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segunda-feira, 18 de junho de 2012

O HUMOR DE NOEL ROSA


(Texto de Elton Alisson, distribuído pela Agência FAPESP) – As letras de sambas emblemáticos de Noel Rosa (1910-1937), como Com que roupa?, Malandro medroso e Gago apaixonado, são carregadas de um tipo de humor e ironia fina que fizeram escola na música popular brasileira.

Enquanto em outros sambas clássicos e marchinhas de carnaval de compositores contemporâneos e parceiros de Noel Rosa, como Braguinha (1907-2006) e Lamartine Babo (1904-1963), as agruras da vida são tratadas em tom de deboche, nas canções do Noel Rosa, o poeta de Vila Isabel, a falta de trabalho e dinheiro ou as dores do amor despertam um riso que ao mesmo tempo é a expressão de uma dor. São músicas com uma carga de auto ironia que sugere desprezo pelos valores dominantes na sociedade da época, com um resquício de amargura.

As marcas e o legado da obra de um dos maiores e mais importantes compositores da música brasileira são analisadas no livro Noel Rosa – o Humor na Canção.

Resultado de um trabalho de doutorado realizado por Mayra Pinto na Faculdade de Educação da USP, o livro aborda como a obra de Noel Rosa é calcada em um tipo de auto ironia que até então não havia nas canções populares.

“O eixo da obra de Noel é uma figura ambígua o tempo todo, que diz sem dizer, que brinca de dizer”, disse Mayra, autora da pesquisa e do livro.

“Ele se apropriou da ginga do malandro, no sentido filosófico, e criou o personagem de um sambista frágil e vagabundo, sem forças, dinheiro e reconhecimento que, por outro lado, é capaz de criticar, colocar o dedo na ferida e dizer que não está interessado nos valores dominantes do trabalho, da moral e outros, da sociedade”, disse.

Em Com que roupa, seu primeiro samba gravado, por exemplo, o compositor se apresenta como um malandro que não tem dinheiro sequer para vestir uma roupa adequada para ir à roda de samba devido à crise financeira mundial de 1929.

Ele se queixa da incompreensão do mundo a respeito de sua condição de sambista e relata em versos como: “Mas a filosofia/ Hoje me auxilia/ A viver indiferente assim/ Nesta prontidão sem fim/ Vou fingindo que sou rico/ Para ninguém zombar de mim”.

“Noel Rosa trabalha o tempo inteiro com a ambiguidade, que talvez seja a marca mais profunda de sua obra e que permite disfarçar a crítica, dizendo de uma forma humorada aquilo que em um discurso sério não poderia ser dito”, disse Mayra Pinto.

O compositor fez o tipo de discurso crítico de suas músicas justamente pela via do humor e da ironia, diferentemente da década de 1960, quando surgiram as músicas de protesto. Ele se tornou pioneiro na utilização do recurso da ironia por conta de sua competência poética.

“Noel Rosa conseguiu construir estruturas poéticas carregadas de ironia porque dominava muito bem o discurso coloquial, que só a partir da geração dele entrou, de fato, como uma marca linguística de primeira grandeza na canção”, disse a autora do livro.

Segundo Mayra, as mesmas categorias discurssivas identificadas na canções principalmente do fim da década de 1920 e início da seguinte – como o discurso coloquial e as várias categorias do humor, entre as quais a ironia – também podem ser encontradas nas obras iniciais dos escritores modernistas brasileiros, como Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954) e Manuel Bandeira (1886-1968).

“Há um preconceito de achar que somente a cultura erudita é que pensa sobre o mundo e a cultura popular não. E a obra do Noel Rosa, que era um compositor culto, está aí para comprovar que a cultura popular, sobretudo a canção, também é um lugar reconhecido de reflexão”, comparou.

No pós-doutorado, Mayra pretende comparar as obras Alguma poesia e O Brejo das almas de Carlos Drumond de Andrade (1902-1987) com algumas canções de Noel Rosa. “Eles fundaram um mesmo sujeito lírico na cultura brasileira”, disse. Detalhes: www.atelie.com.br/shop/detalhe.php?id=615

PRÊMIO PÉTER MURANYL

Estão abertas as inscrições para o Prêmio Péter Murányi 2013, para trabalhos sobre educação. Detalhes: www.fundacaopetermuranyi.org.br.

ONDE SE DESMATA MAIS

O Inpe e a Fundação SOS Mata Atlântica divulgaram os dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, no período de 2010 a 2011. Minas Gerais e Bahia foram os estados que mais desmataram.

O estudo aponta desflorestamentos de 13.312 hectares, ou 133 km², no período.12.822 hectares de desflorestamentos, 435 da supressão de vegetação de restinga e 56 da supressão de vegetação de mangue. Da área total do bioma Mata Atlântica, 1.315.460 km2, foram avaliados no levantamento 1.224.751 km2, o que corresponde a cerca de 93%.

Foram analisados Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo e Bahia.

Por causa da cobertura de nuvens, que prejudicam a captação de imagens via satélite, foram avaliados parcialmente a Bahia (57%), Minas Gerais (58%) e Espírito Santo (36%).

Nos demais estados do Nordeste que estão dentro dos limites do bioma – Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte – a análise foi impossibilitada devido à ocorrência de nuvens.

