A Boo-box, em parceria com a Hello Research, realizou, no final do ano
passado, uma pesquisa sobre a chamada “geração Y”, formada por jovens com idade
entre 18 e 30 anos. De acordo com Marco Gomes, ceo da Boo-box, o objetivo do
estudo foi traçar um perfil mais abrangente dessa parcela tão significativa da
população, de uma forma diferenciada, do que já havia sido feito.
Apresentado na última semana, o estudo foi realizado pela internet, por meio de redes sociais, entre os dias 15 de outubro e 20 de novembro, por meio do sistema OnTarget Hello Research, com representatividade nacional. Foram ouvidas 3.427 pessoas, sendo 50% da região Sudeste, 20% da Sul, 17% da Nordeste e 13% da Norte e Centro-Oeste. O estudo também priorizou os jovens das classes B/C, que representavam 80% do total, composto ainda por 14% de jovens da classe A e 6% das classes D e E.
Segundo Gomes, o estudo trouxe alguns pontos relevantes e que não tinham aparecido em nenhum outro levantamento realizado sobre o tema. Como exemplo, ele citou que, apesar de ser um consenso aceito pela sociedade que essa geração dá valor à liberdade, na prática, esse conceito é confrontado com outro valor que eles admiram: conforto. O estudo apontou que 67% dos jovens de 18 a 25 anos moram com os pais.
Apresentado na última semana, o estudo foi realizado pela internet, por meio de redes sociais, entre os dias 15 de outubro e 20 de novembro, por meio do sistema OnTarget Hello Research, com representatividade nacional. Foram ouvidas 3.427 pessoas, sendo 50% da região Sudeste, 20% da Sul, 17% da Nordeste e 13% da Norte e Centro-Oeste. O estudo também priorizou os jovens das classes B/C, que representavam 80% do total, composto ainda por 14% de jovens da classe A e 6% das classes D e E.
Segundo Gomes, o estudo trouxe alguns pontos relevantes e que não tinham aparecido em nenhum outro levantamento realizado sobre o tema. Como exemplo, ele citou que, apesar de ser um consenso aceito pela sociedade que essa geração dá valor à liberdade, na prática, esse conceito é confrontado com outro valor que eles admiram: conforto. O estudo apontou que 67% dos jovens de 18 a 25 anos moram com os pais.
Essa proporção vai para 83% entre os mais jovens, com idade entre 18 a
20 anos e vai para 44% entre os mais velhos, de 25 a 30 anos. Outro fator que
ficou evidente é a relação entre as classes sociais e a saída precoce da casa
dos pais: enquanto 84% dos entrevistados da classe A ainda moram com os pais,
esse número cai para 47% na classe D.
Mais um ponto que, segundo a pesquisa, contesta o que até então vinha sendo falado sobre essa geração, é o que os jovens pensam sobre as profissões. De acordo com o estudo, por mais que se diga que os Ys pensam diferente das gerações anteriores, a verdade é que sua relação com o trabalho é parecida com a de seus pais. Consoante à pesquisa, a maioria dos jovens ainda prefere segurança, dinheiro e tranquilidade em vez de assumir grandes desafios. 16% dos entrevistados disseram que a estabilidade econômica é um dos fatores que mais influenciam na escolha de um emprego. A remuneração também aparece, com 19%.
A maioria desses jovens trabalha (58%) e os homens da Geração Y estão mais inseridos no mercado do que as mulheres (63% e 52%, respectivamente). As áreas de maior concentração de trabalho desse grupo são: informática (19%), comércio (10%), administrativo (9%), educação (9%) e comunicação (7%).
Mais um ponto que, segundo a pesquisa, contesta o que até então vinha sendo falado sobre essa geração, é o que os jovens pensam sobre as profissões. De acordo com o estudo, por mais que se diga que os Ys pensam diferente das gerações anteriores, a verdade é que sua relação com o trabalho é parecida com a de seus pais. Consoante à pesquisa, a maioria dos jovens ainda prefere segurança, dinheiro e tranquilidade em vez de assumir grandes desafios. 16% dos entrevistados disseram que a estabilidade econômica é um dos fatores que mais influenciam na escolha de um emprego. A remuneração também aparece, com 19%.
