AS
PALAVRAS
“O
marketing é muito mais amplo que qualquer departamento, pois compreende todo o
negócio.É o negócio inteiro olhado do ponto de vista dos seus resultados
finais, isto é, do ponto de vista do consumidor.”(Peter
Drucker)
Vôo Miami Viracopos (Campinas) se atrasou 15 horas. O corpo do
comandante Rolim está dando voltas no túmulo até agora.
OBRIGADO,
PREFEITO
1. A
casa estava alvoroçada: ele tinha de pegar o trem às cinco horas do dia
seguinte e, bom mineiro, queria estar
bem cedo na estação para não perdê-lo.
“Não
posso perder esse trem”
Desejo pensado, desejo
atendido. Não conseguiu dormir. E o relógio ainda não marcava uma hora, ele já
estava chegando. Chegou, acomodou-se em um banco e relaxou.
Relaxou tanto, que
adormeceu. O sono começou leve, depois pegou pesado. Tão pesado que o trem chegou pontualmente às
cinco, foi embora e ele continuou ali, dormindo. Quando acordou, o trem tinha
ido embora.
2. Wellington,
meu sogro; Dea, minha sogra; Lineu e Lelena, tios da minha mulher, e por consequência, meus
também. Vieram de Minas Gerais. Os sogros, de Arinos, os tios de S. Gotardo. Eles queriam ver
os fogos que marcariam a passagem do ano.
“Dizem
que vai ser muito bonito.”
3. Honestamente,
eu não punha muita fé nisso. Não porque duvidasse das palavras do prefeito, a
quem aprendi a admirar pelo trabalho que está fazendo. Acontece que estou há 22 anos em Florianópolis, e já vi muitas
promessas de boas festas que não foram cumpridas.
Uma delas acompanhei
bem de perto. Formou-se uma comissão de alto nível para planejar uma festa à
altura das que se realizam em setembro\outubro em Santa Catarina. A Prime, uma
das melhores agências onde eu trabalhei, foi convidada para criar um plano de
marketing para o evento. Fui escalado. Fiz, apresentei, o plano foi aprovado,
com aplausos.
Mas não adiantou nada.
Era mais uma festa fadada a não acontecer. E mais um plano que não seria
realizado.
Por isso, não participei do entusiasmo dos meus
parentes em torno da festa de 2013\2014.
4. Quatro
horas da tarde, tio Lineu e tia Lelena arrastaram Déborah minha mulher. Não
conseguiam conter sua ansiedade.
“Vamos ver o que está acontecendo por lá.”
Voltaram aflitos.
“O povo está chegando, se a gente não for logo, não sobrará lugar pra
nós.”
Sete horas da noite a
insistência deles venceu.
“Andem logo, senão a gente não pega lugar.”
5. Foram
cinco horas de espera.
Cinco horas difíceis para alguém,
como eu, que não curte Daniel e não acreditava que o show de fogos não
aconteceria com o brilho prometido. Embora a grama fosse macia, bunda estava
quadrada, de tanto me sentar nela.
Mas é preciso que eu faça justiça.
Foi um Sacrifício, no que me diz respeito, amenizado pelo espetacular show de
mulheres que para lá se dirigiram com a mesma intenção.
6. Meia
noite em ponto aconteceu. E foi espetacular, mordi a língua. Mais uma vez, o
prefeito me surpreendeu, ao cumprir de novo a palavra dada.
Preciso reconhecer, desta vez eu e
os parentes mineiros que estavam comigo não perdemos o trem.
7. Tenho
de agradecer em nome do Wellington, da Dea, dos tios Lineu\Lelena, de todos os
mineiros, paulistas, gaúchos, paranaenses, dos brasileiros e estrangeiros em
geral que acreditaram e foram até a Beira Mar Norte, pelo maravilhoso
espetáculo
com que o prefeito nos premiou.
Obrigado, prefeito.
SAINDO
DA ROTINA
1. - Filho! Você precisa mudar. Disse a mãe do garoto.
- Mudar pra quê mãe?
Eu estou super legal.
