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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

UM OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA IMPRESSO


 Outro dia, disse a uma professora que um dos meus sonhos é construir um jornal. Ela rebateu dizendo que isso é ideia de doido e que o sonho dela é possuir um website onde pudesse criticar todo mundo. Acabei não explicando os detalhes do meu projeto: ressuscitar o jornalismo que a internet assassina com tanta destreza.

O diálogo com a professora me fez refletir e tentar entender o que alimenta essa ideia e as respostas vieram rapidamente: primeiro a universidade. A Unisul insiste em me dizer que o jornalismo local anda mal das pernas. Depois, este site onde teus olhos navegam e que analisa, criticamente, a nossa profissão, o Observatório da Imprensa. E, mais recentemente, parou em minhas mãos uma terceira personagem nessa história de convencer-me que o jornalismo tem como rumo o bueiro, a Revista de Jornalismo ESPM.
A publicação trimestral está em sua primeira edição e surge da parceria com a Columbia Journalism Review (CJR), uma cinquentenária americana que, nos EUA, serve também para monitorar os passos dos profissionais da imprensa. Aqui no Brasil, a ESPM, tradicional escola da propaganda e do marketing, além do lançamento da sua revista de crítica do jornalismo, vende outra novidade: a criação do curso de graduação em jornalismo em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. E também uma pós-graduação na terra da garoa.
A proposta da ESPM é a repetição e o fortalecimento de uma velha história. Para ser mais teórico, é uma paráfrase. Não é a primeira vez que se pratica o media-watching no Brasil. O Observatório da Imprensa, aquele mesmo site que me aponta problemáticas da nossa profissão, mantém viva a mesma formação discursiva desde a sua primeira edição, em abril de 1996. Mas existem acontecimentos discursivos: a parceria com a universidade americana; a criação da graduação e da pós-graduação aqui no Brasil, interferindo na formação das mulas e dos dinossauros (ver aqui), e a existência do papel impresso com essa linha editorial.
Nesta estreia, a revista se preocupou em mostrar sua importância ao excelentíssimo público-alvo, bem como as necessidades de sua criação. O primeiro editorial tem como título “A única opção”.
“Desde que nasceu, há exatos 60 anos, a ESPM se orgulha de dizer aos seus alunos que, aqui, eles aprendem com quem faz.” O texto serve para convencer os jornalistas de que é necessário não apenas passar pela academia, mas voltar a ela durante a carreira, porque é lá que se encontra o pensamento crítico “a revista de jornalismo ESPM, tem objetivo expresso de contribuir para a pesquisa e o conhecimento aprofundado do jornalismo – e de apoiar a formação e o desenvolvimento de jornalistas”.
Entendo que os donos de jornais deveriam conhecer as universidades que oferecem curso de Jornalismo. Ao menos aquelas próximas ao local de atuação da sua empresa, pois, ali, se formarão os profissionais que possivelmente serão seus empregados no futuro. A ESPM está fazendo ainda mais. A propaganda – e não podia ser diferente – é atrativa aos jornalistas que querem se atualizar e até mesmo dar um salto na carreira, e para aqueles que ainda nem começaram. A linha de apoio do editorial é um símbolo do projeto maior “só há um caminho para melhorar a imprensa: criticar a imprensa”. A ESPM fará isso, procriando excelência à formação das mulas e reparando dinossauros.
Ainda no editorial é lembrada a criação, em parceria com o Instituto de Altos Estudos em Jornalismo (IAEJ), do curso de pós-graduação com ênfase em Direção Editorial, que ocorre em São Paulo. O objetivo é: preparar profissionais que se encontram no meio da carreira para exercer funções de direção editorial. É um grande pacote, e a parceria com a Columbia Journalism Review é outro trunfo, talvez o maior, pois ela é “internacionalmente reconhecida como a principal publicação no mundo dedicada ao tema do jornalismo”. E consequentemente aumenta a credibilidade da, digamos, “filial” brasileira.
Agora, peço ao ministro-chefe da CGU, Jorge Hage Sobrinho, licença para copiar o termo que ele utilizou no programa Roda Viva do dia 11/6/2012, referindo-se ao significado que o PSDB tinha para ele, quando esse partido foi criado. Hage disse que o PSDB era o “canto da sereia”. Pois bem, a conclusão do texto é para mim o “canto da sereia”: nossa revista será uma ponte entreo universo acadêmico e o universo profissional, com a ambição de gerar conhecimento crítico sobre a instituição da imprensa.