A maioria desses jovens trabalha (58%) e os homens da Geração Y estão mais inseridos no mercado do que as mulheres (63% e 52%, respectivamente). As áreas de maior concentração de trabalho desse grupo são: informática (19%), comércio (10%), administrativo (9%), educação (9%) e comunicação (7%).
A pesquisa também aponta que 59%
dos jovens disseram que têm religião, mas, ainda assim, esse número representa
uma mudança de comportamento se confrontado com a análise de gerações
anteriores. A classe econômica também tem impacto no tema: os jovens das
classes C e D são os mais religiosos; os católicos ainda são maioria, com 48%.
Mais um ponto surpreendente do estudo, de acordo com Gomes, é que apenas 40% dos jovens dessa geração praticam atividade física regularmente. A atividade mais praticada é musculação (32%), seguida de futebol (21%). A pesquisa também apontou que a maioria desses jovens tem veículo próprio (67%), percentual que cresce conforme aumenta a classe socioeconômica.
Segundo Davi Bertoncello, diretor da Hello Research, o estudo não teve caráter de senso ou de produzir dados para um ou outro mercado especificamente. De acordo com ele, a ideia era entender os temas mais relevantes para esse jovem adulto. Um dado interessante foi que, de uma forma geral, não houve grande discrepância entre os dados de cada região.
Mais um ponto surpreendente do estudo, de acordo com Gomes, é que apenas 40% dos jovens dessa geração praticam atividade física regularmente. A atividade mais praticada é musculação (32%), seguida de futebol (21%). A pesquisa também apontou que a maioria desses jovens tem veículo próprio (67%), percentual que cresce conforme aumenta a classe socioeconômica.
Segundo Davi Bertoncello, diretor da Hello Research, o estudo não teve caráter de senso ou de produzir dados para um ou outro mercado especificamente. De acordo com ele, a ideia era entender os temas mais relevantes para esse jovem adulto. Um dado interessante foi que, de uma forma geral, não houve grande discrepância entre os dados de cada região.
“Acabou aquela época em que jovens do Sudeste levavam uma vida
completamente diferente da dos jovens do Nordeste, por exemplo”. Bertoncello
acrescentou também que, por ser um público muito pesquisado ao longo dos
últimos anos, a diferença básica entre essa pesquisa e os demais estudos foi a
abrangência e o aprofundamento do debate. (Propmark)
... LANÇA
GUIA DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO...
A Boo-box, empresa de tecnologia em
publicidade para mídias sociais, lança o Guia de Produção de Conteúdo,
documento com informações e orientações sobre produção e gestão de conteúdo
para web e redes sociais, incluindo blog, Twitter, Facebook, Pinterest, Flickr,
YouTube e Google+.
O material foi criado com o objetivo
de colaborar com empresas e anunciantes no planejamento e desenvolvimento de
suas ações de marketing digital.
O guia reúne uma série de textos explicativos com dicas sobre produção
de conteúdo, estratégias de SEO (Search Engine Optimization), como aumentar a
influência no Twitter, como funcionam as fan pages no Facebook e como se valer
do YouTube para aumentar a relevância de um blog, entre outras.
“O ponto de partida para a produção do guia foram os textos que a
Boo-box, como empresa de mídia digital, já havia produzido tendo os publishers
de sua rede como público-alvo. Como o material foi se tornando referência e de
grande utilidade, optamos por adaptá-lo e trazê-lo para o universo das marcas”,
explica Marco Gomes, cmo da Boo-box.
“Hoje, a rede da companhia conta com mais de 1.500 anunciantes, de todos
os portes e, por isso, temos todo o interesse em ajudá-los a ampliar a
qualidade da produção de seus conteúdos e seu engajamento online”, complementa.
