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segunda-feira, 23 de abril de 2012

COMO SALVAR FLORESTA


É possível encontrar soluções individuais para problemas coletivos? O desmatamento, que tanto mal faz à humanidade, pode ser controlado por meio de ações fragmentadas? Provavelmente não. Mas boas ideias são aquelas que transformam a realidade. Emiliano Ezcurra (foto), que trabalhou durante 20 anos fazendo as famosas campanhas do Greenpeace na Argentina, contou à Plurale em revista como internautas de diferentes lugares do mundo, que provavelmente nunca se viram, estão ajudando a salvar as florestas nativas do país.

O ponto de encontro virtual é o Banco de Bosques, uma página na internet onde qualquer um pode entrar e, através do Google Maps, escolher um metro quadrado de bosque da província de Misiones (nordeste da Argentina) para “comprar.” Essa ação transforma, com um click e uma pequena quantidade de dinheiro, um internauta em “dono” de uma pequena porção dela.

“Uma pessoa pode comprar um alfajor ou mil alfajores, ninguém pode impedir isso. Com a terra não. Um pessoa só pode comprar mil hectares de terra, ou mais. Se eu tivesse que resumir o que fazemos, eu diria que transformamos os hectares de bosque em alfajores”, explica Ezcurra, diretor executivo da Fundação Banco de Bosques.

Tudo isso porque o principal motor da iniciativa não está nos grandes patrocinadores. Aliás, Ezcurra conta que hoje em dia as únicas doações que recebem são de pessoas como eu, como você. O pulo do gato do Banco de Bosques é exatamente esse: as pequenas doações são as que fazem um grande negócio. “Trabalhar com pequenos doadores é uma experiência muito bonita porque gera um espírito de equipe. Muitas vezes as grandes doações vêm de gente que nem olha para o quê está doando, pega um helicóptero e nunca mais pergunta nada. A pessoa que doa pouco dinheiro liga, pergunta, pede explicação”, conta Ezcurra. “É uma demonstração clara de que, em pequenas quantidades, a terra é barata. E é muito interessante ver a terra fazer parte de um negócio de varejo.”

O desafio, conta Ezcurra, é fazer com que essas pequenas ajudas sejam competitivas no mercado de terras e gerem um entrave real para a expansão da fronteira agrícola na Argentina. Para isso, a equipe do Banco de Bosques desenhou uma estratégia de ação. “Com uma base estável de doadores pequenos nos transformamos em um pagador confiável. E isso nos permite retirar empréstimos em bancos, por exemplo, e aumentar nosso poder de compra. Com isso, não precisamos esperar que toda a área seja comprada por nosso colaboradores, basta com que provemos que teremos uma determinada média de contribuições no médio prazo e temos poder de compra de grandes áreas, sem colocar em risco o projeto. Estamos caminhando para isso”, explica.

Para os imprescindíveis desconfiados de plantão, é preciso esclarecer: o Banco de Bosques não pode vender os hectares comprados pelos internautas. Em caso de dissolução da fundação, os metros quadrados comprados até agora vão para a Administração de Parques Nacionais, entidade governamental para conservação de áreas protegidas.

Um novo modelo de negócios?

Antenado com o mundo empresarial, Ezcurra conta que em suas épocas de Greenpeace um ruralista culpado não o deixou dormir por muitas noites quando veio reclamar das ações diretas da organização ambientalista dizendo que entendia que não podia causar danos ao meio ambiente, mas que também precisava lucrar com o pedaço de terra que tinha comprado. Anedótica ou não a história, o fato é que Ezcurra defende um modelo de negócios sustentável que permita prescindir de doações.e manter a área preservada. Para ele, o ecoturismo, a produção de mel, de flores ornamentais, de frutas, essências e até mesmo de madeiras certificadas podem garantir a subsistência de um bosque e da população vizinha a ele. Mas dá para competir com a soja, por exemplo?

“É difícil explorar a floresta de maneira integral, exige trabalho. A soja é, sobretudo, fácil. Tem uma alta taxa de previsibilidade, que é essencial na agricultura”, provoca. “É uma questão de paradigma. É preciso desenvolver sistemas produtivos de baixa rentabilidade para fundos de investimento e empresários interessados por um conjunto de indicadores. Um empresário ético é um empresário que mede a rentabilidade de seu negócio não apenas pelo lucro desmensurado, mas também por um conjunto de indicadores: de rentabilidade sim, mas também um indicador social, de biodiversidade, de geração de emprego.”

Mais uma lei que não sai do papel

O Congresso argentino aprovou, em novembro de 2007, uma lei que define o orçamento mínimo para a proteção de florestas nativas no país, que segue o molde da lei de Glaciares (Plurale, edição 20). Os hermanos tiveram que esperar um ano e meio até que a norma fosse regulamentada, em fevereiro de 2009, depois de muita pressão da sociedade civil.

Hoje, cinco anos depois, organizações ambientalistas denunciam que a lei é sistematicamente violada. Em dezembro de 2011, o Greenpeace Argentina, junto com a Fundação Ambiente e Recursos Naturais (FARN) e a Fundação Vida Silvestre Argentina emitiram um comunicado que denunciava que o orçamento aprovado pelo Congresso para o ano 2012 não cumpria com os requisitos da lei e destinava à conservação de bosques um valor sete vezes menor que o estabelecido.

O curioso caso da Fidelidad

O estado de Misiones, no nordeste da Argentina, é mundialmente conhecido por abrigar as Cataratas de Iguaçu. O mundo tem os olhos sobre esse patrimônio natural e mesmo assim o Banco de Bosques precisa atuar aí para evitar o desmatamento.

