Leia também: Marcas do Século . Cada Gesto Conta . Prêmio para Embalagem . Remédio dá (muito) dinheiro . Oportunidades . Etc
EU OUVI NA QUEIJARIA
“Cê leu? Deu no Estado de S. Paulo que parlamentares estão se articulando para livrar a cara da deputada Jaqueline Roriz, apanhada em flagrante quando afanava nosso dinheiro.”
“Caras de pau!”
KARSTEN ENTRE AS MARCAS DO SÉCULO 21
A Karsten está entre as marcas catarinenses listadas no ranking Marcas do Século 21, pesquisa que aponta quais marcas vão se destacar nos próximos anos. Realizada pela Editora Empreendedor, a pesquisa oferece um panorama do mercado de Santa Catarina e apresenta as gerações de produtos que influenciam ou vão influenciar a rotina da sociedade contemporânea.
A cada dez anos, a pesquisa lista as marcas eleitas por um corpo de jurados formado por importantes profissionais da área de comunicação, publicidade, propaganda e marketing de Santa Catarina. A Karsten conquistou a décima primeira posição e está entre as 13 empresas que permanecem no ranking desde a primeira edição, em 2000.
O MUNDO DOS GESTOS
Idealizado para incentivar o consumo consciente e inspirar os fãs da web a realizarem suas próprias ações sustentáveis, entra no ar o Mundo dos Gestos (www.cadagestoconta.com.br). O site, que está disponível como uma ferramenta na FanPage da Unilever Cada gesto conta no Facebook, mostra de forma lúdica e divertida como pequenas ações individuais podem fazer uma grande diferença para o mundo transformando-o em um ambiente mais colorido e cheio de vida. (Portal da Propaganda)
PRÊMIO ABRE DA EMBALAGEM BRASILEIRA
Abertas as inscrições para o Prêmio ABRE da Embalagem Brasileira, premiação institucional do setor referendado pela sua expressividade, qualidade e seriedade e que é realizado pela ABRE - Associação Brasileira de Embalagem.
Uma das categorias do Prêmio é a Módulo Marketing que premiará a melhor Estratégia da Comunicação avaliando a embalagem dentro do contexto estratégico da comunicação do produto/marca, ou seja, premiará cases que utilizam a embalagem como meio ou instrumento de sua estratégia mercadológica, tangibilizando todos os valores da marca/produto para o consumidor no ato da compra.
BASQUETE SOBRE RODAS
Começará amanhã o Campeonato Catarinense 2011 de basquete sobre rodas com o jogo entre a OMDA de Florianópolis e o CEPE de Joinvile. A partida esta marcada para às 16 horas no Ginásio da Fucas em Florianópolis.
A OMDA terminou em terceiro lugar nesta competição no ano passado e nesta temporada busca seu segundo título já que foi campeã em 2009. A equipe de Joinvile nunca venceu esta competição desde que passou a ser organizada e realizada pela Federação Catarinense de Basquetebol em Cadeira de Rodas – FCBCR, mas é a atual campeã sul brasileira e única equipe da região sul que disputa a 1ª divisão do Campeonato Brasileiro.
“Pelo histórico das equipes tem tudo para ser um grande jogo. A equipe do CEPE já faz parte do cenário estadual e nacional há muito tempo e a OMDA continua buscando seu espaço após os cinco anos de trabalho duro. Estamos prontos para dar início a mais uma temporada de desafios”, comeu Tiago Baptista, técnico da equipe.
O Ginásio da FUCAS fica na Av. Ivo Silveira, em frente ao Makro. Entrada gratuita.
Pessoas com deficiência interessadas em participar das atividades e empresas dispostas a entrar no time de patrocinadores da OMDA devem entrar em contato pelo email omda@omda.org.br ou pelos telefones 9967-4749 / 8812-1852.
A OMDA terminou em terceiro lugar nesta competição no ano passado e nesta temporada busca seu segundo título já que foi campeã em 2009. A equipe de Joinvile nunca venceu esta competição desde que passou a ser organizada e realizada pela Federação Catarinense de Basquetebol em Cadeira de Rodas – FCBCR, mas é a atual campeã sul brasileira e única equipe da região sul que disputa a 1ª divisão do Campeonato Brasileiro.
