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CRISES
Os produtores de alho do Alto Paranaíba estão apreensivos com a invasão do produto chinês, que custa menos, embora tenha menos qualidade. Na mesma região, os hortigranjeiros reclamam do aumento, já anunciado, do aumento, ano que vem, dos custos trabalhistas. A decisão foi tomada pelo governo para compensar a perda de impostos acarretada pela utilização crescente de máquinas pela agricultura brasileira e conseqüente diminuição da mão de obra.
No entanto, os hortigranjeiros alegam que a atividade deles não permite a utilização do maquinário e que vão estão pagar o pato injustamente.
ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS
O 35º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais ocorrerá entre os dias 24 e 28 em Caxambu (MG), com o objetivo discutir diversas áreas de estudos, tais como antropologia, sociologia, ciência política e relações internacionais, auxiliando na formulação de políticas científicas no país. Detahes: www.encontroanpocs.org.br/2011
DEBATES SOBRE LEGISLAÇÃO DE PATENTES
Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP participará da segunda mesa de discussões do ciclo de debates A legislação de patentes e o futuro da inovação tecnológica no Brasil, promovido pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara dos Deputados.
Mais Detalhes
INTERCÂMBIO EM FÍSICA COM OS ESTADOS UNIDOS
Professores e estudantes de física do Brasil e dos Estados Unidos que desejam realizar intercâmbio têm oportunidades oferecidas em conjunto pelas sociedades de física desses países. Detalhes: www.aps.org/programs/international/programs/brazil.cfm
RECORDE DE FUSÕES E AQUISIÇÕES
Os três primeiros trimestres de 2011 registraram recorde de fusões e aquisições de empresas brasileiras. Foram 606 operações, número 14% maior do que o do mesmo período de 2010. Os dados são da Pesquisa de Fusões e Aquisições da KPMG - rede global de firmas independentes.
As transações domésticas aumentaram em relação ao ano passado: 293 acordos contra 244. O processo de internacionalização das companhias brasileiras caiu 10%. Foram 47 transações CB2 (quando empresas brasileiras adquirem estrangeiras no exterior) de janeiro a setembro, contra 52 em igual período de 2010. As compras feitas por estrangeiras tiveram forte crescimento. As operações aumentaram 26% de janeiro a setembro na comparação com 2010: 157 contra 125. (Portal da EconomiaSC)
O ESPÍRITO DA COISA A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia. Coisas do português.
A natureza das coisas: gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?".
Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. "E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha.
Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.
Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica O Coisa em 1943. A Coisa é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.
Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".
Devido lugar: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.
Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).
Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim!
Coisa de cinema! A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".
Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, coisa nenhuma vira coisíssima. Mas a coisa tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré (Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar), e A Banda, de Chico Buarque (Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor), que acabou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som Livre remasterizou. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: Coisa linda / Coisa que eu adoro.
Cheio das coisas. As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas.
Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, são tantas coisinhas miúdas). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade (ô coisinha tão bonitinha do pai). Todas as Coisas e Eu é título de CD de Gal. Esse papo já tá qualquer coisa...Já qualquer coisa doida dentro mexe. Essa coisa doida é uma citação da música Qualquer Coisa, de Caetano, que canta também: Alguma coisa está fora da ordem.
Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.
A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: Agora a coisa vai. Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!
Coisa à toa. Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema Eu, Etiqueta, Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente. E, no verso do poeta, coisa" vira cousa.
Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para ser usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.
Mas, deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: amarás a Deus sobre todas as coisas. ENTENDEU O ESPÍRITO DA COISA ? (Zilda Scandiuzzi, no Facebook)
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