O 1º seminário
Mulheres reais que Transformam, realizado na semana passada pela jornalista Ana
Paula Padrão e a empresária Tatianna Oliva, da Cross Networking — com o
patrocínio de Dove e apoio de Amil, Activia, Casas Bahia, Sebrae e C&A —,
reuniu personalidades para discutir o papel da mulher na sociedade, direitos
humanos, igualdade social e cultural das mulheres no mundo. Entre os
participantes estiveram a africana prêmio Nobel da Paz em 2011 Leymah Gbowee e o
conselheiro da Casa Branca Tony Porter, cofundador da entidade que combate
agressões contra mulheres e crianças “A Call to Men”. Também estiveram
presentes a presidente da Petrobras, Graça Foster; a ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira; e Renato Meirelles, diretor do Instituto Data Popular, que
apresentou os primeiros resultados de um estudo realizado com o apoio da
C&A e das Casas Bahia sobre a nova mulher brasileira. Foram ouvidas 1.300
brasileiras, de 44 cidades.
Meirelles já conduziu mais de 200 pesquisas sobre o
comportamento do consumidor de baixa renda no Brasil. Segundo ele, as mulheres
movimentam hoje no Brasil R$ 741 bilhões por ano. “Em 20 anos, a classe média
feminina saltou de 33% para 52%. A mulher é a verdadeira protagonista de todas
as mudanças sociais que estão ocorrendo no país. As mais jovens, em especial,
estão impulsionando as mudanças”, disse, chamando a atenção para o fato de que
a mulher comandou, por exemplo, a redução drástica do número filhos ao longo
das últimas duas décadas. Por escolha dela e certamente a dificuldade de
conciliar trabalho e família, a média de filhos caiu de 6,3 filhos há 40 anos
para os números atuais: 1,7 filhos. Enquanto isso, a média de anos de estudo
subiu de 1,8 anos para oito anos.
Nos últimos anos, cresceu 157% o volume de mulheres trabalhando,
número cinco vezes maior do que a população. Como consequência, a renda das
mulheres vem aumentando em proporções maiores que a dos homens: nos últimos dez
anos, cresceu 62%, enquanto a dos homens, 39%. “Hoje 62% das mulheres acreditam
que elas devem ser independentes financeiramente e duas em cada três contribuem
com a renda familiar. Outro dado interessante é que 81% delas gostariam de
mudar de emprego”, destaca Meirelles.
Por outro lado, mostra a dicotomia na vida dessa geração de
jovens mulheres no mercado de trabalho, já que 59% delas acreditam que ser
feliz é constituir uma família, 75% se sentem culpadas por dedicar pouco tempo
aos filhos — e 89% ainda são as responsáveis pelas tarefas domésticas, além do
trabalho fora de casa. De acordo com a pesquisa, as jovens mulheres da classe
média esperam dos homens principalmente companheirismo (74%) e cumplicidade
(42%). Nove entre cada dez pesquisadas consideram difícil encontrar um
parceiro.
O encontro no Rio de Janeiro foi mais um evento promovido pela
marca Dove, que realizou em julho deste ano o fórum “Mulheres reais que
inspiram”, em São Paulo. “Não é apenas um patrocínio. Queremos abrir um debate
em torno do feminino e da beleza, e fazemos uma série iniciativa em torno do
conceito da real beleza, que lançamos há 20 anos”, disse Andrea Salgueiro,
vice-presidente de cuidados pessoais da Unilever, referindo-se, por exemplo, às
ações da Fundação Dove de Autoestima.
O evento arrancou lágrimas dos participantes, com depoimentos
emocionados de Leymah e Toni Porter, por exemplo, duas personalidades engajadas
em missões internacionais de combate à violência contra a mulher. “Criamos um
ambiente em que temos medo de sermos vistos como afeminados. Temos baixa expectativa
em relação às mulheres porque as consideramos, historicamente, inferiores. É
preciso ensinar aos nossos garotos, desde cedo, a ter outra visão em relação às
meninas. A homofobia é outro problema: é o que mantém os homens imóveis, presos
a conceitos antigos”, disse Porter.