“Pelo histórico das equipes tem tudo para ser um grande jogo. A equipe do CEPE já faz parte do cenário estadual e nacional há muito tempo e a OMDA continua buscando seu espaço após os cinco anos de trabalho duro. Estamos prontos para dar início a mais uma temporada de desafios”, comeu Tiago Baptista, técnico da equipe.
O Ginásio da FUCAS fica na Av. Ivo Silveira, em frente ao Makro. Entrada gratuita.
Pessoas com deficiência interessadas em participar das atividades e empresas dispostas a entrar no time de patrocinadores da OMDA devem entrar em contato pelo email omda@omda.org.br ou pelos telefones 9967-4749 / 8812-1852.
OPORTUNIDADES
1. RECURSOS PARA EDUCAÇÃO - A Gol abre edital para projetos sociais em educação e irá apoiar com recursos financeiros e passagens aéreas projetos que usem a educação como ferramenta de transformação profunda e sustentável na sociedade. Até o dia 30 de maio, instituições que possuam projetos alinhados à nova política poderão inscrever-se através do e-mail golsocial@elo3.com.br.
2. INDIQUE PROJETOS SOCIAIS PARA RECEBEREM RECURSOS - A cada quatro meses, o ISIS BRASIL apóia uma nova ação social escolhida por você! Além de indicar o projeto, você poderá ser nomeado Embaixador ISIS para acompanhar a destinação dos recursos. Conhecer é o primeiro passo para se conscientizar. Até 20 de julho de 2011!
3. RECURSOS PARA TECNOLOGIAS SOCIAIS - O Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social abre inscrições para sua 6ª edição. Serão concedidos 9 prêmios no valor de r$ 80 mil cada para projetos regionais, sendo um de cada região do país, voltados à direitos da criança e adolescente, gestão de recursos hídricos, mulheres, tecnologias sociais e erradicação da pobreza. Até 30 de junho!
4. BOLSAS PARA FORMAÇÃO INTERNACIONAL EM LIDERANÇAS - A Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças ABDL/LEAD Brasil em parceria com a lMutual Learning Journeys lança a 2ª Edição do programa LEAD New Earth Leaders. O programa é dirigido a profissionais que tenham interesse em desenvolver habilidades para atuar de forma colaborativa no desenho e implementação de iniciativas voltadas à sustentabilidade de suas organizações ou comunidades. Até 15 de maio!
5. RECURSOS PARA EDUCAÇÃO E CRIANÇAS NO RS - O Serviço Social da Indústria do Rio Grande do Sul, torna pública a abertura da seleção por meio de edital do Programa de Incentivo a Projetos Sociais 2011. Os projetos devem ser voltados à educação infantil e a educação complementar a escola, preferencialmente que contemplem filhos de trabalhadores da indústria. Até 5 de maio! (Fonte: Dearo)
O FATURAMENTO DE QUEM TRABALHA COM REMÉDIOS
O comércio de medicamentos deve movimentar R$55 bilhões esse ano, o que representa um consumo per capita de R$337,00. Os dados são estimativas do Pyxis Consumo, ferramenta de dimensionamento de mercado do Ibope Inteligência.
Anualmente, o Pyxis Consumo gera estimativas de potencial para o varejo em 50 diferentes grupos de produtos. O potencial de consumo refere-se apenas ao consumo domiciliar, ou seja, aquele comprado por pessoa física. A classe C, responsável por 50,4% dos domicílios urbanos, é a que apresenta maior potencial de consumo nesse segmento: 42,0% de todo o consumo de medicamentos provêm dela. Já a classe B, com 23,5% dos domicílios em áreas urbanas, responde por 37,0% do potencial de consumo da categoria.
A classe A (2,5% dos domicílios) tem potencial de 11,0% e a DE (23,6% dos domicílios), de 10,0%. Ao observar o consumo de medicamentos por região, o estudo mostra que o Sudeste tem o maior potencial de consumo, com 55,2%, seguido pelo S ul (16,0%) e Nordeste (15,1%). O Norte tem um potencial de 5,0% e o Centro-Oeste, de 8,6%.
