Os gastos com propaganda no Bric (grupo
formado por Brasil, China, Índia e Rússia) irá superar o montante gasto nos
Estados Unidos, principal mercado global, até 2014. É o que garante o estudo Reaching
the connected consumer: Best practices in advertising effectiveness — Alcançando
o consumidor conectado. Melhores práticas em eficácia publicitária, em tradução
livre —, realizado pela PricewaterhouseCoopers.
Segundo
o estudo, Índia, China e Brasil estão passando pelo mesmo tipo de transformação
econômica que nações como Coréia do Sul e Japão experimentaram após a Segunda
Guerra Mundial. A diferença é que eles estão conseguindo crescer mais
rapidamente e em uma escala muito maior, principalmente porque a tecnologia
está impulsionando o livre fluxo de informações e ideias.
O
Brasil, que é hoje o sexto maior mercado da publicidade no mundo, vivenciou, na
última década, o crescimento da classe média — 52% da população no país entrou
na classe média, um salto de 36% em relação a última década. “É um crescimento
de 8% ao ano. Isso significa que, a cada ano, milhões de potenciais novos
consumidores entraram para a classe média, criando praticamente um novo mercado
consumidor nessa classe para as empresas”, destaca Ricardo Neves, sócio da PwC
Brasil.
Em
2011, os Estados Unidos gastaram mais US$ 135 bilhões com propaganda, seguido
da região da Ásia/Pacífico, com mais de US$ 130 bi. Na América Latina, ano
passado, foram gastos US$ 40 bi. (Propmark)
PORTAL DE AGENDAMENTO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Com 2,6 milhões de habitantes e uma grande demanda do Entorno na área de saúde, o Distrito Federal ganha, a partir do dia 18, um portal de serviços médicos completo, inédito em Brasília e grátis para os pacientes. Trata-se do MyDocBook (www.maydocbook.com.br), uma agenda médica on line inteligente, que permitirá aos pacientes agendar consulta de forma rápida, além de se manter no site todo o histórico, criando uma caderneta-saúde, disponível para que os profissionais envolvidos acompanhem a evolução dos atendimentos e o bem-estar do paciente.
“O MyDocBook funcionará em versão beta nos dois meses iniciais (setembro e outubro), fase em que todos conhecerão e utilizarão suas funcionalidades. Durante essa etapa, os desenvolvedores colherão as impressões dos públicos em relação à ferrament a e as oportunidades de melhorias, entre outras sugestões”, explica Benedito Silva, CEO e fundador do projeto. Já em novembro será lançada a versão 1.0, que trará novas funcionalidades, e médicos e estabelecimentos de saúde serão convidados a aderirem aos planos disponíveis.
Para a população em geral, a
utilização do portal será gratuita. A vantagem inicial do paciente é que ele
prescindirá de pagar ligações telefônicas para agendamento de consulta, obterá
informação antecipada sobre o profissional de saúde e disporá de registro
histórico para auto-acompanhar sua evolução nos atendimentos. O portal pretende
oferecer também o Programa Viva Saúde, serviço exclusivo para as pessoas que
precisam de consultas médicas, não têm plano de saúde e utilizam o SUS.
Para os médicos, estabelecimentos e
planos de saúde, a contratação se dará a partir da versão 1.0, que trará novas
funcionalidades, além de que médicos e estabelecimentos de saúde serão
convidados a aderirem aos planos disponíveis. Os profissionais terão à
disposição diferentes modalidades de contratação, de acordo com o plano que
melhor se adequar a suas exigências. “Em termos práticos, trata-se de uma
ferramenta auxiliar na gestão estratégica do consultório e clínica, capaz de
proporcionar maior controle, informação, otimização de custos e interação com o
paciente”.
Com o MyDocBook, médicos e
provedores de saúde publicarão sua agenda de consultas; controlarão a evolução
dos agendamentos; acompanharão a opinião dos pacientes acerca dos serviços
prestados; contarão com canais de relacionamento com o paciente (SMS e Chat);
terão mais visibilidade na rede, à medida que seus serviços serão recomendados
e comentados; interagirão com outros colegas para discutir diferentes assuntos;
e acessarão relatórios.
