O Grupo Informa, empresa carioca especializada em pesquisa, tem nova
operação no mercado: a Informa Estratégia Comunicativa, focada em gestão de
reputação. A partir de uma metodologia batizada de “Constructo Reputação”, a
intenção é ajudar empresas, governos e órgãos públicos a gerenciar sua imagem e
marcas.
Fábio Gomes, diretor-presidente
do grupo, passou três anos aprimorando o novo serviço, que é fruto de tudo o
que fizeram até hoje a partir de meados dos anos 1990, quando fundaram o grupo
na cidade de Paraíba do Sul, interior do estado do Rio de Janeiro, passando por
2003, quando chegaram na capital.
Desde então, 80% de seus trabalhos foram voltados para a política. “Foi
nesta área que aprendemos boa parte do que sabemos, pois é onde se tem a
comprovação de resultados sistematicamente. Pesquisa, urna e comprovação. E as
estratégias de comunicação construídas pelo processo qualitativo de pesquisa
também são um grande teste de eficiência.
É como uma loja que só abre as
portas um dia por ano”, explica o executivo, um acadêmico por natureza, que se
dedicou a estudar ciências sociais, comportamento, comunicação e racionalidade
comunicativa, sempre em busca de novos métodos de pesquisa.
Em pesquisa qualitativa, por exemplo, Gomes interessou-se pela
construção dos discursos – o que o levou à metodologia que lança agora. Mas o
que ele sempre buscou foi uma maneira de reintegrar a inteligência à pesquisa.
“Algo que foi se perdendo ao longo do tempo”, opina.
“Queria fugir de uma questão problemática que as pesquisas apresentam
hoje: sua comoditização. Ela afastou-se, ao longo do tempo, do poder decisor,
seja ele o empresário ou o executivo de marketing. Surgiu um gap preenchido por
consultorias e agências de publicidade, e as pesquisas viraram commodities. Os
institutos ficaram com o operacional e a leitura dos dados nas mãos de outras
pessoas. Caímos na vala comum”, diz.
De três anos para cá, o executivo passou a estudar um novo formato, indo
para o campo da linguística e da construção do discurso, com a ideia de que a
marca de qualquer coisa é uma construção social, e não uma imposição criativa.
Trouxe para sua pesquisa doutores em linguística, pessoas do Iuperj
(Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e montou um time de
estudos, ajustando o modelo. “Investigo o discurso corrente, da imprensa, das
redes sociais, portais de notícias e blogs, da instituição, da publicidade, dos
funcionários e dos clientes.
A partir da sondagem do índice de reputação e da análise do discurso
corrente, do discurso próprio e da identidade, é possível conhecer a imagem do
cliente”, explica. A principal ferramenta é a das entrevistas em
profundidade. A partir daí, passa-se a conhecer a reputação alcançada pela
instituição e entra a inteligência do método, onde há a intervenção no discurso
corrente e a construção de um plano discursivo para ser adotado.
A criação da metodologia teve como base trabalhos realizados para
clientes como o Ministério da Saúde, Embratur e Fetranspor. Gomes conta que
também se inspirou no trabalho da empresa Reputation, instituto de atuação
mundial que trabalha um índice de reputação com sete dimensões e cria rankings
nos países onde atua, inclusive no Brasil.
“Conversei muito com eles e estudei seu método, que é muito
interessante. Mas, diferente deles, baseei a metodologia nos discursos. E
também não faço ranking”, explica, dizendo que acredita que seu método pode ser
uma ferramenta para as agências de publicidade. “Quase como uma estrutura de
planejamento das ações de comunicação”, completa. (Propmark)
BASQUETE SOBRE RODAS: UM
EVENTO
Dias 24 e 25 de maio, na UNISUL campus Pedra Branca, Meeting Paralímpico: basquete sobre rodas.
O evento tem por objetivo o desenvolvimento de um ambiente que
proporcione a capacitação e a troca de experiências em equipes de Basquete
Sobre Rodas, visando aprimorar o desempenho de equipes paradesportivas.
