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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

MULHERES ENTRARAM PELA COZINHA

A cozinha franqueou a entrada das mulheres no laboratório científico – o marco da ciência moderna que se transformou em um espaço eminentemente masculino, onde algumas delas se destacaram a duras penas em áreas que até então não atraiam a atenção dos homens.



A avaliação foi feita por Ana Maria Alfonso-Goldfarb, professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. “Foi por meio da habilidade de atear e controlar o fogo para preparar os alimentos – considerada uma atividade difícil e propriamente feminina – que as mulheres ajudaram a desenvolver até meados da Idade Média uma série de produtos. Entre eles estão os primeiros destiladores, extratos, além de perfumes, medicamentos, pomadas e licores.”


“A cozinha era um espaço restrito para a maioria das mulheres. E foi entre a preparação de caldos e guisados que elas começaram a praticar o trabalho de laboratório desenvolvendo uma série de produtos que, posteriormente, passaram a ser utilizados por médicos e botânicos, na maioria das vezes se apropriando das descobertas femininas e não lhes atribuindo o devido crédito”, disse.


Foi entre os séculos 16 e 17, quando o prelo se tornou importante e aumentou a circulação dos livros, que a “medicina da cozinha” ou “química das damas”, como foi denominado esse trabalho realizado pelas mulheres nos laboratórios-cozinha da época, ganhou maior importância.


Algumas delas, que tinham mais posses ou importância social, começaram a publicar livros com seus nomes. Uma delas foi a rainha Henrietta Maria (1609-1669), da Inglaterra, que financiou a edição do livro The Queen’s Closet Opened.


Entretanto, essa fase, que durou entre 50 e 60 anos, acabou justamente no momento em que surgiram os laboratórios, que marcaram a ciência moderna. “Como decorrência desse fato, as mulheres começam a voltar discretamente para a cozinha”, disse Goldfarb.


Já no século 18 surgiram os grandes salões literários, onde as mulheres ditaram o tom. Porém, elas não tinham acesso às sociedades científicas ou aos grupos restritos de cientistas da época, onde a ciência, de fato, era feita.


Em função disso, são raros os exemplos de mulheres que conseguiram ter algum destaque, ainda que superficial, na ciência realizada nessa época. Alguns dos poucos exemplos são os da madame Émilie du Châtelet (1706-1749) e de Marie Anne Pierrete Paulze (1758-1836), a madame de Lavoisier.


Já entre os séculos 19 e 20 se iniciou o processo de educação científica feminina nos países saxônicos e anglo-saxônicos a conta-gotas, quando as primeiras mulheres conseguiram ter acesso aos colleges. Mas a maioria que conseguia se formar voltava para casa frustrada, por falta de trabalho.


Algumasdirecionaram suas carreiras para áreas que estavam passando por uma reformulação de bases ou emergindo, e que demandavam um trabalho fastidioso de cálculos e observações que não raro duravam meses. Entre essas áreas estavam a cristalografia, a astronomia e a radioatividade.


“Foram nessas áreas que sobrou espaço para as mulheres e nas quais elas foram recebidas, porque tinham que ser abnegadas e dedicadas para realizar um trabalho duro, pesado e que repelia o sexo masculino”.


Não por acaso, Marie Curie (1867-1934) se tornou a primeira mulher a ser laureada com o Prêmio Nobel de Química, em 1911, e o de Física, em 1903, que dividiu com o marido, Pierre Curie (1859-1906) e com Antoine Henri Becquerel (1852-1908), por suas pesquisas sobre radioatividade.


A filha da cientista polonesa radicada francesa, Irène Joliot-Curie (1897-1956), tornou-se a segunda mulher a ganhar o Nobel de Química, em 1934, com o marido Frédéric Joliot-Curie (1900-1958), pela descoberta da radioatividade artificial.


As outras duas únicas mulheres que receberam o prêmio Nobel de Química, entre os 159 laureados com a honraria – a egípcia, radicada inglesa, Doroty Crowfoot Hodgkin (1910-1994) e a israelense Ada Yonath –, foram premiadas por pesquisas em cristalografia.


“Marie Curie era, de fato, talentosa, abnegada, uma fábrica de ideias, e soube potencializar isso como poucas mulheres. Ela registrava tudo e sempre aparece nas fotografias da época atarefada e compenetrada, observando ou realizando experimentos”. Ela conseguiu penetrar o núcleo duro da ciência da época, sem dúvida, pelo trabalho, excelência e dedicação à pesquisa. Mas, também, com muita estratégia”, avaliou.


