Para Meirelles, entre os diferenciais do estudo está a constatação de
que dois agentes foram responsáveis pela maioria das transformações. “Um deles
é a tão falada classe media e o outro é o consumidor do interior, que tem
crescido mais do que do restante do pais”. Ele destacou que, de acordo com o
levantamento, essa parcela da população tem impulsionado todo o consumo,
incluindo o de TV por assinatura.
Outro dado importante da pesquisa, segundo o executivo, são as classes A
e B, que também cresceram nos últimos anos, cerca de 7%, e devem crescer o dobro
do volume nos próximos dez.
Para ele, um ponto importante que precisa ser observado é que, nos
próximos anos, os consumidores das classes mais altas terão mais renda para
consumir, mas o modo de pensar será o mesmo da C, já que são emergentes. “Por isso,
entender a nova classe média hoje é entender a classe A e B de amanhã”,
ressaltou.
Meirelles lembrou também a constatação do levantamento de que a classe
média cresceu mais no interior do Brasil do que nas capitais. “Para se ter uma
ideia, de cada dez brasileiros da classe media, seis são do interior”. Outro
ponto detectado pela pesquisa é que o crescimento da renda dos últimos anos
permitiu a ampliação e a diversificação do consumo da classe média brasileira.
Segundo o estudo, essa parcela da população já representa 51% dos consumidores
de internet e 45% dos assinantes de TV por assinatura. (Propmark)
GRAMADO DESTACA A RAZÃO E A EMOÇÃO
O 19º Festival Mundial de Publicidade de Gramado, que será realizado entre os dias 5 e 7 de junho de 2013, no Serra Park, em Gramado, terá como tema central Razão & Emoção.
Promovido
pela Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade (ALAP), o festival
é considerado o maior evento do setor na América Latina e o terceiro do mundo,
e se consagra como um ponto de encontro, discussão e análise do segmento
publicitário, passando por temas de interesse de profissionais, agências e
mercado.
“Vamos
falar das dualidades da vida. A nossa forma de entender e interagir com o mundo
está marcada pelo contraste entre ideias e sentimentos, cálculos e impulsos,
conceitos e preconceitos. Esta foi a inspiração para escolher um tema cotidiano
e atual, mas extremamente amplo e instigante, para compor o centro da discussão
do 19º Festival Mundial de Publicidade de Gramado, um evento que dará ênfase à
qualidade do conteúdo proporcionado aos mais de 5 mil participantes esperados”,
afirma o presidente desta edição, o publicitário e presidente do Grupo DEZ
Comunicação, Mauro Dorfman.
Grandes
nomes da propaganda brasileira e mundial, da arte e da ciência, estarão no
Festival, representando os diversos segmentos de pensamentos e formas de
abordagem sobre o tema central. De forma inédita, os dois dias de palestras e
seminários serão totalmente diferentes. No primeiro, as palestras e programação
visual estarão inspirados na racionalidade da publicidade. Já o segundo dia, as
emoções que governam os impulsos e atitudes na propaganda ganham espaço.
O
Festival Mundial de Publicidade de Gramado acontece regularmente desde 1975 na
primeira quinzena de junho na cidade de Gramado, e é promovido pela Associação
Latino-Americana de Agências de Publicidade (ALAP), entidade, sem fins
lucrativos, com sede em Porto Alegre.
A
ALAP congrega as agências de publicidade com atuação comercial em países que
integram a América Latina e tem como objetivo promover a constante troca de
informações e experiências entre as agências associadas, assim como analisar e
solucionar problemas comuns com o intuito de aperfeiçoar o setor. (Fontes:
Neiva Mello | Neiva Mello Comunicação Empresarial | Portal da Propaganda)
EM BUSCA DE
BOAS IDEIAS EM DIRECT
Em 2012, o Brasil teve um desempenho
em Direct Lions inferior ao de 2011 (quando conquistou 10 Leões), mas não
deixou a desejar. Com uma performance elogiada pelos jurados, levou para casa
cinco Leões, com destaque para a prata por “Recibo com receita”, da Ogilvy para
a Hellmann´s – peça que também ganhou ouro em Promo & Activation.
Além da prata, foram conquistados
quatro Leões de bronze, com três trabalhos da DM9DDB e outro da Age
Isobar. Representante do Brasil na área, Marcio Salem, presidente e
diretor de criação da Salem, acompanha a evolução de Direct desde seu primeiro
ano, quando atuou como jurado.
