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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

VERGONHA!

Chove com frequência em Vancouver. Quando isso acontece nos fins de semana, fico em casa. Leio muito nessas horas e, para mitigar a solidão, deixo a TV ligada. Em um desses meus momentos solitários, a TV reportava que, no Japão, apesar dos terremotos, das falhas nas usinas nucleares, e da falta de alimentos, não haviam ocorrido episódios de violência, saques ou desordem.

Uma senhora de meia idade foi entrevistada na fila onde as rações de alimentos estavam sendo distribuídas. Perguntada por que, diante da perspectiva de falta de alimento, ela esperava calmamente pela sua vez na fila, ela singelamente respondeu: “Porque se agisse de outra maneira, traria grande vergonha para mim e minha família.”. Achei interessante que ela tenha usado a palavra “vergonha”.

De fato, pesquisas conduzidas por John Braithwaite, da Australian National University (ANU), apontam para o fato de que, sociedades nas quais a vergonha é parte importante da cultura, sofrem menos com criminalidade, violência e corrupção.

A possibilidade de experimentar o sentimento de vergonha externamente, através da sanção ou condenação por membros da família e da sociedade; e internamente, através das noções de certo e errado advindas do processo de socialização, contribui para a criação de uma sociedade mais justa e pacifica.

Ética, portanto, é ao mesmo tempo uma questão individual, cultural e coletiva. É preciso uma aldeia para educar uma criança.

Nesta ótica, crime, violência e corrupção são vistos como ofensas à comunidade, e não ao Estado. Deve-se fazer o que é certo, e não o que é meramente legal. As ações devem se orientar pelo campo da ética, e não do direito.

Trata-se de restaurar os danos e as relações entre pessoas, e não de punir ofensas ao Estado. Trata-se de restaurar relações, e não de fabricar presos.

Existe algo fundamentalmente errado quando, em uma sociedade, as noções de legalidade ou ilegalidade substituem as noções de certo e errado. Quando o sistema jurídico fica mais importante que a ética. Quando o compromisso com o bem-estar da comunidade se esconde atrás de nossa consciência adormecida. Nesta hora, perdemos a vergonha.

A vida não cabe em um conjunto de leis. Ela é maior que isso. Não cabe em livros ou códigos. Não cabe no direito. A vida é dinâmica, fluida, contraditória e cheia de dilemas. Em uma sociedade pacifica, organizada e evoluída, a ética precede a legalidade. As pessoas têm vergonha. Nestes tempos de apagão ético, talvez seja isso o que nos falte.

(Elton Simões, o autor desse artigo, mora no Canada há 2 anos. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FVG); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (Univesity of Victoria). Email: esimoes@uvic.ca. Está, às segundas-feiras, na coluna do Noblat É meu filho)

Este artigo teve enorme repercussão. E inspirou Nelson Mota, que escreveu:

Os desavergonhados

O errado e o malfeito, a incompetência e o desleixo, a estupidez e a má-fé são próprios da condição humana. A diferença está entre os que se envergonham e os desavergonhados. No Japão civilizado, a vergonha é o pior castigo para uma pessoa e sua família, mais temida do que as penas da lei. Homens públicos se suicidam por pura vergonha. Embora seja só meio caminho para não errar de novo, o sentimento de vergonha ajuda a civilizar. Já os que não se envergonham, nem por si nem pelos outros, são determinantes para que suas sociedades sejam as que mais sofrem com a corrupção, a criminalidade e a violência, independente de sua potência econômica ou regime politico.

Em brilhante estreia no Blog do Noblat, o professor Elton Simões analisou pesquisas internacionais sobre as relações entre o sentimento de vergonha social e familiar e a criminalidade.

Nas sociedades em que a violência e o crime são vistos como ofensas à comunidade, e não ao Estado, em que a noção de ética antecede a de direito, em que o importante é fazer o certo e não meramente o legal, há menos crime, violência e corrupção, e todo mundo vive melhor - por supuesto, o objetivo de qualquer governo. Nas sociedades evoluídas e pacíficas, como o Japão, a principal função da Justiça é restaurar os danos e relações entre as pessoas, e não punir ofensas ao Estado e fabricar presos.