- Sei! Você ta legal
é para se dar mal na vida. Depois que você acabou o colégio você não quer saber
de mais nada.
Agora fica aí o dia
inteiro dentro desse quarto só comendo e dormindo.
Essa semana você
ficou dormindo na segunda, ficou dormindo na terça, na quarta, na quinta e hoje
que é sexta feira, você só saiu do quarto para ir ao banheiro. Ficou dormindo o
dia inteirinho. Eu não sei como você aguenta?
Quero só ver o que
você vai fazer na semana que vem. Desabafou a mulher.
- Pode ficar
tranqüila, mãe. Na semana que vem eu vou fazer um lance diferente.
- Vai?
- Vou!...Quero sair
dessa rotina.
- Que bacana filho! O
que você vai fazer?
- Vou dormir na sala. (Edilson Rodrigues Silva)
2. O
Código do Marketing, de Stephen Brown não é um livro fácil de encontrar. Eu
mesmo só topei com ele na Feira do Livro depois de muitas tentativas nas mais
diversas livrarias, inclusive as online. Tinha sido me recomendado pelo Júlio
Pimentel com tamanho entusiasmo que não desisti.
Isso aconteceu outro dia, de sorte
que ainda não tive tempo de lê-lo por inteiro. Mas até aqui está valendo a
pena.
3. O
Código do Marketing começa relatando uma palestra das professora Emer
Aherne sobre Dan Brown e o seu O Código
Da Vinci.
Calma, não vou contar o fim do
livro, nem descrevê-lo. Seria uma sacanagem com você e não quero cometer
isso.
Com sua licença, porém, me detenho
em um trecho da palestra da professora Emer Aherme, porque de alguma forma diz
respeito a um assunto que tenho tratado aqui.
4. Ela
fala de quatro segredos responsáveis pelo sucesso de Don Brown:
“O
primeiro é o entretenimento, o ingrediente-chave. Apesar de todas as suas
falhas literárias, O Código Da Vinci é muito bom de ler, uma verdadeira
montanha russa. É uma história inesquecível e maravilhosa, carregada de
emoções, que não se consegue largar no meio.Representa a economia do
entretenimento de nossos dias, a expectativa do que vem a seguir, tudo o que é
veloz, agressivo e está na moda.”
5. Pulo
o segundo e o terceiro segredo pra você ter a oportunidade de descobri-los.
Mas, em respeito ao assunto que quero tratar hoje, não posso deixar de relatar
o quarto:
“A
quarta e última, a controvérsia, foi fundamental.
Não
há nada como a controvérsia para atrair a atenção, ainda mais no mundo de
abundantes semelhanças de nossos dias. Há tantas marcas, todas funcionalmente
indistinguíveis, todas competentemente comercializadas, todas lutando pelo
olhar do consumidor, que fica muito difícil destacar-se da multidão. O clamor
comercial hoje é ensurdecedor, e a controvérsia ajuda a vencer a cacofonia. A
desaprovação oficial do Vaticano foi o melhor que Brown poderia ter esperado. A
ira da Opus Dei, os protestos de historiadores desconhecidos e os processos
propostos por autores ultrajados que alegavam ter Dan roubado suas ideias, tudo
ajudou a vender as mercadoria. Madona vem fazendo a mesma coisa há anos. Eminem
é igualmente um praticante dessa doutrina.”
6. A
cada vez melhor revista Negócios da Comunicação, dirigida pelo meu ídolo
Audálio Dantas, trouxe, em sua edição mais recente (número 69), matéria sob o
título
Os
limites da
Criação
em
que o repórter Lucas Vasques entrevista vários criativos da publicidade. Todos,
com a mesma queixa: o politicamente correto impõe obstáculos intransponíveis,
que prejudicam o trabalho deles.