Os artigos da primeira edição contextualizam os problemas do jornalismo que se pratica atualmente no Brasil e também lá fora. Primeiro o leitor pode acompanhar o material produzido por profissionais da imprensa norte-americana e, depois, os articulistas brasileiros esclarecem a situação em nosso país a cerca do mesmo assunto.
Esse discurso de reformulação da imprensa por meio da crítica não é novo, o Observatório da imprensa segue a mesma linha editorial aqui no Brasil. O site criado em abril de 1996, tem o seguinte slogan: “Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito”. Eles são um veículo jornalístico focado na crítica da mídia. A formação discursiva, repito, é a mesma, mas existe um acontecimento discursivo que é a união entre a academia e a carreira.
Ainda assim, os atores desse pensamento se repetem:
>> Alberto Dines é fundador do Observatório da Imprensa e autor do artigo “O bumerangue da urgência”, veiculado na página 10 da Revista de Jornalismo ESPM. Dines tem 80 anos de vida e 60 de carreira jornalística. Não por menos é professor da disciplina História e Mudança no Jornalismo do curso de pós-graduação em Jornalismo com ênfase em Direção Editorial da ESPM.
>> Carlos Eduardo Lins da Silva é presidente do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo e faz parte da equipe do Observatório da Imprensa. Escreveu oito pequenos textos na seção “Tudo em Dia” e também assinou o artigo “Informações de valor”, onde discorre sobre a criação do jornalValor Econômico, do qual foi o primeiro diretor-adjunto. No artigo anterior, Dean Starkman fala sobre a problemática do jornalismo econômico nos Estados Unidos, um dos questionamentos que Starkman destaca é se as matérias são produzidas para os investidores,ou para o público. Depois, o texto de Carlos Eduardo Lins da Silva fala sobre a situação no Brasil, através da experiência no Valor. O jornalista é professor de Indicadores de Qualidade Editorialdo curso de pós-graduação em Jornalismo com ênfase em Direção Editorial da ESPM.
>> Os artigos de Eugênio Buccitambém frequentam o Observatório da Imprensa. Na revista, ele assina o artigo “Papéis mal trocados” e critica o fato de que jornalistas e assessores de imprensa estão ligados ao mesmo sindicato no Brasil, no caso a Fenaj, mesmo tendo deveres diferentes na profissão. O assessor serve à empresa, o jornalista serve à sociedade. O artigo de Bucci vem na sequência do artigo “A verdade dos fatos” de John Sullivan, hoje um jornalista freelancer, mas que já atuou noNew York Times. Tanto o texto americano, quanto o brasileiro apresentam problemas para os jornalistas. O de Sullivan defende que o houve crescimento no número de assessores de imprensa e redução no número de jornalistas e o pior: os assessores ganham mais. Esses textos convencem muito jornalista de que a revista será importante.
As ideias da ESPM são pretensiosas e a parceria com a Columbia Journalism Review é o grande indicativo disso. Os americanos têm muito a ganhar com esse investimento no Brasil. Somos um país onde não falta assunto para jornalista tratar, pois nosso noticiário acalora todas as editorias. A ESPM pode mudar a história do jornalismo, já que atuará na formação desses profissionais.
A editoria de geral sempre percebe uma obra do governo que está atrasada. A Rede Globo e suas novelas preenchem o noticiário de fofoca e o canal também emprega artistas de peso, sustentando o noticiário de variedades. E temos ainda excelentes músicos, artistas plásticos, pintores, escritores. Em outras áreas não é diferente, a Economia está badalada, porque o Brasil tem a sétima mais forte. Nos assuntos da Política, sobra corrupção para as manchetes, e para os cadernos de Esporte, vem aí uma Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, que são eventos importantes para o monitoramento da Revista de Jornalismo ESPM, como lembrou Vitor Navasky, direto de Columbia no artigo “Brasil em pauta”.
O Brasil é um grande negócio. Tudo isso, fez com que a Revista de Jornalismo ESPM pudesse ser produzida com um único anúncio: o curso de pós-graduação. Nele, um corpo docente que enche os olhos de qualquer mula: Caio Túlio Costa, Roberto Civita e os citados Dines, Carlos Eduardo Lins da Silva e Bucci. Na minha condição de mula, vale repensar o projeto do jornal e adiar o lançamento, pois a reserva de dinheiro será da ESPM, que conduziu meus planos para São Paulo. (Artigo de Nicolas David,  estudante de Jornalismo da Unisul)
FÓRUM INTERNACIONAL DE BRANDING

