 com alguns procedimentos que devem ser observados por
empregados e empregadores no ato das rescisões contratuais. Com base na
referida Nota Técnica:
O aviso prévio passou a
ser de 90 dias?
Com o advento da Lei
12506/2011, o prazo mínimo do aviso prévio continua sendo de 30 dias, porém a
cada ano trabalhado este prazo deve ser aumentado em três dias, limitando-se
este acréscimo a 60 dias.
Assim, caso o empregado
tenha até um ano de contrato de trabalho, o seu aviso prévio será de 30 dias.
Contando com dois anos
de contrato de trabalho, seu aviso prévio será de 36 dias.
Contando com cinco anos
de contrato de trabalho, o aviso prévio será de 45 dias e assim sucessivamente.
Portanto, o aviso prévio
de 90 dias não se tornou regra geral e será válido somente para aqueles
empregados que completarem 20 anos ou mais na mesma empresa.
O aviso prévio
proporcional deve ser aplicado nos casos em que o empregado pede demissão?
A Nota Técnica do
Ministério do Trabalho e Emprego afirma que o aviso prévio proporcional deve
ser aplicado somente em benefício do empregado, ou seja, quando o mesmo for
dispensado imotivadamente. Nos pedidos de demissão, o prazo continua a ser de
30 dias.
Como fica a aplicação
do artigo 488 DA CLT que trata da redução da jornada de trabalho no curso do
aviso prévio?
Nos termos da referida
Nota Técnica ficam mantidas as possibilidades previstas no artigo 488 da CLT,
podendo o empregado optar pela redução de 02 horas de sua jornada diária ou 07
dias corridos.
O tempo do aviso prévio
é contado para fins previdenciários?
O aviso prévio integra
o contrato de trabalho para todos os efeitos legais, seja ele indenizado ou
trabalhado. Para tanto, o empregado deve estar atento em relação a data
de baixa em sua CTPS que deve corresponder ao dia que terminaria o aviso prévio
caso o mesmo fosse trabalhado.
Sobre Ragazzi
Advocacia e Consultoria
Consciente de que o desenvolvimento de qualquer
equipe jurídica esta diretamente ligada ao crescimento e ao sucesso de seus
clientes, a Ragazzi Advocacia e Consultoria fornece informações e patrocínio de
interesses, com estudo continuo de formas legais aplicáveis a cada caso,
objetivando resultados plenos e satisfatórios. O escritório, que em 2011
completou dez anos, nasceu do sonho de um jovem advogado. Hoje, possui diversos
profissionais das mais variadas áreas do direito, todos dedicados e engajados
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responsabilidade. Mais informações podem ser obtidas pelo site www.ragazzi.adv.br.
Dúvidas em direito e legislação devem ser encaminhadas para contato@ragazzi.adv.br
AS MARCAS MAIS VALIOSAS DO BRASIL
Coca-Cola e Skol foram eleitas a marca mais forte e marca
mais valiosa, respectivamente, no prêmio As marcas mais valiosas do
Brasil. O ranking, produzido pela revista IstoÉ Dinheiro, da Editora Três, traz
50 marcas entre as mais valiosas – com maior valor de mercado – e 12 entre as
mais fortes – com maior poder de influência entre os consumidores – e é
resultado de uma pesquisa feita em parceria com as empresas BrandAnalytics,
Millward Brown e o WPP Group.
Com valor de
mercado de US$ 6,5 bilhões e quase 30% de participação de mercado, a Skol
desbancou a Petrobras, que ocupava o topo de ranking no ano passado e caiu para
a segunda posição em 2013 devido ao acúmulo de perdas verificada ao longo do
ano passado.
Também estão na
lista das mais valiosas Bradesco, na terceira colocação, e Itaú, na quarta.
Entre as mais fortes, além da Coca-Cola, que atingiu 100 pontos pela
metodologia da pesquisa, estão Trident, seguida por Bohemia e por Johnny
Walker.
