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terça-feira, 6 de setembro de 2011

OUTROS COXIXOS DE BRASÍLIA


E ainda: OS NEGROS NA ALEMANHA

A cineasta Denise Garcia acaba de produzir O Fardo das Fronteiras, filme que retrata a vida de africanos requerentes de asilo na Alemanha. Vítimas de opressão e isolamento, eles lutam pelo direito de ir e vir. Vítimas da Opressão é o resultado de mais de dois anos de filmagens e pesquisa.
Denise, uma carioca com sotaque gaúcho, foi para a Europa após o sucesso de Sou Feia, mas Tô na Moda, que retrata a vida de mulheres do funk carioca.  

Foi então que ela conheceu Mbolo Yufanyi. Natural de Camarões, que chegou à Alemanha em 1998. O africano, que viveu três anos num abrigo para refugiados, é uma das principais vozes do documentário de Denise e do movimento de luta pelos direitos dos asilados na Alemanha. Yufanyi é membro da organização The Voice, presente em vários países.

Denise decidiu então focar seu documentário nos negros por considerá-los a síntese de uma realidade. "A cor ainda tem um papel muito importante na questão do racismo", diz a diretora.

Na última década, o país de origem da maioria dos refugiados que chegou à Alemanha foi o Iraque, mas, em 2010, 16,5% dos requerentes de asilo vieram da África. A Somália está entre as dez origens mais frequentes, correspondendo a 5,4% dos pedidos na Alemanha, de acordo com o Departamento Federal para Imigração e Refugiados.

A ida de refugiados africanos para a Europa remonta à década de 1950, quando foi criada a Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados, as pessoas que, "temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontram fora do país de sua nacionalidade e que não podem ou, em virtude desse temor, não querem valer-se da proteção desse país". (Convenção de Genebra de 1951, promovida pela ONU).

Concebido como um instrumento pós-Guerra, o acordo se limitava a pessoas fugindo de acontecimentos ocorridos antes de 1951. Em 1967, um protocolo deu ao acordo um caráter universal. Hoje, há 147 países signatários da Convenção e do Protocolo. A Alemanha é um deles.

 Com a independência e as guerras civis os africanos  começaram a pedir asilo na Europa. O fluxo de refugiados da África para a Alemanha foi crescente até os anos 1980 e a criação da Residenzpflicht ("residência obrigatória"), incluída na Lei do Processo de Asilo alemã em 1982.

Os requerentes de asilo só podem deixar o distrito onde está localizado o Escritório de Imigração em que foram registrados com uma permissão por escrito. "Nenhum outro país europeu mantém uma limitação tão rigorosa da liberdade de ir e vir", escreveu a pesquisadora Beate Selders num estudo sobre a Residenzpflicht citado pelo jornal Die Welt. "A residência obrigatória restringe, humilha e isola.”

Yufanyi, sentiu na pele os efeitos da obrigatoriedade de residência. O africano viveu por quase três anos no abrigo para refugiados Weilrode, na Turíngia. Yufanyi conta que cerca de 200 pessoas moravam no local enquanto esperavam pelo processamento de seu pedido de asilo político.

Em dormitórios coletivos e sem permissão para trabalhar, os refugiados recebiam cupons para comprar alimentos. Durante a semana, havia apenas um ônibus por dia ligando o abrigo à cidade e nenhum aos sábados e domingos. "As condições eram muito ruins, mas não piores que as de outros abrigos. Não existem abrigos bons", diz Yufanyi.

O refugiado de Camarões conta que participou dos protestos que culminaram com o fechamento do abrigo Weilrode. Segundo ele, há centenas de locais semelhantes na Alemanha. "Antes era possível viajar para outras cidades, mas com a obrigatoriedade de residência aumentou o controle sobre os refugiados. Perdi a conta de quantas vezes fui parado pela polícia simplesmente por ser negro", declara.

Para Yufanyi, o objetivo dos abrigos é fazer com que os refugiados optem por deixar a Alemanha por vontade própria. "Acho que o lema dos asilos é 'isolamento, perseguição e degradação'. Servem para mostrar que você não é bem-vindo neste país", opina.