Graça Foster confessou que nunca se sentiu discriminada por ser
mulher. “Nunca senti peso por ser mulher, mas a curiosidade do outro e da
outra. Acho a diversidade algo excepcional, que nos ensina muita coisa. É um
bônus que temos no nosso país”, disse a executiva, eleita uma das 20 mulheres
mais poderosas do mundo pela revista Forbes. Ela diz que o poder, sozinho, não
significa nada e que, para ela, ele vem carregado de uma imensa
responsabilidade. “Sou dura no trabalho e cobro muito das pessoas. Mas sou
assim porque trabalho muito, estudo e me preparo para a menor das reuniões
internas. Poder por poder não se sustenta, não constrói. Estar à frente da
Petrobras é um sonho de cidadã brasileira”, concluiu Graça.
Após seis anos do primeiro estudo sobre real beleza, em que
constatou que apenas 2% das mulheres se sentiam à vontade para se descrever
como belas, a marca Dove voltou a campo em uma pesquisa de escala global, “A
verdade sobre a beleza”, para mapear o que mudou na percepção delas em relação
ao tema, como elas se veem e como isso afeta no comportamento atual.
O estudo ouviu 6.400 mulheres, de 20 países, e detectou que a
proporção daquelas que se sentem seguras para se classificar como bela dobrou
de 2% para 4%. Brasil e Japão foram os países onde os percentuais mais
cresceram, de 6% para 14% e de 0% para 5%, respectivamente, enquanto na
Argentina, Rússia, Portugal e Países Baixos o índice retraiu.
A pesquisa indica um paradoxo: apesar de não conseguirem
reconhecer sua própria beleza, 80% das mulheres enxergam a beleza nas outras,
concordando que toda mulher tem algo que é belo. “Há uma aparente falta de
lógica no cerne do relacionamento da mulher com a beleza. Achamos importante
ver beleza nas outras, mas muitas vezes deixamos de valorizar a nossa própria”,
analisou Susie Orbach, psicanalista inglesa, fundadora do Centro de Terapia da
Mulher, conhecida mundialmente por ter tido como paciente a princesa Diana e
que ofereceu consultoria à Dove na condução da pesquisa.
O estudo mostrou que a maioria das mulheres admite sentir
pressão para ser bela (59%), mas para 32% a maior pressão vem delas mesmas,
mais do que qualquer outra fonte, incluindo a sociedade (12%), amigos e família
(9%) e a mídia (6%). A psicanalista Joana de Vilhena Novaes, coordenadora do
núcleo de doenças da beleza do Lipis (PUC-Rio), disse durante o debate que a
pesquisa aponta claramente que ser bem-sucedida, para a mulher contemporânea,
está relacionado a ser vista como bela. “Trata-se de uma contradição do olhar
feminino para consigo mesma, uma vez que há o entendimento de que a beleza não
se encerra na estética, mas ainda assim a mulher não se sente bela, não se vê
como bela”, ressalta (Propmark).
APOIO PARA PESQUISADORES
(Texto de Elton Alisson dsistribuído pela Agência FAPESP) – A Santa Casa
de São Paulo se tornou nos últimos anos de uma entidade dedicada à
assistência médica e à formação de profissionais na área da saúde em uma
instituição que também realiza pesquisa.
No próximo dia 27 de
novembro, a entidade fundada há quatro séculos, que tem o maior hospital
filantrópico da América Latina e uma Faculdade de Ciências Médicas, irá
inaugurar um Instituto de Pesquisa.
O prédio, com seis
andares, localizado no centro de São Paulo, abrigará o Instituto Nacional de Ciência
e Tecnologia das Doenças do Papilomavírus Humano (Instituto do HPV) – um dos
INCTs financiados pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) no Estado de São Paulo.
O centro de pesquisa
terá laboratórios de última geração em cultura de células, virologia,
histologia e bioinformática. Os laboratórios foram construídos e contam com
equipamentos adquiridos em grande parte com recursos da FAPESP.