O guia completo fica disponível para download pelo sistema “Pay with a
tweet”, quando o usuário baixa o arquivo gratuitamente postando uma mensagem
sobre ele em seu Twitter ou Facebook. (Propmark)
A Boo-box lança um guia com
informações sobre o Self-Service, ferramenta destinada a pequenas empresas para
produção, desenvolvimento e gestão de ações de marketing online. Além disso, o
material apresenta como empreendedores de diferentes segmentos obtiveram
sucesso em suas campanhas.
... E SE
APRESENTA
A publicidade segmentada na mídia online é muito mais precisa do que na
mídia offline. A afirmação é de Marco Gomes, fundador da boo-box, empresa que
conta com uma ad network de 370 mil sites, entre blogs e sites independentes, e
que acaba de dar um upgrade na sua ferramenta de marketing digital de
segmentação por geolocalização.
“É uma segmentação muito diferente da mídia offline. Na internet você
faz anúncios em qualquer site para que a pessoa que está acessando seja da
região onde você quer atingir. A segmentação é muito mais precisa”, afirma ele.
Segundo Gomes, com a nova tecnologia, a boo-box consegue exibir anúncios
segmentados por região, com 40 quilômetros de precisão e 72% de acerto. “Como a
maior parte das empresas tem a verba de publicidade divida por região,
praticamente todas as campanhas da boo-box são segmentadas por localização de
alguma maneira”.
O executivo conta que a rede de parceiros da boo-box alcança 80 milhões
de pessoas por mês. “É necessária muita tecnologia para saber onde colocar cada
propaganda, são 200 campanhas rodando simultaneamente. Toda vez que alguém
acessa um desses sites, a gente escolhe uma das 200 campanhas para exibir a
essa pessoa”, diz.
Obviamente, a boo-box também faz segmentação por perfil. “Como a gente
acompanha a navegação de 80 milhões de usuários no país, a gente consegue
detectar as suas preferências e gerar um perfil para cada pessoa”.
Gomes conta que a boo-box trabalha hoje com cerca de 1,5 mil
anunciantes, entre pequenos, médios e grandes e exibe três bilhões de anúncios
por mês. “Trabalhamos com todas as principais e grandes agências”, garante.
Com investimento da Monashees Capital
e da Intel e 50 funcionários, a boo-box surgiu em 2007 e vem se destacando no
mercado pela inovação – no ano passado, foi listada como uma das empresas de
publicidade mais inovadoras no mundo pela revista norte-americana Fast
Company.
O fundador da boo-box explica que a empresa está trabalhando com o
conceito para a Natura, em campanha para a linha Mamãe e Bebê. “Selecionamos
uma rede de blogs que falam sobre o tema e inserimos o selo de patrocínio da
Natura nesses sites. Isso gera um resultado incrível para a marca. Tanto que a
campanha durou três meses e agora vamos renovar com a Natura”, ressalta Gomes.
Outro case de destaque foi uma ação elaborada pela DM9DDB para o Terra
no Twitter, onde a boo-box trabalha com perfis de 20 mil usuários. O desafio
era fazer com que as pessoas assistissem ao show ao vivo do Paul McCartney no
portal.
“O show foi transmitido pelo Terra Sonora em um domingo à noite, pior
horário para fazer qualquer coisa na web. O desafio era fazer as pessoas
pararem de assistir ao "Fantástico" e ver o show na web. A campanha
foi um sucesso e levou mais de um milhão de pessoas para o Terra no momento do
show”, recorda. (Propmark)
WORKSHOP PARA
JONALISTAS
(Zenit.org) - Segunda-feira
a Arquidiocese de São Paulo, em parceria com a PUC-SP, oferecerá um workshop
para jornalistas sobre as questões que envolvem a renúncia do papa Bento XVI e
a escolha do novo pontífice, informou à ZENIT a assessoria de imprensa da
Arquidiocese de São Paulo.