Somente o profissional (ou sua
secretária, desde que tenha acesso) poderá alterar qualquer informação da
agenda . No caso em que o profissional não puder atender em horário ou data
marcada em sua agenda, poderá acessá-la e fazer o cancelamento. Nesse caso, se
os horários selecionados para cancelamento já estiverem sido agendados por
algum usuário, o sistema alertará o profissional, e se o profissional confirmar
a operação, o sistema solicitará que ele (ou sua secretária) estabeleça contato
telefônico com o usuário para informar a alteração.
Tudo isso com absoluta privacidade,
pois a segurança dos dados e informações dos usuários e clientes contarão com
plataforma certificada pelas mais importantes autoridades de segurança do
mundo. No primeiro ano, a operação comercial será limitada ao Distrito Federal,
com a finalidade de consolidar a atuação do serviço e fortalecer
relacionamentos com clientes, o que não excluirá a oportunidade de alvos de
outras praças acessarem ou utilizarem o serviço, haja vista se tratar de um
portal.
O portal MyDocBook (www.mydocbook.com.br) é a primeira agenda médica online gratuita e inteligente em Brasília. Um portal que permite aos pacientes a reservarem consultas médicas e a criarem uma caderneta-saúde, por meio de agendamento online de serviços de saúde, com dispositivo de busca e agendamento de consultas médicas e odontológicas, e de gerenciamento dessas funcionalidades. Trata-se de um sistema eletrônico de agendamento online com a proposta de ser a forma mais fácil e rápida para encontrar e agendar serviços médicos e odontológicos (especialmente consultas), e gerenciar o histórico de atendimentos, bem como oferecer ao consumidor, ao médico, ao dentista e às operadoras de planos de saúde uma interface de comunicação que os auxiliem no consumo e na entrega dos serviços. Para o consumidor/paciente o portal se constitui em um serviço gratuito, qu e permite a busca e a marcação de consultas médicas e odontológicas diretamente na web, sem custos adicionais de chamada telefônica, e possibilita a interação com o médico, a oportunidade de o usuário manter o histórico dos atendimentos que realiza, além de avaliar os serviços realizados e recomendá-los na rede. Fontes: Flávio Resende e Ray Cunha | Proativa Comunicação | Portal da Comunicação
MULHERES MAIS VULNERÁVEIS
(Texto
de Elton Alisson, distribuído pela Agência FAPESP) – As mulheres e
meninas representam atualmente 72% do total de pessoas que vivem em condições
de extrema pobreza no mundo. Em função disso e da combinação de uma série de
outros fatores socioeconômicos e culturais, elas representam hoje as maiores
vítimas de desastres provocados por eventos climáticos extremos, como
inundações e furacões.
Os dados foram
apresentados pela médica e antropóloga mexicana Úrsula Oswald Spring durante o
workshop “Gestão dos riscos dos extremos
climáticos e desastres na América do Sul – O que podemos aprender com o
Relatório Especial do IPCC sobre os extremos?”, realizado em agosto pela
FAPESP, em São Paulo.
Professora da
Universidade Nacional Autônoma do México, a pesquisadora mexicana, que é membro
do IPCC, explica em entrevista concedida à Agência FAPESP as razões e
quais ações são necessárias para diminuir a vulnerabilidade das mulheres e
meninas aos impactos das mudanças climáticas.
Agência FAPESP – Quais são
os grupos humanos mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas
globais?
Úrsula Oswald Spring – Primeiro, as mulheres e meninas. Em segundo lugar, os grupos indígenas refugiados em comunidades com línguas e culturas diferentes das suas. E em terceiro todas as pessoas que vivem em cidades em pobreza extrema, em zonas de alto risco e de violência, sem apoio governamental, ilegais, sem emprego e expostas às intempéries climáticas. Coincidentemente, esses três grupos humanos também são os mais discriminados. Há um problema de discriminação estrutural e uma combinação catastrófica de fatores socioeconômicos, ambientais e culturais que potencializam as vulnerabilidades desses três grupos humanos aos impactos das mudanças climáticas.
Agência FAPESP – O que
torna as mulheres e meninas mais vulneráveis aos impactos das mudanças
climáticas?
Úrsula Oswald
Spring
– Mundialmente, elas representam 72% dos pobres extremos e, sem recursos
financeiros, é muito difícil enfrentar os impactos dos eventos climáticos
extremos. Além disso, as mulheres foram educadas a cuidar dos outros e, por
isso, assumimos o papel de “mãe de todos”. Esse processo, que chamo de teoria
das representações sociais, também nos torna mais vulneráveis, porque temos o
papel de proteger primeiramente os outros, para depois nos preocuparmos
conosco. Por trás de tudo isso também persiste há milhares de anos um sistema
político excludente, reforçado por todas as crenças religiosas, denominado sistema
patriarcal, que preceitua a autoridade de um ser – o homem –, resultando em
muita violência, exclusão e discriminação contra as mulheres. O capitalismo,
por sua vez, se aproveitou do sistema patriarcal e construiu um sistema
vertical, excludente, autoritário e violento, que permitiu que hoje 1,2 mil
homens comandem a metade de todo o planeta e que as mulheres tivessem pouco
poder de decisão e de veto em questões que lhes afetam diretamente.
Agência FAPESP – Diante
desta realidade, o que é preciso fazer para diminuir a vulnerabilidade das
mulheres e meninas aos impactos dos eventos climáticos extremos?
Úrsula Oswald
Spring
– Não vale a pena destruir, por exemplo, essa capacidade das mulheres em querer
ser a mãe de todos. Mas é necessário treiná-las para que esse processo de
cuidar dos outros seja mais eficiente e que não seja realizado ao custo de sua
própria vida, mas que possa beneficiar todo um conjunto de pessoas, incluindo
ela e suas filhas. E isto implica em mais condições para que possam ter maior
poder de decisão.
Agência FAPESP – Como seria
possível realizar esse processo?
Úrsula Oswald
Spring
– Sobretudo, possibilitando o maior acesso das mulheres à educação. De acordo
com o Banco Mundial, todo país islâmico que investe na educação de suas
mulheres aumenta imediatamente 1% de seu PIB. Outra ação é dar mais
visibilidade ao trabalho das mulheres, que muitas vezes não é valorizado. Nos
Estados Unidos o trabalho feminino representa 38% do PIB. É preciso dar
visibilidade a essa participação econômica das mulheres. Alem disso, são
necessárias leis que garantam maior equidade e participação das mulheres em
todos os processos decisórios. Teríamos que usar sistemas de cotas para
mulheres para reverter a discriminação, que seria um passo para garantir maior
equidade. As catástrofes e os desastres provocados pelos eventos climáticos
extremos irão ajudar no processo de dar maior poder às mulheres.
Agência FAPESP – De que
maneira?
Úrsula Oswald
Spring
– No México, por exemplo, a produção campesina está nas mãos dos homens. Mas
está passando para as mãos das mulheres, porque os homens migraram para os
Estados Unidos em busca de emprego. Na nova condição de chefes de família, elas
estão tendo que tomar decisões sobre as mais variadas questões. Nós precisamos
ajudá-las nesse processo de “empoderamento”, possibilitando que elas tenham
acesso a tecnologias sustentáveis, que lhes permitam, por exemplo, se proteger
dos riscos de desastres causados pelos eventos climáticos extremos.
Agência FAPESP – Além da
questão do “empoderamento”, que é um processo que demanda longo prazo, que
ações mais urgentes devem ser tomadas para preparar as mulheres para enfrentar
os eventos climáticos extremos?
Úrsula Oswald
Spring
– É preciso possibilitar e treinar as mulheres para que em um momento de perigo
iminente, por exemplo, elas tenham o direito de sair de casa. Muitas
comunidades proíbem que uma mulher saia de casa se não está acompanhada por um
homem. Isso é uma discriminação e uma forma de controle que é preciso superar
com leis de equidade de gênero. Além disso, é preciso treinar mulheres para
aprender a nadar, a correr, a trepar em uma árvore, e permitir que possam usar
uma roupa mais adequada para realizar essas atividades. Eu assisti os Jogos
Olímpicos de Londres e me chamou a atenção a vestimenta das atletas da natação
e de corrida da Arábia Saudita. Apesar de estarem vestidas de forma diferente
das atletas de outros países, ao menos elas vestiam uma calça que lhes permitia
correr, sem infringir os códigos religiosos. Esse é um tipo de ação que
poderíamos socializar. Poderíamos aproveitar os Jogos Olímpicos para promover
em todos os países islâmicos esse tipo de ação, e dar cursos de natação e de
corrida para as mulheres.
Agência FAPESP – Dentre os
três grupos humanos que a senhora aponta como os mais vulneráveis aos impactos
das mudanças climáticas, qual apresenta maior resiliência?
Úrsula Oswald
Spring
– Só os indígenas têm a capacidade adquirida ao longo de milhares de anos de
administrar situações muito difíceis sem contar com ajuda internacional,
nacional ou estatal, mas sim sozinhos. Eles se adaptaram às mudanças climáticas
e cultivaram durante milhares de anos e da mesma maneira vegetais, como
batatas, resistentes à seca, ao frio e ao calor, e desenvolveram sistemas muito
eficientes e baratos de irrigação e fertilização da terra. É preciso aproveitar
esses conhecimentos tradicionais e vinculá-los às tecnologias modernas para nos
adaptarmos às mudanças climáticas. Mas estamos perdendo esses conhecimentos
tradicionais porque a última geração de indígenas que ainda detêm esses
conhecimentos, que são jovens, já passou pela escola, fala outras línguas que
não a materna e está perdendo sua cultura indígena. Se não fizermos nada, vamos
perder mundialmente esses conhecimentos tradicionais que permitiriam
desenvolver soluções locais para enfrentar as mudanças climáticas.
Agência FAPESP – Que
iniciativas existem hoje para promover essa aproximação de conhecimentos
tradicionais com os científicos?
Úrsula Oswald
Spring
– No México, por exemplo, foi criada a Universidade Campesina do Sul. Lá são
integrados grupos locais, que são constituídos hoje basicamente por mulheres –
há 20 anos eram formados, em sua maioria, por homens –, e com base nas necessidades
desses grupos nós disseminamos um processo de educação baseado no método de
Paulo Freire, em que eles aprendem a partir de sua própria realidade.
Agência FAPESP – O que é
ensinado na Universidade Campesina do Sul?
Úrsula Oswald
Spring
– Um dos temas com os quais trabalhamos é agricultura orgânica, ensinando as
mulheres a trabalhar com hortas familiares, para garantir seus próprios
alimentos e de sua família. Outro tema é o manejo de água. Há muita água não
potável, como a utilizada para lavar as mãos, por exemplo, que é muito fácil de
tratar e que pode ser utilizada junto com dejetos orgânicos de sanitários secos
como melhoradores de solo para ajudar a recuperar a fertilidade natural do
solo. Outro tema ao qual temos nos dedicado é o da medicina alternativa. A
medicina moderna é muito cara e a maior parte das pessoas não tem recursos para
utilizar o sistema de saúde. Em função disso, estamos criando modos de integrar
a medicina tradicional mexicana, que utiliza ervas e métodos tradicionais de
cura, como vapores, com a medicina moderna. É um conjunto de ações voltadas
para potencializar o uso dos conhecimentos científico e tradicional e tentar
buscar soluções para enfrentar coletivamente problemas das mais variadas
ordens, como o das mudanças climáticas. Porque não são grandes obras que
protegem as pessoas de uma catástrofe provocada por um evento climático
extremo, como uma inundação, mas sim pequenas obras, contanto que sejam muito
eficientes.
Agência FAPESP – Na opinião
da senhora, como será possível enfrentar os riscos das mudanças climáticas em
escala mundial, em um momento em que diversos países passam por graves crises
econômicas e têm problemas mais urgentes para resolver?
Úrsula Oswald
Spring
– Há condições de grande incerteza em relação às mudanças climáticas porque,
além das crises econômicas, grande parte das pessoas no mundo nunca presenciou
uma situação de desastre causado por um evento climático extremo. Mas se
algumas pessoas ainda não passaram por uma situação dessas, é preciso justamente
pensar em maneiras de se preparar para enfrentar os eventos climáticos
extremos, que ocorrerão com maior frequência nos próximos anos. E uma das
formas de se fazer isso é descentralizando a gestão dos riscos das mudanças
climáticas, levando em contas as condições próprias de cada região. O problema
climático na Amazônia, por exemplo, não é o mesmo que ocorre na parte alta dos
Andes. Os tipos de manejos nessas regiões são muito diferentes. Por isso, os
países precisam descentralizar as ações. A gestão dos riscos de mudanças
climáticas pelos países irá depender de uma boa gestão local. Os primeiros 10
minutos de uma situação de risco, como uma inundação ou deslizamento, são
cruciais e não há ajuda internacional que possa socorrer. Por isso, é preciso
investir fortemente em prevenção e treinamento em nível local para enfrentar os
riscos de um evento climático extremo.
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