Destina-se a profissionais que
atuam com o esporte paralímpico, membros de comissões técnicas de basquete
sobre rodas, estudantes de Educação Física, Fisioterapia e demais interessados
na área da saúde e no paradesporto.
POVOS
INDÍGENAS NO BRASIL
Dia do Índio e Povos indígenas é o tema da nova edição da Pré-Univesp, revista digital de
apoio ao estudante pré-universitário publicada pela Universidade Virtual do
Estado de São Paulo.
A revista
traz entrevista com Almir Suruí, líder dos Paiter-Suruí que utiliza tecnologias
da informação para divulgar a luta dos povos indígenas contra o desmatamento.
Suruí fala sobre as parcerias firmadas para apoiar o plano de desenvolvimento
sustentável de sua comunidade.
Outro
destaque da edição é a reportagem sobre as relações entre a tradição e o
conhecimento científico. No Parque Indígena do Xingu, um projeto relaciona
tradição local e medicina ocidental para proteger os povos indígenas de doenças
trazidas pelo homem branco.
As demais
reportagens tratam de temas diversos como os conhecimentos indígenas que
permeiam a cultura brasileira; ameaças às comunidades indígenas com o avanço
econômico, grandes projetos de desenvolvimento e a expansão de atividades
agrícolas e extrativistas; e um polêmico projeto de lei que trata da mineração
em terras indígenas.
A Pré-Univesp também traz artigos de Daniel
Mundukuru, diretor-presidente do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade
Intelectual e autor de obras voltadas para a divulgação do pensamento indígena;
Germano Bruno Afonso, professor aposentado da Universidade Federal do Paraná
que ganhou em 2000 Prêmio Jabuti pelo livro didático O céu dos Índios Tembé; Newton
Paulo de Souza Falcão, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia; e Vera Regina Toledo Camargo e Giselle Soares Menezes Silva,
respectivamente pesquisadora e mestranda no Laboratório de Estudos Avançados em
Jornalismo da Unicamp.
Os
infográficos Mapa dos povos indígenas no Brasil, Línguas ameríndias e Povos
marginalizados, textos literários e vídeos são outros destaque. Detalhes: www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp
MOBILE: AINDA ESTAMOS APRENDENDO
Números do Google mostram que, neste
ano, pela primeira vez, os acessos a sites de buscas via dispositivos móveis
irão superar os realizados via computadores de mesa. Estimativa da consultoria
eMarketer aponta que, em 2013, os gastos com publicidade em smartphones e
tablets devem alcançar US$ 13 bilhões, após o faturamento do meio ter dobrado em
2012 sobre 2011.
O valor ainda é ínfimo perto dos US$ 519
bilhões gastos no ano passado em publicidade no mundo, mas a tendência é de
migração dos investimentos, avalia Michel Lent, jurado brasileiro de Mobile no
Cannes Lions 2013. Lent é diretor do escritório brasileiro da americana Pereira
& O’Dell, operação digital do Grupo ABC. Em entrevista ao propmark, ele
fala sobre o momento da mídia no país, a qual ele vê em processo de
desenvolvimento. “Estamos todos aprendendo a fazer publicidade nos dispositivos
móveis”, afirma.
Mobile é hermético
“O mobile, ao contrário de outras áreas,
é muito hermético. Não vemos os cases na rua. Quando você vê um comercial,
mesmo no YouTube, sabe o que te espera em Cannes. Em Mobile, os cases que
apareceram são muito específicos, fragmentados. Não fui procurado por ninguém
ainda no Brasil interessado em mostrar seu trabalho. Tenho certeza que há peças
sendo inscritas, que iremos chegar lá e que haverá surpresas tanto do Brasil
quanto de outros países. Seremos submetidos a ideias e materiais muito frescos,
tenho certeza disso.”