Jornalistas
interessados em participar devem se credenciar antecipadamente pelo e-mailimprensacogeae@pucsp.br, fornecendo os seguintes dados: nome,
veículo, telefones fixo e celular, e e-mail. Informações: (11)
3670-8334.
O DESABAFO DE BOFF
O www.brasilalemanha.com.br divulgou esta declsração de Leonardo Boff. Por
causa da importância dele e do momento que
a humanidade vive, reproduzo-a aqui.
Dei generosamente uma entrevista à Folha de São Paulo que quase não aproveitou nada do que disse e escrevi.Então publico a entrevista inteira aqui no blog para reflexão e discusão entre os interessados pelas coisas da Igreja Católica.As perguntas foram reordenadas: Lboff
Dei generosamente uma entrevista à Folha de São Paulo que quase não aproveitou nada do que disse e escrevi.Então publico a entrevista inteira aqui no blog para reflexão e discusão entre os interessados pelas coisas da Igreja Católica.As perguntas foram reordenadas: Lboff
1.Como o Sr. recebeu a renúncia de Bento XVI?
R/ Eu desde o principio sentia muita pena dele,
pois pelo que o conhecia, especialmente em sua timidez, imaginava o
esforço que devia fazer para saudar o povo, abraçar pessoas, beijar crianças.
Eu tinha certeza de que um dia ele, aproveitaria alguma ocasião sensata,
como os limites fisicos de sua saúde e menor vigor mental para renunciar.
Embora tenha se mostrado um Papa
autoritário, não era apegado ao cargo de Papa.
Eu fiquei aliviado porque a Igreja está sem
liderança espiritual que suscite esperança e ânimo. Precisamos de um outro
perfil de Papa mais pastor que professor, não um homem da instituição-Igreja
mas um representante de Jesus que disse: “se alguém vem a mim eu não mandarei
embora” (Evangelho de João 6,37), podia ser um homoafetivo, uma prostituta, um
transsexual.
2. Como é a personalidade de Bento XVI já que o Sr.
privou de certa amizade com ele?
R/ Conheci Bento XVI nos meus anos de estudo na
Alemanha entre 1965-1970. Ouvi muitas conferências dele mas não fui aluno dele.
Ele leu minha tese doutoral: O lugar da Igreja no mudo secularizado” e gostou
muito a ponto de achar uma editora para publicá-la, um calhamaço de mais de 500
pp.
Depois trabalhamos juntos na revista internacional
Concilium, cujos diretores se reuniam todos os anos na semana de Pentecostes em
algum lugar na Europa. Eu a editava em portugues. Isso entre 1975-1980.
Enquanto os outros faziam sesta eu e ele
passeávamos e conversávamos temas de teologia, sobre a fé na América Latina,
especialmente sobre São Boaventura e Santo Agostinho, do quais é especialista e
eu até hoje os frequento a miúde.
Depois em 1984 nos encontramos num momento
conflitivo: ele como meu julgador no processo do ex-Santo Ofício, movido contra
meu livro Igreja: carisma e poder” (Vozes 1981). Ai tive que sentar na
cadeirinha onde Galileo Galilei e Giordano Bruno entre outros sentaram.
Submeteu-me a um tempo de “silêncio obsequioso”;
tive que deixar a cátedra e proibido de publicar qualquer coisa. Depois disso
nunca mais nos encontramos. Como pessoa é finíssimo, tímido e extremamente
inteligente.
3. Ele como Cardeal foi o seu Inquisidor depois de
ter sido seu amigo: como viu esta situação?
R/Quando foi nomeado Presidente da Congregação para
a Doutrina da Fé(ex-Inquisição) fiquei sumamente feliz. Pensava com meus
botões: finalmente teremos um teólogo à frente de uma instituição com a pior
fama que se possa imaginar.
Quinze dias após me respondeu, agradecendo e disse:
vejo que há várias pendências suas aqui na Congregação e temos que resolvê-las
logo. É que praticamentea cada livro que publicava vinham de Roma perguntas de
esclarecimento que eu demorava em responder.
