AUDITORIA DA COMUNICAÇÃO
AS
PALAVRAS
“A
conformação é um caminho mais fácil; já a rebeldia pode ser difícil, mas é
muito mais compensadora.”(Haifaa Al Mansour)
O
MESMO DO MESMO
Já começou, e vai se intensificar nos próximos dias
o esforço da imprensa para promover o dia das mães. Pura ferramenta de
marketing.
Pra veicular essa matéria, não é preciso fazer os
repórteres visitarem lojas e supermercados. Basta pegar matérias produzidas no
passado e veicular.
Saudade do tempo em que uma coisa era uma coisa,
outra coisa era outra coisa.
BELEZA!
Na década de oitenta do século passado a Lopes
veiculou anúncio histórico. Mostrava barriga de mulher grávida, e a frase:
“No
duro, no duro, esta é a melhor casa que já tivemos.
Agora, ela acaba de publicar outro anúncio eu vai
fazer história. Título:
“A
Lopes conquistou
500
mil fãz no Facebook.
Fala
a verdade:
Tem
um dedinho seu aí, né¿”
No meio de tanta mediocridade sendo veiculada por
aí, é uma lufada de oxigênio.
ATÉ
TUDO, Mc¿
Com esse comercial do Monopoly que está sendo
veiculado, o McDonald’s também resolveu entrar para a turma que quer conquistar
pó consumidor no grito. Cruz Credo!
VICHE,
O ESTADÃO ENCOLHEU!
OUVI
POR AÍ (1)
“Viu¿
A Dilma disse que a obrigação dela é dirigir o país.”
“Então,
por que não começa¿”
OUVI
POR AÍ (2)
“Deputados
e senadores estão promovendo briga com o Judiciário.”
“E
por acaso eles têm autoridade moral pra isso¿”
AS
(MÁS) NOTÍCIAS DA SEMANA
1. Elio
Gaspari, na Folha de S. Paulo de domingo passado:
“Ao
contrário do que foi publicado no domingo passado, é razoável a chance de
reversão da sentença quadrilha, levando-o a penar em regime fechado.”
“Basta
que o ministro Teori Zavaski, que não estava no tribunal em novembro, vote a
favor do recurso. O jogo empata, com Celso Mello, Gilmar Mendes, Luiz Fux,
Marco Aurélio e Joaquim Barbosa de um lado, e Rosa Weber, Carmen Lúcia, Dias
Toffoli, Ricardo Lwevandowski e Zavaski do outro. Zerado o placar, cai a decisão que levaria Dirceu ao presídio de
Tremembé.”
2. Manchete
do Estadão do dia 23:
“Condenados
do mensalão podem ter novo julgamento”
3. Na
mesma edição:
“O
país abrirá mão de coletar mais de 1 bilhão em impostos na Copa em razão das
isenções fiscais que concedeu à Fifa, seus parceiros e a construção de estádios.”
4.
Isto
é da semana passada revelou escândalo envolvendo o ministro da Agricultura
Antonio Andrada. A presidente faxineira está se fazendo de cega, surda e muda.
SERÁ¿
A
Folha de S. Paulo do dia 25 publicou notícia sob o título
Ex-agente
acuasa Folha de ter colaborado com a repressão.
Diz
o texto:
O
ex-delegado da Polícia Civil Cláudio Guerra disse que o empresário Octávio
Frias de Oliveira, Publisher da Folha, visitou frequentemente na ditadura
militar dependências do DOPS de S. Paulo, um dos principais centros de
repressão a opositores do regime, (...) e que a Folha emprestou carros e ajudou
a financiar os órgãos de repressão da época.”
A
Folha, claro, desmente.
Se
visitou, se ajudou e financiar, se emprestou carros, eu não sei, mas se a
Comissão das Verdade da Câmara Municipal de S. Paulo, quiser mesmo ir fundo no
assunto, deve requisitar os exemplares
da Folha da Tarde publicados na época.
A
PREGUIÇA ESTÁ VENCENDO O TALENTO
Cannes criou uma nova categoria, a Innovation, que
junta tecnologia e publicidade. Pra membro do júri, convidou um... economista.
É o que tenho escrito e falado com insistência;
quanto maisos publicitários abdicam da sua obrigação de criar, apelando pás os
berros, as histórias quecexcluem o produto e os testemunhais, mais os Ronaldos
e os Neymar faturam, e os técnicos avançam.
CORRINDO
UMA UNJUSTIÇA
Recebi um release que afirma:
Case de cerveja
criado por Eduardo Fischer é eleito uma das melhores campanhas dos últimos 30
anos por publicação especializada e é elogiado no livro recém-lançado Sonho
Grande
Abril 2013 -
Mais de 20 anos depois, o case Brahma Nº 1 continua dando o que falar. A
campanha de comunicação integrada que levou a marca de cerveja a alcançar a
liderança de mercado nos anos 90, rendeu menção elogiosa a seu criador, o
publicitário Eduardo Fischer, no recém lançado Sonho Grande, livro de Cristiane
Correa (editora Sextante) que conta a trajetória de Jorge Paulo Lemann, Marcel
Telles e Beto Sicupira.
Diz a autora que
“apoiado no slogan (da número 1), o publicitário fez o diabo” e que a campanha
“alcançou um de seus momentos mais geniais na Copa do Mundo de 1994”, quando a
marca apareceu mais que os patrocinadores oficiais do evento.
O case da Brahma
acaba também de ser eleito pela revista About, especializada em propaganda, uma
das 20 melhores campanhas das últimas três décadas – “campanhas que mudaram a
história da propaganda brasileira entre 1980 e 2010” e que são “exemplos que
podem servir de inspiração e parâmetro para (...) melhorar a performance dos
investimentos feitos em comunicação de marketing”.