CONSUMIDORES BOTAM A BOCA NO TROMBONE
Os consumidores foram responsáveis por quase metade dos processos instaurados no Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) em 2010. Dos 376 iniciados no ano passado, 43,3% foram motivados por denúncias dos consumidores - o número é quase duas vezes maior do que o verificado em 2009.
Segundo o órgão, isso demonstra, entre outros aspectos, "o sucesso das campanhas que divulgam a autorregulamentação publicitária". No ano passado, o Conselho entrou em mídia com campanhas assinadas pela AlmapBBDO para divulgar suas atribuições - relembre uma delas aqui.
As empresas associadas ao Conslhor foram responsáveis pela abertura de 28,7% dos processos. O Conar, por iniciativa própria, iniciou 42,7% dos casos. Com os números de 2010, o órgão alcança a marca de 7340 representações éticas desde a aprovação do Conselho Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, em 1978.
Em 2010, foram analisados 423 processos. Em 166 casos (39,1%), foi solicitada alguma alteração na peça ou na campanha. Já em 147 casos (34,6%), o processo foi arquivado. 65 campanhas (15,3% dos casos) tiveram sua suspensão solicitada - entre essas, a mais conhecida foi a da Devassa Bem Loura, com a socialite Paris Hiton.
Entre os setores, os mais questionados foram produtos e serviços para saúde (50 casos, ou 13,3% do total); bebidas alcóolicas (46 processos, ou 12,2%) e veículos e acessórios (37 denúncias, ou 9,8% do total) MMbyMail)
Segundo o órgão, isso demonstra, entre outros aspectos, "o sucesso das campanhas que divulgam a autorregulamentação publicitária". No ano passado, o Conselho entrou em mídia com campanhas assinadas pela AlmapBBDO para divulgar suas atribuições - relembre uma delas aqui.
As empresas associadas ao Conslhor foram responsáveis pela abertura de 28,7% dos processos. O Conar, por iniciativa própria, iniciou 42,7% dos casos. Com os números de 2010, o órgão alcança a marca de 7340 representações éticas desde a aprovação do Conselho Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, em 1978.
Em 2010, foram analisados 423 processos. Em 166 casos (39,1%), foi solicitada alguma alteração na peça ou na campanha. Já em 147 casos (34,6%), o processo foi arquivado. 65 campanhas (15,3% dos casos) tiveram sua suspensão solicitada - entre essas, a mais conhecida foi a da Devassa Bem Loura, com a socialite Paris Hiton.
Entre os setores, os mais questionados foram produtos e serviços para saúde (50 casos, ou 13,3% do total); bebidas alcóolicas (46 processos, ou 12,2%) e veículos e acessórios (37 denúncias, ou 9,8% do total) MMbyMail)
MARKETING DO CHEGUEI: O APRESENTAR-SE
Eu sou eu, mais a minha personagem, mais o lugar onde vou. O hábito não faz o monge por completo, mas o sinaliza. Assim como sinaliza a enfermeira, o médico, o bombeiro, o palhaço, o porteiro, o dentista, o mecânico, o padre, a noiva, o soldado, e todas as demais profissões e atividades que se esboçam a partir da vestimenta.
Para todas as demais pessoas, ou para esses profissionais em “trajes civis”, a vestimenta tem tudo a ver com o estilo e a personalidade de quem a usa, dentro dos limites naturalmente sinalizados pelo lugar, momento, cerimônia, solenidade, para onde se está indo. Questão de contexto onde sua identidade terá que se inserir sem provocar ruídos, desconfortos, estranhezas. Mas, se você quiser e estiver preparado para pagar o preço, pode se vestir de pirata num velório.
Em matéria recente do FINANCIAL TIMES, uma dezena de situações onde celebridades extrapolaram, e se esqueceram, de que o lugar para onde se dirigiam, pedia, até por uma questão de sabedoria e inteligência, trajes comedidos. Que sinalizassem, e contribuíssem, para uma percepção de inocência.