Apresentação
“Como Mobile é
uma categoria muito nova, os entrantes não são necessariamente empresas com
tradição em festivais. Algo evidente em grandes agências é o cuidado com a
apresentação do case, com a linguagem e com a edição. Brincamos que, em Cannes,
deveria haver uma categoria só de videocase, porque há edições sensacionais de
ideias que não são tão interessantes.”
“O videocase é
uma parte muito importante do processo. Quando há uma nova área, com muitos
entrantes, por um lado, a barra desce, porque qualquer empresa tem chances de
ganhar no começo. Mas, à medida que a área começa a se desenvolver, vencer fica
mais difícil. Por outro lado, há o despreparo de submeter ideias e se preparar
para a área. E são muitas categorias dentro de uma única área, além das
diversas disciplinas que o festival foi agregando ao longo dos anos. E há
diferenças muito tênues sobre as fronteiras entre cada uma.”
Mobile x desktop
“Há um crossover na Ásia, onde as pessoas estão gastando mais tempo no mobile do que no desktop. O Brasil, em mais um ano e meio, também vai ter o seu crossover. Essa é uma questão que suscita outra: já que as pessoas estão gastando tanto tempo nesse dispositivo, como monetizo isso e quais formatos de mídia paga vou conseguir utilizar, com eficácia, nesse novo meio? Há questões de formato, experiência e uma grande confusão sobre tamanho de tela. O fato é que as pessoas estão consumindo mais mídia mobile, e fazer dinheiro é um desafio.”
Crise dos publishers
“O publisher não é sócio de uma empresa
de celulose, não há nenhum problema com o fim do papel, desde que ele consiga
recuperar as receitas de outra forma. Contudo, há compensações. O processo de
distribuição de conteúdo no digital é muito mais barato. Mas é um ‘grande
fuzuê’. As redações são impactadas com questões como qual é o timing de
publicação, modelo de estrutura de redação, refresh editorial. Estamos na era
da informação.”
“Vivemos revoluções tão ou mais
dramáticas quanto a que estamos experimentando agora. É um processo histórico
natural que está ocorrendo em alta velocidade. Se colocar em perspectiva
histórica, são menos de 20 anos (entre o surgimento da internet e modelos sendo
questionados) e já estamos encontrando saídas. Parece uma eternidade agora para
nós que estamos vivendo isso, mas quando avançarmos 40 ou 50 anos na história,
este será um período muito pequeno.”
Aprendizado
“Eu diria que o
mundo não sabe fazer mobile, não só o Brasil. O cenário digital de 2000 é muito
semelhante com o de mobile hoje em matéria de desenvolvimento. Vejo um completo
déjà-vu em determinadas comparações. Por outro lado, há elementos completamente
diferentes. Quando estávamos nesse estágio de produção, em 2000, havia de
quatro a seis milhões de usuários de internet no Brasil. Hoje, se considerar
somente os usuários de banda larga, esse número está acima de 70 milhões.”
“O cenário é
muito diferente, mas o estágio de evolução do mercado é, de certa forma,
parecido. A diferença está na velocidade em que a mudança irá ocorrer. Já houve
todo o aprendizado de digital, então não será preciso gastar tempo convencendo
as pessoas de que mobile é importante ou explicando como funciona. A curva de
aprendizagem é muito mais acelerada que a da época do lançamento da
internet. Acompanho as áreas digitais por muitos anos e vejo que Mobile
está muito próximo do que era Cyber no início, do ponto de vista da
experimentação.”
Contexto
“Nós dizemos que
mobile deve ser muito mais orientado por comportamento do que por dispositivos.
O que muda é a resposta a ser dada à pergunta: ‘O que você está fazendo quando
está em movimento e o que está fazendo quando está sentado em frente a uma
tela?’ Essa é a grande diferença. A solução mobile deve mirar o contexto.”
Banner
“O mobile não é
sobre performance ou branding, mas sobre serviço. O grande desafio para as
marcas é entender o contexto do consumo da mídia mobile. Não pode haver
branding pura e simplesmente. A principal função no mobile é o bom serviço, com
o qual é possível trabalhar a construção de marcas. É difícil as pessoas
entenderem isso.”
