“O Brasil é um mercado diferente. Não
é para principiantes, mas é extremamente rico em oportunidades. É um país de
risco, mas é um país de negócios”. A colocação é de um executivo de uma empresa
de origem suíça, mas que 90 anos após transformar alguns de seus produtos em
sinônimos de seus segmentos localmente, tem identidade tão grande com os
brasileiros que gera dúvidas sobre sua origem para grande parte dos
consumidores.
O 3º Fórum de Marketing Empresarial
trouxe Ivan Zurita, presidente do conselho da Nestlé, para falar sobre
“Produtos que devem surpreender e fidelizar clientes”. O executivo, que na
última década foi o principal profissional da empresa no país, da qual faz
parte a nada menos que 40 anos, aproveitou alguns dos cases que transformaram a
Nestlé em exemplo vivo de fidelização para ressaltar a relevância do tópico
para um marketing de sucesso. “Uma história de fidelidade acontece por meio das
atitudes dela perante o mercado, por meio de uma atuação transparente tanto nas
glorias quanto nos momentos críticos”, enfatizou Zurita, citando a necessidade
de renovação e inovação permanente como um dos elementos de maior força para
criar e manter fidelidade. “O Leite Moça, por exemplo, tem a cara da nossa
companhia, continuando jovem mesmo tendo 90 anos. Atualmente, vendemos sete
latas do produto por segundo”, afirmou. “Do outro lado, precisamos acompanhar o
mercado onde estamos, suas oportunidades e expectativas. Foi fazendo isso que
lançamos o Nescafé Duo, que une o produto instantâneo com o torrado e moído,
para agradar o paladar do brasileiro”, complementou.
A regionalização, seja ela a nível
nacional ou mais focada em divisões geográficas mais específicas, foi apontada
por Zurita como uma necessidade para que todos esses elementos sejam colocados
em prática. “Houve uma mudança radical no comportamento do consumidor.
Atualmente, 20% dos paulistanos moram sozinhos. Hoje, quase ninguém almoça em
casa. De análises como essas nasceram ideias como a linha de bebidas prontas
Nestlé Fast, assim como a Dolce Gusto e a Nespresso”, exemplificou.
Além do foco mais local, o
estreitamento do contato com o consumidor é umas chaves para trazê-lo tão
próximo de uma marca ao ponto de fazê-lo se sentir participante. “Há alguns
anos, mudamos a fórmula do Nescau depois de uma pesquisa que apontou 70% de
aprovação com a novidade. Um mês depois, recebi 66 mil e-mails pedindo: ‘quero
meu Nescau de volta!’. Foi criada até uma entidade que visava encontrar o
produto antigo e garantir que aquele Nescau seria mantido. Conclusão: voltamos
atrás e ainda transformamos aquele grupo em responsável oficial por garantir
que o sabor de Nescau era o ideal. A fidelização faz com que nossos produtos
acabem ‘pertencendo’ a esses consumidores”, contextualizou.
Unir para somar
A junção de regionalização, inovação
e integração entre marca e consumidor também gerou cases para a Nestlé no
Brasil que a consolidaram como a segunda maior operação do mundo em
faturamento, atrás apenas dos Estados Unidos e pulando de R$ 5,7 bilhões em
2001 para R$ 20,6 bilhões em 2011. Uma delas foi o “Projeto Nestlé até Você”,
na qual a empresa passou a oferecer um serviço de venda porta a porta em
comunidades com menor frequência a pontos de venda como supermercados.
“Passamos a oferecer kits alimentares com alto valor nutricional. Foi uma
solução focada mais no serviço do que no produto, mas que oferece um benefício
à sociedade e ainda desenvolve uma relação com as marcas vindas de pessoas que
não tinham acesso a elas até então. Criamos um sistema de mini distribuição que
tinha os próprios vizinhos como canal de venda e faturamos, com algo que não
existia até pouco tempo, R$ 1 bilhão. Depois, com a possível ascensão social,
esse consumidor ainda terá novos hábitos de consumo. Não podemos querer vender
na favela com o modelo do bairro nobre”, enfatizou Zurita.
O presidente do conselho também citou
a criação de um navio-supermercado, que funciona na região Norte do país e leva
a Nestlé a um universo de um milhão de ribeirinhos que não tinham acesso aos
produtos. “O barco acabou servindo também para transportar médicos, levar
cartas, vai até ganhar um caixa eletrônico do Bradesco em breve. Uma companhia
internacional tem que se importar com o país que a recebeu tão bem”, pontuou o
executivo.