Dentre essas celebridades, LINDSAY LOHAN, frequentadora habitual de clínicas de reabilitação, comparecendo a um julgamento na Corte de Justiça de Los Angeles – sob a acusação de ter roubado um colar -, vestindo minissaia bege de couro. Ou, NAOMI CAMPBELL, testemunhando no tribunal de crimes de guerra de Haia durante o julgamento de CHARLES TAYLOR, com cabelos penteados em chinó e vestindo um AZZEDINE ALAIA com um cardigã extremamente feminino e sexy.
Tudo bem, o traje não ajuda e provavelmente não muda a convicção de magistrados, mas, exagerar-se na apresentação é agregar tempero forte a uma situação em si complicada e sensível.
E isso vale rigorosamente para tudo. Num momento do mundo onde o mais importante diferencial de liderança de pessoas físicas e jurídicas é ESTILO E PERSONALIDADE não custa nada trajes pertinentes, relevantes e consequentes com o lugar/contexto e motivo para onde se está indo. Que revelem bom gosto e elegância e não choquem por extravagâncias e exageros. (MadiaMundoMarketing)
HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
(Texto de Mônica Pileggi, distribuído pela Agência FAPESP) – O Projeto de história do português paulista (Projeto Caipira), coordenado pelo professor Ataliba Teixeira de Castilho, mobiliza pesquisadores de diversas instituições com o objetivo de resgatar a história da língua trazida pelos portugueses que desembarcaram na Baía de São Vicente, em 1532.
Do litoral paulista, a língua se espalhou pelo país por diversas vertentes. O Temático, que reúne mais de 200 pesquisadores – 60 deles em São Paulo –, estuda, em uma espécie de bandeirantismo, os caminhos percorridos pelos falantes da língua portuguesa e sua transformação até chegar à língua falada hoje.
A 12ª edição do Seminário do Projeto de História do Português Paulista termina hoje. Castilho foi professor titular da USP, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente, aos 74 anos, é professor colaborador voluntário na Unicamp.
O pesquisador presidiu a Área de Letras e Linguística da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) (1987-1990), a Associação Brasileira de Linguística (1983-1985) e a Associação de Linguística e Filologia da América Latina (1999-2005).
Entre seus livros recentes estão Nova Gramática do Português Brasileiro (Contexto, 2010), Gramática do Português Culto Falado no Brasil (Editora da Unicamp, 2008), Descrição, História e Aquisição do Português Brasileiro (Pontes, 2007), Gramática do Português Culto Falado no Brasil (Editora da Unicamp, 2006).
Agência FAPESP – Professor Castilho, como surgiu o Projeto Caipira?
Ataliba Teixeira de Castilho – O projeto de pesquisa teve origem em 1998, durante o primeiro seminário que fizemos sobre o tema. Participaram professores brasileiros especializados em linguística histórica. Pensei em convidá-los para o projeto de modo que eles pudessem transformar aquele projeto estadual em nacional. E deu certo.
Agência FAPESP – E por que fazer esse projeto em São Paulo?
Castilho – Porque a língua portuguesa começou a ser implantada em 1532, em São Vicente, aqui no Estado de São Paulo. Foi o primeiro povoamento, quando os portugueses decidiram explorar de fato o território. Isso não ocorreu quando Pedro Álvares Cabral chegou à Bahia e partiu em seguida para as Índias. Durante 32 anos o território descoberto não foi colonizado ou ocupado. Foi em 1532, em São Vicente, que o Brasil realmente começou.
Agência FAPESP – Então, foi a partir do Estado de São Paulo que ocorreu a penetração da língua portuguesa pelo país?
Castilho – Sim, foi onde tudo começou. Depois de São Vicente vieram Santo André, São Paulo e Santana do Parnaíba. Foi por essas quatro cidades que começou a penetração do português no Brasil – com exceção do então Norte (Grão Pará e Estado do Maranhão), que era praticamente outro país e onde a colonização começou entre os séculos 17 e 18. Devido à proximidade do rio Tietê, o movimento do bandeirismo partiu de Santana do Parnaíba e começou a expansão da língua para o Mato Grosso. De Santana do Parnaíba, os bandeirantes também foram até o Peru, atrás das minas de prata, percorrendo um caminho construído pelos índios Peabirus. Como lá a colonização foi espanhola, o português não se implantou. De São Miguel Paulista, os bandeirantes levaram o português para Minas Gerais, subindo por Itaquaquecetuba e Taubaté, atrás do ouro.
