Coube a Julio Ribeiro, um dos maiores nomes da história da publicidade brasileira, a missão de encerrar a 25ª Semana Internacional da Criação Publicitária. Sócio-presidente da Talent, além de sócio da QG Propaganda e da CO.R Projetos de Inovação, o publicitário é considerado um dos grandes responsáveis pela evolução do planejamento estratégico na propaganda brasileira. Ele é detentor de vários prêmios na área, entre eles o primeiro Leão brasileiro no Cannes Lions, em 1971: um de prata para filme da mortadela Swift.
A palestra Coisas que alguns clientes me contaram e não contaram para você é resultante de uma série de pesquisas que a Talent tem feito para “descobrir” o motivo que faz com que os clientes deixem as agências e os fornecedores parem de atender as empresas. “Um estudo da relação comercial”, disse. Essas pesquisas serão objetos do livro “Marketing de atitude”, que o publicitário lança em maio. A quinta obra de Ribeiro, autor também de “Tudo que você queria saber sobre propaganda e ninguém teve paciência para explicar”, “Propaganda – Profissionais ensinam como se faz”, “Entenda propaganda – 101 perguntas e respostas sobre como usar o poder da propaganda para gerar negócios” e “Fazer acontecer”, reeditado em 2010 como “Fazer Acontecer.com.br”.
Ribeiro baseou sua apresentação em três capítulos do livro. Em uma parte, falou da “alegria como arma de desenvolvimento da empresa”. Segundo o publicitário, o empregado passa o horário nobre da vida dele no seu local de trabalho, e se ele não tiver algum motivo de alegria nessas horas, ou vai ficar triste e acabar não atuando da forma como deveria, ou vai acabar odiando sua empresa. “Funcionário que não gosta da empresa resulta em baixa performance. Eu procuro citar exemplos contrários. Veja o caso do Magazine Luiza, que está sempre aparecendo nas pesquisas de ‘melhor local para trabalhar’. Saiu de uma pequena loja do interior paulista para se tornar a terceira maior rede varejista do país. A Embraer é outro exemplo bom”, afirmou.
Em outro ponto da palestra, o executivo falou sobre o motivo que “as empregadas cantam, e as patroas não”. Para Ribeiro, essa é uma forma que elas se utilizam para fazer carinho nelas mesmo. “A relação delas com as patroas costumam ser impessoais. Falta afeto, que é substituído pelo ato de cantar. Na Talent, nós temos proximidade com nossos profissionais, estamos sempre dando afeto. E isso é passado naturalmente na relação com os clientes. Talvez isso explique nosso baixo turn over. Não perdemos um cliente há quatro anos”.
Por fim, Ribeiro destacou algo que considera importante para diversos momentos da vida, inclusive profissional – “peça três coisas que não seja saúde, amor e dinheiro”. “Se alguém tiver andando pela rua e encontrar uma lâmpada mágica, pode apostar que pedirá algum desses intens. Não que não seja importante. Mas é que acaba revelando a falta de um projeto de vida”, ressaltou.
Segundo o publicitário as ligações comerciais se rompem a partir da inexistência de ligações entre as pessoas das empresas e dos clientes. “Quando você vai a uma loja comprar algo, vive a experiência de compra. E é do prazer ou ódio dessa experiência que você volta ou não”, diz, citando uma pesquisa que fez com celulares. Em uma cidade pequena, existia uma marca de celular que tinha cobertura em qualquer ponto. Já quem tinha a marca concorrente, só conseguia falar se fosse até determinado ponto do município. Mesmo assim, 18% da população tinha aparelhos dessa marca. “E não mudavam porque diziam que a empresa líder tratava mal seus clientes, e preferiam ficar com um aparelho com uma cobertura menor a ter que aguentar desaforo. Isso vale para todas as áreas. A maior parte das queixas que os clientes possuem de seus bancos é por causa dos conflitos nas relações pessoais. O mesmo vale para repartições públicas. Você precisa tirar RG, passaporte e se sente desamparado quando tem que fazer a documentação, evita ao máximo essa ida até o local”, disse.