Sublinhando a relevância da
fidelização para se manter uma empresa saudável, Zurita lembrou que a Nestlé
foi a primeira companhia a criar um serviço de atendimento ao consumidor, na
década de 60. “Hoje recebemos mais de 10 mil contatos por dia, seja para
reclamar, fazer solicitações, até sugerir receitas e novos produtos. Agora
desenvolvemos um sistema integrado do ponto de venda, com o qual, por SMS e com
o código de barras, o público pode obter mais informações sobre determinados
produtos”, destacou, mostrando que se manter grande em um país no qual quase
todos os mercados contam com mais de um competidor de peso depende de um
exercício diário de reinvenção. “Quem acha que já ganhou está começando a
perder”, alertou.
Mulheres marcham em
protesto à mídia machista
Mulheres
de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Campinas (SP),
Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Distrito Federal, Campo Grande (MS) e
Recife (PE), fizeram uma manifestação pacífica no último sábado , contra a
mídia machista.
A
mídia machista, segundo elas, distorce o real contexto da mulher na
sociedade, incentivando e retratando algo que não é plausível – reduz e ignora
as conquistas das mulheres enquanto incentiva a população a pensar de modo
retrógrado e opressor.
Alguns
exemplos de campanhas publicitárias machistas são os de cosméticos e
vestuário em geral, onde a mulher é retratada como a alienada dependente
financeiramente do marido.
Já
nas propagandas de carros, o homem sempre dirige e precisa de praticidade para
o dia a dia do trabalho e agilidade para a prática de esportes – já a mulher
está quase sempre no banco do passageiro, apenas sorrindo para sua situação de
dependência e controlando a bagunça das crianças.
Os
comerciais de produtos de limpeza e serviços domésticos em geral também se
direcionam sempre às mulheres, considerando-as as serviçais da casa em primeira
instância, sempre.
Para
criticar determinados conteúdos de comerciais considerados machistas e
pejorativos ao público feminino, os movimentos sociais feministas e
simpatizantes à crítica da mídia machista fizeram o protesto em vários Estados
brasileiros.
A
batucada organizada com pirulitos e cartazes contra a banalização da mulher nas
peças publicitárias da mídia foi mobilizada nas redes sociais devido às
recentes propagandas da AXE, Nova Schin e da marca de preservativos Prudence.
Os
textos sugerem, na visão dos movimentos, estímulo à violência contra a mulher e
reforçam a ideia dela como mercadoria. Alguns chegam a fazer apologia ao
estupro, consideram.
Uma
recente divulgação da marca de preservativos Prudence fomentou o debate sobre a
mídia machista: a “Dieta do Sexo” apresentava as calorias perdidas ao tirar a
roupa de uma mulher sem o seu consentimento.
Diante
da visível apologia ao estupro, protestos foram feitos via Facebook, o
que culminou na retirada da publicação da rede social. Em meio a tudo
isso, surge o debate sobre a campanha publicitária “O Homem Invisível”, da Nova
Schin, que foi o estopim para a mobilização social e a criação da Marcha
Contra a Mídia Machista.
O
Movimento Contra a Mídia Machista tentou entrar em contato com a Nova Schin, e,
não obteve retorno. Frente a isso, procurou o Conar apelando pela retirada da
propaganda e exigiu uma retratação da marca de cerveja. A empresa apenas se
manifestou dizendo: “Não foi nossa intenção ofender ninguém”.
O
Conar disse, em resposta aos e-mails de protesto, que o caso foi
arquivado em março, pois, por maioria de votos, foi decidido que a campanha
publicitária não representava apologia ao estupro por ser uma situação
“absurda” (alguém ficar invisível), além de, ao fim do comercial, o homem ser
ignorado pelas mulheres. (Promoview, com
informações do Movimento Contra a Mídia Machista).
DESCOBERTAS NOVE ESPÉCIES DE BRIOZOÁRIOS
(Texto de Fábio de
Castro, distribuído pela Agência FAPESP) – Um estudo
realizado por pesquisadores do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da USP
resultou na descrição de nove espécies novas de briozoários do gênero Bugula
no litoral brasileiro. Os briozoários são animais invertebrados
majoritariamente marinhos que vivem em colônias, presos ao substrato.
O estudo que
descreve as espécies – encontradas nos litorais de São Paulo, Rio de Janeiro e
Espírito Santo – foi publicado na revista PLoS One.
As novas
espécies foram denominadas de: Bugula bowiei, Bugula foliolatan, Bugula
guara, Bugula biota, Bugula ingens, Bugula gnoma, Bugula
alba, Bugula rochae e Bugula migottoi.
