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sábado, 23 de fevereiro de 2013

BOO-BOX ANALISA GERAÇÃO Y...



A Boo-box, em parceria com a Hello Research, realizou, no final do ano passado, uma pesquisa sobre a chamada “geração Y”, formada por jovens com idade entre 18 e 30 anos. De acordo com Marco Gomes, ceo da Boo-box, o objetivo do estudo foi traçar um perfil mais abrangente dessa parcela tão significativa da população, de uma forma diferenciada, do que já havia sido feito.

Apresentado na última semana, o estudo foi realizado pela internet, por meio de redes sociais, entre os dias 15 de outubro e 20 de novembro, por meio do sistema OnTarget Hello Research, com representatividade nacional. Foram ouvidas 3.427 pessoas, sendo 50% da região Sudeste, 20% da Sul, 17% da Nordeste e 13% da Norte e Centro-Oeste. O estudo também priorizou os jovens das classes B/C, que representavam 80% do total, composto ainda por 14% de jovens da classe A e 6% das classes D e E.

Segundo Gomes, o estudo trouxe alguns pontos relevantes e que não tinham aparecido em nenhum outro levantamento realizado sobre o tema. Como exemplo, ele citou que, apesar de ser um consenso aceito pela sociedade que essa geração dá valor à liberdade, na prática, esse conceito é confrontado com outro valor que eles admiram: conforto. O estudo apontou que 67% dos jovens de 18 a 25 anos moram com os pais.

Essa proporção vai para 83% entre os mais jovens, com idade entre 18 a 20 anos e vai para 44% entre os mais velhos, de 25 a 30 anos. Outro fator que ficou evidente é a relação entre as classes sociais e a saída precoce da casa dos pais: enquanto 84% dos entrevistados da classe A ainda moram com os pais, esse número cai para 47% na classe D.

Mais um ponto que, segundo a pesquisa, contesta o que até então vinha sendo falado sobre essa geração, é o que os jovens pensam sobre as profissões. De acordo com o estudo, por mais que se diga que os Ys pensam diferente das gerações anteriores, a verdade é que sua relação com o trabalho é parecida com a de seus pais. Consoante à pesquisa, a maioria dos jovens ainda prefere segurança, dinheiro e tranquilidade em vez de assumir grandes desafios. 16% dos entrevistados disseram que a estabilidade econômica é um dos fatores que mais influenciam na escolha de um emprego. A remuneração também aparece, com 19%.

A maioria desses jovens trabalha (58%) e os homens da Geração Y estão mais inseridos no mercado do que as mulheres (63% e 52%, respectivamente). As áreas de maior concentração de trabalho desse grupo são: informática (19%), comércio (10%), administrativo (9%), educação (9%) e comunicação (7%).

 A pesquisa também aponta que 59% dos jovens disseram que têm religião, mas, ainda assim, esse número representa uma mudança de comportamento se confrontado com a análise de gerações anteriores. A classe econômica também tem impacto no tema: os jovens das classes C e D são os mais religiosos; os católicos ainda são maioria, com 48%.

Mais um ponto surpreendente do estudo, de acordo com Gomes, é que apenas 40% dos jovens dessa geração praticam atividade física regularmente. A atividade mais praticada é musculação (32%), seguida de futebol (21%). A pesquisa também apontou que a maioria desses jovens tem veículo próprio (67%), percentual que cresce conforme aumenta a classe socioeconômica.

Segundo Davi Bertoncello, diretor da Hello Research, o estudo não teve caráter de senso ou de produzir dados para um ou outro mercado especificamente. De acordo com ele, a ideia era entender os temas mais relevantes para esse jovem adulto. Um dado interessante foi que, de uma forma geral, não houve grande discrepância entre os dados de cada região.

“Acabou aquela época em que jovens do Sudeste levavam uma vida completamente diferente da dos jovens do Nordeste, por exemplo”. Bertoncello acrescentou também que, por ser um público muito pesquisado ao longo dos últimos anos, a diferença básica entre essa pesquisa e os demais estudos foi a abrangência e o aprofundamento do debate. (Propmark)

... LANÇA GUIA DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO...

 
A Boo-box, empresa de tecnologia em publicidade para mídias sociais, lança o Guia de Produção de Conteúdo, documento com informações e orientações sobre produção e gestão de conteúdo para web e redes sociais, incluindo blog, Twitter, Facebook, Pinterest, Flickr, YouTube e Google+.

