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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

MOBILE, ESTRATÉGICO MAS...


O tráfego gerado nos dispositivos móveis e a audiência capturada por tablets e smartphones é observada com atenção por grandes empresas, mas ainda falta um modelo de negócio que traga retorno aos investimentos. Marcas como Unilever e Coca-Cola afirmam que a receita gerada com as campanhas para o meio é insipiente. “Como líderes no segmento de bebidas, sabemos que é preciso liderarmos também em mobile, mas precisamos encontrar modelo sustentável”, afirmou Cintia Nishio, gerente de conexões com o consumidor da Coca-Cola durante debate no “Mobile Day”. O evento, promovido pela MMA Latam (Mobile Marketing Association para a América Latina) nesta quinta-feira (9), em São Paulo, é o primeiro da entidade realizado no país e reuniu agências e clientes na capital paulista para debater as tendências do mercado mobile.
Na Unilever, o sentimento é o mesmo e o momento é de testar soluções. “Há ações que geram mídia, mas têm pouco retorno efetivo. Na Unilever temos duas realidades: a de teste e a de 'always on', de estarmos 365 dias com nossos clientes”, disse Rodrigo Moretz, gerente de serviços de marketing digital para a América Latina da Unilever.
O número de celulares no Brasil soma 256 milhões, apontam dados da Anatel fechados em junho. Entre as principais demandas das empresas, está a mensuração confiável do real impacto de campanhas rodadas em tablets e smartphones. Marcas como Coca-Cola se queixam da falta de mensuração da entrega efetiva de campanhas nos dispositivos móveis. “Um mercado que não é bem medido, onde falta transparência, não cresce”, alertou Fábia Juliasz, diretora executiva de novos negócios e relações societárias do Ibope.
Alex Banks, vice-presidente do Comscore para a América Latina, destacou os desafios para medição em aparelhos móveis, como a existência de muitos devices que precisam ser integrados nas iniciativas de apuração. “Temos que medir o mercado para entendê-lo. Quando houver real compreensão sobre o ROI (retorno sobre investimentos) e a efetividade das campanhas, isso ajudará marcas a definir investimentos”, pontuou.
O consumo de TV em conjunto ao uso da internet pelo tablet ou smartphone é uma das fortes tendências hoje no Brasil. Dados do Ibope mostram que 41% das pessoas que assistem televisão, ao mesmo tempo acessam redes sociais e navegam na internet. Os números, já conhecidos, são fortemente sentidos na ESPN, que lançará no Brasil neste semestre a plataforma “Watch ESPN” (Assista ESPN), que soma 70 milhões de assinantes só nos Estados Unidos. A plataforma permite ao assinante ter acesso ao conteúdo do canal onde quiser, assistir a conteúdos adicionais — como jogos extras não transmitidos pela ESPN — e eventos exclusivos, como os X-Games, além do serviço sob demanda.
De acordo com Luis Olivalves, diretor da área de novos negócios no canal, o mobile ainda “está engatinhando” no Brasil, mas é notório o fenômeno da segunda tela. “Nos EUA, o mobile é metade de nosso tráfego digital e representa 15 milhões de views em vídeos. No Brasil, como ainda é pequeno esse mercado, a nossa briga é para que o segmento aumente”, disse. Uma das estratégias, segundo ele, é comercializar uma única cota de patrocínio para digital e mobile para os anunciantes. (Propmark)
BLUMENAU GANHA CIRCULAR BUS
Circular Bus passou a administrar o uso da mídia nas mais de 120 linhas de ônibus e nos 6 terminais urbanos da cidade de Blumenau. Com isso, o mercado anunciante ganhou novas opções para a divulgação.  A empresa comercializa os espaços externos e internos dos ônibus (busdoor e apoio para as mãos). Nos terminais serão comercializados totens, flodoor, merchandising e os murais de classificados. Além disso, a CircularBus também vai instalar TV em alguns veículos e nos terminais. Hoje 125mil pessoas usam diariamente o sistema de transporte coletivo de Blumenau.
OS CATÓLICOS E O Anteprojeto do Novo Código Penal