“ Não se faz um
aplicativo para lançar um carro, mas um app depois que o carro foi lançado para
acompanhar o proprietário do automóvel a fim de ajudá-lo a usar esse carro da
melhor maneira. Também há a parte de mídia – o Brasil ganhou um Leão de ouro no
ano passado com um anúncio em iPad (AlmapBBDO para a Bradesco Seguros), o que é
legal, mas comparo isso com os nossos banners em Cyber lá de trás.”
“ Em mobile,
isso é um anúncio de rich media, com a diferença de que hoje você toca nele em
vez de passar o mouse. Não há problema em ganhar Leão com banner. Eu já ganhei
Leão de prata com gif animado e não há nada de errado com isso. Mas são os
estágios primários de uma área. À medida que ela vai evoluindo, isso vai
ficando cada vez mais complexo. Salvo anúncios de revista, em que se pode falar
de branding, em mobile o grande desafio é oferecer serviço para a construção de
marcas. É uma outra forma de pensar.”
Métrica
“Não funciona
criar um aplicativo porque sua marca lançou um refrigerante. Quando for feita a
análise do sucesso desse app, se verá poucos downloads, ou um pico de downloads
e, depois, queda, com taxa de abertura nula.”
“Em um caso
assim, há duas alternativas: ou você não lança mais um aplicativo ou você muda
os critérios de sucesso desse app. Você pode considerar que, como é um app de
marca, o critério de sucesso é que um número específico de pessoas abriu o aplicativo
na primeira semana, assim como é tratado o flyer de uma campanha. Mas tem
marcas que comparam o próprio aplicativo com app de jogos, onde as pessoas
gastam 10 horas. Assim, a análise e a comparação ficam muito difíceis.”
Apps de marcas
“É um fato que não conhecemos ninguém que tenha um aplicativo de marca no celular – a não ser que esse app seja orientado a serviço. Mas, se perguntar, verá que há muita gente que baixou um app de marca e que apagou. Isso indica que é necessário ou mudar o formato do aplicativo ou mudar a sua medida de sucesso.”
“Um app de uma seguradora de automóvel é
para o usuário chamar o guincho. E, talvez, a forma do cliente se relacionar
com aquela seguradora passe a ser mais positiva porque ele vê um serviço
adequado às suas necessidades. Eventualmente, o bom serviço prestado por uma
empresa, com um aplicativo, também vai fazer o consumidor optar por aquela
companhia.”
Vine
“A área de
mobile está muito aberta no momento. O Vine coloca um desafio interessante: ele
não permite subir vídeos prontos, editados profissionalmente. É necessário
fazer na câmera do celular e obriga você a trabalhar com os recursos dados por
ele. Já no Instagram é possível fazer uma foto profissional e publicá-la a
partir do seu computador.”
“ No Vine, não.
Ao mesmo tempo que as marcas podem mostrar um lado mais espontâneo, há um
grande limitador na base: qualquer pessoa com boas ideias tem o mesmo potencial
que uma marca. Não há espaço para produções milionárias. É preciso trabalhar
com as mesmas ferramentas, seja você um indivíduo ou uma marca que vale bilhões
de dólares. Estão todos num mesmo nível.”
Migração
“O parque
instalado de telefone celulares no Brasil, seja de smartphones ou de feature
phones, é gigantesco. Todos esses aparelhos, sem exceção, vão ser substituídos
por smartphones em um prazo máximo de três anos. Não há nenhuma dúvida de que
isso irá ocorrer, pelas razões mais óbvias: ninguém tinha televisão com tela
colorida e hoje tem; ninguém também tinha celular. É óbvio pensar que o
investimento também terá que migrar para o mobile.”
Indefinição
“Não há
resistência por parte dos clientes (para adotar o mobile), mas desconhecimento.