“É hoje a nossa
‘menina dos olhos’, que abrigará pesquisadores com dedicação exclusiva à
pesquisa e, com isso, teremos cada vez mais projetos que devem fazer com que a
Santa Casa se torne uma instituição que realiza pesquisa de ponta”, disse Lia
Mara Rossi, coordenadora da Secretaria de Apoio à Pesquisa (SAP) da Santa Casa
de São Paulo, durante o 1º Workshop dosEscritórios de Apoio Institucional ao Pesquisador (EAIPs),
realizado no dia 29 de outubro na sede da FAPESP.
O objetivo do workshop foi apresentar e promover a troca de experiências entre os membros
de EAIPs implantados em universidades e instituições de pesquisa no Estado de
São Paulo nos últimos anos com auxílio da FAPESP, como a SAP da Santa Casa de
São Paulo.
Instituída em 2007, a
SAP visa resolver aspectos administrativos relacionados aos projetos realizados
por pesquisadores da instituição com financiamento de agências de fomento, de
modo a permitir que eles possam se dedicar exclusivamente à pesquisa.
“Disponibilizamos
apoio integral ao pesquisador para a resolução dos aspectos burocráticos e
administrativos da pesquisa e participamos até, de maneira um pouco mais
ousada, da concepção da ideia dos projetos, dando dicas na elaboração,
submissão, prestação de contas e até na publicação dos artigos em revistas
científicas, porque o perfil do nosso pesquisador é diferente do de outras
instituições”, disse Rossi.
“Nossos pesquisadores
são médicos assistencialistas e professores universitários que querem, têm
capacidade e potencial para fazer pesquisa, mas não podem se dedicar
integralmente a essa atividade. Por isso, temos que auxiliá-los para que não
sejam desmotivados por questões burocráticas e administrativas”, explicou.
Para apoiar os
pesquisadores da instituição, em 2009 um dos técnicos da SAP participou de
treinamento para criação de ponto de apoio da FAPESP. Esses pontos são mantidos
desde 1992 em universidades e instituições de ensino superior e de pesquisa no
Estado de São Paulo para facilitar o relacionamento de seus pesquisadores com a
Fundação.
Em 2011, parte da
equipe da SAP também participou de um programa piloto de treinamento para
formação de equipes de EAIPs implantado pela FAPESP para atender à demanda de
ampliação dos pontos de apoio.
A participação da
equipe da SAP no treinamento, segundo Rossi, auxiliou principalmente na
prestação de contas dos projetos realizados pelos pesquisadores da instituição
financiados por agências de fomento à pesquisa.
“Depois que
realizamos o treinamento dos escritórios de apoio, ficou muito mais fácil fazer
a prestação de contas, que era uma questão em que tínhamos bastante
dificuldade”, afirmou Rossi.
Dedicação exclusiva à
pesquisa
O programa de
treinamento para as equipes de EAIPs foi criado em outubro de 2010 pela FAPESP
por solicitação das universidades públicas paulistas e de algumas instituições
particulares, como a própria Santa Casa de São Paulo.
As instituições
estavam dispostas a criar EAIPs e solicitaram à FAPESP que realizasse o
treinamento de seu pessoal técnico. Em função disso, a FAPESP criou um grupo de
trabalho, com a participação de integrantes de diversos departamentos da
Fundação, para elaborar um programa de treinamento para os técnicos dos EAIPs
de modo a minimizar as dificuldades que enfrentam no dia-a-dia na apresentação
dos projetos de pesquisa e prestação de contas à Fundação.
Os treinamentos são
realizados duas vezes por mês na sede da FAPESP para turmas compostas por até
seis técnicos dos EAIPs. Durante o treinamento, os participantes têm a
oportunidade de visitar os diversos departamentos da Fundação e dirimir dúvidas
para facilitar o contato com a instituição.
Após um ano da
realização da capacitação, uma equipe da FAPESP se reúne com os participantes
nas suas respectivas instituições, com o objetivo de conhecer de que forma tem
se desenvolvido o apoio aos pesquisadores, a adesão dos alunos e pesquisadores
aos serviços oferecidos, como estão fazendo o controle das atividades e quais
as ferramentas e sistemas que utilizam para essa finalidade.
