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MOVIMENTO A INDÚSTRIA PELA EDUCAÇÃO
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Desde o dia 19 o
Sistema FIESC promoverá eventos pelo Estado para lançar o Movimento A
Indústria pela Educação. Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau, Criciúma,
Chapecó, Lages e São José, sediarão os encontros nos dias 19, 21, 22, 28, 29
de novembro, 03 e 04 de dezembro, respectivamente. O movimento, lançado em
setembro em Florianópolis, é baseado em dois pilares: investir na ampliação
da oferta de programas de educação do Sistema FIESC e incentivar empresas de
Santa Catarina a destinar maior atenção a ações voltadas para a área.
Os participantes dos encontros debaterão sobre educação como fator de competitividade. O tema será abordado por especialistas como Mozart Neves, membro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. A diferença de produtividade entre os trabalhadores que possuem dois anos de escolaridade e os que têm cinco anos chega a 54%, segundo estudo realizado pela consultoria John Snow Brasil. "Temos trabalhado para a melhoria da competitividade da nossa indústria, que precisa, mais do nunca, de trabalhadores qualificados. Para tanto, precisamos promover uma verdadeira revolução na formação dos trabalhadores do setor", afirma o presidente do Sistema FIESC, Glauco José Côrte. Além de buscar a adesão da indústria ao movimento pela educação, para contribuir com a melhoria dos índices educacionais no Estado, SESI, SENAI e IEL - entidades integrantes do Sistema FIESC - vão ampliar a oferta de serviços na área educacional. A meta é registrar 795 mil matrículas entre 2012 e 2014, relacionadas principalmente à formação básica, continuada e técnica dos trabalhadores. Serão investidos R$ 330 milhões neste período, inclusive na estruturação de institutos de tecnologia e inovação. Confira a programação dos eventos 19/11 - Joinville: Associação Comercial e Industrial de Joinville - ACIJ (Avenida Aluísio Pires Condeixa, 2.550 - Saguaçu) 21/11 - Jaraguá do Sul: (Rua Jorge Czerniewicz, 160) 22/11 - Blumenau: Tabajara Tênis Clube (Rua Alwin Schrader, 415, Centro) 28/11 - Criciúma: Centro de Eventos Germano Rigo (Rod. Luiz Rosso, 2500 - Primeira Linha) 29/11 - Chapecó: Salão Nobre do Lang Palace Hotel (Rua Sete de Setembro, 150 D, Centro) 03/12 - Lages: Serrano Tênis Clube (Av. Dom Pedro II, 579, Coral) 04/12 - São José: Unidade SENAI São José (Rod. BR 101 - Km 211 - Área Industrial) |
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A PESQUISA CADARINENSE EM
COMUNICAÇÃO SOCIAL
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A revista acadêmica Vozes e Diálogo<http://www6.univali.br/seer/index.php/vd>, dos
cursos de Comunicação Social da Univali, está convidando para colaborar com a
edição especial que pretende lançar em dezembro de sobre A pesquisa Catarinense
em Comunicação Social.
Para participar, basta enviar para seligman@univali.br<mailto:seligman@univali.br> até
o dia 30, os artigos de até 15 páginas, contendo título,
resumo, abstract, palavras-chave, bibliografia e ainda indicando autoria e co-autoria,
instituição vinculada, grupo de pesquisa e a titulação dos autores.
O CONHECIMENTO E A CIÊNCIA
(Texto de Elton Alisson, distribuído pela Agência
FAPESP) – As pesquisas sobre percepção
pública da ciência e tecnologia realizadas em diferentes países, incluindo o
Brasil, com o objetivo de avaliar a opinião dos cidadãos sobre temas
científicos e tecnológicos deparam com o desafio de explicar quais fatores
influenciam atitudes, interesse e engajamento em relação a esses assuntos.
Isso
porque, do conjunto de indicadores utilizados nessas pesquisas para analisar
quais fatores são mais relevantes na formação de interesses e atitudes dos
cidadãos sobre ciência e tecnologia – como renda, educação, idade e
escolaridade –, nenhum deles consegue explicar minimamente a variabilidade das
respostas.
