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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

E O COMPUTADOR VIRA JORNALISTA

E ainda: Eventos . Oportunidade . Bolsa
OPORTUNIDADE
A Neovox está buscando estagiários para Criação (um para Redação e outro para Direção de Arte). Os candidatos devem mandar link do portfólio para o meu email: cesar@neovox.com.br
EVENTOS
. HISTÓRIA DA ARTE  - O Comitê Brasileiro de História da Arte  e a Unicamp realizarão, de 18 a 20, o 31º Colóquio de História da Arte. Detalhes: www.cbha.art.br/coloquio_2011.html
 . TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL - O Laboratório de Estudos e Pesquisa em Direito à Educação Especial (Lepede) da UFSCar realizará,  dia 11, o 1º Colóquio Trabalho Pedagógico na Educação Especial. Detalhes: 1cepddv@gmail.com
 PD COM BOLSA EM SANEAMENTO AMBIENTAL
 O Projeto Temático Emissões de gases e dinâmica do nitrogênio em lagoas de estabilização e solos irrigados com esgoto tratado: gestão sustentável dos recursos hídricos oferece oportunidade de pós-doutoramento com bolsa da Fundação. Detalhes: ajmelfi@usp.br ou crmlauar@usp.br  e www.fapesp.br/bolsas/pd. Outras Bolsas:  www.oportunidades.fapesp.br.
SOBRE REPORTAGENS NO COMPUTADOR
(Steve Lohr do  The New York Times, no UOL) - Wisconsin está liderando para uma vitória. vence por 51-10 depois do terceiro tempo. O Wisconsin confirmou a liderança quando Russell Wilson encontrou Jacob Pedersen para um touchdown de oito jardas para marcar 44-3...”