O material foi criado com o objetivo de colaborar com empresas e anunciantes no planejamento e desenvolvimento de suas ações de marketing digital.

O guia reúne uma série de textos explicativos com dicas sobre produção de conteúdo, estratégias de SEO (Search Engine Optimization), como aumentar a influência no Twitter, como funcionam as fan pages no Facebook e como se valer do YouTube para aumentar a relevância de um blog, entre outras.

“O ponto de partida para a produção do guia foram os textos que a Boo-box, como empresa de mídia digital, já havia produzido tendo os publishers de sua rede como público-alvo. Como o material foi se tornando referência e de grande utilidade, optamos por adaptá-lo e trazê-lo para o universo das marcas”, explica Marco Gomes, cmo da Boo-box.

“Hoje, a rede da companhia conta com mais de 1.500 anunciantes, de todos os portes e, por isso, temos todo o interesse em ajudá-los a ampliar a qualidade da produção de seus conteúdos e seu engajamento online”, complementa.

O guia completo fica disponível para download pelo sistema “Pay with a tweet”, quando o usuário baixa o arquivo gratuitamente postando uma mensagem sobre ele em seu Twitter ou Facebook. (Propmark)

 ... ACRESCENTA UM GUIA DE MARKETING...

A Boo-box lança um guia com informações sobre o Self-Service, ferramenta destinada a pequenas empresas para produção, desenvolvimento e gestão de ações de marketing online. Além disso, o material apresenta como empreendedores de diferentes segmentos obtiveram sucesso em suas campanhas.

 Com investimento que varia entre R$ 10 e R$ 10 mil, a plataforma possibilita configurar a campanha de forma personalizada e focada nos objetivos definidos. Assim, é possível segmentar a audiência e o público-alvo, com base em sua localização e áreas de interesse, definir o tempo de veiculação e até criar as peças publicitárias sem necessidade de uso de código de programação ou design.
A ferramenta veicula anúncios em blogs e sites da rede da Boo-box, além de seeding no Twitter. A opção oferece ainda um sistema de controle de visualizações e cliques às campanhas disponibilizadas, com relatório completo para monitoramento dos resultados. (Propmark)

 ... E SE APRESENTA
A publicidade segmentada na mídia online é muito mais precisa do que na mídia offline. A afirmação é de Marco Gomes, fundador da boo-box, empresa que conta com uma ad network de 370 mil sites, entre blogs e sites independentes, e que acaba de dar um upgrade na sua ferramenta de marketing digital de segmentação por geolocalização.

“É uma segmentação muito diferente da mídia offline. Na internet você faz anúncios em qualquer site para que a pessoa que está acessando seja da região onde você quer atingir. A segmentação é muito mais precisa”, afirma ele.

Segundo Gomes, com a nova tecnologia, a boo-box consegue exibir anúncios segmentados por região, com 40 quilômetros de precisão e 72% de acerto. “Como a maior parte das empresas tem a verba de publicidade divida por região, praticamente todas as campanhas da boo-box são segmentadas por localização de alguma maneira”.

O executivo conta que a rede de parceiros da boo-box alcança 80 milhões de pessoas por mês. “É necessária muita tecnologia para saber onde colocar cada propaganda, são 200 campanhas rodando simultaneamente. Toda vez que alguém acessa um desses sites, a gente escolhe uma das 200 campanhas para exibir a essa pessoa”, diz.

Obviamente, a boo-box também faz segmentação por perfil. “Como a gente acompanha a navegação de 80 milhões de usuários no país, a gente consegue detectar as suas preferências e gerar um perfil para cada pessoa”.

Gomes conta que a boo-box trabalha hoje com cerca de 1,5 mil anunciantes, entre pequenos, médios e grandes e exibe três bilhões de anúncios por mês. “Trabalhamos com todas as principais e grandes agências”, garante.

Com investimento da Monashees Capital e da Intel e 50 funcionários, a boo-box surgiu em 2007 e vem se destacando no mercado pela inovação – no ano passado, foi listada como uma das empresas de publicidade mais inovadoras no mundo pela revista norte-americana Fast Company. 