Segundo a
revista, nenhuma campanha como a da Brahma nº 1 obteve na década “tanto impacto
sobre a categoria, o mercado em geral, a atividade publicitária e, mesmo, toda
a população”.
Concordo: a
campanha Brahma – a número 1 foi uma das
melhores coisas que aconteceram na história da publicidade brasileira. Só
que ela não foi criada pelo Eduardo Fisher, o dono da agência eu tem o nome
dele, e sim pelo Heitor Carillo, na época diretor de criação da agência.
CIRCULANDO
NA INTERNET
A culpa é minha
A
maioria da população brasileira fala mal dos políticos. Mas na verdade a culpa
é da falta de caráter do eleitor e não da pobreza de espírito do eleito.
Notícias
de suborno pipocam na mídia, e o que ouvimos nas ruas?
“É
assim mesmo...”
“O
que se pode fazer...”
Pura
hipocrisia, o povo de maneira geral perdeu o pudor, a vergonha. O ilícito
parece ser algo comum, “aceitável”.
Mas
como cobrar algo de uma população que por vezes se revela imersa no
analfabetismo funcional: lê, mas não entende; ouve, mas não consegue discernir.
Também
não podemos nos esquecer da mídia (TV, jornais, rádios), que por vezes dá mais
espaço para o futebol do fim de semana do que propriamente para programas que
possam revelar e despertar a cultura de uma nação.
Mas
a culpa é minha, é sua, é nossa. Estamos acomodados, inertes, anestesiados.
Ninguém quer dar o primeiro passo rumo à libertação.
Afinal
de contas, para que rejeitar um sistema que já está posto, “uma cultura do toma
lá dá cá”, que via de regra nos favorece.
Afinal
de contas, argumentar com alguém e convencê-lo das minhas ideias forçará o
interlocutor ao confronto. E isso é assombroso para a maioria dos políticos,
pois não estão preparados para discutir com alguém que ainda consegue pensar,
sem em contrapartida pedir algo em troca, a não ser o respeito.
Ainda
me lembro de uma eleição, há 8 anos atrás, quando estava de férias na cidade de
Florianópolis. No dia da eleição dirigi-me a devida seção eleitoral para
justificar o meu voto, pois estava em trânsito. Ao sair daquele local,
dirigi-me a um restaurante que ficava nas proximidades. Jamais imaginara o que
estava para acontecer.
Era
aproximadamente 10:15h da manhã, quando uma senhora aparentando unas 60 anos
adentra ao local, senta-se próximo de mim e pede um lanche. Parecia estar
radiante, como que tivesse acertado os números da mega-sena. Falava pelos
cotovelos...
Virei-me
para ela, cumprimentei-a e disse:
_ “Que bom vê-la assim tão feliz minha
senhora”.
...
alguns segundos se passaram e ela com um largo sorriso nos lábios me responde:
_
“Claro que estou feliz, como poderia ser diferente, ganhei $R 1.500,00 para
votar num determinado candidato. Eu e meus dois netos votamos nele.”
Tudo
aquilo me surpreendeu. Parei de comer, aliás perdi a fome. Olhei para aquela
“inocente” senhora e perguntei:
_
“Mas como assim, a senhora está feliz por ter vendido o seu voto?”
...
e mais uma vez a franqueza dela me surpreendeu:
_
“Ontem à noite, bateram lá na porta de casa e perguntaram quantas pessoas
moravam lá. No que eu respondi, eu e dois netos.
Então
eles me perguntaram se eu tinha candidato, e se
aceitaria uma ajudinha para votar no candidato deles.
Aí
eu disse que sim, que qualquer ajuda era bem vinda. Logo em seguida me deram
uma cesta básica, e dentro dela havia um envelope com o santinho do candidato e
mil e quinhentos em dinheiro”.
Sim,
foi assim que ela me contou. Aliás, não só pra mim, mas pra quem quisesse
ouvir.
Diante
daquela confissão espontânea, fiquei completamente sem ação. Mas logo após
alguns segundos, tomei fôlego e enfrentei aquela eleitora com a seguinte frase:
_
“Mas a senhora acha correto trocar seu voto, sua consciência, por dinheiro? Que
moral a senhora vai ter para cobrar deste candidato as promessas de campanha?”
...e aquela senhora me surpreende mais uma vez:
_
“Meu filho, se eu não fizer isso outro vai fazer. Então o melhor mesmo é
garantir algum no bolso. Ademais, se é pra votar em alguém de graça, que nunca
vai cumprir o que prometeu e que ainda por cima (se eleito) vai roubar do povo,
então que pelo menos eu ganhe um troquinho antes”.
Após
aquela explanação, paguei a conta, despedi-me da senhorinha e fui-me embora
pensativo. Caminhei por 30 minutos pensando na célebre frase de Rui Barbosa:
“De tanto ver crescer a INJUSTIÇA, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos
dos MAUS, o homem chega a RIR-SE da honra, DESANIMAR_SE de justiça e TER
VERGONHA de ser honesto.”
A
expressão de felicidade daquela senhora, que sem pudor anunciava aos quatro
cantos que vendera o voto, foi uma ducha de água fria no meu entusiasmo e na
crença de um mundo melhor.
O fato é que nossa sociedade está
doente... Uma doença que nasce no
coração, petrificado pelo egoísmo; se alastra pelo sangue, contaminado pela
desfaçatez; atinge o cérebro, numa metástase de hipocrisia; e que por último se
alastra por todo o corpo, já cerceado pela sede de poder. (Autor:
Vilson Sampaio Schambeck
Dentista - CRO 4947
ssvilson@yahoo.com.br Fone: (48) 9904-3512
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