Essas palavras abriram um boletim noticioso escrito a 60 segundos do final do terceiro tempo do jogo de futebol americano do Wisconsin-UNLV no início deste mês. Foram escritas por um computador.
O código inteligente é o trabalho da Narrative Science, uma empresa start-up de Evanston, Illinois, que oferece provas do progresso da inteligência artificial – a capacidade de os computadores imitarem o raciocínio humano.
O software da companhia coleta dados, como os das estatísticas esportivas, relatórios financeiros e vendas de empreendimentos imobiliários, e os transforma em artigos. Durante anos, programadores experimentaram softwares que escreviam esses artigos, normalmente para eventos esportivos, mas essas iniciativas tinham um estilo padronizado, de preencher lacunas. Eles pareciam ter sido escritos por uma máquina.
Após mais de uma década de pesquisas, lideradas por dois dos fundadores da companhia, Kris Hammond e Larry Birnbaum, co-diretores do Laboratório de Informação Inteligente na Universidade Northwestern, a Narrative Science conseguiu produzir textos diferentes.
“Eu achei que era mágica”, disse Roger Lee, sócio geral da Battery Ventures, que investiu US$ 6 milhões (R$ 10 milhões) na companhia no início deste ano. “É como se um ser humano tivesse escrito os textos.”
Especialistas em inteligência artificial e linguagem também estão impressionados. Oren Etzioni, cientista da computação na Universidade de Washington, diz: “a qualidade da narrativa produzida é muito boa”, como se fosse escrita por um ser humano, talvez até por um redator experiente.
O resultado, diz Etzioni, aponta para uma tendência maior da computação de “aumentar a sofisticação na compreensão da linguagem automática e, agora, na geração de linguagem”. O trabalho levanta a questão maior de se essas aplicações da inteligência artificial irão ajudar os seres humanos ou substitui-los. A tecnologia já está prejudicando a economia do jornalismo tradicional. A publicidade online, embora esteja em ascensão, não compensou o declínio da publicidade impressa. Mas será que “jornalistas robôs” substituirão os jornalistas de carne e osso nas redações?
Os líderes da Narrative Science enfatizam que sua tecnologia será usada principalmente como uma ferramenta de baixo custo para que as publicações ampliem e enriqueçam sua cobertura quando os orçamentos editoriais estiverem sob pressão. A companhia tem 20 clientes. Vários ainda estão experimentando a tecnologia.  Entre eles estão redes de jornais que querem oferecer artigos automatizados para uma cobertura mais extensiva dos esportes juvenis e gerar artigos sobre os resultados financeiros trimestrais de companhias públicas locais.
Os clientes da Narrative Science que se dispuseram a falar se encaixam nesse modelo. A Big Ten Network, uma parceria da Big Ten Conference e Fox Networks, começou a usar a tecnologia na primavera de 2010 para resumos curtos de jogos de beisebol e softball. Eles eram postados no site da rede cerca de um minuto ou dois depois do final de cada jogo; os resultados tabulados e dados de jogo a jogo eram usados para gerar os artigos breves. À medida que a temporada de esportes avançou, os artigos gerados por computador melhoraram, ajudados por sugestões dos editores da equipe.
O software de Narrative Science pode fazer inferências baseadas nos dados históricos que coleta e na sequência e resultados de jogos passados. Para gerar “ângulos” para as matérias, explica Hammond da Narrative Science, o software aprende conceitos para os artigos como “esforço individual”, “esforço da equipe”, “vir de trás”, “para frente e para trás”, “auge da temporada”, “perfil do jogador” e “rankings de equipes”. Então o software decide que elemento é mais importante para o jogo, e isso se torna o lead da matéria. Os dados também determinam a seleção do vocabulário.
No outono passado, a Big Ten Network começou a usar a Narrative Science para atualizações de jogos de futebol e basquete. Esses artigos ajudaram a criar uma onda de citações de seu site a partir do algoritmo de busca do Google, que elenca novos conteúdos sobre temas populares, diz Calderon. O tráfego no site da rede durante os jogos de futebol da última temporada foi 40% maior do que em 2009.
Hanley Wood, uma editora do setor de construção, começou a usar o programa em agosto para fornecer relatórios mensais sobre mais de 350 mercados imobiliários locais, postando-os no site builderonline.com. A companhia coletava dados há tempos, mas seria muito caro contratar pessoas para escrever artigos sobre tendências do mercado, diz Andrew Reid, presidente da unidade de mídia digital e inteligência de mercado da Hanley Wood.
Reid diz que a Hanley Wood trabalhou com a Narrative Science durante meses para afinar o software para construção. Ex-executivo da Thomson Reuters, ele disse que ficou surpreso com a alta qualidade dos artigos.
“Eles conseguiram ultrapassar um grande obstáculo linguístico”, observou. “As histórias não são duplicadas de nenhuma forma.”
Ele também ficou impressionado com o custo. A Hanley Wood paga à Narrative Science menos de US$ 10 (R$ 17) por artigo de cerca de 500 palavras – e o preço provavelmente vai cair com o tempo. Mesmo por US$ 10, o custo é bem menor, segundo estimativas do setor, do que o custo médio por artigo de empresas noticiosas online como a AOL's Patch ou sites de respostas, como aqueles administrados pela Demand Media.
As ambições da Narrative Science incluem melhorar a qualidade. Tanto Birnbaum quanto Hammond são professores de jornalismo e de ciências da computação. A própria companhia é resultado da colaboração entre as duas escolas.
“Esse tipo de tecnologia pode aprofundar o jornalismo”, diz John Lavine, reitor da Escola de Jornalismo Medill na Northwestern.
Hammond diz que a combinação de avanços em seu motor de escrita e na pesquisa de dados pode abrir novos horizontes para o jornalismo de computador, explorando “correlações inesperadas” - algo conceitualmente parecido com a coluna “Freakonomics”, feita por dois humanos, o economista Steven D. Levitt e o escritor Stephen J. Dubner.
Hammond citou uma previsão de um especialista em mídia de que um programa possa ganhar um Prêmio Pulitzer em jornalismo daqui a 20 anos – e discordou educadamente.
“Dentro de cinco anos”, diz ele, “um programa de computador ganhará um Prêmio Pulitzer – e eu ficarei frustrado se não for a nossa tecnologia.”
Se isso acontecer, o prêmio, é claro, não seria consagrado a um código abstrato, mas a seus criadores humanos.

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