Em 2008 voltou ao júri da área, mas
no posto de presidente. O executivo é enfático ao afirmar que priorizará as
grandes ideias, independentemente do resultado, e garante: falta pouco para o
país conquistar um GP na área.
Lembranças
“Vou ao festival há muito tempo, acho que há uns 15 anos. A primeira
lembrança que me vem à mente quando penso em Cannes tem a ver com as visitas
que eu fazia bem no início, para ver de perto as campanhas, ouvir as palestras
e acompanhar tudo que fosse possível.
No começo, quando só tinha filme e mídia impressa, ia para ver as peças
e me inspirar. Com o tempo, eles começaram a incluir outras áreas e a grande
mudança, na minha opinião, foi quando inauguraram Direct, em 2002.
A Salem, apesar de ser uma agência completa, tem origem no marketing
direto e é muito forte nesse segmento. Por isso, a chegada da área foi vista
com bons olhos por nós.
Para a minha sorte, fui convidado para ser jurado logo no primeiro ano,
em uma época em que ainda estávamos tentando definir o formato que a área
teria. Depois disso, continuei participando, inscrevendo peças e ganhando
Leões.
Tempos depois, em 2008, tive a enorme surpresa de ser convidado para ser
presidente do júri. Foi muito exaustivo, eu precisava coordenar 32 jurados de
diversos países, com pronúncias de inglês diferentes e pensamentos diferentes.
Mas foi absolutamente incrível. Quando saí de lá, pensei: ‘Bom, agora acabou.
Minha participação como jurado ou presidente é finita’. Mas, novamente,
fui pego de surpresa pelo convite de ser jurado da edição de 60 anos do
festival, e não poderia estar mais feliz. Realmente achei que não faria mais
parte do júri, pelo menos em Direct.
O legal é que houve um espaço entre essas participações, então pude me
reciclar e poderei levar novas ideias e um novo olhar ao julgamento. Para falar
bem a verdade, acho que gosto mais de participar e acompanhar o festival como
espectador do que como jurado, pois tenho mais tempo para viver aquilo tudo.
Mas, é claro, recebo com muita felicidade o que vier.”
Preparação
“O convite deste ano veio em um
momento único, no qual a Salem está passando por adaptações e se tornando uma
agência mais completa. Ainda não tive contato com os jurados brasileiros dos
anos anteriores, mas pretendo falar com alguns.
Vejo que minha visão sobre ser jurado
mudou com os anos. Na primeira vez, ficava preocupadíssimo em como iria avaliar
as peças, o que iria dizer e fazer, o que iriam pensar de mim. Dessa vez vou
tranquilo. Quero fazer meu trabalho bem feito, mas com calma, curtindo as peças
e lidando com o processo com mais leveza. Não dou a menor importância para o
glamour de fazer parte do júri. O meu barato é poder ver de perto as peças e
ter contato com grandes profissionais.”
Vantagens e desvantagens
“Acho muito positiva a transição do festival, que antes era mais
restrito à publicidade, para um evento da comunicação. Essa mudança foi
natural, acompanhou as mudanças do mundo e dos anunciantes. Seria até estranho
que Cannes se mantivesse fechado em um mundo em que a multidisciplinaridade das
ferramentas de comunicação é o principal assunto de hoje.
Por outro lado, sinto que algumas áreas não têm personalidade, como é o
caso de Direct. Acho que ela se misturou muito com digital, com promoção e com
mídia, e acabou perdendo um pouco da sua essência. Algumas se mantêm fiéis,
como mídia impressa, filme, spot e design, mas outras são áreas amorfas.
O ideal seria que o festival pensasse integrado, como já vem fazendo,
mas que soubesse reconhecer a essência de cada área. Acho que essa divisão mais
clara motivaria muito mais as inscrições em cada competição.”
Critérios
“Para ser sincero, acho a avaliação
de resultados uma parte muito chata do julgamento. As pessoas estão em Cannes
em busca de boas ideias. Uma campanha pode ser corretíssima, ter dado ótimos
resultados, mas, sem uma grande ideia por trás, não me conquista. Eu vou buscar
apenas boas ideias. É claro que elas precisam ter resultado, mas esse não é meu
foco. No final das contas, o que fica na cabeça das pessoas e se torna
inesquecível é a ideia.”
