(Texto de Fabio Reynol, distribuídoi
pela Agência FAPESP) – O Brasil deixa de publicar muitos trabalhos científicos de alta
qualidade em revistas de grande impacto simplesmente por não redigir
adequadamente. A afirmação foi feita por Carl Webster, do Centro de Pesquisa em
Aquicultura da Universidade do Estado do Kentucky, Estados Unidos, no 5º
Congresso da Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática
(Aquaciência 2012), realizado em Palmas (TO) de 1º a 5 de julho.
Webster, que
ministrou um curso sobre redação de artigos científicos durante o evento, é o
editor responsável pela World Aquaculture Magazine, revista da
Sociedade Mundial de Aquicultura (WAS, na sigla em inglês).
O primeiro passo,
segundo Webster, é selecionar o assunto a ser tratado de acordo com a
publicação. “Dizer que a amônia apresenta toxicidade para o pirarucu, por
exemplo, não é novidade alguma, mas se você fizer um artigo sobre a fisiologia
ou histologia relacionada ao assunto, o interesse será grande”, disse.
Segundo Webster,
saber dividir uma pesquisa em partes que possam interessar a diferentes
periódicos científicos e relacioná-las entre elas é um dos atributos mais
valorizados pelos revisores.
O organizador do
curso, José Eurico Possebon Cyrino, professor associado do Departamento de
Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de
São Paulo (Esalq-USP), concorda. Em vez de focar os artigos em espécies
exclusivas do Brasil, Cyrino recomenda selecionar detalhes da pesquisa que
sejam comuns a outros peixes, o que pode fazer toda a diferença durante uma seleção
para publicação.
Cyrino, que coordena
atualmente três projetos apoiados pela FAPESP na modalidade Auxilio à Pesquisa
– Regular, após ter concluído diversos outros, é o responsável pela publicação
dos anais do Aquaciência e aponta para uma deficiência na formação do
pesquisador em todo o país, a redação científica.
“É preciso mostrar
aos graduandos e pós-graduandos a importância de se escrever bem um artigo
científico, sob o risco de o trabalho não ter a repercussão que merece”,
alertou Cyrino ao ministrar o curso que dividiu com Webster.
Webster, por sua vez,
ressaltou a alta qualidade da pesquisa brasileira em aquicultura, apesar das
dificuldades na escrita. “O Brasil faz um ótimo trabalho de investigação na
área, e poderia publicar muito mais”, afirmou.
A despeito das
dificuldades dos brasileiros, a qualidade de um trabalho pode suplantar as
barreiras linguísticas, de acordo com ele. “Não descarto um artigo
potencialmente bom por estar mal escrito, todavia um paper bem
escrito faz muita diferença na hora da escolha”, disse.
Webster aconselha aos
que dominam pouco o inglês a sempre submeter o artigo a um colega fluente antes
de enviá-lo a uma revista. Adaptar o artigo a cada publicação é outra dica. Por
esse motivo, não é aconselhável enviar para uma revista um artigo originalmente
escrito para outra. Cada uma possui peculiaridades e objetivos que precisam ser
observados.
Pelo mesmo motivo, o
cientista aconselha a leitura atenta das normas de cada publicação. “Muitos
trabalhos são rejeitados por não observar regras básicas estabelecidas pelos
editores”, apontou.
Sem tradutor
automático
Segundo Webster, na
hora de escolher a publicação é importante verificar o fator de impacto, que é
o indicador de citações que o veículo teve durante o período de dois anos.
Publicar em revistas de reputação ruim pode afetar negativamente o trabalho.
No entanto, o fator
de impacto não é tudo, pois é necessário ver se o trabalho é adaptado àquela
revista. “Um fator de impacto alto provoca em vários países uma avalanche de trabalhos
submetidos à revista e muitos deles não têm muito a ver com a proposta da
publicação”, pontuou.
Webster alertou para
a necessidade de sempre restringir cada artigo a um único tema central. “Uma
pesquisa pode apresentar inúmeros experimentos, contanto que tenha um único
foco”, aconselhou. Por outro lado, quanto aos parâmetros é preferível que sejam
abundantes e componham um banco de dados que apoiem a pesquisa.
Cyrino propôs aos
participantes a aquisição de bons dicionários em inglês, de preferência ilustrados.
Desse modo, fica mais fácil encontrar partes anatômicas dos animais, por
exemplo. O professor da USP apresentou uma extensa lista de livros de apoio
voltados à escrita científica.
Entre suas dicas
finais, Cyrino desaconselhou o uso de tradutores automáticos encontrados na
internet e chamou a atenção para um equívoco comum em submissões
internacionais, a titulação de doutorado.
“Se você não fez doutorado nos Estados Unidos ou no Reino Unido, não
escreva a sigla PhD em sua titulação, mas doutor em ciência”, recomendou.
Segundo Cyrino, o título PhD pressupõe fluência na redação científica na língua
inglesa e, caso o autor não apresente essa habilidade no texto, ele frustrará
bastante o avaliador.
QUATRO
DIAS PELA BIOTECNOLOGIA
O Departamento de Genética e
Evolução da UFSCar realizará, de 31 de julho a 3 de agosto, o 4º Biotec –
Quatro dias pela biotecnologia.
O objetivo
do evento é discutir os avanços da biotecnologia animal, vegetal e industrial,
aplicados à área da saúde, ao desenvolvimento de fármacos e à produção de
combustíveis alternativos.
A
programação do evento é composta por palestras, mesas-redondas e conferências
que serão proferidas por especialistas do Brasil e do exterior.
“Fitopatógenos
e estratégias biotecnológicas de controle” e “Produção de energia renovável a
partir de compostos orgânicos” serão alguns assuntos em debate no encontro.
O evento será realizado no auditório Florestan Fernandes da UFSCar, na
Rod. Washington Luís, km 235, em São Carlos (SP). Detalhes: www.ufscar.br/4biotec/index.html.
GESTÃO DE NATUREZA PÚBLICA E SUSTENTABILIDADE
O Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade
de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) realizará, no dia 14
de agosto, um encontro acadêmico sobre “Gestão de natureza pública e
sustentabilidade”.
O objetivo do evento é discutir a importância do exercício efetivo
da interdisciplinaridade para o desenvolvimento do país em bases sustentáveis.
Durante o encontro será lançado o livro Gestão de natureza pública e
sustentabilidade, organizado pelos pesquisadores Arlindo Philipp Jr.,
Carlos Alberto Ciose Sampaio e Valdir Fernandes. Detalhes: www.fsp.usp.br/site/eventos/mostrar/2290
PRÊMIO
FOTOGRAFIA-CIÊNCIA & ARTE
Abertas até o dia 2 de agosto as inscrições
para a segunda edição do Prêmio Fotografia-Ciência & Arte. Criado pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o prêmio
visa estimular a divulgação de trabalhos científicos por meio da exposição de
imagens realizadas pelos próprios pesquisadores, com intuito de dar maior
visibilidade à pesquisa científica nos meios de comunicação.
São três
categorias: “Lentes convencionais”, “Lentes especiais” e “Imagens editadas”. Os
vencedores em cada uma das categorias receberão prêmios de R$ 8 mil para o
primeiro lugar, R$ 5 mil para o segundo e R$ 2 mil para o terceiro colocado.
O primeiro colocado de cada categoria também
receberá passagens aéreas e hospedagem para expor suas fotografias e receber a
premiação durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Os resultados do
prêmio serão anunciados no início de outubro. Detalhes: premiofotografia.cnpq.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário