Produzir para viver –
resumiu-nos Boaventura de Souza Santos (2002). Já a expressão “consumir para
contribuir”, segundo o Google, em geral, aparece em contextos depreciativos,
sob a lógica de que o consumo contribui para degradar o meio ambiente.
Afinal, haveria
espaço em nossa sociedade para um consumo mais consciente? Para um consumidor –
pessoa física, empresa ou governo – que agisse como agente transformador, de
modo social e ambientalmente responsável? Eis a questão.
Para Portilho (2005),
a concepção de um “consumidor verde” só foi possível com o deslocamento do foco
da questão ambiental da produção para o consumo. O consumo verde surgira da
interação e fortalecimento de três processos: o nascimento, nos anos 70, do
“ambientalismo público”; a incorporação da questão ambiental pelos segmentos empresariais,
na década de 80; e a crescente preocupação quanto ao impacto ambiental
característico do estilo de vida contemporâneo.
Obviamente o processo
não ocorre(u) sem tensões, já que, na análise do comportamento do consumidor,
princípios socioambientais podem influenciar suas atitudes, mas agem
concomitantes a outros, especialmente o econômico, face aos custos envolvidos.
Em alguns casos pode haver convergência entre ética e “bolso”, em outros, não.
Também nesse sentido,
a Agenda XXI associou os padrões de consumo e produção, principalmente nos
países industrializados, ao agravamento dos efeitos da pobreza e da
desigualdade social. Tal reconhecimento contribuiu para deslocar a atenção
antes focada em problemas como poluição e degradação ambiental para a estrutura
geral e cotidiana das sociedades contemporâneas, notadamente para o consumo.
A dificuldade, porém,
de pôr em prática tais valores, que fica particularmente clara em casos como o
ostracismo atual da Agenda XXI e os resultados aquém do esperado da Rio+20,
alerta-nos para a dose de complexidade envolvida.
Vivemos um tempo em
que os valores externos e estéticos ganham peso frente aos essencialmente
humanos, em que os frutos parecem desconhecer as sementes. Nosso dia a dia sai
manchado na foto pelo acelerado da hora. Por isso ou contra isso, “ter (mais)
consciência” tornou-se ponto pacífico de cartilhas e escolas. Públicas.
Privadas. De Pensamento. De negócios. De governança.
A valorização da
questão ecológica, de uma alimentação saudável, de negócios inclusivos
socialmente e de hábitos em prol da “qualidade de vida” e da “auto-estima”
incentiva comportamentos apoiados em conceitos como ética e responsabili
Nesse contexto,
aspectos tangíveis e intangíveis de produtos e serviços passaram a ganhar maior
atenção do mercado e, por conseguinte, crescente espaço na estratégia de
marketing de muitas empresas, quanto maior sua contribuição, ainda que
potencial, para a promoção de hábitos saudáveis, a preservação do meio
ambiente, a geração de empregos, a qualidade de vida ou a valorização de
manifestações culturais tradicionais. E, em todos esses campos,
transversalmente, paira a questão da consciência.
Na alimentação,
consciência para ter mais saúde. No cotidiano, consciência para praticar
atividade física. Para que o real continue a valer mais que o virtual. Para que
um jantar romântico não seja interrompido por um e-mail ou mensagem recebida
pelo celular.
No trabalho, ter
consciência para ganhar a vida sem deixar de ser você mesmo. Na família, consciência
para educar os filhos num mundo em que tudo parece acelerado. Para que saibam
dar valor às coisas. Para que não desperdicem água, luz... Nem tempo.
No mercado,
consciência para tomar crédito. E não entrar no vermelho. No trânsito,
consciência para não morrer. E não matar.
Bem vivo está o
conceito. Mas não menos permeado pelo consumo está a vida urbana, corrida e
consumista nossa de cada dia. Se não vivemos conscientes, estamos cientes dos
desafios em jogo. Os jovens são chamados a praticar o que os antigos decantaram
na teoria.
Em 1945, Carlos
Drummond de Andrade escreveu que vivemos – vivíamos? – um “tempo de homens
partidos”, que “pedem carne. Fogo. Sapatos.”. Mais recentemente, o músico e
compositor Lenine marcou a todos com versos pelos quais “o mundo vai girando
cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós... um
pouco mais de paciência”, haja vista que “a vida é tão rara, tão rara...”. e
“não para” (Lenine e Falcão, 1999).
Mas o que dizer
quando, neste mesmo tempo, um garoto de três anos diz à sua mãe: - “Mamãe,
fecha a torneira, senão você vai acabar com a água do planeta” (Revista O
Globo, 16 de maio de 2010). Consciência na prática. E desde cedo
Pesquisa
Fecomércio-RJ/Ipsos sobre consumo consciente, realizada em 70 cidades
brasileiras, revela que o censo de ser ecologicamente correto está crescendo no
país, mas também que tais hábitos levam tempo para maturar.
Nos últimos anos, galgamos avanços em pontos como separação de lixo e uso de
sacolas ecológicas. Em 2012, 49% dos brasileiros declararam separar o lixo no
ato do descarte, acima do apurado em 2007 (40%). Ao mesmo tempo, 17% da
população acima de 16 anos – público da pesquisa – informaram sempre utilizar
sacolas ecológicas no lugar das de plástico. No primeiro ano em que a questão
foi abordada pela pesquisa, em 2010, essa proporção era de 5%. Já a parcela dos
que disseram nunca usar sacolas ecológicas caiu de 84% para 60%, enquanto a
proporção dos que as utilizam ocasionalmente subiu de 11% para 21%.