Esses são fatores de marketing importantes, mas que não costumam ser externados publicamente, segundo Ribeiro. “As pesquisas que fiz são as únicas que conheço que falam de relacionamento de continuidade com as empresas”, salientou, dizendo que uma pesquisa publicada no livro “Love Thy Costumer”, de Rick Brinkman e Rick Kirschner, revelou o motivo pelos quais as pessoas mudam de fornecedor. “O estudo revela que 1% das pessoas muda por falecimento, 5% porque passaram a fazer negócios com amigos, 16% por preço ou qualidade, e 68% porque achavam que o fornecedor não dava a importância que ele merecia. Um número muito alto. Mais do que o dobro de todos os outros fatores juntos”. (Propmark)
Discursos Sobre Arte Sacra
(ZENIT.org) - Pintor, teórico e historiador da arte, é como vem sendo chamado o autor deste livro, o que atesta a personalidade poliédrica de Rodolfo Papa. O discurso, como gênero literário, foi escolhido pelo autor para afrontar um tema complexo, como o da arte, em uma estrutura de pensamento circular de diversos níveis, mas orientada para um objetivo final: a arte sacra.
Assim, na numerosa e caótica diversidade de opiniões que caracterizam hoje os estudos sobre arte, o autor abre o seu discurso, no primeiro capítulo, enfrentando o delicado problema de definir a arte. Para este fim entra em um denso diálogo com os mais conhecidos representantes do pensamento contemporâneo sobre o assunto não só para desmascarar os seus "medos", mas também suas relutâncias em dar uma definição da arte. Convencido, porém, ainda que em contra tendência, da "necessidade de definir os termos sobre os quais apoiar as escolhas individuais e depois o sentido do agir e do fazer, e também do fazer artístico", o autor chega a uma solução do problema propondo a definição "real" e "clássica" da arte - ars est recta ratio factibilium – mas deixando também flexivelmente aberta a questão das definições de um estatuto epistemológico para cada espécie de arte.
Depois deste primeiro passo, o discurso prossegue sobre o tema do estilo, termo freqüentemente equivocado na linguagem corrente em referimento às artes visuais. Com tal propósito, tomando como motivo o desenvolvimento histórico do conceito de estilo e concretizando-o no operar artístico de Caravaggio, a questão estilística vem apresentada em relação à maniera e à schola , que seriam declinações particulares de um sistema mais vasto e subentendido, que é o próprio sistema da arte, assunto do terceiro capítulo. No definir o sistema artístico como "um conjunto de princípios e regras que subentendem um sistema de sinais", em estreita relação com uma específica visão do mundo (Weltanschauung), o autor estabelece o fundamento teórico para individualizar a identidade e a essência do sistema da arte cristã. Deste modo, torna-se evidente não só a diversidade entre o sistema figurativo e o sistema não figurativo ou anicônico, mas, sobretudo a relação íntima entre religião e sistema artístico.
Muito significativo é o discurso sobre a luz, desenvolvido no quarto capítulo, que põe em evidência como a «passagem da luz para a cor» na arte contemporânea não seja senão a passagem "de uma visão metafísica a uma materialista". A luz, metáfora da verdade e símbolo da beleza, torna-se neste discurso princípio hermenêutico para compreender a dimensão da corporeidade em sentido cristão. Nesta visão, o abstrato e o hiperrealismo não podem ser frutos de uma concepção desviada e reducionista da corporeidade e, em última instância, da luz.
Pertinente, depois, é o discurso sobre imagens e sobre o corpo, com a finalidade de demonstrar por uma parte, a assim chamada “sociedade das imagens” na qual vivemos, que, na verdade, é uma sociedade “intrinsecamente iconofóbica”, e por outra, revelar o aspecto mais revolucionário da prospectiva na sua capacidade de “tornar presente” a realidade in imagine picta ao serviço das exigências contemplativas da espiritualidade franciscana e da fé na Encarnação.
Não poderia faltar um discurso sobre a beleza, aspecto basilar de qualquer reflexão sobre arte. Este discurso revela em modo particular o sólido conhecimento da doutrina escolástico-tomista por parte do autor.