"A vida ali é um tédio total", acrescenta Denise, que visitou diversos abrigos. Yufanyi conta que, em Weilrode, viu enlouquecer o pai de uma família vietnamita que estava no abrigo há 11 anos, e outro refugiado, no local há sete anos, suicidar-se.

Ele teve o pedido de asilo negado cinco anos depois de chegar à Alemanha – segundo ele, não por falta de provas sobre a sua perseguição em Camarões, mas por causa de suas atividades políticas em território germânico. Depois de ter sido casado com uma alemã, o africano tem hoje uma permissão de residência no país. Vive em Berlim e faz doutorado em políticas florestais africanas.

Segundo Yufanyi, é pequeno o número de pessoas que deixam o próprio continente para vir à Europa. "Os refugiados que saem da África são ricos, senão não conseguiriam pagar a viagem. E, quando chegam aqui, são vistos como pobres."

O documentário O fardo das fronteiras – inicialmente batizado de Bleiberecht (direito de permanência) – está pronto. Denise o inscreverá na Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim. Se selecionado, o filme – com trechos em alemão e em inglês – será lançado durante o evento, entre 9 e 12 de fevereiro de 2012. Depois, a jornalista pretende exibir no Brasil o documentário, que foi financiado pela produtora brasileira Toscographics.

Além de Yufanyi, participam do vídeo os refugiados Chu Eben e Florence Sissako, também de Camarões, e Osaren Igbinoba, da Nigéria. Denise usou ainda entrevistas com o professor Andreas Eckert – pesquisador da Universidade Humboldt de Berlim – e com o advogado Ulrich von Klinggräff, que defendeu Yufanyi e Oury Jalloh – refugiado de Serra Leoa que morreu incendiado numa cela de delegacia, na cidade de Dessau, em 2005.

De acordo com Departamento Federal para Imigração e Refugiados alemão, de janeiro a julho de 2011 foram apresentados 27.467 pedidos de asilo no país. Neste mesmo período, mais de 26 mil processos foram decididos, e apenas 1,5% (387) dos requerentes tiveram reconhecido o direito de asilo. (Escrito por Luisa Frey, com
revisão de Alexandre Schossler, no www.brasilalemanha.com.br)


COXIXOS DE BRASÍLIA (II)

. VALEU A PENA – Foi prazeiroso participar, como jurado, do Prêmio Colunistas de Brasília. A organização foi primorosa. E muito boa a qualidade das peças inscritas.

. OTIMISMO – De um assessor de Jaime Lerner: “quando o projeto do Jaime Lerner estiver concluído, Florianópolis será referência mundial.”

. CRÍTICA – De um alto funcionário federal sobre os petistas dependurados no governo: “seria engraçado, se não fosse trágico, assistir a uma reunião deles, para quem o Brasil é um país resolvido. Por eles.”

. AEROPORTO – Os preparativos para a construção do aeroporto de Florianópolis estão em andamento. O que está enguiçado é a construção da rodovia de 17 quilômetros que vai fazer sua ligação com a cidade.

. A MORTE DO ZÉ GOTINHA – Zé Gotinha, aquele da vacina, protagonizou sua última campanha.Com a mudança da vacina contra as pólio, que passará a ser injetável, ele perde o sentido.

 . ASSUSTADOR – As autoridades de Brasília estão preocupadas com a série de suicídios de jovens que vem ocorrendo ultimamente. Curioso que boa parte deles ocorre em shopping centers. Eles sobem até o andar mais alto, pulam e se espatifam no chão.

 . MEDO – Políticos de Brasília estão preocupados. Acham que Durval Barbosa, aquele que denunciou o governador de lá, ainda tem muitas fitas gravadas, mostrando outros subornos.

. RECUSA – Médicos e enfermeiros de um Hospital de Brasília se recusaram a atender o ex-governador Roriz, que lá chegou, vítima de uma crise renal, amparado pela esposa.

. O GOLPE – Funciona assim: o cara tem um evento para realizar. Oferece-o a uma Empresa. O responsável pela aprovação reluta. Então, o organizador ajusta o preço para cima, o projeto é aprovado e o responsável mete a diferença no bolso.

. DROGAS – Florianópolis é considerada, pela PF, ponto estratégico do tráfico internacional de drogas.

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