(Segunda parte da entrevista com especialista em bioética, concedida pelo Pe. Helio Luciano
Thácio Lincon Siqueira, da ZENIT.org) –  ZENIT: "O direito não é filho do céu. É um produto cultural e histórico da evolução humana", frase de Tobias Barreto, que se encontra no cabeçalho da apresentação do Anteprojeto assinado pelo Relator Geral. Essa frase, não mostra a raiz do problema do direito na nossa época contemporânea, que elimina a existência de um direito natural? E que autoriza, de certa forma, as sociedades a inventarem as suas normas de conduta?

PE.HELIO - De fato, infelizmente, uma parte dos juristas brasileiros interpreta a justiça de um modo puramente positivo. Segundo estes, o que define o certo e o errado é apenas aquilo que está escrito na lei, mas esta não corresponderia a nenhuma natureza humana, ou seja, não expressaria, em forma de lei, o modo como o homem é de fato. É lógico que a expressão da natureza humana pode dar-se de distintos modos ao longo da história – e isso também deve ser contemplado pelo ordenamento jurídico – mas não será a cultura quem configurará o modo de ser do homem. Consequentemente, as leis devem expressar este modo de ser – o matrimônio, a defesa da vida, a busca do bem comum, são elementos que transcendem a cultura, pois pertencem ao homem em si mesmo.
Mas antes de falar desta crise do direito natural é necessário falar da crise da “verdade”. Parece que, em alguns ambientes, a “verdade” deixou de existir – expressões típicas como “você tem a sua verdade e eu tenho a minha”, demonstram tal crise. É certo que podemos ver a realidade desde distintas perspectivas, mas um dos princípios mais básicos da racionalidade humana é o princípio da não contradição – uma coisa não pode “ser” e “não ser” ao mesmo tempo. Um exemplo mais simples: se chegarmos a um consenso absoluto – 100% dos votos – de que uma vaca é um cavalo, não converteremos a vaca em cavalo. As coisas existem na realidade e podemos alcançar o conhecimento delas ou não, mas jamais podemos alcançar duas verdades contraditórias sobre a mesma realidade: a vaca não pode ser vaca e cavalo ao mesmo tempo. Isso nos leva àquilo que o Papa chamou de “ditadura do relativismo” – não se pode impor nada a não ser a absoluta necessidade de ser relativista. Todos os que disserem conhecer uma “verdade” são considerados totalitaristas ou fundamentalistas.
Parte da nossa cultura jurídica sofre também deste mal: segundo esta cultura, seria necessário fazer um ordenamento jurídico que não possua “verdades”, mas apenas normas. Seria a norma que converteria a realidade em “verdade”. A “marcha da maconha”, ainda induzindo às drogas e incentivando o tráfico, é “liberdade de expressão” – segundo o Anteprojeto do Código Penal até mesmo o consumo pessoal de qualquer droga é lícito – enquanto defender a vida de um feto é um desrespeito à liberdade individual.

Desta crise da “verdade” nasce a crise do direito natural. Se não existe “verdade” não pode existir um verdadeiro modo de ser do homem. Sendo assim, todas as liberdades devem ser respeitadas, ainda que destruam a sociedade. A “liberdade” tomou o lugar da “verdade” – e não uma liberdade que busca o bem, mas uma simples liberdade de escolha. Esquecemos que o que deve guiar a sociedade é a busca do bem comum e não a busca dos bens individuais – e assim deixamos de ser uma sociedade fraterna e nos convertemos, como diria Hobbes, em lobos para os outros lobos.

ZENIT: No Anteprojeto, no art. 128, inciso IV fala-se da descriminalização do aborto quando a mulher, até a décima semana, quiser abortar, seguindo o parecer de um psicólogo. É lícito, moralmente falando, que uma mulher decida pela vida do seu filho? A lei tem o poder de definir isso? Não será injusto deixar para a mãe a decisão, principalmente na hora da fraqueza?