Até hoje, já foram
treinadas mais de 180 pessoas, de 55 unidades. “O que se espera desses EAIPs é
que eles colaborem com o pesquisador desde a preparação e submissão da proposta
inicial até a elaboração da prestação de contas, entre outras questões”, disse
Joaquim José de Camargo Engler, diretor administrativo da FAPESP.
“Já para os
pesquisadores, uma das vantagens da existência dos EAIPs em suas instituições é
que eles podem manter o foco em suas pesquisas”, destacou Engler.
O gasto de tempo do
pesquisador com tarefas como questões administrativas, que inviabiliza que
possam se dedicar exclusivamente à pesquisa, é apontada por Carlos Henrique de
Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, como um dos principais obstáculos
para o desenvolvimento da ciência no Estado de São Paulo.
Para superar este
obstáculo, na avaliação de Brito Cruz, é necessário ampliar o número de EAIPs
nas universidades e instituições de pesquisa paulistas.
“Temos 55 Escritórios
de Apoio Institucional ao Pesquisador distribuídos por 55 instituições, mas há
mais de 200 faculdades e institutos no Estado de São Paulo”, comparou.
“É necessário ter
esses escritórios em todas as instituições do Estado de São Paulo e em seus
departamentos para facilitar o acesso dos pesquisadores e possibilitar que eles
possam competir com seus colegas de outras instituições no exterior, que
possuem escritórios de apoio que funcionam há décadas apoiando seus
cientistas”, destacou Brito Cruz.
Brito Cruz sugeriu
aos participantes do workshop investigarem o que os escritórios de apoio aos
pesquisadores de instituições estrangeiras já fazem para que possam
comparar e aprimorar as atividades realizadas em seus EAIPs.
Apresentações de
experiências
Além da apresentação
da SAP da Santa Casa de São Paulo, durante o evento também foram apresentadas
experiências do Centro de Gerenciamento de Projetos da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e do Escritório Regional de
Apoio à Pesquisa e Internacionalização (Erapi) da Universidade Estadual
Paulista (Unesp).
O encontro também
contou com uma apresentação de Rosaly Favero Krzyzanowski, assessora técnica da
diretoria da presidência do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, sobre a
Biblioteca Virtual da Fundação.
O evento foi aberto
por Celso Lafer, presidente da FAPESP. “Sempre foi nossa convicção de que cabe
às universidades e instituições de pesquisa darem aos seus pesquisadores e
docentes o apoio apropriado para que possam cumprir bem suas funções e não
ficarem sobrecarregados pelas dificuldades inerentes ao processo de submissão e
prestação de contas de seus projetos de pesquisa”, destacou.
FÓRUM MUNDIAL TEM ENCONTRO PREPARATÓRIO
O 2º Encontro Preparatório para o Fórum
Mundial de Ciência 2013 foi realizado em Belo Horizonte, e reuniu pesquisadores
e especialistas em diversas áreas.
Estão
previstas mais cinco reuniões preparatórias, em Salvador, Recife, Manaus, Porto
Alegre e Brasília. O Fórum será realizado em novembro de 2013 no Rio de
Janeiro.
O Encontro também debateu os desafios e perspectivas da gestão de
recursos hídricos nas cidades. Para Nilo de Oliveira Nascimento, professor na
UFMG, é importante que as cidades invistam em infraestrutura adaptativa, capaz
de dar conta, ao mesmo tempo, da preservação da água como recurso natural e de
sua gestão nos serviços urbanos e nos planejamentos urbanísticos. “É vital,
ainda, relacioná-la às especificidades dos índices de população e renda”,
disse.
José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Nacional de
Ecologia, destacou o impacto do crescimento populacional nos recursos hídricos.
“O mais significativo é o grau de urbanização. Esforços adicionais sobre a
demanda de água nas cidades geram grande volume de resíduos, que têm, por sua
vez, enorme impacto econômico”, analisou.
“O principal desafio diz respeito à população periférica das
metrópoles”, disse Tundisi, mencionando a relação direta entre o valor do
Produto Interno Bruto (PIB) de uma nação e os índices de acesso da população a
fontes de água potável. “À medida que a população se diversifica, alteram-se os
modos de consumo”, disse.
Detalhes: www.fapemig.br
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