Ainda assim, a
pesquisa revelou que 37% da população afirmam não considerar a preservação do
meio ambiente no seu dia a dia, ante 26% registrados em 2007. Provavelmente
porque, hoje, o brasileiro sabe que agir de forma ecologicamente correta vai
além de poupar água ou energia – ações com maior adesão ao longo da série
histórica do levantamento. Falta essa percepção ser posta realmente em prática.
O exemplo precisa vir
de cima. Quando o governo elege prioridades como a Usina Hidrelétrica de Belo
Monte e a defesa de um Código Florestal controverso, sinaliza em um sentido. Em
certa medida, restringe o avanço de uma consciência ecológica no país.
Inversamente, ao apostar em compras governamentais mais sustentáveis (Decreto
nº 7.746, de 05/06/2012), com privilégios para produtos e processos menos
agressivos ao meio ambiente, aponta em outro sentido, mais condizente com a
necessária reversão do quadro de crise socioambiental em que vivemos.
Em outras palavras,
sob o ponto de vista do consumidor ou do governo, o consumo pode servir, sim,
para contribuir. Estamos cientes dos problemas e desafios a serem enfrentados.
A boa notícia é que ainda há tempo para uma solução. Mãos à obra. (Artigo de Christian Travassos
(christian.travassos@yahoo.com.br), colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre economia,
negócios e sociedade à luz da questão socioambiental. Economista e mestre em
Ciências Sociais (CPDA/UFRRJ)
LIVRO PAPEIS NADA AVULSOS
Delfos
- Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS lança o livro Papéis
Nada Avulsos. Organizada pela diretora da Faculdade de Letras, Maria Eunice
Moreira, a obra traz pesquisas realizadas pelo Delfos sobre oito escritores do
espaço: Reynaldo Moura, Moysés Vellinho, Paulo Hecker Filho, Zeferino Brasil,
Cyro Martins, Maria Dinorah Luz do Prado, Pedro Geraldo Escosteguy e Oscar
Bertholdo.
SOCIOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO
O IEA/USP acaba lançou o 75º número da revista
Estudos Avançados, que destaca os trabalhos apresentados no Seminário
Internacional sobre Sociologia e Esperança, realizado pela Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas. A íntegra da edição já está disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-401420120002&lng=pt&nrm=iso Detalhes: www.iea.usp.br
EMBAIXADORES DE CONTEÚDO MÉDICO NAS REDES
SOCIAIS
A editora Elsevier lançou o
programa de relacionamento Embaixadores Elsevier Brasil, voltada para promover
e incentivar a troca de experiências e de informações entre estudantes e
residentes, contribuindo para a formação de futuros médicos. Detalhes: www.facebook.com/embaixadoreselsevier
Sustentabilidade é o foco
de congresso
Água,
sua importância na limpeza sustentável é o nome escolhido para o 19º Congresso
Internacional da World Federation of Building Service Contractors, WFBSC,
que acontece em Curitiba..
O evento ocorrerá
simultaneamente à 22ª Higiexpo Regional – Feira de Produtos e Serviços
para Higiene, Limpeza e Conservação, e ao 23º Eneac – Encontro Nacional
das Empresas de Asseio e Conservação e juntos devem reunir cerca de 5.000
participantes. (Promoview)
Feira do Livro de Frankfurt
ativa evento no Brasil
A
Feira do Livro de Frankfurt, maior evento editorial do mundo, dá início
a uma programação com a meta de reforçar sua presença no
Brasil.
A
entidade reune 33 palestrantes de países como Colômbia, Índia e Reino Unido
na conferência Contec-Brasil, sobre tecnologia, cultura e alfabetização.
O evento, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, tem inscrições
gratuitas.
A
conferência é uma espécie de preparação para o evento do próximo ano,
quando a entidade planeja ampliar a programação e trazer editoras de outros
países, transformando-o em uma feira de livros internacional.
O
passo seguinte será a instalação de um escritório da Feira de Frankfurt no
Brasil, a partir de maio de 2013, ano em que o país será homenageado na
tradicional feira. “Há oportunidade de editoras brasileiras se
profissionalizarem e buscarem mercado fora do Brasil”, diz Marifé Boix
García, vice-presidente da Feira de Frankfurt.
“Tradicionalmente,
esse não é o primeiro objetivo dessas empresas. Queremos ajudá-las nisso.” O
escritório auxiliará as editoras a buscar apoio para a compra e venda de
direitos autorais, exemplifica Marifé.
Outra
atividade oferecida pela representação da feira são parcerias com
escolas internacionais especializadas na formação de executivos do setor
editorial. O Brasil será o primeiro país da América Latina a receber a
estrutura. Além da Europa, a Feira de Frankfurt já tem escritórios nos EUA, na
China, na Rússia e na Índia. ( Folha de S.Paulo.e Promoview
BOLSA NA CÁTEDRA RUTH CARDOSO NA UNIVERSIDADE COLÚMBIA
O Programa de Bolsa Dra. Ruth Cardoso abriu
novo processo de seleção de bolsista. O programa apoia a participação de, em
cada chamada, um professor/pesquisador brasileiro em atividades de docência e
pesquisa, por um ano acadêmico, no Instituto de Estudos Latino-Americanos
(ILAS) da Universidade Columbia, em Nova York. Detalhes: www.fapesp.br/7069.
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