Pesquisar este blog
quinta-feira, 7 de junho de 2012
A MECÂNICA DA REDE
Trabalhamos com comunicação e internet há mais de 10 anos e ainda escutamos frases entusiasmadas sobre o advento da internet em nossas vidas, na comunicação das pessoas e de como modificou o hábito de consumo e comportamento do ser humano. Ainda assim, paira no ar um cheiro de mofo nos ambientes que trabalham com comunicação e que ainda não entenderam a dinâmica da internet. É compreensível de nossa parte essa falta de entendimento sobre certos assuntos. O conhecimento tem trânsito livre, porém, algumas mentes seguem fechadas. Ainda existem pensamentos simplistas que dizem que internet é um meio de comunicação. Na verdade, a rede é muito mais que isso: é um ambiente de interação social.
A maior parte da mão de obra ativa, gestores e dirigentes do mercado de comunicação nasceram no final da chamada Era da Revolução Industrial Brasileira (meados dos anos 60). Logo, toda a matriz cognitiva e o entendimento do mundo tecnológico estão baseados nos fundamentos da mecânica. Para estas gerações o raciocínio de funcionamento das coisas se fundamenta em sistemas de engrenagens, no motor e em conexões físicas das coisas. Só Deus sabe o quanto é difícil explicar para nossos pais (que são pessoas esclarecidas) como a rede wifi funciona. Eles nunca conseguem pensar além dos fios. Se não tem fio, não existe conexão. É o óbvio para a lógica mecanicista.
A comunicação não passa ilesa por essa lógica. Os grandes canais de mídia e editorias são conhecidas da publicidade há várias décadas. Estes canais foram responsáveis por formar opinião, criar grandes marcas, consolidar hábito de consumo e vender produtos através de mensagens de mão única. Por isso, é muito complexo para algumas pessoas entender um ambiente onde toda audiência é capaz de responder à mensagem do patrocinador. E é ainda mais difícil para a chamada mídia tradicional aceitar que na internet pessoas são canais tão poderosos quanto um sinal de TV aberta. Assim, para muitas pessoas, é quase impossível entender o planejamento de uma determinada campanha que estima seu sucesso através do canal de um menino desconhecido para a mídia tradicional, mas que vive uma notoriedade maior que qualquer artista de Hollywood na internet. É difícil compreender esta situação quando se pensa em indústria. Indústria criativa, indústria da propaganda, indústria de mídia e indústria das grandes editorias. Esta indústria velha e conhecida é o porto seguro dos que não enxergam os fios do wireless. Na internet, a “indústria” somos todos nós.
Estamos vivendo na era da sociedade da informação, e esta informação é descentralizada. A internet possibilita a seleção de infinitos canais que cruzam por afinidade com diferentes públicos, que, por sua vez, também são totalmente segmentados. A engenharia aplicada para fazer fluir uma informação não é mais industrial e sim social.
Os planejadores que montam estratégias on-line são, na verdade, engenheiros sociais. Conseguir atenção em rede depende de um estudo quase que antropológico dos hábitos sociais, de análise de comportamento e estudo psicológico das pessoas envolvidas. Cada ideia sugerida tem que ser validada, testada e invalidada diversas vezes. Pensar para a internet é pensar em profundidade. Nossa indústria não tem parafuso ou engrenagens, mas sim uma complexa malha entrelaçando canais X interesses. Por mais simples que essa teoria pareça, a prática demanda muito conhecimento, além de dedicação e atenção continuas.
Se todos nós somos o meio, quem envia a mensagem? A resposta é “todos”. Nós, que trabalhamos com comunicação na rede, temos uma visão orgânica do fluxo da informação. Não temos a pretensão de ditar conceitos e empurrar mensagens invasivas. Falamos a língua da rede, os assuntos da rede e, por isso, direcionamos nossa mensagem através da informação.
O profissional de comunicação que entende a linguagem da internet é, acima de tudo, um profissional social. É alguém que, mais do que socializar, entende a dialética dos grupos e o comportamento das pessoas.
Algumas empresas já estão colhendo frutos da nossa nova indústria social. São marcas lideradas por profissionais que compreenderam que a atenção das pessoas está direcionada para a sociedade da informação e para a rede de contatos da internet. São gestores e empreendedores que entendem que a opinião das pessoas é formada por outras pessoas e não tanto como era no passado através da comunicação invasiva.
O resultado dessa mudança de visão empresarial é extremamente positivo, pois, na internet, as marcas sentem o pulso do consumidor. Sabemos imediatamente quando uma ação está tendo êxito ou se precisamos lançar o plano B ou C. Na internet, tudo é mensurável. As redes sociais só parecem um ambiente fora de controle para quem não entende a sociedade da informação, para quem não entende como funcionam as engrenagens sociais dentro e fora da web.
Conhecer e entender a internet é, na verdade, uma forma de ver o mundo. É um estilo de vida. A internet foi criada de forma colaborativa, tanto na infraestrutura como no que diz respeito ao conteúdo. Não existe uma pessoa empresa ou conglomerado responsável pela internet. Empresas como Google, Facebook, Microsoft, AOL e Apple desenvolvem tecnologias e sistemas para que as pessoas construam a internet. Tais empresas não são responsáveis pela internet. Elas nos deram os meios e, com isso, nós estamos dando forma à rede. É como um grande parque industrial onde as empresas só construíram os edifícios e galpões. E cabe às pessoas decidirem como vão produzir a informação.