O ranking
utilizou a base de dados da BrandZ, que analisa mais de seis mil marcas ao
redor do mundo, e utilizou pesquisa de mercado com consumidores conduzidas pela
Millward Brown, as duas pertencentes ao WPP. Foram entrevistados mais de 12 mil
brasileiros ao longo de 2012 e pesquisadas 440 marcas de 32 categorias. Destas,
50 foram selecionadas para a avaliação.
O levantamento
para as marcas mais valiosas considerou somente marcas brasileiras, o que
significa ter operação predominantemente nacional ou sede no país, e marcas
pertencentes a empresas de capital aberto.
Para chegar às
marcas mais fortes, a metodologia verificou o seu poder de influência e de
impacto nos consumidores no momento da decisão de compra. Já as marcas mais
valiosas foram definidas de acordo com uma equação que considera o valor do
negócio e a participação da marca como ativo intangível, incluindo a percepção
gerada para os acionistas.
TECNOLOGIAS PARA LICENCIAMENTO POR EMPRESAS
(Texto de Elton Alisson, distribuído pela Agência FAPESP) – Empresas
interessadas em tecnologias desenvolvidas por pesquisadores da Unesp não
precisam percorrer as 34 unidades da instituição, espalhadas por 24 municípios
do Estado de São Paulo, para fazer essa busca.
A Agência Unesp de
Inovação publicou na internet um banco de tecnologias geradas por
intermédio de pesquisas feitas na instituição, disponíveis para licenciamento
por meio de acordos de transferência de tecnologia.
O banco reúne 30
exemplos de tecnologias nas áreas de agropecuária, alimentos, energia,
engenharia e instrumentação, meio ambiente, novos materiais, saúde humana,
tecnologia da informação e veterinária, prontas para serem introduzidas no
mercado.
“As tecnologias
geradas na Unesp podem ser licenciadas por empresas para que a universidade
complete seu papel no processo de estímulo à inovação tecnológica: transferir o
conhecimento gerado em pesquisas, possibilitando a introdução de novos produtos
e serviços no mercado”, disse Fabíola Spiandorello, gerente de propriedade
intelectual da Auin, à Agência FAPESP.
Spiandorello participou, do Diálogo sobre apoio para inovação na
pequena empresa, no auditório da FAPESP. Realizado em parceria com o Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo, o evento esclareceu dúvidas de
representantes das empresas que apresentaram ou têm interesse em submeter
projetos a uma nova chamada de propostaslançada recentemente
pelo Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas.
A chamada visa apoiar
o desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores por empresas
paulistas de acordo com as regras do PIPE, em todas as fases do programa.
Serão financiados
projetos de pesquisa para inovação em todas as áreas do conhecimento. Podem
participar da seleção como proponentes microempresas ou empresas de pequeno
porte brasileiras, sediadas no Estado de São Paulo.
O prazo de execução
do projeto deverá ser de até 24 meses, dependendo da fase de desenvolvimento em
que ele se encontra. As propostas serão recebidas até 3 de maio.
Para facilitar a
aproximação entre as empresas e os pesquisadores, a coordenação do PIPE tem
convidado representantes das agências de inovação de universidades paulistas
para as reuniões do programa a fim de que exponham suas ações.
Proteção da
propriedade intelectual
“Além de auxiliar
empresas interessadas em submeter projetos ao PIPE a identificar tecnologias
desenvolvidas na Unesp, também realizamos mapeamentos de competências e
identificamos pesquisadores que possam ajudar no desenvolvimento dos projetos”,
destacou Spiandorello.
Spiandorello aponta
que a Unesp tem cerca de 3,5 mil docentes, que trabalham em Regime de Dedicação
Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP), Regime de Turno Completo (RTC) ou
Regime de Tempo Parcial (RTP).
Por resolução
interna, os professores que trabalham em RDIDP podem dedicar até 8 horas
semanais de sua carga horária semanal de trabalho para participar do
desenvolvimento de projetos em parceria com a iniciativa privada ou prestar
consultoria.
