(Tony
Coelho, no Promoview) - Parece até um
conto.
Sei
que, muitas vezes, nos questionamos por que tantos clientes, hoje, nos pedem
absurdos. Pior: por que alguns agem com despreparo e desconhecimento de causa,
às vezes antieticamente, parecendo não entender – alguns não entendem mesmo – o
que são eventos, ações, ativações, promoções… e por aí vai.
Muito
pior, para reduzir custos, reduzem tudo, inclusive o de suas marcas e eventos,
com pedidos inexplicáveis, sempre com a frase: “Tá muito caro! Precisa reduzir
o custo!”. Confundem PREÇO com VALOR.
Quando
você replica, informando que reduzir custo implica cortar ou adaptar itens,
gritam: “Nãoooooooo! Custos sim, itens não!” (Ou seja, querem comprar BMW
pagando por um FUSCA). Vá entender e ter saco!
Não
raro – fala a verdade? – Você tem vontade de mandar esse tipo de cliente tomar
no… bar mais próximo uma cerveja pra clarear seu pensamento. Mas não pode.
Nem
entoar aquela musiquinha que ficou famosa no FB você pode mais, porque alguém
já bateu pra ele que o “Na na na na na. Na na na na na. Bem no meio do na na
na”, é uma maneira que você tem de se sentir mais leve ao fazer uma “M” que não
é sua, mas que vai sobrar pra você, quando ele mandar fazê-la e não assumir.
Pois
bem, um sábio chinês me deu uma dica pra você se aliviar. É uma história que
tem quatro personagens.
“O
BURRO foi demandado pelo cliente PORQUINHO para fazer um ESTANDE/CASA para ele.
Briefing cheio de especificações, tipo: ‘Quero um lugar para relaxar, um lounge,
algo tecnológico, clean e inovador que… blá, blá, blá… Budget? Não posso
declarar. Quero ver se você tem ideias. Ah!, é pra amanhã.” Concluiu.
O
BURRO, coitado, ralou, não dormiu, virou a noite para cumprir o prazo, mas
entregou uma PÉROLA como projeto, com todas as soluções necessárias, a um custo
de 100 dinheiros. O PORQUINHO levou duas semanas pra responder – então, por que
pediu para o dia seguinte? Vai saber. Coisa de PORQUINHO.
Disse
que adorou, mas que só tinha 20 dinheiros e que tinha “dado uma chance” ao
BURRO e que ele deveria trabalhar para ele por aquele valor e blá, blá, blá… O
Burro, infeliz, declinou!
Aí,
veio a VACA e pediu a mesma coisa. Novamente, o BURRO não dormiu para entregar.
Esmerou-se num projeto de arrepiar, criou até um game interativo com o
qual a VACA poderia escolher quem entraria no ESTANDE/CASA, sabendo tudo sobre
o ‘bicho’ e suas necessidades. Tecnologia de VACA, digo, de ponta mesmo. E
apresentou o Projeto.
A
VACA adorou, disse que nunca havia visto nada igual, mas que tinha desistido do
briefing, porque decidira ela mesma executá-lo com “suas próprias
ideias”. E fez isso mesmo. Chamou um outro BURRO, entregou a ideia do pobre
primeiro BURRO e fez tudo que ele apresentou como se dela fosse, pela metade do
valor, porque o segundo BURRO era BURRO mesmo.
Triste,
quase desistindo dessa vida, o BURRO recebeu o mesmo briefing do CISNE.
Arredio, confuso, mas por amor à sua profissão, uma cachaça – ou melhor, para
ser fiel ao texto, uma espiga de milho das grandes, arriscou de novo, já
preparado, dessa vez, para mandar um “JÁ CHEGOU!?” bem na cara do CISNE se
acontecesse o mesmo que ocorrera com o PORQUINHO e a VACA.
Apresentou
o Projeto. E, para sua surpresa, o CISNE, ao vê-lo encantou-se, deu valor. Fez
pequenos ajustes, algo normal, não reclamou do custo, pois entendeu que o que
tinha em mãos era o que queria, diferenciado, algo que ressaltava sua marca de
CISNE e o fazia único.
O
BURRO sorriu. Havia esperança. Existiam CISNES, ainda que poucos, e ele poderia
buscá-los entre VACAS e PORQUINHOS e assim, quem sabe, virar, um dia, um
ALAZÃO.”
E
aí, qual a moral da história? Fácil!
“No
mercado, quem dá pérola pra PORQUINHO e mole pra VACA é BURRO ou MUITO BURRO,
mas, se souber entendê-lo, procurar, se posicionar e perseverar vai encontrar
um CISNE, podendo vir a crescer e virar ALAZÃO.”
Será
que alguém se vê nessa fábula? Não!? Que ótimo! Sim? Xiiiiiiiiii! Então sugiro
olhar suas VACAS e PORQUINHOS e começar a gritar bem alto pra eles: “Já chego ? Já chegou? Já
chegou? JÁ CHEGA, PÔ!”