Mas Chaco e Formosa? Entre esses dois estados do norte argentino está a Estancia La Fidelidad, uma propriedade privada com 228 mil hectares do bosque seco subtropical melhor conservados da América do Sul. Com o assassinato do único dono da fazenda, em janeiro de 2011, organizações ambientais pressionaram para que a área fosse protegida. Os 128 mil hectares que estão no Chaco foram então expropriados pelo governador do estado.

No momento, o Estado argentino é fideicomissário da fazenda e está arrecandando fundos para ressarcir os herdeiros, já que a área foi considerada de interesse nacional para preservação. O Banco de Bosques também está no jogo e lançou uma campanha para arrecadar garrafas PET, que serão vendidas a recicladoras para engordar o fundo e permitir que a fazenda se transforme em Parque Nacional.

A Argentina tem hoje 38 áreas protegidas entre monumentos naturais, parques e reservas naturais. “Todos foram criados por ação do Estado ou de algum filantropo. La Fidelidad está prestes a se tornar o primeiro parque nacional nascido da mobilização social”, comemora Ezcurra.

Click de longe também vale

Nem só de argentinos vive o Banco de Bosques. Os brasileiros também podem ajudar a salvar a floresta de Misiones, onde também temos fronteira clicando em http://www.bancodebosques.org/ Para aguçar a vontade, Ezcurra conta que, depois de uma entrevista a um canal de TV da França, tiveram que traduzir o site para o francês porque 30% dos doadores passaram a vir daí. Vamos desbancar? O site ainda não tem tradução ao português… ( Aline Gatto Boueri, Correspondente de Plurale na Argentina, na Prurale em Revista)

CONGRESSO DE CÂMARAS MUNICIPAIS



Levar ao conhecimento sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS; esclarecer ainda mais os objetivos do Plano Brasil Sem Miséria, do governo Federal; atualizar as leis orgânicas dos municípios para o pleno atendimento da Constituição Federal e assertivo atendimento dos munícipes; compreender a legislação eleitoral; sensibilizar pelo desenvolvimento local; conscientizar pela ética e responsabilidade da atividade parlamentar; e apresentar técnicas de marketing eleitoral, estes são os objetivos do 5o Congresso Brasileiro de Câmaras Municipais (5CBCM) , que acontecerá nos dias 24, 25 e 26 em Brasília.



Ação social em destaque no Rally dos Sertões

O Rally dos Sertões completa seus 20 anos em 2012, com a competição saindo de São Luís (MA) no dia 18/08, e chegando em Fortaleza (CE), no dia 29/08. São cerca de cinco mil quilômetros, seis Estados percorridos por meio de várias cidades do Interior do Nordeste.

Nestes 20 anos, de tantos lugares já visitados e situações vivenciadas por competidores e organizadores, uma necessidade surgiu: a de trazer melhor qualidade de vida a populações de pequenas comunidades por onde a caravana do rali passa. Este papel vem sendo cumprido pelo Instituto Brasil Solidário, organização sem fins lucrativos que tem como princípio o desenvolvimento de programas sociais em comunidades desfavorecidas e com baixo IDH.

“Este será o 12º ano do nosso trabalho dentro do Rally dos Sertões. Visitamos boa parte dos municípios inseridos na prova e alguns que estão no percurso de deslocamento. Atuamos em escolas fazendo ações em várias áreas, como incentivo à leitura, saúde, prevenção, preservação ambiental e inclusão digital, entre outros”, aponta Luis Salvatore, gerente de projetos do instituto.

“É um trabalho de capacitação para educadores, gestores e comunidade, com doação de material para melhorar a infraestrutura nestas áreas. Não ficamos limitados somente ao âmbito educacional, mas também abrimos frentes em toda a comunidade”, descreve.

São dezenas de voluntários envolvidos: de motoristas a médicos de várias especialidades, professores e dentistas. Somente no ano passado, foram realizados 517 atendimentos médicos durante os dez dias do rali, com dez eletrocardiogramas feitos em pacientes; 122 atendimentos ginecológicos, 246 atendimentos odontológicos, 578 dermatológicos e 152 procedimentos e microcirurgias.

Foram distribuídos quase seis mil kits escolares para alunos e sete farmácias foram montadas para melhor atender à população distante dos centros. Nas sete cidades atendidas em 2011 durante os dez dias, foram montadas sete bibliotecas – uma para cada município -, e 28.350 livros entregues.

“É um serviço que promove uma série de ações de continuidade, ensinando a pescar em vez de simplesmente dar o peixe”, pontua Salvatore. “Isso envolve uma carga muito grande de responsabilidade”, conclui.

Para 2012, o Instituto Brasil Solidário e a Dunas estão buscando patrocinadores para que o trabalho social junto do rali seja mantido, e que haja continuidade nos atendimentos e visitas pontuais durante o evento.

“O projeto está aberto para captação. Estamos procurando por investidores, gente nova para dar novo impulso nesta continuação do trabalho do IBS. O Brasil é muito grande e nós nos grandes centros às vezes não temos ideia do quanto estas populações e comunidades mais isoladas necessitam deste tipo de atendimento. São áreas muito carentes, e que trabalhamos há 12 anos para melhorar um pouco deste quadro aproveitando a passagem do Rally dos Sertões”, explica Salvatore.

O Instituto Brasil Solidário pode ser contatado pelo telefone (11) 3791-0015. Para conhecer mais sobre o IBS basta acessar o site.





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