É um déjà-vu do embate mídia online e offline de 15 anos atrás, com a diferença
de que hoje as pessoas já usam mobile e não é necessário convencê-las de que
isso é importante.”
“É verdade que a
área não é prioritária ainda e está em um momento de indefinição dentro dos
clientes, assim como o digital estava há dez anos. Ele era um tema abandonado e
hoje é parte integrante dos departamentos de marketing. Mobile vai entrar no
discurso da mesma forma. Nesse momento, é um assunto solto ainda, mas não há
resistência a ele.”
MONITORAMENTO DOS ECOSSISTEMAS MARINHOS
(Texto de Elton Alisson, distribuído pela Agência
FAPESP) – Pesquisadores de países latino-americanos
– incluindo o Brasil – e europeus publicaram um artigo na revista Global Change Biology no qual dão uma série de recomendações
para o desenvolvimento de uma agenda científica e política sobre os impactos
das mudanças ambientais e climáticas globais e regionais em ecossistemas
costeiros marinhos na América Latina.
De acordo
com os autores, na região há uma grande variedade
de habitats bentônicos (formados por organismos que vivem nos
substratos marinhos), muitos dos quais com grande biodiversidade e
prioritários para ações de conservação (hotspots). Entre eles, há
enormes camadas de rodolitos (recifes de algas calcárias), além de manguezais,
bancos de gramíneas marinhas e recifes de coral no oceano Atlântico
Tropical com um grande número de espécies endêmicas (próprias).
Esses
habitats marinhos são extremamente importantes para os moradores de áreas
costeiras da América Latina, que dependem da qualidade ambiental marinha para o
desenvolvimento de atividades econômicas como a pesca e o turismo.
Segundo os
autores do estudo, é preciso protegê-los, principalmente em um momento de
rápidas mudanças ambientais e climáticas e ante problemas sociais, como a
urbanização descontrolada na região, que se somam a pressões como poluição
aquática, sobrepesca e perda ou fragmentação de habitats.
“Há vários
grupos que estudam os impactos das mudanças climáticas, em especial no Brasil.
Mas isso não ocorre na mesma escala em outros países das Américas do Sul e
Central”, disse Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da
Universidade de São Paulo (USP) e primeiro autor do artigo, à Agência FAPESP.
Turra
coordena atualmente a Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros(ReBentos), apoiada pela FAPESP no âmbito de um acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) para consolidação do Sistema Nacional de
Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota).
Vinculada à
Sub-Rede Zonas Costeiras da Rede Clima (MCT) e do Instituto Nacional de Ciência
e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), o objetivo do projeto, lançado
no início de 2011, é instituir uma rede integrada de estudos dos habitats
bentônicos do litoral brasileiro a fim de detectar efeitos das mudanças
ambientais regionais e globais sobre esses organismos e iniciar uma série
histórica de dados sobre a biodiversidade bentônica na costa brasileira.
“A ideia é
estabelecer sítios de monitoramento ao longo da costa brasileira, a
serem observados durante muito tempo”, explicou Turra. A rede reúne 120
bentólogos de 14 estados brasileiros, voltados ao estudo dos impactos das
mudanças ambientais e climáticas em habitats costeiros marinhos.
Na
avaliação de Turra e de outros autores do artigo, a ReBentos e outras redes
similares na América Latina, como o Grupo Sul-Americano de Pesquisa de
Ecossistemas Costeiros (Sarce), representam iniciativas de monitoramento
contínuo de habitats de ecossistemas costeiros marinhos que devem ser
replicadas em outros países da região, para preencher lacunas críticas no
conhecimento sobre o impacto das mudanças climáticas.
“A
aplicação sistemática de protocolos padronizados de monitoramento, adaptados
para cada habitat, escala, nível de organização e diferentes condições
oceanográficas é essencial para documentar a degradação, fragmentação ou perda
de habitats costeiros marinhos”, destacam os autores no artigo.
“É preciso
espalhar essas ações experimentadas e testadas a outros países da região por
meio de projetos locais já em curso e construir uma base de dados com acesso
aberto a informações sobre o estado atual e previsões de mudanças em habitats
em níveis local, regional e global”, indicam.
Áreas prioritárias
de ação
Segundo os
autores do estudo, os esforços iniciais de monitoramento de habitats costeiros
devem ser centrados em locais que já sofrem pressões prejudiciais imediatas,
como os recifes de coral do Caribe nos quais se registra o branqueamento (morte
dos pólipos responsáveis pela formação do recife), associado ao aquecimento dos
oceanos.
Já a
acidificação (diminuição do pH e aumento da acidez) dos oceanos não só ameaça
degradar as maiores camadas de rodolitos do mundo, existentes na costa brasileira,
mas pode reduzir a capacidade de organismos marinhos, como crustáceos,
mexilhões e ostras, de produzirem conchas – colocando em risco a aquicultura e
a segurança alimentar de comunidades ribeirinhas, salientam os autores.
Os
pesquisadores fazem a ressalva, no entanto, de que são necessários estudos para
comprovar a associação desses problemas ambientais às mudanças climáticas.
“Discutimos
essas questões teoricamente, porque ainda não temos muita base do diagnóstico
inicial – o chamado baseline – dos ecossistemas marinhos para
entender como eles eram e constatar as mudanças pelas quais passam. Por isso,
precisamos acompanhar esses organismos por muito tempo”, disse Turra.
Outra
preocupação dos especialistas é o impacto de eventos climáticos extremos – que
tendem a ser mais frequentes com as mudanças climáticas globais – sobre
ecossistemas marinhos (como manguezais) com papéis importantes na proteção
da linha de costa, sujeitas ao regime de marés e à energia das ondas.
Os
pesquisadores chamam a atenção para a necessidade de um sistema de alerta a
eventos climáticos extremos em comunidades costeiras – mais expostas às
intempéries da natureza.
“O aumento
da frequencia e da magnitude de tempestades associado com a
elevação da energia das ondas do mar pode comprometer a linha de
costa e causar impactos em edificações e construções. Um exemplo disso,
embora não comprovadamente associado às mudanças climáticas, foram os impactos
sofridos pelo Porto de Itajaí, em Santa Catarina, em 2008”, exemplificou
Turra.
Contribuição
para o AR5
O artigo
publicado na Global Change
Biology é resultado do
workshop “Evaluating the sensitivity of Central and South American benthic
communities to global environmental change”, realizado no fim de abril de 2012,
em Ilhabela, no litoral de São Paulo, sobre como os países das Américas Latina
e Central devem se preparar para as mudanças ambientais globais.
Organizado
por Flávio Berchez, professor do Departamento de Botânica do Instituto de
Biociências da Universidade de São Paulo (USP), membro da ReBentos e um dos
autores do artigo, por Turra e outros pesquisadores, o workshop reuniu
cientistas de dez países latino-americanos e de três países europeus.
“Estudiosos
dos ecossistemas marinhos apontam a falta de pesquisas na América Latina com
abordagens importantes, como as destacadas no artigo, para se chegar a
conclusões sobre os impactos das mudanças climáticas nos ecossistemas, como
outros países já fazem”, contou Marcos Silveira Buckeridge, professor do
Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da USP. “Por conta disso,
sugeri o workshop e que o evento resultasse em um artigo reunindo essas
informações para reportá-las ao IPCC.”
Buckeridge
é um dos relatores do capítulo 27 do próximo relatório do Painel
Intergovernamental de Ciências Climáticas (IPCC) – o AR5 –, previsto para ser
publicado em 2014. O capítulo trata dos efeitos das mudanças climáticas nas
Américas Latina e Central.
De acordo
com Buckeridge, o artigo será submetido à avaliação dos relatores do capítulo
27 do AR5 na próxima reunião do grupo de cientistas, em julho na Eslovênia.
O artigo Global environmetnal changes:
setting priorities for Latin American coastal habitats(doi: 10.1111/
gcb.12186), de Alexander Turra e outros, pode ser lido emonlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/gcb.12186/abstract.