AS VÁRIAS
FACETAS DA CIÊNCIA
(Texto de Fábio de Castro, distribuído pela Agência
FAPESP) – Quando
os resultados finais de estudos científicos são observados isoladamente, parece
fácil enquadrá-los em categorias predeterminadas como “ciência aplicada”, “ciência
fundamental”, “pesquisa inovativa” ou “pesquisa exploratória”.
Mas, quando o processo científico
é observado desde o início, fica claro que ele é bem mais dinâmico e complexo e
uma descoberta pode ter aplicações jamais imaginadas no início, ou pode abrir
caminho para avanços conceituais que seus autores nem haviam suspeitado.
Essas diferentes facetas da
ciência foram debatidas nesta quinta-feira (30/08) durante o 1º Encontro
Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência 2013, realizado na sede da FAPESP
entre 29 e 31 de agosto.
O diretor científico da FAPESP,
Carlos Henrique de Brito Cruz, abriu os trabalhos destacando que a ciência se
baseia em ideias, que podem ter diferentes trajetórias. Algumas delas têm
impacto tão grande a ponto de mudar a história da humanidade, como, por
exemplo, a descoberta do transistor, patenteada em 1951 por John Bardeen,
Walter Houser Brattain e William Bradford Shockley nos Laboratórios Bell, nos
Estados Unidos.
“Era um tipo de ideia
completamente nova, que mostra uma trajetória particular da pesquisa
científica. Eles não se limitaram a aprofundar uma área da ciência e criar uma
aplicação para aquilo, mas criaram de fato uma nova área da física, dando
início à microeletrônica. Não é à toa que os autores ganharam o prêmio Nobel da
Física. Aquela ideia continua mudando nossas vidas até hoje”, disse Brito Cruz.
Outras ideias têm a
característica de ganhar espaço rapidamente no mercado, segundo Brito Cruz. Foi
o caso dos pesquisadores Sergey Brin e Lawrence Page, da Universidade Stanford.
“Em 1998, na revista Computer
Networks, eles publicaram um artigo que descrevia o algoritmo de um motor
de busca que daria origem ao Google, uma das maiores e mais importantes
empresas da atualidade”, disse Brito Cruz.
Eventualmente, as ideias podem
surgir como algo aparentemente complicado e incompreensível para quem não é
especialista, demorar muito tempo para chegar ao mercado, mas representar um
avanço de importância incalculável para a humanidade.
Foi o caso de um artigo publicado
em 2007 no Journal of the American Medical Association, por uma equipe
liderada por Julio Voltarelli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
(FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), que morreu em março de 2012. “O
artigo descrevia um experimento com células-tronco que eliminou os sintomas de
diabetes em 19 pacientes, algo que a ciência busca há muito tempo”, disse Brito
Cruz.
Brito Cruz destacou também que
algumas ideias surgem de um interesse absolutamente abstrato, mas depois ganham
aplicações inesperadas. Um caso desses é o estudo feito por Jurandir Yanagihara
e Mauricio Ferreira, da Escola Politécnica da USP. Publicado em 2001, o estudo
calculava a dinâmica da condução de calor em cilindros de secção elíptica
tridimensionais.
“Era uma ideia altamente abstrata,
os pesquisadores queriam saber como um corpo desse formato ganha ou perde
calor. Em 2009, eles perceberam que o cilindro elíptico podia ser o modelo para
calcular a condução de calor nas várias partes do corpo humano e publicaram
outro artigo. O resultado foi aplicado pelo Centro de Pesquisa FAPESP-Embraer
de Engenharia de Conforto, na Poli-USP, para projetar aviões mais
confortáveis”, disse Brito Cruz.
A chamada pesquisa aplicada,
segundo o diretor científico da FAPESP, pode ter a função de aumentar a competitividade
da indústria, curar os doentes ou tornar as pessoas mais ricas, enquanto a
pesquisa básica tem a função de fazer com que a humanidade se torne mais sábia.
Segundo ele, todas essas funções são igualmente importantes.
“Não se pode desprezar a pesquisa
dedicada a saber mais coisas, porque essa é a história da humanidade. Desde o
início, queremos saber sempre mais do que sabíamos no ano anterior. Essa
ciência não está só na filosofia, nas artes e ciências humanas, mas na física
de partículas, na química fundamental e em toda a ciência que se interessa pelo
fundamento das coisas”, afirmou.
Ciências e artes
Luiz Davidovich, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou outra faceta da ciência: sua relação
com a cultura e com as artes. Um exemplo dessa relação é a profunda influência
exercida pelo matemático Henri Poincaré sobre figuras iminentes das ciências e
das artes, como Albert Einstein e Pablo Picasso.
“Poincaré dizia que o cientista
não estuda a natureza porque ela é útil, mas porque se deleita com sua beleza.