 A empresa já trabalha, por exemplo, com o conceito "Conversational media", em voga nos Estados Unidos. O conceito nada mais é do que inserir a propaganda de uma marca de maneira natural em um conteúdo livre.

 “É como se fosse um publieditorial, só que o publieditorial é feito e aprovado pelo anunciante. Já no 'conversational media' o publisher produz o conteúdo. É um conceito muito poderoso e relevante na publicidade online que a gente vai ver cada vez mais”, destaca.

O fundador da boo-box explica que a empresa está trabalhando com o conceito para a Natura, em campanha para a linha Mamãe e Bebê. “Selecionamos uma rede de blogs que falam sobre o tema e inserimos o selo de patrocínio da Natura nesses sites. Isso gera um resultado incrível para a marca. Tanto que a campanha durou três meses e agora vamos renovar com a Natura”, ressalta Gomes.

Outro case de destaque foi uma ação elaborada pela DM9DDB para o Terra no Twitter, onde a boo-box trabalha com perfis de 20 mil usuários. O desafio era fazer com que as pessoas assistissem ao show ao vivo do Paul McCartney no portal.

“O show foi transmitido pelo Terra Sonora em um domingo à noite, pior horário para fazer qualquer coisa na web. O desafio era fazer as pessoas pararem de assistir ao "Fantástico" e ver o show na web. A campanha foi um sucesso e levou mais de um milhão de pessoas para o Terra no momento do show”, recorda. (Propmark)

 WORKSHOP PARA JONALISTAS

(Zenit.org) - Segunda-feira a Arquidiocese de São Paulo, em parceria com a PUC-SP, oferecerá um workshop para jornalistas sobre as questões que envolvem a renúncia do papa Bento XVI e a escolha do novo pontífice, informou à ZENIT a assessoria de imprensa da Arquidiocese de São Paulo.

Jornalistas interessados em participar devem se credenciar antecipadamente pelo e-mailimprensacogeae@pucsp.br, fornecendo os seguintes dados: nome, veículo, telefones fixo e celular, e e-mail. Informações:  (11) 3670-8334.

O DESABAFO DE BOFF

O www.brasilalemanha.com.br divulgou esta declsração de Leonardo Boff. Por causa da importância dele e do momento que  a humanidade vive, reproduzo-a aqui.

Dei generosamente uma entrevista à Folha de São Paulo que quase não aproveitou nada do que disse e escrevi.Então publico a entrevista inteira aqui no blog para reflexão e discusão entre os interessados pelas coisas da Igreja Católica.As perguntas  foram reordenadas: Lboff

1.Como o Sr. recebeu a renúncia de Bento XVI?

R/ Eu desde o principio sentia muita pena dele, pois pelo que o conhecia, especialmente em sua timidez,  imaginava o esforço que devia fazer para saudar o povo, abraçar pessoas, beijar crianças. Eu tinha certeza de  que um dia ele, aproveitaria alguma ocasião sensata, como os limites fisicos de sua saúde e menor vigor mental para renunciar. Embora tenha se mostrado  um Papa autoritário, não era apegado ao cargo de Papa.

Eu fiquei aliviado porque a Igreja está sem liderança espiritual que suscite esperança e ânimo. Precisamos de um outro perfil de Papa mais pastor que professor, não um homem da instituição-Igreja mas um representante de Jesus que disse: “se alguém vem a mim eu não mandarei embora” (Evangelho de João 6,37), podia ser um homoafetivo, uma prostituta, um transsexual.

2. Como é a personalidade de Bento XVI já que o Sr. privou de certa amizade com ele?

R/ Conheci Bento XVI nos meus anos de estudo na Alemanha entre 1965-1970. Ouvi muitas conferências dele mas não fui aluno dele. Ele leu minha tese doutoral: O lugar da Igreja no mudo secularizado” e gostou muito a ponto de achar uma editora para publicá-la, um calhamaço de mais de 500 pp.

Depois trabalhamos juntos na revista internacional Concilium, cujos diretores se reuniam todos os anos na semana de Pentecostes em algum lugar na Europa. Eu a editava em portugues. Isso entre 1975-1980.

Enquanto os outros faziam sesta eu e ele passeávamos e conversávamos temas de teologia, sobre a fé na América Latina, especialmente sobre São Boaventura e Santo Agostinho, do quais é especialista e eu até hoje os frequento a miúde.