Agência FAPESP – A partir do Estado de São Paulo ocorreu a penetração da língua portuguesa pelo país por esses caminhos?
Castilho – Sim, mas no fim do século 18 surgiu um terceiro caminho: o dos comerciantes que andavam com mulas. Esses tropeiros levaram o português até o Uruguai, que no tempo do império era uma província brasileira, a Cisplatina. Chegaram à Colônia do Sacramento, cidade uruguaia criada por tropeiros de Sorocaba. Tudo isso foi movimento dos paulistas. Quando São Paulo se desenvolveu mais do que todas as outras, tornou-se a maior capitania do Brasil, que inclui o que hoje são estados independentes. O termo capitania foi substituído por província e depois por estado. Então, pode-se ver que ao estudar que língua portuguesa chegou aqui e como ela se desenvolveu e mudou, conhecemos a própria história do português brasileiro.
Agência FAPESP – Uma dimensão que está espelhada no número de pesquisadores reunidos pelo projeto coordenado pelo senhor.
Castilho – Tem que ser assim, é preciso reunir muitos especialistas. Só no Estado de São Paulo somos em 60 pesquisadores, das três universidades públicas e também da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Esse grupo maior também fez uma espécie de bandeirismo (risos). Hoje, o Projeto de História do Português Brasileiro (PHPB) tem cerca de 200 pesquisadores integrados em 11 equipes regionais, cada uma trabalhando com questões locais.
Agência FAPESP – Em todo o Brasil?
Castilho – Não, pois ainda não temos ninguém no Norte. Mas queremos ter colaboradores nessa região.
Agência FAPESP – Poderia dar alguns exemplos de contribuições do projeto para o conhecimento da história do português brasileiro?
Castilho – Esse projeto trata do conhecimento de como o português se implantou e de como ele mudou. A grande pergunta, como diz um colega nosso, é: “Que língua foi aquela que saiu das caravelas?”. Sabemos hoje que foi o português médio, um momento da história do português europeu. E aqueles navegadores que saíram das caravelas quando crianças aprenderam a falar essa modalidade, o português arcaico médio, que vai de 1450 até 1530.
Essa é justamente a base do nosso português. Temos um grupo em nosso projeto que estuda como foi esse português médio para poder descrevê-lo. Nesse grupo está minha mulher, Célia Maria Moraes de Castilho, que também é linguista e leu o que se publicou dos inventários e testamentos, do século 16 até 1920, que estão guardados no Arquivo Público do Estado de São Paulo. Para entender como se deu o espalhamento desse português a partir de São Paulo, outro grupo, coordenado pelo professor Manoel Morivaldo Santiago Almeida, da USP, estudou como foi o deslocamento da língua pelo Tietê, levado pelos bandeirantes.
Esse grupo verificou, por exemplo, que no Mato Grosso se guarda até hoje pronúncias do português médio arcaico. Em vez de dizer chão, eles dizem “tchon”. Palavras com “ch” são ditas com “tch”, e “x” é dito “xê”. Então temos “tchapéu” ou “tchuva”. Eles não têm o ditongo nasal “ão”, e sim a vogal nasal “on”, como era no português antigo. Estou falando de fonética, mas há também outras características gramaticais que se conservaram lá.
Agência FAPESP – E isso até na capital, Cuiabá?
Castilho – Sim. E é no meio familiar que você surpreende isso, essas pronúncias todas do português de antes.
Agência FAPESP – Como se desenvolveram aqui em São Paulo o português popular e o português culto?
Castilho – A professora Ângela Cecília Souza Rodrigues, da USP, é a responsável pelo projeto sobre o português não padrão, que é o dos analfabetos e de pessoas que aprendem em casa. O objetivo é documentar e achar nos documentos traços desse português popular.
Agência FAPESP – Ela já obteve resultados?
Castilho – Ela começou de trás para frente, descreveu primeiro o que tem hoje no português popular. Não é só paulista que fala o português popular, pois o estado atraiu gente de todos os lados. A professora Ângela encontrou nos primeiros documentos de traços linguísticos a questão da concordância.