Portanto, se você, que faz parte da era industrial, quiser entender a internet, não tente procurar no Google por um “manual da internet”. Isso não existe. O manual a ser seguido é empírico, assim como a internet. (Fabiana Iglesias e Fabiano Goldoni, especialistas em marketing online, mídias sociais e alta gastronomia caseira. Fabiana Iglesias é diretora de Integração da ZOO, unidade do grupo DEZ Comunicação; e Fabiano Goldoni é especialista em marketing online e mídias sociais. No Portal da Propaanda)
INCT DE ASTROIFÍSICA DÁ UM SALTO DE PRODUTIVIDADE
(Texto de Fábio de Castro distribuído pela Agência FAPESP) – Com investimentos focados em metas estratégicas, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Astrofísica conseguiu produzir um salto na produtividade de seus pesquisadores, com um grande avanço em publicações nas revistas científicas de mais alto impacto.
Os pesquisadores ligados ao instituto publicaram 202 artigos científicos em revistas indexadas em 2011. Desse total, 85% dos artigos foram publicados em revistas definidas como Qualis A pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes). A produtividade por pesquisador tem crescido a uma taxa média de 8% ao ano.
O INCT-A conta com 173 cientistas doutores ativos em pesquisa, distribuídos em uma rede virtual de 31 instituições espalhadas pelo país. As áreas de pesquisa com maior número de publicações são as de espectroscopia óptica e infravermelha de estrelas, sistemas estelares e galáxias, além da área de cosmologia teórica, com modelos envolvendo energia escura.
Segundo o coordenador do INCT-A, João Steiner, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. uma das principais explicações para esses bons resultados é o forte sentido estratégico do instituto, que foca seus investimentos em objetivos de longo prazo.
“O principal diferencial do INCT-A é que definimos objetivos estratégicos e restringimos a eles todos os investimentos. Optamos por investir no futuro da ciência, em vez de diluir os recursos em necessidades cotidianas dos pesquisadores, que podem ser supridas pelas agências de fomento”.
Os objetivos estratégicos são: maximização do retorno dos investimentos feitos nos telescópios Gemini e SOAR; preparar a astronomia brasileira para o advento do Large Synoptic Survey Telescope (LSST), que está sendo construído; a implantação de Observatórios Virtuais no Brasil; a estruturação de projetos de infraestrutura; e a implementação de um curso a distância para professores de ciências.
Para cumprir o objetivo de maximizar o retorno dos investimentos feitos nos telescópios Gemini e SOAR, uma das principais iniciativas tem sido o investimento na formação de grupos emergentes de pesquisa.
“O Brasil fez investimentos significativos nesses telescópios internacionais e por isso queremos aumentar o retorno científico – produzindo mais e melhores artigos – e aproveitar esses instrumentos para a formação de recursos humanos, com apoio a grupos emergentes. É uma forma de garantir, em longo prazo, o acesso desses grupos brasileiros aos telescópios”, afirmou Steiner.
Segundo ele, o projeto norte-americano LSST deverá ter um impacto profundo na astronomia brasileira e por isso a preparação do país para esse empreendimento foi considerado um objetivo estratégico do INCT-A.
“O LSST é um grande telescópio que fará o levantamento de todo o céu do hemisfério Sul a cada cinco dias, em cinco bandas diferentes do espectro. O instrumento será capaz de mostrar a variabilidade na faixa óptica.”
A importância da implantação de um observatório virtual, segundo Steiner, é dar vazão a incrível quantidade de dados acumulada pelos grandes telescópios espalhados pelo mundo.
“Temos uma grande reserva de dados disponíveis, muitos deles com uma riqueza incrível de informação que nunca foi analisada. A comunidade científica terá um benefício enorme se puder aproveitar esse banco de dados com o acesso virtual”, disse.
Na estruturação de projetos de infraestrutura, o INCT-A tem privilegiado o apoio à elaboração do Projeto Latin-American Millimetric Array.
“Em parceria com a Argentina, vamos instalar uma antena nos Andes argentinos para fazer interferometria com o Atacama Large Millimeter Array (Alma), que está sendo construído no Chile”, disse Steiner.
O curso de astronomia de ensino a distância estruturado pelo INCT-A já formou sua primeira turma, com 100 professores de ciência. A próxima turma deverá ter 200 matrículas.
Segundo Steiner, a maior parte dos investimentos do instituto tem sido direcionada para a instrumentação do telescópio SOAR e para o apoio a grupos emergentes.
No SOAR já foram instalados três espectrógrafos de alto desempenho, cada um deles com características muito diferentes, mas complementares. “São instrumentos de classe mundial muito sofisticados, que têm ampliado muito os limites de pesquisa da nossa comunidade científica”, disse.
Outro foco importante de investimento tem sido a computação de alto desempenho, fundamental para o futuro tratamento de enormes quantidades de dados.
“Esse investimento está sendo feito no IAG-USP, mas os equipamentos serão usados por toda a comunidade externa”, disse Steiner. Os investimentos tiveram apoio do Programa Equipamentos Multiusuários da FAPESP.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário