AUDITORIA DA COMUNICAÇÃO
AS
PALAVRAS
O
problema é que as empresas crescem e se
perdem na burocracia (Lee
Cockerell)
JÚLIO
COZZI JR. FALECEU: UMA PERDA ENORME
Júlio Cosi Jr., de 81 anos, faleceu
na manhã de segunda-feira passada. A causa da morte não foi informada. Filho do
publicitário pioneiro, Júlio Cosi, da agência Eclética, ele foi presidente de
duas agências e vice-presidente de três.
Cosi formou-se pela Faculdade de
Direito da UFF (Universidade Federal Fluminense) e foi aluno da primeira turma
da Escola de Propaganda do Museu de Arte de São Paulo, hoje ESPM. Começou sua
carreira aos 17 anos, em 1949, na agência de seu pai.
Posteriormente, trabalhou na McCann
Erickson, Standard Propaganda e chegou ao cargo de vice-presidente desta, antes
de ir para a Almap. Fundou a Cosi Jarbas Sergino Propaganda em sociedade
com Jarbas José de Souza e Sergino de Oliveira, em 1972, a agência que se
tornou, em seguida, a Young & Rubicam Brasil. Após trabalhar na Editora
Abril, fundou a Cosi & Associados.
O publicitário publicou três livros
de culinária e tem sua trajetória grafada no livro de memórias Bonitinha ou
ordinária. Ele também foi presidente da Associação Brasileira das Agências de
Publicidade (ABAP) e um dos fundadores do Clube de Criação de São Paulo (CCSP).
(Redação Adnews)
Não tive a sorte de conviver com ele, mas tenho as
melhores recordações sobre o que meus amigos falavam quando se referiam a ele.
Todos com enorme admiração e o maior
respeito.
Por
isso, retirei da notícia distribuída pelo Adnews, a palavra morreu. Gente como
o Júlio não morre. Falece, mas deixa um aura de extraordinários exemplos ficam
para sempre.
Quando a gente tem dificuldade de pagar o banco, ele é
implacável. Agora, diante da ameaça de que ele tem de pagar a gente, chora as
pitangas
KOMBI DEIXOU TESTAMENTO
A Volkswagen do Brasil preparou uma nova campanha
publicitária sobre o fim de produção da Kombi, que se despede de seus fãs em
dezembro.
Ontem um anúncio, em formato de testamento, foi publicado
na revista Veja e no jornal O Estado de S. Paulo, no qual o modelo agradece o
carinho de quem fez parte de sua história e das pessoas que a escolheram como
parte da vida delas.
O anúncio exibe uma lista com os últimos desejos da
Kombi: oferecer uma lembrança às pessoas que, de diversas formas, viveram ou
ainda vivem experiências inesquecíveis com o modelo.
O anúncio faz parte da campanha criada pela AlmapBBDO
para homenagear o carro, produzido no Brasil desde a década de 50.
A última Kombi do mundo sairá da linha de montagem da
Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, em 20 de dezembro.
A primeira etapa da campanha, lançada em setembro,
contava com um anúncio impresso que tinha como tema o deslançamento da Kombi e com
o hotsite www.vw.com.br/kombi, onde usuários e fãs do modelo contam histórias vividas com
ele, enviando textos, fotos ou vídeos.
A partir dos relatos feitos no site, que já somam
centenas de histórias, foram selecionadas as pessoas que serão homenageadas
pela Kombi, citadas no anúncio-testamento, que será publicado em outras
revistas nas próximas semanas.
O novo anúncio tem as mesmas cores azul e branca da série
especial Last Edition da Kombi, lançada pela Volkswagen e com produção limitada
a 1.200 unidades.
Entre os homenageados que constam na lista da Kombi estão
Seu Nenê, que levou a Kombi para ver a seleção brasileira jogar mundo
afora; o australiano Jason Rehm, que viaja pelo mundo com a mulher e o filho
em um modelo vermelho; Noel Villas Bôas, filho do sertanista Orlando Villas
Bôas, que rodou o Brasil em uma Kombi; e até Miriam Maia, que nasceu em uma
Kombi.