Ele, de fato, se refere muitas vezes à concepção da beleza em termos ontológicos de transcendente, em estreita relação com o verum e o bonum. Interessante notar que tal prospectiva, como vem expressamente sublinhado, está em continuidade com os ensinamentos do Concílio Vaticano II (cf. Sacrosanctum Concilium, 122) e também com o magistério pós-conciliar (cf. Giovanni Paolo II, Veritatis splendor, 51; Benedetto XVI, Sacramentum caritatis, 31 e 41).
O discurso sobre arte sacra, o último da série, é o coroamento de todos os discursos precedentes, assim como para o autor – pintor, teórico e historiador da arte – tudo é orientado à arte sacra, que constitui o leitmotiv da sua vida de “artista e homem de fé”. O sublinhamento da especificidade da arte sacra no seu ser referido à liturgia, permite abrir um discurso de fundamental importância para entender a arte sacra em relação à fé e para poder definí-la, a exemplo da definição tomista, como «fides et recta ratio factibilium». Sempre em analogia com a relação entre fides et rati, o autor caracteriza na história da relação entre arte e fé “três estados: uma arte autônona com respeito à fé, uma arte cristã iluminada pela fé e uma arte interpelada pela fé”, ou chamada pela fé a um papel mais específico. Esta última é propriamente a arte sacra. A distinção torna-se um guia seguro para o conhecimento adequado da tradição na arte da Igreja, seja para delinear o perfil do artista cristão, seja para reconhecer a autêntica arte sacra. Este último aspecto resulta iluminado pelo comentário dos cinco pontos já assinalados pelo Card. Joseph Ratzinger em sua Opera Omnia sobre a Teologia da Liturgia: a inconciliabilidade da iconoclastia com a fé na Encarnação do Verbo, a história da salvação como fonte da arte sacra, a centralidade da imagem de Cristo na arte figurativa sacra, a imagem sacra como instrumento de contemplação, a essência de espaço para a arbitrariedade e para o subjetivismo na arte sacra. Enfim, no seu discurso conclusivo, o autor chega a sintetizar com grande lucidez mental quatro características fundamentais que dizem respeito à identidade da arte sacra: universalidade, beleza, figuratividade e narratividade.
O livro, fruto da maturidade do pensamento do autor, vem à luz em um momento histórico particularmente significativo para a vida da Igreja e para a arte sacra. De fato, enquanto vem publicada a obra de R. Papa se aproximam duas celebrações importantes: o 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumêncio Vaticano II e o Ano da Fé, proclamado por Bento XVI com a Carta Apostólica Porta Dei. Tanto para um como para o outro momento o livro aqui apresentado pode ser considerado uma contribuição válida e digna de apreço. Em referimento ao Concílio Vaticano II, os discursos desenvolvidos no livro não só se alinham à hermenêutica dos textos conciliares prevista por Bento XVI (cf. Discurso à Curia Romana, 22 dezembro de 2005), mas sobretudo constituem uma aplicação prática e concreta da orientação conciliar sobre a formação dos artistas e do clero (cf. Sacrosanctum Concilium 127 e 129). Neste sentido é prevista uma larga difusão da obra para fins de formação, seja nos ambientes universitários eclesiásticos, seja naquele vasto “aerópago” do mundo da arte, que hoje vale apresentar como um novo cenário de evangelização. Também em relação ao Ano da Fé este livro é capaz de oferecer a sua precisosa contribuição. De fato, se hoje uma “profunda crise de fé...tocou muitas pessoas (Porta fidei, 2), não parece que existem razões válidas para excluir artistas entre aqueles que são tocados por esta crise. Portanto, estes discursos sobre arte sacra sejam contemplados com os olhos da fé e, sobretudo, porque os artistas entendem quão nobre pode se tornar a própria arte no momento em que essa for concebida segundo a fé e assuma como finalidade única servir à glória de Deus na Igreja. (Texto do Prof. Daniel Estivil, da Pontifícia Universidade Gregoriana. Tradução: Ir.Patricia Souza)
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