Já os docentes com
contrato de trabalho em RTC (com 24 horas de atividades semanais na Unesp) e os
em RTP (12 horas semanais) teoricamente têm mais disponibilidade.
“O limite de
dedicação de um pesquisador que atua na universidade ou instituição de pesquisa
a um projeto em parceria com uma empresa é um ponto que deve ser pensado ao
preparar uma proposta para o PIPE”, salientou Spiandorello.
Sérgio Robles Reis de
Queiroz, professor da Unicamp e membro da Coordenação Adjunta de Pesquisa para
Inovação da FAPESP, ressaltou que, antes de submeter um projeto ao PIPE, é
necessário que as empresas façam um bom mapeamento da tecnologia que pretendem
desenvolver, de modo a se certificar de que ela ainda não exista e não
infringir patentes existentes.
“Há projetos que
podem ter seu caminho bloqueado pela existência de patentes. Por isso, é
preciso que as empresas que submeteram proposta ao PIPE-FAPESP façam a lição de
casa: mapear o terreno da tecnologia que pretendem explorar de modo a assegurar
que podem atuar, sem infringir a propriedade intelectual de terceiros”,
destacou Queiroz.
Outra recomendação
dada por Queiroz é de que as empresas tenham uma estratégia de proteção da
propriedade intelectual da inovação que pretendam desenvolver – não
necessariamente com uma patente.
“Há empresas que
optaram por proteger suas inovações por meio do segredo industrial, que é um
método legítimo de apropriação e proteção dos resultados de uma inovação”,
avaliou. “Mas, se uma empresa optar por proteger sua propriedade intelectual
por meio de patente, precisa definir uma estratégia, que passa por
questões do tipo se vai patentear sua inovação só no Brasil ou também em outros
países.”
Invenções de
universidades
As universidades e
instituições de pesquisa costumam proteger suas tecnologias por meio de
patentes. Segundo Spiandorello, a Unesp, por exemplo, tem cerca de 150 pedidos
de patentes e mais de 50 pedidos de registro de softwares.
A maior parte das
solicitações de proteção de propriedade intelectual da universidade paulista,
intermediadas desde 2009 pela Auin, é proveniente das áreas de saúde humana e
química.
“A Unesp começou a se
preocupar com a proteção da propriedade intelectual de suas invenções desde a
década de 1980, quando fez seu primeiro pedido de patente”, disse Spiandorello.
Para facilitar o
processo de identificação das invenções, a Auin também criou um sistema no qual os pesquisadores da
universidade se cadastram e submetem as tecnologias desenvolvidas para análise
dos técnicos da Agência de Inovação. Implementado no início do ano, o sistema
está em fase de testes.
“O sistema vai ajudar
a cumprir a missão da Auin, que é cuidar dos ativos de propriedade intelectual
gerados pelos pesquisadores da Unesp durante o desenvolvimento de seus projetos
de pesquisa e que podem interessar às empresas”, afirmou Spiandorello.
DOBRAM
OS PRODUTOS INSPIRADOS PELA NATUREZA
(Texto de Karina Toledo, distribuído pela Agência FAPESP) – A planta de lótus (Nelumbo nucifera) virou símbolo de pureza
espiritual por sua capacidade de se manter impecavelmente limpa apesar do
ambiente lamacento em que vive. Tal façanha pode ser explicada pela presença de
nanocristais de cera na superfície de suas folhas capazes de repelir a água de
maneira muito eficaz. As gotas que ali caem assumem uma forma quase
perfeitamente esférica, deslizam com facilidade e levam consigo a sujeira e os
microrganismos.
Tal
fenômeno, batizado pelos cientistas de “efeito lótus”, serviu de inspiração
para o desenvolvimento de tintas, vidros e tecidos autolimpantes, que dispensam
o uso de detergentes, além de equipamentos eletrônicos à prova d’água.
Já a
superfície única da pele do tubarão de galápagos (Carcharhinus galapagensis),
repleta de minúsculas protuberâncias que funcionam como um repelente natural de
bactérias, inspirou o desenvolvimento de biofilmes para revestir camas
hospitalares, entre outras aplicações.