“Tem
alguma outra variável que não estamos medindo que determina o tipo de atitude
das pessoas sobre ciência e tecnologia em geral”, disse Juri Castelfranchi,
professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
durante conferência sobre os desafios interpretativos e metodológicos para o
estudo da percepção pública da ciência e tecnologia que proferiu no dia 27 de
outubro no 2º Seminário Internacional Empírika.
Realizado
nos dias 26 e 27 de outubro no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o evento integrou a programação da
Feira Ibero-americana de Ciência, Tecnologia e Inovação (Empírika).
De
acordo com Castelfranchi, um dos fatores que contribuem para a dificuldade de
as pesquisas sobre percepção pública da ciência e tecnologia determinarem qual
ou quais processos contribuem para a construção da opinião pública sobre o tema
é que elas estão “baseadas na hipótese mal fundada e fundamentada de que as
atitudes das pessoas em relação aos assuntos científicos e tecnológicos são
moduladas pelo conhecimento que têm sobre esses temas”.
Tradicionalmente,
segundo Castelfranchi, a maioria dos estudos realizados sobre o que faz com que
as pessoas aceitem ou rejeitem a realização de uma pesquisa científica ou uma
nova tecnologia focalizou o interesse, o conhecimento e as atitudes dos
entrevistados em relação à ciência e tecnologia, baseado na ideia de que esses
três aspectos estariam relacionados.
Dessa
forma, as pessoas não interessadas teriam baixo nível de informação e
tenderiam, em geral, a ter atitudes mais negativas em relação à ciência e
tecnologia. Por outro lado, ao estimular o interesse dessas pessoas por temas
científicos e tecnológicos seria possível melhorar o nível de conhecimento
delas sobre essas áreas e, consequentemente, suas atitudes em relação à ciência
e tecnologia se tornariam mais positivas.
Entretanto,
pesquisas de campo demonstraram que essas premissas são falsas e que a situação
real é muito mais complexa do que a defendida por esse modelo, que foi
derrubado.
Em
geral, de acordo com os resultados de estudos recentes na área, existe um
grande interesse de boa parte da população sobre os temas de ciência e
tecnologia, mas que não corresponde à busca de informação.
“Há
grupos de público com baixa escolaridade, principalmente em países em
desenvolvimento, que não conhecem e não buscam informação sobre ciência e que
têm atitudes bastante positivas em relação à ciência e tecnologia”, disse
Castelfranchi.
“Em
contrapartida, alguns estudos detectaram que não é verdade que, ao aumentar o
conhecimento, a atitude das pessoas se torna mais positiva. Em alguns casos
ocorre o contrário, elas tendem a ser mais cautelosas e críticas”, disse.
Segundo
Castelfranchi, um dos exemplos que ilustram essa suposta contradição, batizada
de “paradoxo do conhecimento versus atitude”, é a questão dos transgênicos
na Europa.
O
continente, que é um dos que mais investem em ciência e tecnologia, decretou no
início dos anos 2000 uma moratória contra os alimentos transgênicos após
intensos debates entre segmentos da sociedade favoráveis e outros contrários à
tecnologia, baseados no apelo emocional e argumentos mais de cunho econômico e
político do que científico.
Uma
pesquisa realizada em 1998 e replicada em 2010 em toda a Comunidade Europeia
sobre o conhecimento e atitudes dos europeus em relação a aplicações
biotecnológicas, incluindo alimentos e vacinas transgênicas, apontou que o
fator risco não era determinante para a rejeição ou não da população à nova
tecnologia.
Em
muitos casos, os entrevistados responderam que algumas aplicações
biotecnológicas eram perigosas, mas que eram úteis, moralmente aceitáveis e que
deveriam ser encorajadas. Em outros casos, os participantes da pesquisa
apontaram determinadas aplicações biotecnológicas como não tão perigosas, mas
politicamente e moralmente questionáveis – como os transgênicos –, o que fez
com que a tecnologia fosse rejeitada.
“Não
foi o risco o fator mais relevante que levou à rejeição dos transgênicos na
Europa, mas considerações políticas como, entre elas, o fato de a tecnologia
ser controlada por multinacionais, ser patenteada e porque os países europeus
eram contrários a monoculturas”, avaliou Castelfranchi.