Os nomes das
novas espécies homenageiam o Programa BIOTA-FAPESP (Bugula biota), o
vice-diretor do Cebimar, Álvaro Migotto (Bugula migottoi), a professora
Rosana Rocha, do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (Bugula
rochae), e o músico britânico David Bowie (Bugula bowiei).
O artigo com a
descrição foi elaborado por Leandro Vieira, pesquisador do departamento de
Zoologia do Instituto de Biociências (IB) da USP, Karin Fehlauer-Ale,
pesquisadora do Laboratório de Sistemática e Evolução de Bryozoa do Cebimar, e
Judith Winston, do Museu de História Natural da Virginia (Estados Unidos).
O estudo foi
realizado com apoio da FAPESP, no âmbito do projeto “Caracterização
molecular de Bugula spp.: implicações taxonômicas, filogenéticas e de bioinvasão”, coordenado por
Migotto.
Segundo
Fehlauer-Ale, além de contribuir para a caracterização morfológica e para o
conhecimento sobre a riqueza de espécies do gênero Bugula no Atântico
Sul, o estudo também realizou uma revisão taxonômica do gênero.
Algumas das
novas espécies caracterizadas eram antes confundidas com espécies típicas do
Atlântico Norte e consideradas como espécies invasoras no Brasil.
“Em alguns casos
não se tratava de espécies invasoras, mas apenas de um problema taxonômico. É
importante fazer essa revisão, porque, se um táxon for identificado de forma
errônea, isso pode resultar em medidas inadequadas contra invasores que não o
são, ou pode levar a subestimar a diversidade de uma costa ao considerar várias
espécies como uma só”, disse Fehlauer-Ale à Agência FAPESP.
Embora sejam
organismos sésseis – isto é, que vivem presos ao substrato marinho –, os
briozoários se movimentam na coluna d’água durante a fase larval de seu ciclo
de vida. Ainda assim, como a fase móvel é bastante restrita, seria plausível
que cada espécie tivesse uma restrição geográfica bem determinada.
“No entanto, o
que temos observado é que várias espécies possuem uma distribuição global, ao
contrário do que seria de se esperar. A hipótese que sugerimos para explicar isso
é o transporte antropogênico: isto é, os briozoários podem ser disseminados nos
cascos de navios, em sua fase adulta. Por isso há uma preocupação com espécies
invasoras em relação a esse filo”, disse Fehlauer-Ale.
60% das espécies
conhecidas
Um dos objetivos
do grupo do Cebimar foi compreender melhor que espécies residem na costa
brasileira. O gênero Bugula foi escolhido porque já incluía algumas
espécies reconhecidas como invasoras. Outro objetivo foi realizar amostragens
comparativas fora da área mais estudada, que é a região Sudeste. O grupo
estudou regiões costeiras de Alagoas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo
e Paraná.
“Para nossa
surpresa, descobrimos nove espécies novas, o que corresponde a mais de 60% das
espécies já conhecidas na costa brasileira”, disse Fehlauer-Ale.
Além dos autores
do artigo, os estudos tiveram contribuição de Andrea Waeschenbach, do Museu de
História Natural de Londres (Reino Unido), e Ezequiel Ale, doutorando de
genética e biologia evolutiva do IB-USP.
De acordo com Fehlauer-Ale,
de agora em diante seus estudos terão foco na espécie Bugula neritina ,
que tem indícios de ser um “mosaico”. “É possível que sejam três espécies de Bugula
morfologicamente semelhantes, mas que apresentam distinções em análises de DNA
e outros atributos como simbiose bacteriana. Encontradas em escala global, duas
das espécies têm potencial de invasão”, afirmou.
O trabalho terá
colaboração dos pesquisadores Joshua Mackie, da Universidade Estadual de San
Jose, na Califórnia (Estados Unidos), e Grace Lin-Fong, do Randolph-Macon
College, na Virgínia (Estados Unidos).
No estudo
realizado, Winston teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa –
Pesquisador Visitante, no âmbito do projeto “Sistemática, evolução
e distribuição de briozoários marinhos recentes no Brasil”, também
coordenado por Migotto.
Migotto também
participou das pesquisas ao orientar o pós-doutorado de Fehlauer-Ale – com Bolsa de Pós-Doutorado – e o mestrado
e doutorado de Vieira, ambos realizados com bolsas da FAPESP.
O artigo Nine
New Species of Bugula Oken (Bryozoa: Cheilostomata) in Brazilian Shallow Waters,
de Leandro M. Vieira, está na PLoS One em www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0040492
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