Esses e
outros exemplos de tecnologias inspiradas pela natureza foram apresentados pela
bióloga norte-americana Janine Benyus durante o Simpósio Internacional
Biomimética & Ecodesign, realizado pela FAPESP e pela Natura no dia 11 de
abril.
Benyus é
pioneira em um campo de pesquisa emergente, a biomimética, que propõe aos
cientistas usar a biodiversidade não como fonte de matéria-prima para a
indústria, mas como fonte de ideias para o design e o desenvolvimento de
produtos e de sistemas.
“O número
de produtos inspirados pela natureza dobra a cada ano no mercado e o número de
publicações científicas na área duplica a cada dois ou três anos. É um campo do
conhecimento que cresce muito rapidamente”, contou Benyus.
Durante a
palestra, a bióloga mostrou de que forma a biomimética pode ajudar a superar
desafios globais, como garantir o acesso à água potável, à alimentação e à
energia, além de reduzir as emissões de carbono. Entre os casos citados, está
um dispositivo capaz de capturar a umidade do ar e usá-la para irrigar
plantações de forma dez vezes mais eficiente que as redes coletoras de neblina
tradicionais.
O autor
original da ideia é o besouro da Namíbia (Stenocara gracilipes), morador
de áreas desérticas que, durante a madrugada, coleta o sereno com a ajuda de
microcanais na superfície de seu corpo feitos de materiais hidrofóbicos (como
as folhas de lótus) e hidrofílicos (que, ao contrário, atraem a água). As
microgotículas fluem pelos microcanais do dorso e unem-se para
formar gotas grandes, que chegam até a boca do animal.
“Existem
duas formas de fazer biomimética. Uma delas é partir de um desafio de design e
buscar um modelo biológico capaz de realizar aquela função que você precisa. A
outra é observar um fenômeno interessante do mundo natural e procurar
aplicações para ele”, afirmou Benyus.
O princípio
não serve apenas para o desenvolvimento de produtos. Pode inspirar, por
exemplo, o planejamento de cidades sustentáveis, que funcionem como um
ecossistema natural. “Ecossistemas naturais, como as florestas tropicais, são
generosos. Limpam o ar, limpam a água, fertilizam o solo. Produzem serviços que
beneficiam também outros habitats. É isso que as cidades deveriam fazer”,
opinou.
Construir
pontes
Antes de
trabalhar como consultora de empresas interessadas em encontrar soluções para
criar produtos sustentáveis, Benyus era escritora de livros de história
natural.
“Como
bióloga, eu via muitos pesquisadores estudando como as folhas fazem
fotossíntese e como os ecossistemas trabalham tão bem em conjunto. Por outro
lado, havia um interesse crescente das empresas por soluções mais sustentáveis.
Mas os designers não enxergavam as pesquisas produzidas pelos biólogos.
Era preciso construir uma ponte entre eles”, contou em entrevista àAgência
FAPESP.
Há 15 anos,
Benyus publicou o livro Biomimicry:
Innovation Inspired by Nature, no qual reuniu diversas pesquisas sobre o
tema e introduziu o termo “Biomimética”. Desde então, além de prestar
consultoria empresarial, a americana oferece um serviço sem fins lucrativos
para instituições acadêmicas e cursos de especialização para biólogos,
químicos, engenheiros, arquitetos e demais cientistas interessados em se
aprofundar no tema. Todos os serviços estão reunidos no Instituto Biomimicry 3.8.
Benyus
também mantém o portal Ask Nature , que reúne um enorme
banco de dados taxonômicos e permite aos pesquisadores interessados em
biomimética realizar gratuitamente buscas de estratégias do mundo natural para
lidar com um determinado desafio.