Depois em 1984 nos encontramos num momento conflitivo: ele como meu julgador no processo do ex-Santo Ofício, movido contra meu livro Igreja: carisma e poder” (Vozes 1981). Ai tive que sentar na cadeirinha onde Galileo Galilei e Giordano Bruno entre outros sentaram.

Submeteu-me a um tempo de “silêncio obsequioso”; tive que deixar a cátedra e proibido de publicar qualquer coisa. Depois disso nunca mais nos encontramos. Como pessoa é finíssimo, tímido e extremamente inteligente.

3. Ele como Cardeal foi o seu Inquisidor depois de ter sido seu amigo: como viu esta situação?

R/Quando foi nomeado Presidente da Congregação para a Doutrina da Fé(ex-Inquisição) fiquei sumamente feliz. Pensava com meus botões: finalmente teremos um teólogo à frente de uma instituição com a pior fama que se possa imaginar.

Quinze dias após me respondeu, agradecendo e disse: vejo que há várias pendências suas aqui na Congregação e temos que resolvê-las logo. É que praticamentea cada livro que publicava vinham de Roma perguntas de esclarecimento que eu demorava em responder.

Nada vem de Roma sem antes de ter sido enviado a Roma. Havia aqui bispos conservadores e perseguidores de teólogos da libertação que enviavam as queixas de sua ignorância teológica a Roma a pretexto de que minha teologia poderia fazer mal aos fiéis.

Ai eu me dei  conta: ele já foi contaminado pelo bacilo romano que faz com que todos os que aitrabalham no Vaticano rapidamente encontram mil razões para serem moderados e até conservadores. Então sim fiquei mais que surpreso, verdadeiramente decepcionado.

4. Como o Sr. recebeu a punição do “silêncio obsequioso”?

R/ Após o interrogatório e a leitura de minha defesa escrita que está como adendo da nova edição de Igreja: charisma e poder (Record 2008) são 13 cardeais que opinam e decidem. Ratzinger é um apenas entre eles.

Depois  submetem a decisão ao Papa. Creio que ele foi voto vencido porque conhecia outros livros meus de teologia, traduzidos para alemão e me havia dito que tinha gostado deles, até, uma vez, diante do Papa numa audiência em Roma fez uma referência elogiosa.

Eu recebi o “silêncio obsequioso” como um cristão ligado à Igreja o faria: calmamente o acolhi. Lembro que disse: “é melhor caminhar com a Igreja que sozinho com minha teologia”.

Para mim foi relativamente fácil aceitar a imposição porque a Presidência da CNBB me havia sempre apoiado e dois Cardeais Dom Aloysio Lorscheider e Dom Paulo Evaristo Arns me acompanharam a Roma e depois participaram, numa segunda parte, do diálogo com o Card. Ratzinger e comigo.  Ai éramos três contra um.

Colocamos algumas vezes o Card Ratzinger em certo constrangimento pois os cardeais brasileiros lhe asseguravam que as críticas contra a teologia da libertação que ele fizera num document saido recentemente eram eco dos detratores e não uma análise objetiva. E pediram um novo documento positivo; ele acolheu a idéia e realmente o fez dois anos após. E até pediram a mim e ao meu irmão teólogo Clodovis que estava em Roma que escrevêssemos um esquema e o entregássemos na Sagrada Congregação.  E num dia e numa noite o fizemos e o entregamos.

5. O Sr deixou a Igreja em 1992. Guardou alguma mágoa de todo o affaire no Vaticano?

R/ Eu nunca deixei a Igreja. Deixei uma função dentro dela que é de padre. Continuei como teólogo e professor de teologia em várias cátedras aqui e fora do pais.

Quem entende a lógica de um sistema autoritário e fechado, que pouco se abre ao mundo, não cultiva o diálogo e a troca (os sistemas vivos vivem na medida em que se abrem e trocam) sabe que, se alguém, como eu, não se alinhar totalmente a tal sistema, será vigiado, controlado e eventualmente punido.

É semelhante aos regime de segurança nacional que temos conhecido na A.Latina sob os regimes militares no Brasil, na Argentina, no Chile e no Uruguai. Dentro desta lógica o então Presidente da Congregação da Doutrina da Fé (ex-Santo Oficio, ex-Inquisição), o Card. J. Ratzinger condenou, silenciou, depôs de cátedra ou transferiu mais de cem teólogos.