E
concordam: por causa disso, a propaganda ficou muito chata. Transcrevo trecho
das declarações de Ricardo D. Paoliello, redator sênior da Agnelo Pacheco:
..
o humor é mal interpretado. Está provado que o humor, na propaganda, é o
responsável pelos maiores índices de recall. De que propaganda engraçada você
se lembra neste exato momento? Talvez a
dos Postos Ipiranga e aquela... como é mesmo o nome do produto? Os clientes
estão pagando caro por esse medo. Estão gastando mais dinheiro porque perdem
recall. Houve um emburrecimento da linguagem. A computação disfarça as ideias
pouco criativas, a falta de roteiros inteligentes.”
7.
Deus me livre colocar em cheque as
palavras dos criativos, mas serão os clientes os únicos culpados ou está
faltando coragem pra eles? Não sei quantas vezes vi esse filme na minha longa
carreira profissional. E posso garantir: não esperem uma mudança espontânea dos
clientes. Nem a ajuda do atendimento. Eles estão na zona do conforto e é
preciso arrancá-los de lá, tirá-los da rotina.
Acordá-los
da soneca no quarto e não permitir que durmam na sala. Pra isso, bastam vontade
e talento.
Toda vez que a criação partiu para
enfrentar a acomodação, saiu vencedora. E pode ser assim agora.
E aí, prefeito? Vai permitir que continuem emporcalhando Florianópolis
ou assinar o Cidade Limpa?
DINHEIRO
JOGADO FORA
Impressionante o número de peças
impressas ilegíveis veiculadas ultimamente, por culpa dos clientes, das
agências e por preguiça ou incompetência da criação.
Segue uma pequena amostra:
.
Prefeitura de S. Paulo
Título:
Você
tem 460 motivos
Para
ser mais feliz em 2014
O
layout é confuso, e o texto ilegível.
.
Governo de Santa Catarina
Título:
Um
recanto de águas
termais
a l hora de um
pedacinho
da Áustria
Impossível ler o texto.
.
Schin
Título:
Chegou
Schin.
E
o laranja
é
a cor
oficial.
Uma
nova embalagem.
Uma
nova marca.
Uma
invasão laranja.
Estão querendo dizer que a Schin
vem misturada com a laranja? É isso mesmo?
Anúncio que além de ter uma
linguagem antiga, desinforma.
.
Tam
Título:
Faça
sua viagem
ser
inesquecível
antes
mesmo
de
fechar o negócio.
Como? Para ficar sabendo só se
ligar pra Tam, porque ler o texto nem com o uso de lente especial.
.
Vários anunciantes
Título:
O
Instituto Tomie Ohtake é um dos
maiores
promotores da vids cultural
de
São Paulo. E a sua empresa
pode
assinar embaixo.
Se depender do texto que vem em
seguida ninguém vai assinar nada, simplesmente porque não dá pra ler.
.
Relógios
Orient, Mont Blanc, Skagen e Jaguar
capricharam: fizeram questão de sujar as páginas dos jornais com enormes
borrões que devem chamar de anúncio.
. Eletrobras
Título:
A estrela do nosso Natal
brilha o ano inteiro.
Veja se adivinha
que raio de estrelas é esse, porque
o
diretor de arte caprichou: meteu um corpo de texto
invisível.
. Cassol
Título:
Chegou
maior
novidade
da Ilha.
Nova Cassol Centerlar
agora na SC 401.
Se você sentiu
falta do A no título vai sentir mais
falta ainda do texto, que é simplesmente invisível.
. Itaú
Nenhum anunciante joga tanto dinheiro fora.
Todo
dia o Itaú publica no topo da página dos
principais jornais do país, anúncio de noventa
centímetros de coluna dizendo
Não
abra mão deste
presente de fim de ano.
e com um texto que não
diz nada, porque
composto em um corpo tão pequenininho que
ninguém conseguew ler. Nem com lupa.
. Vários anunciantes
Título:
Apresentamos o veículo do ano em 2014,
na preferência de quem dá maior valor
a vida.
Vírgula demais,
crase de menos e uma
reprodução
horrorosa.
A questão é: você pagaria por esses
anúncios?
eu não!
MAS TEVE EXCEÇÕES
Apenas duas, mas
em um deserto desses, já é
alguma coisa:
1ª.: Anúncio da Assembleia Legislativa de
Santa
Catarina.