Nada vem de Roma sem antes de ter sido enviado a
Roma. Havia aqui bispos conservadores e perseguidores de teólogos da libertação
que enviavam as queixas de sua ignorância teológica a Roma a pretexto de que
minha teologia poderia fazer mal aos fiéis.
Ai eu me dei conta: ele já foi contaminado
pelo bacilo romano que faz com que todos os que aitrabalham no Vaticano
rapidamente encontram mil razões para serem moderados e até conservadores.
Então sim fiquei mais que surpreso, verdadeiramente decepcionado.
4. Como o Sr. recebeu a punição do “silêncio
obsequioso”?
R/ Após o interrogatório e a leitura de minha
defesa escrita que está como adendo da nova edição de Igreja: charisma
e poder (Record 2008) são 13 cardeais que opinam e decidem. Ratzinger
é um apenas entre eles.
Depois submetem a decisão ao Papa. Creio que
ele foi voto vencido porque conhecia outros livros meus de teologia, traduzidos
para alemão e me havia dito que tinha gostado deles, até, uma vez, diante do
Papa numa audiência em Roma fez uma referência elogiosa.
Eu recebi o “silêncio obsequioso” como um cristão
ligado à Igreja o faria: calmamente o acolhi. Lembro que disse: “é melhor
caminhar com a Igreja que sozinho com minha teologia”.
Para mim foi relativamente fácil aceitar a
imposição porque a Presidência da CNBB me havia sempre apoiado e dois Cardeais
Dom Aloysio Lorscheider e Dom Paulo Evaristo Arns me acompanharam a Roma e
depois participaram, numa segunda parte, do diálogo com o Card. Ratzinger e
comigo. Ai éramos três contra um.
Colocamos algumas vezes o Card Ratzinger em certo
constrangimento pois os cardeais brasileiros lhe asseguravam que as críticas
contra a teologia da libertação que ele fizera num document saido recentemente
eram eco dos detratores e não uma análise objetiva. E pediram um novo documento
positivo; ele acolheu a idéia e realmente o fez dois anos após. E até pediram a
mim e ao meu irmão teólogo Clodovis que estava em Roma que escrevêssemos um
esquema e o entregássemos na Sagrada Congregação. E num dia e numa noite
o fizemos e o entregamos.
5. O Sr deixou a Igreja em 1992. Guardou alguma
mágoa de todo o affaire no Vaticano?
R/ Eu nunca deixei a Igreja. Deixei uma função
dentro dela que é de padre. Continuei como teólogo e professor de teologia em
várias cátedras aqui e fora do pais.
Quem entende a lógica de um sistema autoritário e
fechado, que pouco se abre ao mundo, não cultiva o diálogo e a troca (os
sistemas vivos vivem na medida em que se abrem e trocam) sabe que, se alguém,
como eu, não se alinhar totalmente a tal sistema, será vigiado, controlado e
eventualmente punido.
É semelhante aos regime de segurança nacional que
temos conhecido na A.Latina sob os regimes militares no Brasil, na Argentina,
no Chile e no Uruguai. Dentro desta lógica o então Presidente da Congregação da
Doutrina da Fé (ex-Santo Oficio, ex-Inquisição), o Card. J. Ratzinger condenou,
silenciou, depôs de cátedra ou transferiu mais de cem teólogos.
Do Brasil fomos dois: a teóloga Ivone Gebara e eu.
Em razão de entender a referida lógica, e lamentá-la, sei que eles estão
condenados fazer o que fazem na maior das boas vontades. Mas como dizia
Blaise Pascal:”Nunca se faz tão perfeitamente o mal como quando se faz de
boa vontade”.
Só que esta boa-vontade não é boa, pois cria
vítimas. Não guardo nenhuma mágoa ou ressentimento pois exerci
compaixão e misericórdia por aqueles que se movem dentro daquela lógica que, a
meu ver, está a quilômetros luz da prática de Jesus. Aliás é coisa do século
passado, já passado. E evito voltar a isso.