No contexto do anúncio, a Kombi também avisa que realizará um encontro
com todos os parentes na fábrica da Volkswagen, em uma exposição com vários
modelos da marca a ser realizada no dia 8 de dezembro, além de também deixar
para amigos e fãs um livro digital gratuito com histórias reais que recebeu no site.
No 15º e último item da lista de desejos, ela faz um
pedido: voltar para casa. O desejo será realizado e todos acompanharão seu
caminho de volta ao lar no filme criado pela AlmapBBDO e que estreará em
janeiro de 2014. (Adnews)
Os criativos andam se esquecendo de duas leis básicas da
publicidade: 1. As boas ideias são as mais simples. 2. Ficam ainda melhores se
contarem uma história cujo personagem central é o produto.
O
VENTRÍLOQUO MORREU
1. Ventríloquo
foi uma figura comum, no passado. A gente ia ao circo, a qualquer circo, ou ao
teatro pra ver um espetáculo de humor, e lá estava ele, sentado em uma cadeira,
no palco, dando vozes a dois bonecos que trazia no colo.
Conta-se, a propósito, a história do Padre José.
Padre José era um ventríloquo que trocou essa
vocação pela Igreja.
Ainda tomando contato com os fieis da paróquia onde
havia recém chegado, recebeu um convite de um fazendeiro:
“Quero
que o senhor reze uma missa na minha fazenda, para meus colonos.”
Não houve como recusar.
“Amanhã
mando
buscar o senhor.”
Dia seguinte,
bem cedinho, uma charrete parava em frente à casa do Padre José.
“O
coronel buscar o senhor, seu Padre.”
A charrete era dirigida pelo Joãozinho, garoto
esperto, hábil no manejo de um cavalo.
Surpreso ainda, Padre José subiu na boleia.
“É
muito longe, meu filho.”
“É
perto, seu padre. Umas duas horas daqui.”
“Duas
horas”, pensou o Padre. “Preciso arranjar alguma coisa pra me distrair durante a viagem”.
Então, lembrou-se de que era ventríloquo.
“Você
sabia que os animais falam, meu filho?
“Falam
não, seu Padre!”
“Quer
ver? Como se chama esse cavalo?”
“Né
cavalo não, seu Padre. É égua.”
Padre José não perdeu a oportunidade.
“Explica
pra ele, Joãozinho, a diferença entre uma égua e um cavalo.”
“Ela
falou, seu Padre. A égua falou!”
“Eu
não disse?”
Joãozinho nem tinha se recuperado da surpresa,
quando passaram por um rebanho, que se comia capim ao lado da estrada.
Padre José aproveitou.
“Olha aquelas
duas ali, conversando.”
“Essa
grama está muito seca.”
“Temos
de falar pro coronel arranjá outro pasto pra nós.”
Joãozinho estava fascinado com aquilo.
“Elas
falaram, seu Padre. Elas falaram.”
Assim, de imitação em imitação, Joãozinho e Padre
José foram chegando à sede da fazenda.
No caminho passaram por um grupo de cabritos.
Joãozinho se agitou:
“Seu
Padre, não acredita em nada do que aquela cabrita disser.” (Contado
por Rolando Boldrin, no Senhor Brasil e recontado aqui do meu jeito)
2. Se
você fizer uma pesquisa na publicidade veiculada a partir do final da década de
70, vai certamente reparar em uma coisa: os tipos utilizados na mídia impressa
conversavam com o consumidor.
Havia, ali, uma arte,
um cuidado especial de dar personalidade à peça, de passar uma mensagem ao
consumidor, atrsvés de uma cuidadosa escolha dos tipos.
Comandando isso havia
um maestro, chamado Jarbas José de Souza.