“Tudo que
os organismos naturais fazem para saciar suas necessidades – comer, respirar,
acasalar – contribui de alguma forma para a fertilidade do habitat em que
vivem. Os dejetos dos animais adubam o solo, o dióxido de carbono que expiram é
usado pelas plantas na fotossíntese. A vida criou um sistema generoso e essa é
a razão pela qual esse material genético existe há 10 mil gerações. A única
forma de garantir o futuro de nossos filhos, netos e bisnetos é cuidar do lugar
em que vão viver. Tem de aprender a ser generoso. É o que a vida faz”,
defendeu.
Design
sustentável
Ainda
durante o Simpósio Internacional Biomimética & Ecodesign, Tim McAloone,
professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Danmarks Tekniske
Universitet, na Dinamarca, falou sobre outra estratégia que permite às empresas
criarem processos e produtos ambientalmente adequados: o ecodesign.
“Design
para o ambiente é um conceito que permeia todas as fases do ciclo de vida de um
produto, desde a escolha do material, do processo de manufatura e dos meios de
transporte,até a distribuição e o descarte”, explicou.
Como
exemplo, citou uma cadeira de escritório desenvolvida pela empresa
americana Steelcase. Com um número menor de peças e materiais
diferenciados, foi possível reduzir 15% o peso de transporte e o volume,
além de tornar o processo de reciclagem mais fácil e de aumentar a
durabilidade.
Além de
apresentar aos cientistas critérios-chave para o design sustentável, McAloone
falou sobre meios para implantar essa forma de planejamento nas organizações e
divulgou um guia gratuito para o desenvolvimento de produtos disponível para
download no site:www.kp.mek.dtu.dk/Forskning/omraader/ecodesign/guide.aspx.
Parceria
Na abertura
do simpósio, o diretor de Ciência e Tecnologia da Natura, Vitor Fernandes,
afirmou que o objetivo do evento era unir dois temas considerados pela empresa
“bastante complementares”. “Queremos discutir com a comunidade científica de
que forma isso pode ser aprofundado, expandido e gerar valor para a sociedade,
as empresas e a ciência”, disse.
O diretor
científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, ressaltou que a parceria
com a Natura faz parte dos esforços da FAPESP para promover a interação entre
pesquisadores de instituições acadêmicas paulistas e aqueles que atuam em
empresas.
“No Estado
de São Paulo existe um grau de interação entre empresa e universidade
comparável ao de qualquer lugar do mundo onde há boas pesquisas e boa ciência”,
disse Brito Cruz.
Segundo
dados da National Science Foundation, em 2010, aproximadamente 6% do dinheiro
investido em pesquisa nas universidades norte-americanas veio de empresas. “Na
Europa esse percentual varia entre 3% e 10%. Em universidades paulistas, como
USP, Unesp e Unicamp, está entre 5% e 10%. São percentuais comparáveis em
termos de volume de recursos e de quantidade de projetos”, disse Brito Cruz.
Mas, para
que a parceria dê certo, ponderou o diretor científico da FAPESP, é preciso que
a empresa tenha sua própria atividade de pesquisa. “Assim conseguirá perceber
onde precisa de ajuda e montar uma pauta de pesquisa. A colaboração com a
universidade não substitui a pesquisa interna da empresa”, destacou.
MICRORGANISMOS
NOS ALIMENTOS
Estudo sobre o
impacto dos microrganismos na segurança e qualidade dos alimentos estará no
centro das discussões da primeira Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA)
sobre Avanços em Modelagem Preditiva e Avaliação Quantitativa de Riscos
Microbiológicos em Alimentos, que ocorrerá na capital paulista entre 28 de
outubro e 6 de novembro.
“Na última
década, as ferramentas de modelagem preditiva e avaliação de risco
microbiológico causaram um grande impacto na pesquisa em microbiologia,
processamento, controle e legislação de alimentos, mas ainda permanecem muitos
desafios, principalmente em relação aos conceitos básicos, aplicações e
benefícios dos modelos preditivos”, destacam os organizadores.
O evento
ocorrerá no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) – modalidade
de apoio da FAPESP –, sob a coordenação de Bernadette Dora Gombossy de Melo
Franco, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo
(USP). O local será o Auditório Professor Francisco Romeu Landi, na Escola Politécnica.