Do Brasil fomos dois: a teóloga Ivone Gebara e eu. Em razão de entender a referida lógica, e lamentá-la, sei que eles estão condenados  fazer o que fazem na maior das boas vontades. Mas como dizia Blaise Pascal:”Nunca se faz tão perfeitamente  o mal como quando se faz de boa vontade”.

Só que esta boa-vontade não é boa, pois cria vítimas. Não guardo nenhuma mágoa ou  ressentimento  pois exerci compaixão e misericórdia por aqueles que se movem dentro daquela lógica que, a meu ver, está a quilômetros luz da prática de Jesus. Aliás é coisa do século passado, já passado. E evito  voltar  a isso.

6. Como o Sr. avalia o pontificado de Bento XVI? Soube gerenciar as crises internas e externas da Igreja?

R/ Bento XVI foi um eminente teólogo mas um Papa frustrado. Não tinha o carisma de direção e de animação da comunidade, como  tinha João Paulo II.

Infelizmente ele será estigmatizado, de forma reducionista, como o Papa onde grassaram os pedófilos, onde os homoafetivos não tiveram reconhecimento e as mulheres foram humilhadas como nos USA negando o direito de cidadania a uma teologia feita a partir do gênero. E também entrará na história como o Papa que censurou pesadamente a Teologia da Libertação, interpretada à luz de seus detratores, e não à luz das práticas pastorais e libertadoras de bispos, padres, teólogos, religiosos/as e leigos que fizeram uma séria opção pelos pobres contra   a pobreza e a favor da vida e da liberdade.

Por esta causa justa e nobre foram incompreendidos por seus irmãos de fé,  e muitos deles presos, torturados e mortos pelos órgãos de segurança do Estado militar. Entre eles estavam bispos como Dom Angelelli da Argentina e Dom Oscar Romero de El Salvador. Dom Helder foi o mártir que não mataram.  

Mas a Igreja é maior que seus papas e ela continuará, entre sombras e luzes, a prestar um serviço à humanidade, no sentido de manter viva a memória de Jesus, de oferecer uma fonte possível de sentido de vida que vai para além desta vida. Hoje sabemos pelo Vatileaks que dentro da Cúria romana se trava uma feroz disputa de poder, especialmente entre o atual Secretário de Estado  Bertone e o ex-secretário Sodano já emérito. Ambos tem seus aliados.

Bertone, aproveitando as limitações do Papa, construiu praticamente um governo paralelo. Os escândalos de vazamento de documentos secretos da mesa do Papa  e do Banco do Vaticano, usado pelos milionários italianos,alguns da mafia, para lavar dinheiro  e mandá-lo para fora, abalaram muito o Papa.

Ele foi se isolando cada vez mais. Sua renúncia se deve aos limites da idade e das enfermidades mas agravadas por estas crises internas que o enfraqueceram e  que ele não soube ou não pode atalhar a tempo.

7. O Papa João XXIII disse que a Igreja não pode virar um museu mas uma casa com janelas e portas abertas. O Sr. acha que Bento XVI não tentou transfomar  a Igreja novamente em algo como um museu?

R/ Bento XVI é um nostálgico da síntese medieval. Ele reintroduziu o latim na missa, escolheu vestimentas de papas renascentistas e de outros tempos passados, manteve os hábitos  e os cerimoniais palacianos; para quem iria comungar, oferecia primeiro o anel papal para ser beijado e depois dava a hóstia, coisa que nunca mais se fazia.

Sua visão era restauracionista e saudosista de uma síntese entre cultura e fé que existe muito visível em sua terra natal, a Baviera, coisa que ele explicitamente comentava.

Quando na Universidade onde ele estudou e eu tambem, em Munique, viu um cartaz me anunciando como professor visitante para dar aulas sobre as novas fronteiras da teologia da libertação pediu o reitor que protelasse sine dia o convite já acertado.

Seus ídolos teológicos são Santo Agostinho e São Boaventura que mantiveram sempre uma desconfiança de tudo o que vinha do mundo, contaminado pelo pecado e necessitado de ser resgatado pela Igreja.