"Existe algo fundamentalmente errado em uma sociedade quando as noções de legalidade ou ilegalidade substituem as de certo ou errado. Quando o sistema jurídico fica mais importante do que a ética. Nesta hora, perdemos a vergonha", diz o professor Simões. Como os políticos que, antes de jurarem inocência, bradam que não há provas contra eles. Ou que seu crime foi antes do mandato.

Não por acaso, no Brasil, onde a falta de vergonha contamina os poderes e a administração pública - apesar de todo nosso progresso econômico e avanços sociais -, a criminalidade, a violência e a corrupção crescem e ameaçam a sociedade democrática. Não há dinheiro, tecnologia leis ou armas que vençam a sem-vergonhice. Só o tempo, a educação e líderes com vergonha. (O Estado de S. Paulo, 11.11.2011)

Reunião de ceos no Guarujá - Promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) e pelo JLide (Jovens Líderes Empresariais), o 2º Fórum de Empreendedores irá reunir 200 ceos de sexta a domingo, no Guarujá, para discutir O papel do Empreendedorismo no Desenvolvimento Social e Econômico no Brasil.

O tema também está embasado em uma pesquisa divulgada no final de 2010 pela GEM (Global Entrepreneurship Monitor), que compara índices de diversos países e revela que o povo brasileiro é o segundo mais empreendedor do mundo, perdendo apenas para a China. O Brasil registrou a marca de crescimento de 15,5% em 2009, o que significa que aproximadamente 18 milhões de pessoas realizaram algum tipo de atividade empreendedora naquele ano.

Em relação às palestras, Luiz Barretto, presidente do Sebrae e ex-ministro do Turismo, abre a sessão com “Políticas públicas para o desenvolvimento do empreendedorismo”. Em seguida, Luiza Helena Trajano, fundadora e presidente do Conselho do Magazine Luiza, fala sobre “Coragem, atitude e perseverança para empreender”. A terceira apresentação é de Alberto Saraiva, presidente da rede Habib’s, com “Lucratividade para distribuir prosperidade”. Edemar Pinto, presidente da BM&F Bovespa, abordará o tema “Bolsa de Valores, a opção dos investimentos de hoje e de amanhã”. E, por fim, o ex-presidente do Conselho do Banco Santander e atual presidente do Grupo Abril S.A., Fabio Barbosa, falará sobre “Os valores fundamentais para um empreendedor de sucesso.

No total, são 34 empresas entre patrocínio máster (Nestlé), patrocínio (BM&F Bovespa, Peugeot e Sebrae), participação especial (Heineken e KPMG), participação, colaboração, mídia partners (entre eles, o jornal propmark), apoio institucional e fornecedores oficiais. (Daniel Milani Dotoli no Propmark)

Semana Internacional de Branding - O Managic Institute está abrindo inscrições para a 1a International Branding Week in Portugal, que será realizada em Junho/2012 e terá como tema: Vinhos: da Uva ao Rótulo. Trata-se uma abordagem sobre Gestão das Marcas. Respeitando os 3 pilares e a essência da marca Managic: Innovate, Interact an Inform, faz uma combinação desses três elementos ao oferecer essa oportunidade de aprender branding ao mesmo tempo que se vivencia e aprende a história e a experiência do Vinho. Detalhes:

http://www.managic.org/index.php?view=courses&cid=4%3Ainternational-weeks&id=9%3A1a-semana-internacional-de-branding-porto&option=com_courseman&Itemid=102&lang=en

Managic é um instituto de educação, treinamento e informação do branding, que integra gerenciamento, criatividade, inovação e design. (www.managic.org)

Joinvile 3, Florianópolis 1- Há um ano e meio da Copa do Mundo do Brasil, o setor hoteleiro de Joinville já pode comemorar. A cidade tem três dos quatros hotéis selecionados pela Fifa como referência de hospedagem no Estado. Os hotéis Holz, Sleep Inn e Borboun estão listados no site oficial da organizadora do evento. A lista traz fotos, endereços, distâncias - em relação a Curitiba, que vai sediar os jogos da primeira fase -e informações sobre os estabelecimentos. Em Florianópolis, o Costão do Santinho foi o único escolhido. (Portal EconomiaSC)

Palestra Gratuita – Amanhã, às 20h15m, na UFSC – Ed. Da Engenharia de Produções, sala 3, palestra sobre Os Segredos da Nossa Mente.

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