A
pesquisa também apontou que os cidadãos europeus que tinham conhecimento mais
baixo não rejeitavam os transgênicos, mas não tinham uma opinião formada sobre
eles. Por outro lado, os participantes com maior escolaridade tinham opiniões
favoráveis ou contrárias mais definidas.
“O
conhecimento não mudou a atitude dos cidadãos europeus em relação aos
transgênicos, mas sim o fato de terem uma atitude mais definida em relação à
tecnologia, a exemplo do que também pode ser observado no Brasil e em outros
países ibero-americanos onde foram realizadas pesquisas do gênero”, disse
Castelfranchi.
Na
mais recente pesquisa Percepção
pública da ciência e tecnologia, realizada no fim de 2010 pelo Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com mais de 2 mil pessoas em todo o
país, nenhum dos grupos específicos, de diferentes níveis sociais e de
escolaridade, respondeu que as tecnologias trazem mais malefícios do que
benefícios, quando perguntados sobre isso.
Porém,
os participantes que mais conheciam cientistas e instituições de pesquisa foram
justamente os que declararam em maior proporção que os cientistas podem ser
perigosos em função do conhecimento que possuem.
“Não
há nenhuma associação entre baixa escolaridade e achar que a ciência é
perigosa. Mas, pelo contrário: pessoas de alta escolaridade tendem a ter uma
postura mais cautelosa tanto em relação aos benefícios como sobre os malefícios
apresentados pela ciência e tecnologia”, afirmou Castelfranchi.
No
caso do Brasil, um dos fatores relevantes que influenciam as atitudes dos
brasileiros em relação à ciência e tecnologia, identificado por Castelfranchi e
outros pesquisadores que analisaram os dados da pesquisa realizada pelo MCTI, é
o porte das cidades onde os entrevistados moram.
Os
pesquisadores constataram que os participantes da pesquisa que moram em cidades
brasileiras de grande porte tendem a avaliar melhor os prós e contras do
desenvolvimento tecnocientífico para responder se a ciência e tecnologia trazem
só benefícios ou malefícios. Já as pessoas que residem em cidades pequenas têm
uma chance ligeiramente maior de apontar que a ciência só traz benefícios.
Contudo,
tanto essa variável como nenhuma outra, como o sexo dos entrevistados, não
consegue explicar, por si só, a variabilidade das respostas se a ciência e a
tecnologia trazem mais benefícios ou malefícios.
“Nenhum
dos fatores analisados até agora implica as pessoas terem uma posição mais
otimista ou pessimista sobre a ciência e a tecnologia. Tem outros pontos, que
precisamos descobrir, que influenciam essa resposta”, avaliou Castelfranchi.
Uma
das hipóteses levantadas pelo pesquisador é que os códigos morais e políticos
das pessoas, como a religião, podem ser mais determinantes do que o
conhecimento que elas possuem ou não para formar suas opiniões sobre aspectos
específicos da ciência e da tecnologia.
Entre
os participantes da pesquisa sobre percepção pública da ciência e tecnologia
realizada pelo MCTI, os que se declararam católicos concordaram mais do que os
evangélicos com uma das afirmações feitas durante o estudo de que por causa de
seu conhecimento os cientistas têm poderes que os tornam perigosos e que a
ciência tem que ser controlada socialmente.
“A
trajetória e a orientação de vida e os valores morais das pessoas,
provavelmente, exercem uma influência muito maior na modulação de suas atitudes
em relação à ciência e tecnologia em geral e sobre aspectos específicos da
pesquisa do que o nível de conhecimento que elas têm”, estima Castelfranchi.
Para
comprovar essa hipótese, de acordo com o pesquisador, é preciso desenvolver
novas metodologias qualitativas e quantitativas e grandes quantidades de
observações etnográficas para verificar como as pessoas se posicionam em
relação à ciência e tecnologia, abolindo a ideia de que isso está relacionado
apenas ao nível de conhecimento.
“Precisamos renovar
nossas metodologias de pesquisa e a forma como olhamos e interpretamos os dados
das pesquisas de percepção pública da ciência e tecnologia para entender como
as pessoas atribuem sentido e constroem suas opiniões sobre questões
científicas e tecnológicas, para termos uma visão dinâmica de como formam suas
atitudes”, afirmou Castelfranchi.
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