Entre os estados avaliados em situação mais crítica estão Bahia e Minas Gerais, sobretudo nas regiões com matas secas. Em Minas Gerais, os desflorestamentos continuam ocorrendo na região agora chamada de triângulo do desmatamento. Nessa região, as florestas nativas estão sendo transformadas em carvão e substituídas por eucalipto.

No estado mineiro, onde a Mata Atlântica já cobriu 46% de seu território total (27.235.854 hectares de um total de 58.697.565), hoje restam apenas 3.087.045 hectares do bioma original. No período 2010-2011, foram desflorados 6.339 hectares.

A Bahia obteve a segunda posição no ranking com o desflorestamento de 4.686 hectares. Hoje, restam no estado 2.408.648 hectares de Mata Atlântica, o que, originalmente, já correspondeu a 18.875.099 hectares.

Mato Grosso do Sul, Santa Cantarina e Espírito Santo aparecem nas posições seguintes, com desmatamentos de 588, 568 e 364 hectares. A esses números, somam-se desflorestamentos de 216 hectares em São Paulo, 111 no Rio Grande do Sul, 92 no Rio de Janeiro, 71 no Paraná e 33 hectares em Goiás.

Os estados da região Sul do país e o Rio de Janeiro foram os que registraram quedas mais acentuadas em suas taxas de desmatamento. Na análise do período de 2008-2010, Santa Catarina registrou supressão de vegetação nativa de 3.701 há contra 568 há no levantamento atual.

O Rio de Janeiro, que já liderou a lista dos maiores devastadores em análises anteriores, registrou nos últimos anos ocorrências muito menores de desflorestamento, sendo o de 2010-2011 equivalente a 92 hectares.

A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do Brasil. Restam somente 7,9% de remanescentes florestais em fragmentos acima de 100 hectares, representativas para a conservação da biodiversidade. O índice chega a 13,32%. Os dados completos do levantamento podem ser acessados nos endereços: www.sosma.org.br e www.inpe.br.

NOVAMENTE O VARIG – ENERNA PIONEIRA

A Editora Universitária da PUCRS (Edipucrs) lançou uma reedição da obra Varig - Eterna Pioneira, de Gianfranco e Joelmir Beting. Com 267 páginas, aborda a Varig e seus colaboradores, e lembra o pioneirismo e a visão empresarial da empresa, fundada em 1927.

São mais de 400 imagens de aeronaves operadas pela Varig em quase oito décadas de história. Boa parte das imagens são inéditas. O livro está à venda na livraria Espaço Vip, no 2º andar do Aeroporto de Porto Alegre.

PORQUE AS MARCAS TÊM DE TER OS OLHOS NA CHINA

A China é um grande foco de interesse em 2012, e a tendência é que esse papel no mundo do consumo venha a se tornar cada vez mais relevante. O mais recente relatório do agregador de tendências Trendwatching nos dá conta disso. Alguns exemplos:

. China Unicorn, um smartphone mais barato - Em dezembro de 2011, a China Unicom lançou o MI-ONE, com um processador de 1,5GHz, tela de quatro polegadas e câmera de oito megapixels. Feito para crescer diante da demanda nacional cada vez maior de smartphones com preço razoável, o MI-ONE custa CNY 1.999… São 0.62 Reais.

. BYD táxis elétricos - A cidade de Shenzhen tem uma frota enorme de táxis elétricos fabricada pela montadora chinesa BYD, e o projeto piloto levou 50 táxis elétricos para as ruas. Os planos são de acrescentar mais 250 carros à frota em 2012, além de 200 ônibus elétricos.

. O.cn, cidades com mapas ilustrados em 3D - O O.cn é um serviço de mapeamento estilizado on-line que cobre as 38 maiores cidades da China. Os mapas em 3D são sincronizados com redes sociais e os usuários podem clicar em prédios e áreas para acessar o conteúdo original e criado por outros usuários.

. China Post correio intergalático - A China Post oferece um serviço pelo qual as pessoas enviam cartas do espaço, com um selo de “Cidade Espacial 1”. Os usuários enviam um e-mail para Tiangong-1, uma espaçonave chinesa em órbita, e ele é reencaminhado a uma unidade especial do Correio Espacial da China, localizada em Pequim. Os e-mails são impressos, colocados em envelopes temáticos, fechados com um “selo galáctico” e enviados pelo correio tradicional.

. Handsup.cn e o poder dado ao consumidor - A Handsup.cn pretende entregar o poder aos consumidores pedindo a eles que recomendem produtos e serviços que querem comprar, bem como o preço. Quanto mais os usuários interessados em um produto específico, maior a sua chance de disponibilidade, e menor o preço.

. Hai Di Lao: Jantar fora com quem está em outro país - Em setembro de 2011, a rede de restaurantes Hai Di Lao e a empresa chinesa de tecnologia Huawei anunciou uma parceria para instalar monitores para telepresença nos restaurantes da China. Graças a eles, os clientes podem fazer refeições com amigos e familiares distantes – tudo por intermédio de um link de vídeo.

. Haier: Controle remoto pela mente - Em janeiro de 2012, a gigante chinesa de eletrônicos Haier demonstrou sua “Brain Wave TV” (“TV de ondas cerebrais”), que permite que os usuários controlem a ação nas suas TVs usando a mente. A tecnologia experimental foi demonstrada junto com inovações para os consumidores, como as TVs 3D com conversão de 2D para 3D.

E isso é apenas o começo. As marcas chinesas estão apenas se aquecendo.(Fontes: trendwatching.com e Promoview)

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