Concorrência
“Gosto dos trabalhos da Inglaterra,
que têm uma sutileza no humor e uma perspicácia. Também gosto de campanhas da
Austrália, dos Estados Unidos, da França, da Espanha e da Argentina.”
Brasil
“Acho que o Brasil terá um bom
desempenho nesse ano. O legal é que todas as agências inscrevem em Direct, não
só as especializadas. Isso traz uma garra de participar e ganhar e, com isso,
felizmente, o nível criativo eleva.
Estou muito otimista e com grandes
expectativas, pois sei que vou encontrar peças da AlmapBBDO, da F/Nazca, da
DM9DDB e de todas as agências que respeito e que são ótimas. Aliás, o Brasil
terá um bom desempenho em várias áreas, não só Direct. Já somos um país muito
premiado, com dois GPs maravilhosos em Press. Acho que, em breve, virá um GP
para o Brasil em Direct.”
Trabalhos memoráveis
“Adorei um case do ano passado, no
qual um idoso recebia um ingresso para um show de rock, mas, caso um jovem o
ensinasse a utilizar a internet, ele ganhava esse ingresso como recompensa.
Também gosto muito do supermercado na estação de metrô, da Coreia do Sul (GP do
Media Lions em 2011), e de uma campanha da Unicef que materializava doações em
camisetas.
Por exemplo, quem ajudava a combater a dengue
comprava uma camiseta por 20 reais com o desenho do mosquito. Teve um doador
que comprou um avião para ajudar crianças necessitadas e ganhou uma camiseta
com um avião. Achei lindo. Também adorei “Recibo com receita”, da Ogilvy
brasileira para Hellman´s. Achei uma ideia inteligentíssima e simples. Sou fã
de ideias criativas e diferentes.”
Participação
“Infelizmente, não dá tempo de ver e
estudar tudo o que gostaria. Na agência tenho o costume de selecionar algumas
peças para os criativos apresentarem aos clientes, mas nunca consigo ver todas.
É muita coisa.
Quando estou lá, se estou vendo um
filme sei que já perdi algum shortlist ou alguma palestra. E ainda tem as
premiações à noite. É uma loucura. Gostaria de ter tempo para ver todas as
campanhas e parabenizar os responsáveis por elas. Não tenho ego do tipo ‘se não
é meu trabalho, não valorizo’.
Eu aplaudo as agências brasileiras
merecedoras, porque isso me alimenta. Quando você está aberto, essas
inspirações voltam para você.”
Marketing direto
“A concorrência por atenção do
público é geral, inclusive na mídia dirigida. A gente precisa encantar o
consumidor no momento em que ele tem contato com a peça. Não acho que só porque
é uma peça de marketing direto que você já retém a atenção da pessoa.
Eu posso estar falando com você e
olhando para você, mas você pode estar pensando em outra coisa, por exemplo. É
preciso conquistar essa atenção. Sempre encho o saco dos meus criativos e de
mim mesmo para sempre ter uma boa ideia, independentemente de ser para uma peça
de varejo ou para apresentar uma nova solução de tecnologia.
Quando existe uma boa ideia, ela tem
eco, é comentada, gera repercussão. Outra coisa importante é saber qual o
perfil da pessoa que se quer atingir, senão todo o trabalho é em vão. Quando o
cliente souber com quem quer falar, deve investir no meio mais próximo de
interação com essa pessoa. Se juntarmos tudo isso, é muito mais fácil obter a
resposta esperada.”
“Sou muito família, amo ficar com meus quatro filhos e com minha mulher,
e um apaixonado por cinema. Também sou um curioso, o que reflete no meu
trabalho criativo. Gosto de ouvir as histórias das pessoas e de falar com elas.
Gosto de ouvir o cliente e de dar soluções ao seu problema. Eu me definiria
como um interessado em ouvir e criar em função do que ouvi.” (Propmark)
PROTEÇÃO DA GRAVIDEZ CONTRA O CÂNCER DA MAMA
(Texto de Karina Toledo, disrribuído pela Agência FAPESP) –
Estudos epidemiológicos indicam que mulheres sem filhos apresentam cerca
de quatro vezes mais risco de desenvolver câncer de mama na menopausa do que
aquelas que se tornaram mães ainda jovens.