A ABA (Associação Brasileira de Anunciantes), em parceria com a TopBrands, promove nos dias 22 e 23, no Auditório Centro Britânico Brasileiro, em São Paulo, o Fórum ABA Branding 2012, encontro anual sobre construção de marcas. O objetivo do evento é discutir as técnicas e ferramentas mais avançadas de branding, utilizando cases nacionais e internacionais de marcas.  (Propmark)
CREATIVE MORNINGS CHEGA À 3ª.EDIÇÃO

Casey Caplowe, fundador e diretor criativo da plataforma de mídia Good, é o destaque da terceira edição do Creative Mornings, que será realizado no dia 10 de agosto, na Casa do Saber, em São Paulo. A Good é uma rede de colaboração que busca compartilhar ideias, ações e desenvolver projetos que beneficiem a sociedade. (Propmark)
PESQUISA AVALIA SISTEMA FEDERATIVO BRASILEIRO
(Texto de Fábio de Castro, distribuído pela Agência FAPESP)O sistema federativo brasileiro é bastante centralizado, mas permite que estados e municípios exerçam papéis importantes na execução de políticas públicas.
Essa é a principal conclusão do livro Democracia, Federalismo e Centralização no Brasil, de Marta Arretche, professora do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e diretora do Centro de Estudos da Metrópole, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da FAPESP.
Resultada de estudos realizados desde 2006 no CEM, a obra, publicada pela Editora Fiocruz e pela Editora FGV, da Fundação Getúlio Vargas, com apoio do CEM.
De acordo com Arretche, quando a Constituição Federal foi promulgada, em 1988, predominava entre os especialistas a interpretação de que a federação brasileira, em contraste com a centralização da ditadura, fortaleceria a democracia com uma operação descentralizada das políticas públicas.
Mas já na década de 1990, segundo a pesquisadora, começaram a surgir fortes críticas ao arranjo descentralizado: exagerada, a autonomia de estados e municípios poderia se tornar um obstáculo à democracia, por dificultar ações unificadas, gerando desequilíbrio entre as esferas de governo.
“A contribuição do livro consiste em mostrar que temos uma longa tradição no Estado brasileiro – que remonta à década de 1930 – de concentração das decisões no governo central, mas ao mesmo tempo temos mecanismos capazes de moderar a sua influência, fazendo com que os estados e municípios sejam atores relevantes na execução de políticas públicas”, disse Arretche à Agência FAPESP.
O livro aponta que o papel de coordenação e formulação das políticas fiscais pela União, assim como suas funções redistributivas que reduzem desigualdades entre estados e municípios, havia sido minimizado pelas interpretações que enfatizavam as características de descentralização da federação brasileira.
“O estudo mostra que os estados federativos não produzem necessariamente dispersão da autoridade política. Ao longo do século 20, a federação brasileira se tornou altamente integrada, ainda que cada nível de governo seja dotado de autoridade política própria. O processo de construção do estado nacional operou no sentido da centralização da autoridade política”, afirmou.
A pesquisa analisou duas dimensões: o poder de veto das unidades constituintes nas arenas decisórias centrais e a autonomia dos governos subnacionais para decidir sobre suas próprias políticas.
“Um dos principais argumentos usados para sustentar que a federação brasileira é efetivamente descentralizada defende que o poder de veto dos governadores é muito grande, o que faria com que o presidente tivesse que se subordinar aos governos estaduais a fim de aprovar legislações do seu interesse”, disse Arretche.
Para verificar essa argumentação, Arretche examinou a legislação de interesse federativo do início da década de 1990 até a atualidade, a partir dos processos decisórios na Câmara dos Deputados e no Senado.