É uma das razões que explicam sua oposição à modernidade que a vê sob a ótica do secularism e do relativismo e for a do campo de influência do cristianismo que ajudou a formar a Europa.

8. A igreja vai mudar, em sua opinião, a doutrina sobre o uso de preservativos e em geral a moral sexual?

R/ A Igreja deverá manter as suas convicções, algumas que estima irrenunciáveis como a questão do aborto e da não manipulação da vida. Mas deveria renunciar ao status de exclusividade, como se fora a única portadora da verdade.

Ele deve se entender dentro do espaço democrático, no qual sua voz se faz ouvir junto com outras vozes. E as respeita e até se dispõe a aprender delas. E quando derrotada em seus pontos de vista, deveria oferecer sua experiência e tradição para melhorar onde puder melhorar e tornar mais leve o peso da existência.

No fundo ela precisa ser mais humana, humilde e ter mais fé, no sentido de não ter medo. O que se opõe à fé não é o ateismo, mas o medo. O medo paraliza e isola as pessoas das outras pessoas. A Igreja precisa caminhar junto com a humanidade, porque a humanidade é o verdadeiro Povo de Deus. Ela o mostra mais conscientemente mas não se apropria com exclusividade desta realidade.

9. O que um futuro Papa deveria fazer para evitar a emigração de tantos fiéis para outras igrejas, e especialmente pentecostais?

R/ Bento XVI freou a renovação da Igreja incentivada pelo Concílio Vaticano II. Ele não aceita que na Igreja haja rupturas. Assim que preferiu uma visão linear, reforçando a tradição.

Ocorre que a tradição a partir do seéculo XVIII e XIX se opôs a todas as conquistas modernas, da democracia, da liberdade religiosa e outros direitos.Ele tentou reduzir a Igreja a uma fortaleza contra estas modernidades. E via no Vaticano II  o cavalo de Tróia por onde elas poderiam entrar. Não negou o Vaticano II mas o interpretou à luz do Vaticano I que é todo centrado na figura do Papa com poder monárquico, absolutista e infalível.

Assim se produziu uma grande centralização de tudo em Roma sob a direção do Papa que, coitado, tem que dirigir uma população católica do tamano da China.Tal opção trouxe grande conflito na Igreja até entre inteiros episcopados como o alemão e frances e contaminou a atmosfera interna da Igreja com suspeitas, criação de grupos, emigração de muitos católicos da comunidade e acusações de relativismo e magistério paralelo.

Em outras palavras na Igreja não se vivia mais a fraternidade franca e aberta, um lar espiritual comum a todos.  O perfil do próximo Papa, no meu entender, não deveria ser o de um homem do poder e da instituição. Onde há poder inexiste amor e desaparece a misericórdia.

Deveria ser um pastor, próximo dos fiéis e de todos os seres humanos, pouco importa a sua situação moral, étnica e política. Deveria tomar como lema a frase de Jesus  que já citei anteriormente:”Se alguém vem a mim, eu não o mandarei embora”, pois acolhia a todos, desde uma prostituta como Madalena até um teólogo como Nicodemos.

Não deveria ser um homem do Ocidente que já é visto como um acidente na história. Mas um homem do vasto mundo globalizado sentindo a paixão dos sofredores e o grito da Terra devastada pela voracidade consumista. Não deveria ser um homem de certezas mas alguém que estimulasse a todos a buscarem os melhores caminhos.

Logicamente se orientaria pelo Evangelho mas sem espírito proselitista, com a consciência de que o Espírito chega sempre antes do missionário e o Verbo ilumina a todos que vem a este mundo, como diz o evangelista São João. Deveria ser um homem profundamente espiritual e aberto a todos os caminhos religiosos para juntos manterem viva a chama sagrada que existe em cada pessoa: a misteriosa presença de Deus.

E por fim, um homem de profunda bondade, no estilo do Papa João XXIII, com ternura para com os humildes e com firmeza profética para denunciar quem promove a exploração e faz da violência e da guerra instrumentos de dominação dos outros e do mundo. Que nas negociações que os cardeais fazem no conclave e nas tensões das tendências, prevaleça um nome com semelhante perfil. Como age o Espírito Santo ai é mistério.Ele não tem outra voz  e outra cabeça do que aquela dos cardeais.  Que o Espírito não lhes falte.
 

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