PE.HELIO - É necessário, primeiro, distinguir o texto escrito da intenção dada ao artigo – deixemos de lado se a confusão textual foi colocada de modo proposital ou não. O texto mencionado diz que o aborto, até a décima segunda semana de gestação (aproximadamente três meses), não poderia ser punido “quando o médico ou psicólogo constatar que a mulher não apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade”. Segundo o texto, o aborto não seria mais punido, pois se alguém decide abortar, é lógico que se sente – psicologicamente – incapaz de arcar com a maternidade. A Espanha, em 1983, aprovou o aborto com um texto bastante similar a este. As clínicas de aborto tinham psicólogos contratados somente para assinar os prontuários, sem nem mesmo conversar com as mães.

Por outro lado, o Anteprojeto apresenta na justificação do mesmo artigo e inciso – tal justificação não faz parte do texto oficial – que esta despenalização abordada no texto refere-se apenas a “estados psicológicos mórbidos, como a adicção por entorpecentes”. Parece-me que a comissão de juristas é suficientemente competente para redatar – se assim o quisesse – o texto do inciso de forma clara, contemplando somente esta intenção explicitada na justificação. Além disso, mesmo que o texto fosse claro para contemplar somente estes casos citados, não se poderia, nem deveria tomar tal decisão sem uma ampla consulta à sociedade, sendo esse um tema tão sensível aos brasileiros.
UM AMBIENTE PROPÍCIO PARA ESTUDOS INOVADORES
(Texto de Elton Alisson, distribuído pela Agência FAPESP)Na Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), nos Estados Unidos, às sextas-feiras, um grupo rotativo de 50 professores de diferentes departamentos da instituição se reúne durante o almoço para debater pesquisas em andamento em diferentes áreas.
Periodicamente, duplas de professores da UCSF também realizam minicursos intensivos, com duração de duas semanas e voltados para grupos de até 12 estudantes, nos quais abordam lacunas do conhecimento em suas respectivas áreas de pesquisa.
As duas iniciativas, além da própria maneira como os edifícios e os programas de pesquisa desenvolvidos no novo campus da instituição foram planejados e construídos, integram um conjunto de medidas colocadas em ação pela UCSF nos últimos anos de modo a promover uma colisão aleatória de pessoas e ideias em suas dependências – e, com isso, criar um ambiente propício para o surgimento de pesquisas inovadoras.
O relato foi feito por Bruce Alberts, professor emérito do Departamento de Bioquímica e Biofísica da UCSF e conselheiro do presidente Barack Obama para assuntos de ciência e tecnologia, durante conferência no dia 3 de agosto no auditório da FAPESP com o tema “Scientific excellence: ways and means of difussion”.
Na avaliação de Alberts, que também é editor-chefe da revista Science, é preciso que as universidades e instituições de pesquisa se estruturem e organizem programas de pesquisa de modo a estimular a realização de estudos inovadores e ciência de excelência.
Uma das formas para fazer isso – que Alberts indicou com base em mais de 30 anos lidando com universidades e instituições de pesquisa e com política científica e tecnológica – é apoiar um conjunto de laboratórios de tamanho modesto, com no máximo 12 pesquisadores que sejam liderados por um pesquisador independente “excelente e inovador”.
Segundo Alberts, esses laboratórios devem ser agrupados e imersos em uma cultura de cooperação, nos quais tecnologias e equipamentos sejam compartilhados livremente, a exemplo do que ocorre hoje na UCSF.
“Nossos sistemas de recompensa a pesquisa devem mudar para incentivar fortemente a originalidade e a tomada de riscos e aceitar as falhas, que fazem parte do processo”, disse Alberts a uma plateia composta por pesquisadores e estudantes que lotou o auditório da FAPESP.
No fim do evento, o público formou fila para pedir dedicatória em exemplares do livro Molecular biology of cell, escrito pelo bioquímico em 1983 e muito utilizado por estudantes e pesquisadores da área em todo o mundo.