2º
FÓRUM DE APICULTURA SUSTENTÁVEL
O 2º Fórum de Apicultura Sustentável será realizado pela Universidade
Estadual Paulista (Unesp), campus de Dracena, no dia 8 de junho de 2013.
“Panorama
atual e estratégias para alavancagem da apicultura brasileira”, “Aspectos
comportamentais e adaptativos importantes para a produção apícola”, “Integração
Apicultura-Silvicultura” e “Melhoramento genético em apiários comerciais” serão
alguns dos temas em debate, apresentados por pesquisadores de diversas
instituições no país. Detalhes: www.dracena.unesp.br/fapis e www.facebook.com/nos.unesp
A UNIVERSIDADE E O DESENVOLVIMENTO
(Texto de Fabrício Marques, da Revista
Pesquisa FAPESP) – A missão da universidade como
catalisadora da inovação e do desenvolvimento está ganhando novos contornos no
país a partir de iniciativas como a construção do Parque Científico e
Tecnológico da Unicamp, cujas obras de infraestrutura começaram a ser entregues
no mês passado. Instalado numa área de 100 mil metros quadrados encravada na
Cidade Universitária, o parque vai abrigar laboratórios de inovação em que
trabalharão, num mesmo ambiente, pesquisadores das empresas e docentes e
estudantes da Unicamp.
O modelo,
que só recentemente começou a difundir-se no Brasil mas está presente em várias
universidades do mundo, tem o condão de enriquecer a formação de estudantes e o
trabalho dos cientistas com as demandas trazidas pelas empresas e multiplicar o
investimento em pesquisa nas universidades.
“Os
laboratórios na Unicamp produzirão desenvolvimento tecnológico, mas também
darão uma contribuição importante para a pesquisa fundamental. Eles darão
lastro a teses, dissertações, patentes e publicações de alunos desde a
iniciação científica até o pós-doutorado”, diz o reitor da Unicamp, Fernando
Ferreira Costa. “Não se trata apenas de prestar serviço ou de resolver
problemas, mas de aprimorar a formação dos nossos estudantes, que depois
poderão levar essa experiência para fora da universidade, contribuindo para a
inovação, o desenvolvimento do país e a formação de empresas de base
tecnológica.”
Do lado das
empresas, a criação de laboratórios em universidades traz benefícios imediatos,
como a possibilidade de usar a expertise de bons pesquisadores em temas
sensíveis, e outros de longo prazo, como a chance de interagir com outras
empresas e com pesquisadores atuantes no parque, além de recrutar jovens
pesquisadores para seus quadros entre estudantes talentosos.
Empresas
como a Tecnometal, do setor de mineração e energias renováveis, e a Cameron do
Brasil, de tecnologia e serviços para o setor de petróleo e gás, já celebraram
convênios para a implantação de laboratórios no campus. O parque também
abrigará a Unidade Mista Embrapa Unicamp de Pesquisa em Genômica Aplicada a
Mudanças Climáticas, um modelo de parceria inédito para a empresa de pesquisa,
na qual pesquisadores das duas instituições trabalharão em busca de variedades
agrícolas mais tolerantes aos efeitos do aquecimento global.
Já funciona
nos limites do parque o Inovasoft, o Centro de Inovação em Software da Unicamp,
que abriga empresas nascentes e laboratórios criados em parceria com a IBM, a
Samsung e o Banco do Brasil. E está em construção o prédio do Laboratório de
Inovação de Biocombustíveis (LIB), que funcionará num formato semelhante ao do
Inovasoft, atraindo laboratórios de empresas.
“A Unicamp
tem uma longa história de colaboração com o setor produtivo, e o Parque
Científico e Tecnológico vai estabelecer um novo patamar dessa colaboração”,
explica Ronaldo Pilli, pró-reitor de Pesquisa da universidade. Há uma regra
restrita nas negociações para incorporar novos laboratórios no parque: só são
admitidas iniciativas que contemplem convênios com grupos de pesquisa da
Unicamp. “O objetivo é fazer pesquisa competitiva. A empresa precisa reconhecer
que a Unicamp será um parceiro estratégico”, diz Pilli.