A cientista só conseguiu atrair a atenção de Pierre para suas pesquisas sobre radioatividade quando Gabriel Lippman (1845-1921), que era supervisor dela em Sorbonne, leu seu primeiro trabalho na Academia de Ciências de Paris, na qual ela não foi aceita como membro. O trabalho só foi reconhecido e passou a ser discutido pela comunidade científica da época quando Pierre assinou juntamente com ela os resultados.


“Esse reconhecimento científico só ocorreu quando se casaram. Esse fato tem uma relação direta com uma noção de gênero que havia na época, chamada de complementaridade sexual, que está relacionada com a longa história do isolamento da mulher das práticas laboratoriais”, disse Gabriel Pugliese, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), durante o evento.


Segundo Pugliese, por essa noção de gênero da época, o homem era vinculado à política, ao espaço público, enquanto a mulher estava restrita à esfera privada, aos trabalhos domésticos. Uma complementaridade de funções que está ilustrada na própria forma como Marie e Pierre Currie dividiram o trabalho de pesquisa sobre a radioatividade.


Enquanto Marie ficou encarregada de realizar os experimentos para purificar os elementos radioativos (o trabalho “doméstico”), Pierre foi incumbido de estudar as radiações emitidas pelas substâncias químicas (o trabalho de laboratório).


“Isso também tem relação com a noção de laboratório como cozinha, em que Marie Curie aparece como aquela que faz os experimentos, uma auxiliar do Pierre, enquanto ele faz o trabalho mais prestigioso de pensar e cumprir o ofício de chefe do laboratório, procurando recursos e estabelecendo relações com outros cientistas”, disse Pugliese.


“A intenção dos organizadores do Nobel, na época, era premiar apenas Becquerel e Pierre, mas esse último, ao saber disso, recusou-se a receber o prêmio sem dividi-lo com Marie”, disse. (Texto de Elton Alisson, distribuído pela Agência FAPESP)


Geração Y exige readaptação de empresas e escolas - A necessidade de adaptação das empresas e das escolas à Geração Y - nascidos entre a década de 80 e 90 - foi o tema das palestras realizadas durante o Café com RH, promovido pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/SC) e o SENAI/SC, entidades do Sistema FIESC, na quinta-feira (10), em Florianópolis. "O público-alvo mudou e a educação não", afirmou o diretor do SENAI/SC, Sérgio Roberto Arruda, durante o seu painel.


"As escolas brasileiras não tiveram a capacidade de se reinventar e  propor um modelo pedagógico que fosse mais adequado aos dias de hoje, principalmente com a nova geração e com a universalização da educação,  já que praticamente todas as pessoas em idade escolar estão matriculadas", destacou Arruda. Ele falou ainda que o sistema público de educação tem alguns problemas de base que não estão sendo solucionados. "Precisamos de uma nova forma de preparar os professores, fazer uma revisão de currículos, pensar em uma estrutura de educação focada no novo perfil de aluno, além de afastar a educação da questão política partidária, porque essa relação contamina e dificulta a solução dos problemas na área", ressaltou.


O mercado de trabalho também precisa se adaptar à geração Y. "As empresas precisam perceber o perfil desse jovem e atender as suas expectativas", afirmou a psicóloga Andresa Darosci. Ela explica que essa nova geração está em busca constante de satisfação profissional e pessoal. "Eles procuram empresas que possam investir na sua aprendizagem e trazer resultados imediatos. É uma geração que trabalha e atua frente à tecnologia. São profissionais criativos, inovadores, questionadores. Já o perfil da Geração X, que antecede a atual, tem questões mais arraigadas como empregos de longo tempo, a valorização da ética, o comprometimento e a responsabilidade", disse. "A tecnologia era algo novo", acrescentou.

Segundo a psicóloga as duas gerações se complementam, mas existem alguns conflitos que permeiam valores pessoais e profissionais. "A Geração X valoriza o comprometimento com a organização, a Geração Y não tem tanto esse compromisso com a empresa, mas sim com a sua formação profissional, seu aprendizado e crescimento. Por isso a dificuldade de perceber a renovação”. concluiu a psicóloga.


Já era – Regina Augusto alerta, no Meio & Mensagem desta semana, para o risco de banalização que, segundo ela, o Festival de Cannes está correndo. O alerta veio tarde demais. O Festival, com esse monte de prêmios que tem distribuído, já se banalizou.

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