Auditoria
da Comunicação
AS
PALAVRAS
“O
mercado é a linguagem em que os demandantes e os ofertantes falam através de
produtos ou serviços...
Nesta
analogia, cada produto ou serviço é combinação de palavras nessa linguagem. É
por isso que devemos distinguira estrutura de signos que é construída na oferta
do significado que a demanda interpreta.
A
diferenciação é esse sentido de
diferenciar significados.” (Alberto
Levy)
O
PUBLICITÁRIO E O JORNALISTA
Carlos Alberto Di
Franco, doutor em comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor do
Departamento de Comunicação do Instituto Internacionais de Ciências Sociais.
Não o conheço pessoalmente, mas sou seu fã de carteirinha. Leio e releio com
muito cuidado tudo o que ele escreve e que tenho a sorte de ter acesso.
Semana passada mesmo, dia 15, o Estadão publicou artigo dele sob o título O
Rapto do Jornalismo.
Vale a pena lê-lo.
Chamou-me atenção, especialmente, o trecho em que
ele afirma:
“Quando
jornalistas, entrincheirados e hipnotizados pelas telas dos computadores, não
saem à luta, as reações se convertem em centros de informação.”
“O
lugar de repórter é na rua, garimpando a informação, prestando serviço ao
leitor e contando boas histórias. Elas
existem. Estão em cada esquina das nossas cidades. É só procurar.”
Leu¿
Agora releia, trocando a palavra jornalistas por
publicitários. Você vai ver que ambos enfrentam o mesmo problema.
(MÁS)
NOTÍCIAS DA SEMANA QUE PASSOU
1.Milho brasileiro chega
na China mas não consegue chegar no nordeste por falta de transporte.
2. Ministros usaram jatos
da FAB em 5.800 voos nos últimos dois anos, a maioria deles para resolver
problemas particulares. Daria párea ir e voltar da lua. Custaram 44,8 milhões
ao governo.
3.O
governo diz que não quer, mas segundo o Datafolha, 93% dos brasileiros querem a
redução das maioridade penal. A oposição: com exceção de Alckmin permanece
calada, o que não é de se estranhar, pois se acovarda cada vez que tem de tomar
uma posição importante.
TÃO FALANDO SÉRIO¿
Cada
vez que vejo o comercial do Café Damasco tenho a impressão de que estão
chamando o consumidor de burro.
SERÁ QUE É PRA VALER¿
Li
o anúncio da Shell, fiquei com a impressão de que ela está chamando a Petrobrás
para briga, quando li o conceito:
“Nossa
energia fez história. Vai fazer no futuro.”
FALTAM PONTUAÇÃO E
CONCORDÂNCIA
Repórteres
de TV precisam aprender que a fala também transmite pontuação. O ponto final, a
vírgula, o ponto e vírgula precisam ser pronunciados no lugar certo.
Precisam
também caprichar na concordância, que vai demal a pior.
BOA PRA QUE¿
A
agência Heads veiculou, na Folha de S. Paulo, um anúncio dizendo, no título
Escolha a melhor
agência de propaganda para se trabalhar.
Para
comprovar isso, fez um texto ilegível.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO¿
Só
tem comercial ruim de carros na TV.
TOMARA QUE MUDE
A
Brognoli publicou anúncio informando que criou uma Ouvidoria. Tomara que agora
ela pare de tratar como inimigas as pessoas que alugam imóveis dos clientes
dela.
PLANETA
DOS MACACOS E CONTOS EM QUADRINHOS
Lançado com o
selo Clube dos Autores, de São Paulo, o livro Perdidos no Planeta dos Macacos, de Saulo Adami e Angelo Júnior. A
obra é a concretização de um projeto criado no ano 2000, resultado do
intercâmbio iniciado pelos autores em 1997. Angelo Júnior colaborou com o
fãzine de Saulo Adami, Century City News
com histórias em quadrinhos e ilustrações de capa.
Antes de
amadurecerem a ideia de publicarem este livro em parceria, trocaram centenas de
cartas e e-mails, pois Saulo Adami morava em Brusque e Angelo Júnior em
Potirendaba, São Paulo. Sobre o tema Planeta
dos Macacos, Saulo Adami tem publicados os livros O único humano bom é aquele que está morto! (1996) e Diários de Hollywood – Um Brasileiro no
Planeta dos Macacos (2008). Angelo Júnior é autor dos livros Esse mundo é uma brincadeira e nós somos a
sua maior piada! (2011), Divina
Vertigem (2012) e Almanaque de Araque
(2013).
CIRCULANDO NA INTERNET
ESCREVER NÃO É FÁCIL
Escrever sempre me fascinou, fosse pelo componente criativo do ato,
fosse pelo fantástico poder de registrar idéias. Mas escrever diferente de como
faz a maioria – que que escreve da forma como fala – é algo ao alcance de
poucos.
Escrever com correção e estilo, com
conteúdo, com leveza e graça, uma crônica, um conto ou um romance, constitui
incrível desafio. E quem não acreditar, que experimente; é uma encarniçada
batalha.
Até hoje, não consigo escapar de um
desconfortável mal-estar ao encontrar tanta dificuldade na busca desse
privilégio.
Há algum tempo, li com surpresa e
alegria uma entrevista com alguns notáveis, unânimes em confessar que o ato de
escrever, para eles, representa uma guerra sem trégua contra as palavras, que,
assim como fazem comigo, do mesmo modo lhes fogem nos momentos cruciais.
À primeira vista, parece incrível que
seja assim. Mas é. É, porque se trata de um esforço de imaginação, como compor
música, pintar um quadro ou esculpir um mármore. Daí por que uma folha de
papel, uma partitura, uma tela em branco ou uma pedra bruta, ávidas por
nutrir-se de palavras, notas, cores ou formas, são, talvez, a mais formidável
provocação dirigida ao cérebro humano.
Sempre que leio qualquer texto saído
da pena de um autor talentoso, convenço-me de quão penosa tarefa é essa de
extrair de acontecimentos aparentemente banais aquele misterioso vínculo com o
inusitado, aquela insuspeitada carga de significância, aquele toque de
singularidade, aquele imprevisto sopro de drama ou de comédia que se esconde
nos bastidores do corriqueiro.
Esse fantástico senso de aproveitamento não
deveria ser, todavia, privilégio de tão poucos.
Ilusão, quimera ou fantasia, venho,
por todos os meios, perseguindo esse insondável segredo de como extrair do
cotidiano sua índole inexplorada; de como focar meus sensores nos cernes do
trivial.
Basta – como se isso fosse pouco –
saber dar forma e corpo a um texto fluente, enfileirando idéias capazes de
prender o interesse do leitor impaciente de nossos dias, viciado na mera síntese
de um linguajar que está se transformando num informe sucinto, quase
telegráfico.
Em suma, é hercúlea a missão de
converter uma página em branco no suporte das obras-primas que dão sentido à
arte de escrever.
Mario Gentil Costa ( médico)
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