Ela observou que muito da concordância que hoje se considera padrão popular era usada pelos portugueses naquele tempo, como em “os menino chegou”, por exemplo. Isso não foi uma criação daqui não, estava lá. Outro grupo de pesquisa estuda a formação do padrão culto, a história do português ensinado nas escolas. As professoras Marilza de Oliveira (USP) e Maria Célia Lima-Hernandes (USP) estudam esse ponto, de como se formou o português culto em São Paulo.
Agência FAPESP – O que elas descobriram?
Castilho – O que se descobriu é que até algum tempo atrás o português culto era idêntico ao português europeu, mesmo aqui em São Paulo. Só se começou a falar o português culto bem tardiamente. No começo era um povão, indistinto, que falava o português popular. Foi preciso surgir escolas para que aparecesse essa outra variedade.
Aqui em São Paulo foi muito importante a fundação da Faculdade de Direito, em 1827, que trouxe gente do Brasil inteiro. Na mesma época, começou a haver um interesse maior em ler jornais, escrever e ler poesias, romances. Era o Romantismo. Pois esse grupo de pesquisa analisa esses documentos e observa que reação as pessoas que vinham para cá tinham em relação à língua falada aqui, que era o caipira.
Agência FAPESP – E como se desenvolveu o português culto?
Castilho – Do início do século 19 até a instituição da USP, em 1934, foram criadas várias escolas isoladas, pois não havia a concepção de universidade como existe hoje. No século 19, o português culto era imitação exata do português culto europeu. Em 1922, com o movimento modernista e o crescimento da comunidade de São Paulo, não se considerava mais que o português culto era o português dos portugueses, nós nos descolamos disso. Ainda em 1920, 1930, tínhamos certa sensação de nação colonizada. Quando isso passou é que nos desgarramos do português escrito culto europeu. E aí os modernistas tiveram um papel muito importante, sobretudo Mário de Andrade. Ele criou biblioteca, departamento de cultura, fundou a revista do Arquivo Municipal. Houve uma grande agitação cultural e as pessoas foram assumindo com mais naturalidade a forma como elas escreviam.
Agência FAPESP – Hoje, a característica caipira é muitas vezes encarada de forma depreciativa. Naquela época ocorria a mesma coisa?
Castilho – Caipira não era uma palavra depreciativa, era a designação do português falado pelos paulistas. Depois, com o desenvolvimento da cidade de São Paulo como centro cultural, aí sim ficou muito assemelhado ao português popular, de pessoas sem escolaridade. E como a cidade cresceu demais, esse português foi empurrado para o interior do estado e ali ficou.
Agência FAPESP – Em uma entrevista, o senhor fala sobre o uso da internet pelas crianças e diz que elas passaram a escrever mais, o que seria positivo. Mas, ao mesmo tempo, a rede não incentiva a grafia errada?
Castilho – Sim, as crianças passaram a escrever mais e, sobretudo, não por que o professor manda. Para nós, linguistas, essa questão do escrever errado ocorre quando uma pessoa escreve e a outra não consegue entender. No mais, é uma variedade que você está jogando. O que é escrever errado? É o português não culto?
A internet não atrapalha, ela ajuda e resolve um problema de ortografia, no caso de uso de abreviações, como é tudo abreviado. A ortografia é convenção, ela vai atrás da língua com o seu dinamismo. Eu vejo muito o lado positivo. Como linguistas nos perguntamos o tempo todo como é que a mente humana conseguiu criar essa variedade louca de expressões, essa enorme complexidade. Essa é a nossa grande questão.
CONGRESSO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
O 5º Congresso Brasileiro de Defensivos Agrícolas Naturais (Cobradan) será realizado pela Embrapa Meio Ambiente de 24 a 26 de maio, em Jaguariúna (SP). Detalhes: www.cnpma.embrapa.br/nova/mostra2.php3?id=725
ENCONTRO SOBRE CONTAMINANTES INORGANICOS
O Instituto Adolfo Lutz (IAL) realizará, de 8 a 10 de junho, em São Paulo, o 7º Encontro Nacional sobre Contaminantes Inorgânicos (ENCI). Detalhes: enci@ial.sp.gov.br ou (11) 3068-2195
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