3. Conversamos
um sem número de vezes sobre essa arte de escolher o tipo. Capaz de dar a ele
uma linguagem, de dialogar com o consumidor.
“É
como se nós, a exemplo dos ventríloquos, falássemos com o consumidor através
dos tipos”
Jarbas, sempre, falava
do seu sonho:
“Um dia, vamos ter, nas agências, o diretor de tipos”.
4. Não
tiveram.
Antes que os diretores
de tipo chegassem, o computador se introduziu nas agências. E trouxe toda uma
maldição, a do excesso de conforto, a da preguiça.
Diretores de arte
passaram a usar o que está neles. Esqueceram-se de que, se quiserem que suas
criações comunicassem de verdade, teriam de cuidar dos detalhes. Dos tipos.
Resultado: a mídia
impressa virou essa coisa horrível que anda sendo veiculada por aí.
E os diretores de arte
deixaram de ser ventríloquos. De conversar com o consumidor.
Tá brem que gtrem de copiar o que os americanos fazem. Mas que tal
chamar o Black Friday de Blue Friday?
O
PARADOXO DO NOSSO TEMPO
Hoje temos edifícios mais altos, mas pavios maus
curtos.
Temos estradas mais largas. Mas pontos de vista mais
estreitos.
Gastamos mais, mas temos menos.
Compramos mais, mas desfrutamos menos.
Temos casas maiores e famílias menores.
Temos mais conhecimento e menos poder de julgamento.
Temos mais medicina e menos saúde.
Hoje bebemos demais, fumamos demais, gastamos de
forma excessiva, rimos menos, dirigimos rápido demais, nos irritamos
facilmente.
Ficamos acordados até tarde, acordamos cansados
demais.
Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos
valores.
Falamos demais, amamos raramente e odiamos com
frequência.
Aprendemos as ganhar a vida, mas não vivemos essa
vida.
Fazemos coisas maiores, mas não coisas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma.
Escrevemos mais, mas aprendemos menos.
Planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a correr contra o tempo, mas não a
esperar com paciência.
Temos maiores rendimentos, mas menos padrão moral.
Temos avanços na quantidade, mas não na qualidade.
Estes são tempos de refeições rápidas e digestão
lenta.
De homens altos e caráter baixo.
De lucros expressivos, mas relacionamentos raros.
Mais laser, mas menos diversão.
Maior variedade de comida, mas menos nutrição.
São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis,
moralidade também descartável e pílulas que fazem de tudo: alegrar, aquietar,
matar (autor
desconhecido)
Vale a pena ver a TV Cultura de S. Paulo aos
domingos. Às 9 tem Viola, minha Viola, com Inezita Barroso; às 10, Senhor
Brasil, com Rolando Boldrin. E após o
almoço, Prelúdio, um programa de calouros de música classe.
Vale a pena ler, na Veja, a entrevista do jogador de
futebol Paulo André sobre o Bom Senso F.C. Coisa de gente madura, inteligente.
Volvo (anúncio do novo Volvo XC60T5 R), Stage Music
(anúncio SCMC Record Culture Club, Rede Dor São Luís (anúncio ?) e Petronas (anúncio
Syntium) não deviam pagar a veiculação, porque é impossível ler o texto.
“Assim como as Artes Gráficas são ml empregadas pelos falsários. a Medicina pelos charlatões e o Direito pelos advogados inescrupulosos , a Publicidade é vítima dos que a praticam de forma irresponsável; mas nem por isso podemos condená-la, como não podemos condenar toda a Igreja por culpa de meia dúzia de oportunistas que abusam de seu ministério e esposam teorias extremistas.” (Abap, dezembro de 1986)
MUITO
BOM!
Tirando fora a insistência do diretor de arte de
botar o texto em um corpo bem pequeno pra dificultar a leitura, o anúncio da
Meio&Mensagem veiculado no jornal Valor Econômico de sexta-feira, 22, merece destaque pela ideia. Esse eu
pagaria com gosto.
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