Segundo
Roberto de Alencar Lotufo, diretor da Agência de Inovação Inova Unicamp, que
articula a negociação com as empresas, o advento do parque permite que a
universidade proponha e organize a construção de novos laboratórios
colaborativos com empresas.
“Até agora,
quando surgia uma oportunidade de se construir um novo laboratório, a sua
localização não seguia um planejamento, resultando na instalação de vários
prédios espalhados pelo campus”, diz Lotufo.
“O Parque
Científico e Tecnológico vem organizar e apresentar um planejamento de
construção de novos laboratórios de pesquisa colaborativa criando um ambiente
sinérgico multidisciplinar. O parque funcionará como um condomínio, no qual as
empresas pagam pelo uso do espaço e rateiam despesas com segurança e
infraestrutura.”
As empresas
participantes do parque utilizam tipos variados de financiamento para construir
seus laboratórios. No caso da Cameron do Brasil, isso será feito com recursos
da própria empresa – a Unicamp ofereceu isenção de 10 anos da taxa de ocupação
em troca da construção do prédio pela companhia.
O convênio
foi assinado em 2011 e o laboratório da empresa já deveria estar em construção,
mas a Cameron decidiu adiar em um ano sua implantação, por conta da recente
retração de investimentos da Petrobras. A parceria envolve uma colaboração com
a Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e o Centro de Estudos de Petróleo
(Cepetro) em projetos de pesquisa em equipamentos e processos submarinos para
processamento e produção de petróleo, com ênfase na camada pré-sal.
O Cepetro,
criado em 1987 em parceria com a Petrobras, ajudou a multiplicar a expertise da
Unicamp nas pesquisas em engenharia de petróleo, que agora atraem a atenção de
outras empresas.
Em 2015,
por exemplo, serão concluídas as instalações do Laboratório Experimental para
Risers de Produção em Águas Ultra-Profundas e Sistemas Marítimos de Produção
(LabRiser), compostas por um tanque experimental único no mundo capaz de
simular as condições a que as estruturas submarinas são submetidas na produção
de petróleo no oceano, como a força das correntes marinhas.
O tanque de
30 metros de profundidade e o prédio do laboratório custarão R$ 6 milhões e,
além disso, haverá maquinário experimental, instrumentos laboratoriais e de
análise e equipamentos de computação, patrocinados pela Petrobras.
“Como nosso
petróleo se encontra no mar, a Petrobras sempre se preocupou em desenvolver
pesquisas sobre a perfuração de poços e produção de petróleo no oceano – e
encontrou essa capacitação na Unicamp”, diz Celso Morooka, professor da
Faculdade de Engenharia Mecânica e diretor do LabRiser.
Também há
parcerias que utilizam mecanismos de financiamento não reembolsável do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no âmbito do Fundo
Tecnológico (Funtec). Um exemplo é o laboratório de 500 metros quadrados que a
Unicamp, em parceria com a Tecnometal, está construindo no parque. O projeto
obteve R$ 12 milhões em recursos do Funtec para construção do prédio e compra
de equipamentos.
A contrapartida da Tecnometal equivale a 10% do
valor do projeto. A empresa tem uma fábrica de painéis fotovoltaicos em
Campinas (SP) e já trabalha em conjunto com pesquisadores da Faculdade de
Engenharia Mecânica e do Instituto de Física Gleb Wataghin, da Unicamp, em
esforços de pesquisa relacionados ao processo de purificação do silício grau
metalúrgico, a fabricação de lâminas de silício grau solar e a fabricação de
células solares. A Agência Inova Unicamp mantém conversas adiantadas com pelo
menos três empresas interessadas em participar do parque utilizando recursos do
Funtec. Detalhes: http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/04/12/desafios-partilhados
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