6. Como o Sr. avalia o pontificado de Bento XVI?
Soube gerenciar as crises internas e externas da Igreja?
R/ Bento XVI foi um eminente teólogo mas um Papa
frustrado. Não tinha o carisma de direção e de animação da comunidade, como
tinha João Paulo II.
Infelizmente ele será estigmatizado, de forma
reducionista, como o Papa onde grassaram os pedófilos, onde os homoafetivos não
tiveram reconhecimento e as mulheres foram humilhadas como nos USA negando o
direito de cidadania a uma teologia feita a partir do gênero. E também entrará
na história como o Papa que censurou pesadamente a Teologia da Libertação,
interpretada à luz de seus detratores, e não à luz das práticas pastorais e
libertadoras de bispos, padres, teólogos, religiosos/as e leigos que fizeram
uma séria opção pelos pobres contra a pobreza e a favor da vida e da
liberdade.
Por esta causa justa e nobre foram incompreendidos
por seus irmãos de fé, e muitos deles presos, torturados e mortos pelos
órgãos de segurança do Estado militar. Entre eles estavam bispos como Dom
Angelelli da Argentina e Dom Oscar Romero de El Salvador. Dom Helder foi o
mártir que não mataram.
Mas a Igreja é maior que seus papas e ela
continuará, entre sombras e luzes, a prestar um serviço à humanidade, no
sentido de manter viva a memória de Jesus, de oferecer uma fonte possível de
sentido de vida que vai para além desta vida. Hoje sabemos pelo Vatileaks que
dentro da Cúria romana se trava uma feroz disputa de poder, especialmente entre
o atual Secretário de Estado Bertone e o ex-secretário Sodano já emérito.
Ambos tem seus aliados.
Bertone, aproveitando as limitações do Papa,
construiu praticamente um governo paralelo. Os escândalos de vazamento de
documentos secretos da mesa do Papa e do Banco do Vaticano, usado pelos
milionários italianos,alguns da mafia, para lavar dinheiro e mandá-lo
para fora, abalaram muito o Papa.
Ele foi se isolando cada vez mais. Sua renúncia se
deve aos limites da idade e das enfermidades mas agravadas por estas crises
internas que o enfraqueceram e que ele não soube ou não pode atalhar a
tempo.
7. O Papa João XXIII disse que a Igreja não pode
virar um museu mas uma casa com janelas e portas abertas. O Sr. acha que Bento
XVI não tentou transfomar a Igreja novamente em algo como um museu?
R/ Bento XVI é um nostálgico da síntese medieval.
Ele reintroduziu o latim na missa, escolheu vestimentas de papas renascentistas
e de outros tempos passados, manteve os hábitos e os cerimoniais
palacianos; para quem iria comungar, oferecia primeiro o anel papal para ser
beijado e depois dava a hóstia, coisa que nunca mais se fazia.
Sua visão era restauracionista e saudosista de uma
síntese entre cultura e fé que existe muito visível em sua terra natal, a
Baviera, coisa que ele explicitamente comentava.
Quando na Universidade onde ele estudou e eu
tambem, em Munique, viu um cartaz me anunciando como professor visitante para
dar aulas sobre as novas fronteiras da teologia da libertação pediu o reitor
que protelasse sine dia o convite já acertado.
Seus ídolos teológicos são Santo Agostinho e São
Boaventura que mantiveram sempre uma desconfiança de tudo o que vinha do mundo,
contaminado pelo pecado e necessitado de ser resgatado pela Igreja.
É uma das razões que explicam sua oposição à
modernidade que a vê sob a ótica do secularism e do relativismo e for a do
campo de influência do cristianismo que ajudou a formar a Europa.
8. A igreja vai mudar, em sua opinião, a doutrina
sobre o uso de preservativos e em geral a moral sexual?
R/ A Igreja deverá manter as suas convicções,
algumas que estima irrenunciáveis como a questão do aborto e da não manipulação
da vida. Mas deveria renunciar ao status de exclusividade, como se fora a única
portadora da verdade.