Segundo
Gombossy, o programa da escola foi planejado para cobrir os aspectos teóricos e
práticos dos temas que serão apresentados por 23 pesquisadores renomados de
diversos países. As palestras e os trabalhos apresentados serão publicados em
uma edição especial do Brazilian
Journal of Microbiology. Haverá também uma seção de pôsteres e
apresentações orais das pesquisas dos participantes.
Entre os
palestrantes estrangeiros estão Jozsef Baranyi, do Institute of Food Research,
de Norwich (Reino Unido), Stanley Brul, da University of Amsterdam (Holanda), e
Paw Dalgaard, da Danish Technical University (Dinamarca). Todas as
apresentações serão feitas em inglês, sem tradução simultânea.
Haverá duas
categorias de participantes: os patrocinados e os não patrocinados. Para o
primeiro caso, serão selecionados até 50 estudantes de mestrado ou doutorado ou
jovens pós-doutores, que receberão apoio inclusive para despesas de viagem. As
inscrições para receber o auxílio serão avaliadas pelo comitê científico. Ao menos
um resumo deve ser apresentado para se inscrever nessa categoria. O prazo para
essa inscrição é 31 de maio.
As vagas
também são limitadas a 50 para as inscrições não patrocinadas. A taxa de
inscrição é de R$ 500 para mestrandos, doutorandos e jovens pós-doutores e de
R$ 1,8 mil para profissionais. Detalhes: www.fcf.usp.br/espca2013.
O
CEU E A TERRA, UM LIVRO
(Zenit.org) - O diálogo como encontro de duas culturas milenares
que não procuram o conflito, mas a proximidade em prol de um entendimento
mútuo: cristãos e judeus comungam não para assimilar uns aos outros e se tornar
iguais, mas para encontrar uma base comum na história da humanidade.
No
livro O Céu e a Terra (2013), o diálogo entre Jorge Mario
Bergoglio, futuro papa Francisco, e Abram Skorka, rabino da comunidade de Benei
Tiuka e professor de direito judaico na Universidade de Salamanca, Espanha, é
um exemplo de comunicação respeitosa entre duas identidades religiosas
diferentes: a cristã e a judaica. Ambos sentem a necessidade de escrever sobre
a sua amizade para divulgar seu pensamento religioso pessoal.
Os
temas abordados no livro vão do conceito de Deus à educação, da mulher ao
casamento entre pessoas do mesmo sexo, da ciência à globalização, passando pela
pobreza e pelo futuro das religiões.
Como o
papa de origens italianas nascido no continente americano e o professor judeu
explicam a sua experiência religiosa? As páginas do livro mostram dois homens
unidos pela busca de Deus e revelam o quanto as suas interpretações são
interligadas.
Se
para Francisco é "o instinto do coração" que guia o homem num caminho
de alegrias, tristezas e vicissitudes a ser entendidas como um ato de
introspecção da alma, para o rabino a experiência espiritual é descrita em
perspectiva "dinâmica". Eles repropõem, mais adiante, os termos das
matérias químicas, de que ambos foram estudiosos, fazendo uma transposição dos
termos científicos em perspectiva religiosa.
Nosso
papa usa o termo "síndrome de Babel" para explicar a exaltação
arrivista do homem moderno, expressão de uma "ética construtivista":
o homem se coloca no centro do universo e perturba o seu equilíbrio natural,
erigindo-se criador e, num delírio de onipotência, exaltando a si mesmo.
O
rabino Abram Skorka afirma que o progresso, de que o ser humano é sem dúvida o
artífice, quer se restituir ao homem, com o objetivo final do bem-estar global,
enquanto o sistema econômico o domina em todo o cenário internacional.
