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terça-feira, 17 de julho de 2012

CIENTISTAS PRECISAM SABER ESCREVER


(Texto de Fabio Reynol, distribuídoi pela Agência FAPESP) – O Brasil deixa de publicar muitos trabalhos científicos de alta qualidade em revistas de grande impacto simplesmente por não redigir adequadamente. A afirmação foi feita por Carl Webster, do Centro de Pesquisa em Aquicultura da Universidade do Estado do Kentucky, Estados Unidos, no 5º Congresso da Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquaciência 2012), realizado em Palmas (TO) de 1º a 5 de julho.
Webster, que ministrou um curso sobre redação de artigos científicos durante o evento, é o editor responsável pela World Aquaculture Magazine, revista da Sociedade Mundial de Aquicultura (WAS, na sigla em inglês).
O primeiro passo, segundo Webster, é selecionar o assunto a ser tratado de acordo com a publicação. “Dizer que a amônia apresenta toxicidade para o pirarucu, por exemplo, não é novidade alguma, mas se você fizer um artigo sobre a fisiologia ou histologia relacionada ao assunto, o interesse será grande”, disse.
Segundo Webster, saber dividir uma pesquisa em partes que possam interessar a diferentes periódicos científicos e relacioná-las entre elas é um dos atributos mais valorizados pelos revisores.
O organizador do curso, José Eurico Possebon Cyrino, professor associado do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), concorda. Em vez de focar os artigos em espécies exclusivas do Brasil, Cyrino recomenda selecionar detalhes da pesquisa que sejam comuns a outros peixes, o que pode fazer toda a diferença durante uma seleção para publicação.
Cyrino, que coordena atualmente três projetos apoiados pela FAPESP na modalidade Auxilio à Pesquisa – Regular, após ter concluído diversos outros, é o responsável pela publicação dos anais do Aquaciência e aponta para uma deficiência na formação do pesquisador em todo o país, a redação científica.
“É preciso mostrar aos graduandos e pós-graduandos a importância de se escrever bem um artigo científico, sob o risco de o trabalho não ter a repercussão que merece”, alertou Cyrino ao ministrar o curso que dividiu com Webster.
Webster, por sua vez, ressaltou a alta qualidade da pesquisa brasileira em aquicultura, apesar das dificuldades na escrita. “O Brasil faz um ótimo trabalho de investigação na área, e poderia publicar muito mais”, afirmou.
A despeito das dificuldades dos brasileiros, a qualidade de um trabalho pode suplantar as barreiras linguísticas, de acordo com ele. “Não descarto um artigo potencialmente bom por estar mal escrito, todavia um paper bem escrito faz muita diferença na hora da escolha”, disse.
Webster aconselha aos que dominam pouco o inglês a sempre submeter o artigo a um colega fluente antes de enviá-lo a uma revista. Adaptar o artigo a cada publicação é outra dica. Por esse motivo, não é aconselhável enviar para uma revista um artigo originalmente escrito para outra. Cada uma possui peculiaridades e objetivos que precisam ser observados.
Pelo mesmo motivo, o cientista aconselha a leitura atenta das normas de cada publicação. “Muitos trabalhos são rejeitados por não observar regras básicas estabelecidas pelos editores”, apontou.
Sem tradutor automático
Segundo Webster, na hora de escolher a publicação é importante verificar o fator de impacto, que é o indicador de citações que o veículo teve durante o período de dois anos. Publicar em revistas de reputação ruim pode afetar negativamente o trabalho.
No entanto, o fator de impacto não é tudo, pois é necessário ver se o trabalho é adaptado àquela revista. “Um fator de impacto alto provoca em vários países uma avalanche de trabalhos submetidos à revista e muitos deles não têm muito a ver com a proposta da publicação”, pontuou.
Webster alertou para a necessidade de sempre restringir cada artigo a um único tema central. “Uma pesquisa pode apresentar inúmeros experimentos, contanto que tenha um único foco”, aconselhou. Por outro lado, quanto aos parâmetros é preferível que sejam abundantes e componham um banco de dados que apoiem a pesquisa.
Cyrino propôs aos participantes a aquisição de bons dicionários em inglês, de preferência ilustrados. Desse modo, fica mais fácil encontrar partes anatômicas dos animais, por exemplo. O professor da USP apresentou uma extensa lista de livros de apoio voltados à escrita científica.
Entre suas dicas finais, Cyrino desaconselhou o uso de tradutores automáticos encontrados na internet e chamou a atenção para um equívoco comum em submissões internacionais, a titulação de doutorado.

“Se você não fez doutorado nos Estados Unidos ou no Reino Unido, não escreva a sigla PhD em sua titulação, mas doutor em ciência”, recomendou. Segundo Cyrino, o título PhD pressupõe fluência na redação científica na língua inglesa e, caso o autor não apresente essa habilidade no texto, ele frustrará bastante o avaliador. 

QUATRO DIAS PELA BIOTECNOLOGIA

 O Departamento de Genética e Evolução da UFSCar realizará, de 31 de julho a 3 de agosto, o 4º Biotec – Quatro dias pela biotecnologia.

O objetivo do evento é discutir os avanços da biotecnologia animal, vegetal e industrial, aplicados à área da saúde, ao desenvolvimento de fármacos e à produção de combustíveis alternativos.
A programação do evento é composta por palestras, mesas-redondas e conferências que serão proferidas por especialistas do Brasil e do exterior.
“Fitopatógenos e estratégias biotecnológicas de controle” e “Produção de energia renovável a partir de compostos orgânicos” serão alguns assuntos em debate no encontro.

O evento será realizado no auditório Florestan Fernandes da UFSCar, na Rod. Washington Luís, km 235, em São Carlos (SP). Detalhes: www.ufscar.br/4biotec/index.html. 

GESTÃO DE NATUREZA PÚBLICA E SUSTENTABILIDADE

 O Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) realizará, no dia 14 de agosto, um encontro acadêmico sobre “Gestão de natureza pública e sustentabilidade”.

O objetivo do evento é discutir a importância do exercício efetivo da interdisciplinaridade para o desenvolvimento do país em bases sustentáveis.
Durante o encontro será lançado o livro Gestão de natureza pública e sustentabilidade, organizado pelos pesquisadores Arlindo Philipp Jr., Carlos Alberto Ciose Sampaio e Valdir Fernandes. Detalhes: www.fsp.usp.br/site/eventos/mostrar/2290 
 PRÊMIO FOTOGRAFIA-CIÊNCIA & ARTE
 Abertas até o dia 2 de agosto as inscrições para a segunda edição do Prêmio Fotografia-Ciência & Arte. Criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o prêmio visa estimular a divulgação de trabalhos científicos por meio da exposição de imagens realizadas pelos próprios pesquisadores, com intuito de dar maior visibilidade à pesquisa científica nos meios de comunicação.
São três categorias: “Lentes convencionais”, “Lentes especiais” e “Imagens editadas”. Os vencedores em cada uma das categorias receberão prêmios de R$ 8 mil para o primeiro lugar, R$ 5 mil para o segundo e R$ 2 mil para o terceiro colocado.
O primeiro colocado de cada categoria também receberá passagens aéreas e hospedagem para expor suas fotografias e receber a premiação durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Os resultados do prêmio serão anunciados no início de outubro. Detalhes: premiofotografia.cnpq.br. 

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