A análise demonstrou que a União tem ampla autoridade legislativa, podendo iniciar legislação em qualquer área de política, ao passo que estados e municípios têm sua autoridade legislativa bastante limitada.
“O governo central tem grande capacidade de impor restrições, tanto do ponto de vista de formulação e desenho das políticas públicas como da perspectiva da imposição de perdas fiscais aos governadores. Os governos estaduais não têm tanto poder assim, já que a federação pode interferir em qualquer nível de política”, disse Arretche.
De acordo com a pesquisadora, interesses regionais poderiam ter maior peso nas decisões tomadas em Brasília caso as bancadas estaduais no Congresso votassem de modo coeso, em defesa de interesses regionais. Mas não é o que ocorre na prática.
“As bancadas são divididas em termos partidários. A coalizão de sustentação do presidente dá apoio às iniciativas de coordenação federativa da União. Os parlamentares não votam de acordo com sua proveniência regional, mas de acordo com seu pertencimento a partidos políticos”, disse.
A segunda dimensão da pesquisa abordou o outro lado da questão: o governo central normatiza políticas que são executadas por estados e municípios. É comum que os governos subnacionais peçam a presença e a coordenação da união. Para avaliar esse aspecto, Arretche estudou as políticas e os gastos dos governos municipais em todas as áreas que afetam a provisão de serviços sociais aos cidadãos.
“Examinei iniciativas de coordenação que passam pelo governo do estado e pelo Senado e concluí que há um forte incentivo para que a União assuma a coordenação e execução de políticas de saúde básica, educação fundamental, coleta de lixo, transporte público e infraestrutura urbana. Nessas áreas, os municípios contam com recursos constitucionalmente transferidos pelo governo federal, sem necessidade de negociações políticas, nem de alinhamento partidário”, disse.
No entanto, o governo central tem recursos financeiros para incentivar que os governos locais se alinhem à agenda política federal. “O governo central acaba exercendo assim o papel de regulação das políticas executadas pelos governos municipais. Essa conclusão se opõe à interpretação tradicional sobre o federalismo brasileiro, de um governo federal enfraquecido pela descentralização”, disse.
Os resultados da pesquisa, segundo Arretche, mostram que o governo central não consegue ter um poder exacerbado, mas também não é paralisado, nem enfraquecido. A autora conclui que a União já é forte e não é preciso fazer nenhuma reformulação no arranjo federativo com o objetivo de fortalecê-la.
“A União é forte em sua capacidade de regular programas nacionais que são executados de modo descentralizado. Por outro lado, os governos subnacionais têm progressivamente fortalecida sua capacidade institucional de executar políticas. Cada nível de governo tem força em sua própria dimensão da produção de políticas públicas”, disse Arretche. Detalhes: www.fiocruz.br/editora
RISCOS DE EXTREMOS CLIMÁTICOS
 Um encontro para divulgar informações científicas sobre possíveis impactos de riscos de extremos climáticos – como ondas de calor, recordes de temperaturas altas e forte precipitação de chuvas – e dos desastres a eles relacionados, bem como as opções disponíveis para o gerenciamento desses impactos será realizado nos dias 16 e 17. Detalhes: www.fapesp.br/ipccsrex
WORKSHOP DE FILOSOFIA: PENSAMENTO, CIÊNCIA E HUMANIZAÇÃO
 Abertas as inscrições para o 1º Workshop de Filosofia: pensamento, ciência e humanização, que será realizado nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, no campus de São José do Rio Preto da Unesp.  Detalhes: www.ibilce.unesp.br/#2624,2625 

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