Um artigo publicado recentemente no International
Journal of Cancer por um grupo do Fox Chase Cancer Center, dos Estados
Unidos, em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), ajuda a entender melhor as transformações que ocorrem com as células
mamárias durante a gravidez que as tornam menos suscetíveis ao surgimento de tumores.
A pesquisa foi feita
com amostras de tecido mamário de mulheres saudáveis entre 50 e 69 anos que já
estavam havia pelo menos um ano sem menstruar. As amostras foram divididas em
dois grupos: 42 mulheres que nunca tiveram filhos e foram classificadas como
nulíparas e 71 mulheres que tiveram um ou mais filhos e ficaram grávidas pela
primeira vez aos 23 anos em média (com variação de 4,25 anos para mais ou para
menos).
Por meio de uma série
de análises, os pesquisadores buscaram avaliar se havia diferenças morfológicas
e no padrão de expressão dos genes no tecido mamário dos dois grupos. Maria
Luiza Silveira Mello e Benedicto Campos Vidal, da Unicamp, ficaram responsáveis
por avaliar a supraorganização da cromatina no núcleo das células.
“A cromatina é a estrutura
que contém o DNA. Ela forma complexos com proteínas (entre elas, as histonas) e
com diversos tipos de pequenos RNAs. Quando a célula entra em processo de
divisão, a cromatina se compacta na forma de cromossomo”, explicou Mello.
As análises feitas
pelos pesquisadores da Unicamp, com apoio da FAPESP, mostraram que nas
amostras dos dois grupos de pacientes havia dois tipos diferentes de núcleo: um
em que a cromatina estava mais frouxa e outro em que o material genético estava
mais condensado.
“Nas amostras das
mulheres que tiveram filhos, a quantidade de núcleos com a cromatina mais
condensada foi muito maior. Isso sugere que houve uma modificação epigenética
intensa nessas células e isso permaneceu até a menopausa”, afirmou Mello.
As modificações
epigenéticas correspondem a um conjunto de processos bioquímicos disparado por
estímulos ambientais que moldam o funcionamento do genoma e, consequentemente,
o perfil fenotípico, por meio da ativação ou desativação de genes.
Metaforicamente, é possível comparar o genoma ao hardware de um computador e o
epigenoma ao software que faz a máquina funcionar.
Entre os mecanismos
epigenéticos conhecidos estão a metilação do DNA – que ocorre quando há adição
de um grupo metila (formado de partículas de hidrogênio e carbono) à base
citosina do DNA, podendo impedir que alguns genes se expressem – e a
modificação de histonas – relacionadas à adição ou subtração de grupos acetila
e metila aos aminoácidos que formam essas proteínas.
No trabalho realizado
no Fox Chase Cancer Center, os pesquisadores focaram sua atenção em dois tipos
de modificações de histonas e encontraram um número muito maior de resíduos da
proteína metilados nas amostras das mulheres que tiveram filhos.
“Aos comparar os dois
grupos, encontramos diferença no padrão de expressão de 298 genes. Há cerca de
duas a três vezes mais genes metilados no tecido das mulheres que tiveram
filhos. Isso mostra que a gestação induziu uma reprogramação local e silenciou
alguns genes que poderiam ser inadequados, como aqueles relacionados à
proliferação celular”, afirmou Jose Russo, do Fox Chase Cancer Center e autor
principal do trabalho.
Segundo Russo, essas
alterações na expressão dos genes também modificaram a forma como as células
produzem certas proteínas e processam o RNA mensageiro.
“A mama após a
gravidez adquire uma assinatura genômica e um perfil fenotípico diferente.
Acreditamos que são essas mudanças que fazem com que a mulher fique mais
protegida contra o câncer”, disse.
Gravidez precoce
Os resultados
confirmam achados de pesquisas anteriores conduzidas pelo grupo de Russo,
segundo os quais as células da mama só se diferenciam totalmente quando recebem
o estímulo dos hormônios da gravidez.
“Descrevemos
anteriormente que existem quatro tipos de lóbulos – as estruturas funcionais da
mama responsáveis pela produção do leite. O tipo um é o mais pobremente
desenvolvido, como se fosse uma árvore sem folhas durante o inverno. O tipo
quatro é o mais desenvolvido, seria a árvore em seu esplendor. Somente no fim
da gravidez os lóbulos atingem o nível quatro. Durante esse processo, a
glândula mamária se diferencia. As células-tronco ali presentes assumem sua
função e isso parece induzir o remodelamento da cromatina”, explicou Russo.