Picasso, por outro lado, falava que o estúdio de um pintor deveria ser um
laboratório, porque pintar é um jogo da mente. Já Einstein apontava que a
experiência do misterioso é a mais bela que podemos ter, por ser fonte de toda
a arte e de toda a ciência”, disse Davidovich.
A faceta econômica da ciência
também foi abordada por Davidovich. Segundo ele, os investimentos em ciência
básica já são vistos por alguns países como a China, a Índia e a Rússia como a
melhor resposta à crise financeira global.
“Em março, após a previsão de que
o crescimento da China cairia de 8% para 7,5%, o primeiro-ministro chinês
anunciou que aumentaria em 26% o financiamento em universidades de pesquisa e
investiria US$ 14 bilhões em pesquisa básica. Infelizmente, no Brasil, não
estamos seguindo esse exemplo”, afirmou.
Segundo Fernando Galembeck, da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ninguém questiona a necessidade, a
importância, os benefícios e a beleza da ciência e da inovação. Mas é preciso
definir por qual modelo de ciência e inovação optar.
A questão, segundo ele, foi
discutida recentemente pelo grupo do G8 que trata do tema “Instalações de
pesquisas de interesse global”. “O foco dos investimentos são, em geral,
grandes aceleradores de partículas e observatórios astronômicos. Eles
concluíram que não existe a infraestrutura para suprir as necessidades de uma
ciência voltada para a sustentabilidade e a transição para uma economia verde”,
disse Galembeck.
A ciência pela qual é preciso
optar, segundo o pesquisador, deve ser original, relevante e competitiva,
criadora de impactos radicais, significativa em um contexto amplo.
“A ciência não deve ser apenas
baseada em modas ou tribos. Deve contribuir para enfrentar os grandes problemas
da humanidade. É importante também que abandonemos as ideias errôneas e
superadas sobre a estrutura da ciência, que ainda leva em conta as hierarquias
positivistas”, afirmou Galembeck.
Ensino informal
Marcelo Knobel, pró-reitor de
Graduação da Unicamp e membro da Coordenação Adjunta de Colaborações em
Pesquisa da FAPESP, destacou os desafios e perspectivas da educação e
divulgação de ciências. Segundo ele, o governo dos Estados Unidos, país que é
líder na produção científica mundial, detectou um declínio do ensino de ciências,
tecnologia e matemáticas.
“Um comitê designado para isso
recomendou que é preciso melhorar a educação básica em matemática e ciências e
reforçar o compromisso do governo norte-americano com a pesquisa básica de
longo prazo. No Brasil, a situação é mais grave, como mostra o exame
internacional Pisa, no qual estamos em 53º lugar. Mais de 40% dos nossos
estudantes estão abaixo do nível 1 no exame – isto é, não sabem fazer uma regra
de três – e apenas 0,8%, ou 150 mil jovens, têm nível 5 ou 6”, disse.
Knobel ressaltou o papel
importante do ensino informal, que inclui museus, zoológicos, jardins
botânicos, parques, programas de televisão, revistas e livros, entre outros
recursos. Segundo ele, o ensino informal corresponde ao aprendizado adquirido
fora do sistema educacional, o que corresponde a 92% da vida dos indivíduos.
“É um setor que ainda desprezamos
no Brasil. Temos algumas iniciativas, mas nada que se aproxime dos mais de 350
museus de ciências dos Estados Unidos, que geram mais de US$ 1 bilhão por ano,
com 177 milhões de visitantes”, disse.
Roberto Lotufo, da Agência de
Inovação da Unicamp, falou sobre a necessidade de conectar a universidade e a
pesquisa industrial. Para competir globalmente, segundo ele, as empresas de
tecnologia precisam estar em uma região rica em conhecimento, com uma grande
sinergia de pesquisa e empreendedorismo e infraestrutura para a inovação. Esse
lugar, segundo ele, poderia ser a universidade.
“Sabemos que cada vez mais
surgirão novos negócios que não existiam antes. Dos novos desafios da
sustentabilidade até as oportunidades criadas pela internet, a chance de que
surjam novas empresas é muito grande. Não vejo por que não possam surgir no
ambiente universitário”, afirmou.
Segundo Lotufo, a função da
universidade, que no passado se limitava à educação, foi expandida para a
pesquisa e o avanço do conhecimento. Na atualidade, a inovação e o
empreendedorismo estão sendo incorporados nessa missão. A interação entre a
universidade e a indústria, segundo ele, gera contribuições mútuas.
“A contribuição para a universidade é melhorar a
qualidade do ensino e pesquisa, entrar em contato com os desafios do mundo
real, incrementar o currículo e as áreas de pesquisa, além de motivar e trazer
experiência aos estudantes. A contribuição para a indústria é o acesso à
tecnologia de ponta, a identificação de talentos entre os estudantes e o
aumento da capacidade de inovação”, disse Lotufo.
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