Ele deve se entender dentro do espaço democrático,
no qual sua voz se faz ouvir junto com outras vozes. E as respeita e até se
dispõe a aprender delas. E quando derrotada em seus pontos de vista, deveria
oferecer sua experiência e tradição para melhorar onde puder melhorar e tornar
mais leve o peso da existência.
No fundo ela precisa ser mais humana, humilde e ter
mais fé, no sentido de não ter medo. O que se opõe à fé não é o ateismo, mas o
medo. O medo paraliza e isola as pessoas das outras pessoas. A Igreja precisa
caminhar junto com a humanidade, porque a humanidade é o verdadeiro Povo de Deus.
Ela o mostra mais conscientemente mas não se apropria com exclusividade desta
realidade.
9. O que um futuro Papa deveria fazer para evitar a
emigração de tantos fiéis para outras igrejas, e especialmente pentecostais?
R/ Bento XVI freou a renovação da Igreja
incentivada pelo Concílio Vaticano II. Ele não aceita que na Igreja haja
rupturas. Assim que preferiu uma visão linear, reforçando a tradição.
Ocorre que a tradição a partir do seéculo XVIII e
XIX se opôs a todas as conquistas modernas, da democracia, da liberdade
religiosa e outros direitos.Ele tentou reduzir a Igreja a uma fortaleza contra
estas modernidades. E via no Vaticano II o cavalo de Tróia por onde elas
poderiam entrar. Não negou o Vaticano II mas o interpretou à luz do Vaticano I
que é todo centrado na figura do Papa com poder monárquico, absolutista e
infalível.
Assim se produziu uma grande centralização de tudo
em Roma sob a direção do Papa que, coitado, tem que dirigir uma população
católica do tamano da China.Tal opção trouxe grande conflito na Igreja até
entre inteiros episcopados como o alemão e frances e contaminou a atmosfera
interna da Igreja com suspeitas, criação de grupos, emigração de muitos
católicos da comunidade e acusações de relativismo e magistério paralelo.
Em outras palavras na Igreja não se vivia mais a
fraternidade franca e aberta, um lar espiritual comum a todos. O perfil
do próximo Papa, no meu entender, não deveria ser o de um homem do poder e da
instituição. Onde há poder inexiste amor e desaparece a misericórdia.
Deveria ser um pastor, próximo dos fiéis e de todos
os seres humanos, pouco importa a sua situação moral, étnica e política.
Deveria tomar como lema a frase de Jesus que já citei anteriormente:”Se
alguém vem a mim, eu não o mandarei embora”, pois acolhia a todos, desde uma
prostituta como Madalena até um teólogo como Nicodemos.
Não deveria ser um homem do Ocidente que já é visto
como um acidente na história. Mas um homem do vasto mundo globalizado sentindo
a paixão dos sofredores e o grito da Terra devastada pela voracidade
consumista. Não deveria ser um homem de certezas mas alguém que estimulasse a
todos a buscarem os melhores caminhos.
Logicamente se orientaria pelo Evangelho mas sem
espírito proselitista, com a consciência de que o Espírito chega sempre antes
do missionário e o Verbo ilumina a todos que vem a este mundo, como diz o
evangelista São João. Deveria ser um homem profundamente espiritual e aberto a
todos os caminhos religiosos para juntos manterem viva a chama sagrada que
existe em cada pessoa: a misteriosa presença de Deus.
E por fim, um homem de profunda bondade, no estilo
do Papa João XXIII, com ternura para com os humildes e com firmeza profética
para denunciar quem promove a exploração e faz da violência e da guerra
instrumentos de dominação dos outros e do mundo. Que nas negociações que os
cardeais fazem no conclave e nas tensões das tendências, prevaleça um nome com
semelhante perfil. Como age o Espírito Santo ai é mistério.Ele não tem outra
voz e outra cabeça do que aquela dos cardeais. Que o Espírito não
lhes falte.
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