Alberts contou que, no início do governo do presidente Bill Clinton, em 1993, quando presidia a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS, na sigla em inglês), houve um projeto de lei que defendia que para receber financiamento público toda proposta de pesquisa deveria demonstrar as aplicações práticas de seus resultados. “Essa medida foi vista como uma ameaça para a pesquisa básica”, relembrou Alberts.
Como resposta à medida, a NAS produziu uma série de folhetos e um site, destinado a políticos, tomadores de decisão e ao público em geral, em que apresentaram estudos de caso de como uma pesquisa básica resultou em descobertas imprevisíveis.
Um dos estudos de caso elaborados pelos cientistas foi do Sistema de Geolocalização por Satélites (GPS, na sigla em inglês), cujas pesquisas iniciais em física contribuíram para o desenvolvimento da tecnologia.
“É a pesquisa básica, que muitas vezes não tem aplicação prática no início, que leva a caminhos imprevisíveis para as mais importantes descobertas já realizadas na ciência”, avaliou.
Na opinião de Alberts, há um número excessivo de pesquisas sobre determinados temas que não levam a estudos inovadores, enquanto há outras áreas de pesquisa experimentais ainda inexploradas que podem resultar em aplicações novas e surpreendentes.
Uma das formas apontadas para sair desse estado de inércia irracional – que segundo Alberts afeta todos os grandes sistemas, incluindo as universidades e institutos de pesquisa – é por meio de incentivos, entendidos como recursos financeiros para a realização de pesquisas em áreas na fronteira do conhecimento.
“Um desafio urgente para as universidades e agências de financiamento à pesquisa é desenvolver mecanismos especiais para selecionar os melhores jovens pesquisadores e proporcionar a eles os recursos de que necessitam para iniciar novas linhas de pesquisa, sem a exigência de resultados preliminares”, afirmou.
Alberts mencionou o exemplo dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, com a criação do New Innovator Award. Esse auxílio é voltado para pesquisadores com doutorado concluído há menos de dez anos, que podem propor uma abordagem altamente inovadora a um problema científico de alto impacto, sem a necessidade de apresentar resultados preliminares.
“Precisamos incentivar os cientistas a saltarem de áreas de pesquisa já excessivamente exploradas para outras, que ainda apresentam muitas lacunas e podem resultar em estudos inovadores”, disse Alberts.
Entretanto, segundo ele, como há um enorme número de experimentos que, em princípio, poderiam ser realizados em áreas de pesquisa ainda inexploradas e os recursos financeiros e humanos para isso são sempre escassos, é preciso desenvolver estratégias para decidir sobre qual problema científico atacar.
“Meu conselho aos jovens cientistas é que trabalhem problemas que são importantes para serem resolvidos e que ainda não foram intensivamente explorados. Mas problemas que também tenham outros cientistas qualificados tentando solucioná-los, com os quais possam interagir”, indicou.
De acordo com Alberts, algumas estratégias que têm funcionado bem na realização de pesquisas em diferentes áreas são identificar um problema científico importante e ainda não solucionado e inventar ou procurar novos métodos ou abordagens de resolução.
Já uma das estratégias que não têm obtido êxito é aperfeiçoar um determinado método ou abordagem e, posteriormente, procurar um problema científico para utilizá-lo. “Estratégia é tudo em pesquisa”, disse Alberts.
Editor-chefe da Science desde 2007, Alberts contou que uma das ações implementadas pela revista publicada pela American Association for the Advancement of Science (AAAS) para ajudar a estimular a inovação na pesquisa – de modo a ajudar a comunidade científica a avançar em questões críticas, como a disponibilidade e o gerenciamento de dados – é publicar, além de artigos científicos, notícias e comentários técnicos sobre pesquisas realizadas em diferentes partes do mundo.
“Temos sessões na Science dedicadas a notícias da semana, resumos de eventos científicos, editoriais, cartas e resenhas de livros, que representam uma forma de tentar contemplar o que está acontecendo em diversas áreas da ciência. Os cientistas precisam saber o que está ocorrendo fora de suas áreas de estudo para se tornarem mais inovadores em seus campos de pesquisa”, afirmou Alberts.

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