Como
Jorge Mario Bergoglio descreve a mulher? Ele diz, no livro, que a sua função é
identificar-se com Maria, "a mãe da comunidade", e que na maternidade
ela expressa plenamente o seu ser. Sua exortação é contra a caricaturização do
ser mulher pelos extremismos, como os que aconteceram com os movimentos
feministas dos anos vinte. Esses extremismos assumem aparências de machismo:
com as suas ações e comportamentos, os dois aviltam a dignidade e a alma do ser
homem e do ser mulher.
Estamos
imersos numa sociedade global em que há muitas dificuldades políticas, sociais,
econômicas, que, transversal e diretamente, afetam todas as populações, tanto
hoje quanto no passado. Dando alguns passos para trás no tempo, em 1991, o papa
João Paulo II aborda esta questão no centenário da Rerum Novarum: para lidar com as mudanças de um mundo que sai da Guerra
Fria, acentua-se a delicada questão do comunismo e do "capitalismo
selvagem": ambos são responsáveis pelas desigualdades sociais que minam
os direitos fundamentais da dignidade de todo ser humano.
Em O Céu e a Terra, Bergoglio concentra o seu pensamento sobre capitalismo e
comunismo: ele compara os dois sistemas ao ópio.
A
tarefa do homem de progredir em todas as áreas, científica, moral, do trabalho,
é bloqueada por ambas as ideologias; se, porém, no capitalismo se vislumbra uma
aceitação da religiosidade, ainda que mascarada de mundanidade, no comunismo
não há espaço algum para o que é transcendente.
UM
DEBATE FRANCO-BRASILEIRO
O Consulado Geral da França em São
Paulo e a Universidade de São Paulo (USP) realizarão o colóquio internacional
“A ‘Responsabilidade de Proteger’ em questão: um debate franco-brasileiro” no
dia 25, das 9h30 às 18h30.
Entre os
participantes do evento estão Bruno Delaye, embaixador da França no Brasil,
Alain Rouquie, ex-embaixador da França no Brasil, Rony Brauman, ex-presidente
da ONG Médicos Sem Fronteiras, Celso Lafer, presidente da FAPESP e ex-ministro
das Relações Exteriores do Brasil, e Pedro Dallari, professor em Direito
Internacional do Instituto de Relações Internacionais da USP.
Aluísio
Segurado, vice-reitor Executivo de Relações Internacionais da USP,
Jean-Baptiste Jeangène Vilmer, pesquisador em Direito Internacional da McGill
University, Oliver Stuenkel, professor assistente em Relações Internacionais da
Fundação Getúlio Vargas, e Fernando Mello Barreto, chefe do Escritório de
Representação do Itamaraty em São Paulo, serão outros dos participantes.
Em 2005, os
Estados membros da Organização das Nações Unidas reconheceram o princípio de
uma “Responsabilidade de Proteger” (R2P) por parte da comunidade internacional,
que se aplica a partir do momento em que um Estado se mostra incapaz ou não
disposto a proteger a sua população contra os crimes mais graves.
Produto da
reformulação do antigo “direito de ingerência” essa noção, embora promova uma
visão generosa da defesa dos direitos humanos, não deixa de suscitar vários
questionamentos e até críticas.
A França e
o Brasil são dois atores essenciais nesse debate em aberto. O primeiro, com
assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e detentor de uma
diplomacia global, está diretamente envolvido em todas as decisões referentes à
aplicação da R2P. O segundo propôs, no início de 2012, o conceito de
“Responsabilidade ao Proteger”, que busca elevar o nível de exigência dos
critérios do uso da força no quadro da R2P.
O colóquio,
organizado com apoio do Círculo Lévi-Strauss, pretende reunir diplomatas,
universitários e ativistas para expor um panorama da situação e dos debates
atuais, tanto no que se refere à reflexão conceitual quanto à discussão de
casos concretos: desde o Sudão e a Líbia recentemente, até o Mali e a Síria
hoje.
O evento será realizado no Auditório István
Jancsó da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, Rua da Biblioteca, s/nº,
Cidade Universitária, São Paulo. Detalhes: pierre-louis.mayaux@cendotec.org.br.
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