Título:
Quem ama, não deixa
a esperança ir embora.
Layout
inteligente completa e dá mais sentido ainda
ao
título.
. JK Iguatemi
Título:
JK Iguatemi
Completado com o
nome de várias marcas
sofisticadas.
Página inteira, ilustrada com personagens que,
por si só, falam a mesmas linguagem.
O governo federal não se cansa de pisar na bola.
E nem assim a
oposição acorda.
“INGLATERRA PRENDE 3.500 TORCEDORES POR ANO
Para conter hooligans, Inglaterra prende
3.500 torcedores por ano
TORCIDAS
Promotor britânico diz que é
possível acabar com desordem se isso for prioridade
LEANDRO COLON DE LONDRES
As autoridades inglesas prenderam
46 mil torcedores de futebol nos últimos 13 anos por atos de violência. Das
prisões, 55% ocorreram fora dos estádios, e 45%, dentro.
É o que mostra levantamento da Folha
em dados do governo britânico sobre punições desde 2000, quando foi criada a
lei que endureceu o controle dos "hooligans".
Essa parte violenta da torcida
inglesa era uma das mais temidas do mundo do futebol até um passado recente. As
coisas mudaram e os números talvez indiquem o porquê.
Com a lei, foram estabelecidas
condutas passíveis de prisão, como desordem pública e violenta, abuso de álcool
e invasão de gramado.
As autoridades locais receberam
aval para banir os arruaceiros dos estádios, por prazos que variam de três a
dez anos, dentro e fora da Inglaterra --os passaportes são confiscados em dia
de jogos.
Na última temporada, por exemplo,
2.451 pessoas cumpriam ordem de não entrar nos estádios, sendo que 471
receberam a punição durante o ano (139 na Premier League, a elite do futebol
inglês).
Em entrevista à Folha, o promotor
Nick Hawkins, chefe da equipe da Procuradoria britânica que investiga violência
no futebol, comemora os resultados alcançados.
"Nos últimos dez anos,
tivemos uma significativa redução da violência nos estádios. Eu acho que vários
fatores contribuíram para isso."
Segundo ele, o segredo é
identificar, prender, processar e banir quem aterroriza o mundo do futebol.
"Nós também tivemos muitos
problemas, quando não tínhamos apoio da força da lei, mas, se isso é uma
prioridade do país, do clube, seja no Brasil ou na Inglaterra, é possível
acabar com a desordem", afirma Hawkins.
Ele não sabia que o total de
presos era de 46 mil, uma média de 3.500 por temporada em todas as divisões
--como na terceira, em que 231 foram detidos no último ano.
"Não tinha essa informação
porque nem todas as prisões viram acusações, mas o dado não me
surpreende."
O combate à violência na
Inglaterra tem sido usado como modelo no debate sobre o tema no Brasil,
rotineiramente palco de cenas de brigas entre torcedores.
A mais recente ocorreu em
Joinville, no jogo entre Atlético-PR e Vasco pela última rodada do Brasileiro.
Até agora, 23 foram presos por causa da pancadaria no estádio.
LÍDERES DO RANKING
Os dados do governo mostram, por
exemplo, que torcedores de Manchester United, Newcastle e Manchester City
lideram o ranking de prisões nas últimas três temporadas da Premier League.
Dos detidos desde 2000, 18 mil
provocaram algum tipo de desordem pública, 13.400 abusaram do uso de álcool,
4.800 causaram comportamento considerado violento e 3.000 mil tentaram invadir
o gramado --os demais causaram outros tipos de delitos.
Em seus relatórios anuais, as
autoridades destacam que as prisões representam menos de 1% dos torcedores que
compram ingressos, ou uma prisão a cada 14 mil.
O dado pode parecer pequeno, mas
é justamente a aplicação da lei, prendendo a minoria violenta, que transformou
os estádios ingleses num ambiente seguro.
"A maioria dos torcedores
não quer a violência, se comporta bem e considera bem-vinda a punição",
ressaltou o promotor Nick Hawkins”. (Folha de S. Paulo)
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