Mas para que a
gravidez tenha de fato esse efeito protetor, ressaltou o cientista, é preciso
que a diferenciação celular ocorra precocemente, entre 18 e 24 anos. “As
células-tronco são mais suscetíveis à ação de carcinogênicos, como tabaco,
álcool e radiação, do que as células diferenciadas. Quanto antes ocorrer a
diferenciação, portanto, menor é o risco de as células sofrerem mutação”,
explicou Russo.
Ciente, no entanto,
de que a tendência é as mulheres adiarem cada vez mais a primeira gestação, o
pesquisador tem se dedicado a testar um coquetel de hormônios capazes de
mimetizar o efeito da gravidez e estimular a diferenciação das células
mamárias.
“Em ratos já vimos
que isso é possível e de fato confere proteção contra o câncer. Mas em humanos
ainda não sabemos”, disse Russo.
EM
DEFESA DAS INICIAIVAS CIENTÍFICAS SUSTENTÁVEIS
(Texto de Washington Castilhos, diasrribuído pela Agência
FAPESP) – O cenário de sustentabilidade global não
está limitado ao controle da produção de dióxido de carbono, de acordo com o
engenheiro agrônomo Elibio Rech, pesquisador do Laboratório de Biologia
Sintética da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen).
“A equação
da sustentabilidade é composta de diversos componentes, como saúde humana,
educação, segurança alimentar, ambiental e ecológica e valor de mercado.
É
particularmente importante que as tecnologias modernas, incluindo os
transgênicos, sejam cada vez mais utilizados para atingir a intensificação
sustentável da produção de alimentos”, disse Rech, que também
é professor da pós-graduação em Biologia Molecular da Universidade
de Brasília (UnB), durante a 7ª Conferência e Assembleia Geral da Rede Global
de Academias de Ciências (IAP).
De acordo
com o engenheiro agrônomo, exemplos no Brasil de iniciativas científicas
sustentáveis não faltam: na área de bioenergia e de óleos, por exemplo, a
Embrapa Cenargen está fazendo a chamada engenharia metabólica.
“Nós
mudamos a rota metabólica dentro da soja para aumentar a quantidade de ácido
oleico – o bom óleo – e reduzir o ácido palmítico, o que é interessante para a
área de bioenergia de combustíveis.
O óleo da
soja usado como combustível, composto por aproximadamente 25% de ácido oleico e
13% de palmítico, apresenta menor desempenho e dano ao motor por oxidar mais
rapidamente e ter um ponto de congelamento alto.
A soja que
desenvolvemos tem 95% de oleico e 4% de palmítico, o que faz com que ela não
oxide e não congele facilmente, melhorando o desempenho do motor”, exemplificou
Rech.
Para uso no
consumo humano, o alto nível de ácido oleico na soja possibilita expandir o
tempo de saturação do óleo durante o processo de frituras.
A Embrapa
desenvolveu também uma série de moléculas transgênicas recombinantes, como a
insulina transgênica e o hormônio do crescimento, contou Rech.
Em parceria
com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), dos Estados Unidos, a empresa
brasileira desenvolveu linhagens de soja produtoras de sementes contendo a
molécula cianovirina, de ação microbicida, que os cientistas pretendem usar
para a fabricação de um gel vaginal anti-HIV [leia mais na revista Pesquisa FAPESP].
Segundo
Rech, o maior problema ainda é o preço dessas tecnologias. “Essas moléculas já
estão disponíveis, mas ainda são muito caras. O tratamento com o hormônio do
crescimento humano, por exemplo, custa cerca de R$ 4 mil por mês.”
“Temos evidências
de que, usando plantas para gerar a matéria-prima, conseguiremos reduzir o
custo desses medicamentos, o que terá uma implicação social importante, uma vez
que assim aumentaremos o acesso da população a eles”, afirmou.
Organizada pela Academia Brasileira de Ciências,
a 7ª Conferência e Assembleia da IAP, que teve como tema "Ciência para a
Erradicação da Pobreza e o Desenvolvimento Sustentável", reuniu no início
do ano mais de 130 cientistas de diversos países no Rio de Janeiro.
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